No começo da semana passada estreamos o programa “Bar Apoteose”. Vem a ser um programa do canal “Bar Apoteose”, parceiro do Ouro de Tolo, que transmitirá ao vivo nas segundas-feiras debate sobre carnaval com alguns dos integrantes do blog e convidados. Será retransmitido por algumas webradios e amanhã mesmo tem outra edição.

É mais um veículo para se discutir como tantos que surgiram ao longo desse século. O nosso blog não é especialista, mas vive intensamente a folia principalmente em sua proximidade ou na própria. Temos sites especializados como “SRZD” no qual trabalho e o “Carnavalesco”, grandes empresas hoje em dia. Temos a “Rádio Arquibancada” e a “Rádio Ação” dominando a faixa das rádios voltadas para a internet, outras surgem como a “Sambista.com” (Também trabalho nela). Temos ainda em plena atividade sites pioneiros como “Galeria do Samba”, “Apoteose on Line” e “Obatuque.com” (Também trabalho nesse. Acho que ando trabalhando muito).

Nosso “Bar Apoteose” acredito que seja o primeiro voltado ao youtube e com transmissão ao vivo. Mais um campo que o carnaval chega.

Nunca existiu uma mídia tão forte em relação a carnaval tanto que um desses expoentes, Anderson Baltar, agora ministra aulas sobre o tema. Penso como era antigamente e vejo como as coisas mudaram.

Sou da geração anos 80. Era uma dificuldade enorme saber notícias de carnaval naquela época. Lembro da ansiedade que me tomava quando se aproximava dezembro e finalmente teria acesso aos sambas, especialmente da minha escola União da Ilha. Só vivíamos carnaval de dezembro a fevereiro graças ao Chacrinha que levava todas as escolas e a Rede Manchete que fazia programas especiais.

Não tinha ensaios técnicos, não tinha sites, webradio, nada disso. Carnaval acabava e para nosso desespero o tema também. Vivíamos um tempo de luto e depois seguíamos a vida deixando o assunto carnaval de lado.

Foi assim até a chegada da internet e a percepção que o samba teve que poderia utilizá-lo. No fim dos anos 90 chegaram os primeiros sites e as listas de discussão que existem até hoje. As lendárias “Rio carnaval” e “Academia do Samba” que fizeram muitas amizades e revelaram diversas pessoas que hoje militam ativamente no samba. Depois surgiram listas como a “Planeta samba” e a “Monarcas do samba” na qual pertenço com orgulho até hoje.

20150221_233315Finalmente com a internet tivemos a oportunidade de falar o ano inteiro de samba sem parecermos malucos. Os sambistas da nova era souberam aproveitar bem as redes sociais. Sempre digo que os compositores de hoje, mesmo os que perdem, são mais conhecidos que os antigos graças a possibilidade de demonstração e repercussão de suas obras. Seus sambas são executados nos sites e os clips (Nova tendência) facilmente encontrados no youtube. Compositores como Paulinho Direito, que nunca passaram da primeira fase de um concurso, são mais famosos que a maioria dos compositores dos anos 60, 70 e 80.

Sambista hoje é celebridade. Da entrevistas, faz ensaio sensual, abre sua casa e conta o segredo da boa forma. Temos inúmeras mídias de carnaval e como a mídia “normal” ela tem todas as tendências. Tem a mídia festiva, a chapa branca, a de futilidades, a informativa, a “do contra”, enfim, para todos os gostos. A porta bandeira descobriu que pode ser gata e posar de biquini na praia, o passista que pode virar modelo e fazer propaganda de marcas voltadas ao carnaval. A folia descobriu a mídia e por consequência o business.

Caso curioso esse porque nunca existiu uma mídia tão forte de carnaval e nunca o carnaval esteve tão fora da mídia. Carnaval virou gueto, parte de um nicho e essa mídia especializada acabou, sem querer, servindo para isso. Ao mesmo tempo em que ela descobre o filão a grande mídia lhe esquece. Nunca o sambista foi tão famoso entre os seus e nunca tão desconhecido fora.

A porta bandeira posa de biquini, o passista de modelo, o cantor abre sua casa, mas nenhum deles é conhecido fora do samba. Como eu disse uma vez, Paulo Barros é hoje o único profissional voltado exclusivamente para o carnaval que é reconhecido no “Barra Shopping”.

Muito curioso isso e a causa passa por uma série de situações que exigem outras colunas.

O caso é que o carnaval que é tão retrógrado e atrasado em vários pontos nesse caso foi ágil e percebeu rapidamente que a mídia mudou. Agora é possível alcançar seu público, passar informações sem precisar da grande mídia.

A internet é veloz, as redes sociais ferozes. Internet não precisa publicar algo para sair no dia seguinte. Não precisa ir a um estúdio gravar. Muitas vezes basta uma webcam, um blog e o enter. É mais rápida e mais barata. Como é mais barata não precisa seguir tantos interesses para lucrar, como não precisa seguir tantos interesses para lucrar tem menos “rabo preso”.

E aí entro em outro assunto, mas que tem a ver.

O carnaval foi mais rápido, por exemplo, que a grande mídia. A mesma ainda não reparou que as coisas mudaram, o mundo mudou e as pessoas não precisam mais tanto dela. Existe a facilidade da comunicação. Facilidade de buscar informações e informações independentes. Coisa que ela não sabe fazer.

Presa em velhos vícios, interesses e ideologias a grande mídia agoniza e faz demissão em massa. Na última semana muitos jornalistas perderam seus empregos. Grandes nomes, com anos de casa receberam o “bilhete azul”. A grande mídia percebe de um jeito duro que o público não se deixa enganar mais tão fácil e aumentou seu grau de exigência com velocidade e informação.

A mídia tem que se reinventar. A mídia do século XXI talvez seja essa que o carnaval descobriu e trabalha tão bem. É nicho? É, mas é um nicho satisfeito com as informações que recebe e não importa o século. Cliente satisfeito é cliente fiel.

Essa é a manchete de hoje.

A de amanhã é que tem “Bar Apoteose” às 20h30.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

One Reply to “A mídia do século XXI”

  1. Parecia coisa de maluco,mais na época do Orkut tinha a comunidade,eu vivo samba o ano inteiro,parabéns pelo programa,quando quiserem falar de samba no interior do estado,o amigo esta ai a disposição.

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