Outro dia passou na Paramount “Rocky, o lutador” e “Rocky II A revanche”. Perdi a conta de quantas vezes vi esses filmes e continuo parando tudo quando passa. Parando, assistindo e me emocionando.

Mais quatro filmes da saga Rocky foram feitos, mas nenhum se compara a esses dois. Digo sem medo de errar que os dois primeiros Rockys são os melhores filmes já feitos sobre esportes. Tanto que, graças ao fictício lutador Rocky Balboa, Sylvester Stallone entrou para o hall da fama do boxe. Mesmo nunca tendo subido num ringue de verdade para lutar.

Justo, muito justo, justíssimo como diria um personagem de novela. Poucos fizeram tanto pelo boxe quanto Stallone. Poucos lutadores foram tão lendários e tão importantes para a história do boxe quanto Rocky Balboa.

É incrível pensar isso. É um personagem, mas um lutador tão importante quanto Muhamad Ali, Mike Tyson ou Joe Frazier.

Mesmo sabendo que tudo aquilo é mentira. Mesmo sabendo que aquilo ali não passa nem perto de uma luta de boxe de verdade. Os lutadores parecem a defesa do Flamengo, não sabem se defender. Teríamos uma morte por luta tal a quantidade de porrada que os lutadores tomam.

Mas mesmo vendo a grande mentira que é e sabendo o final, nos pegamos torcendo por Rocky.

Por quê isso ocorre? Qual a magia de Rocky Balboa afinal?

Rocky é um lutador medíocre feito por um ator medíocre. Sylvester Stallone está longe de ser um grande ator, mas eu disse uma vez e acho que é verdade. Stallone é o melhor pior ator do mundo. É canastrão, não têm expressão facial (tem uma pequena paralisação no rosto), mas passa verdade como Rocky. Rocky é um cara bobo, ingênuo, bacana, querido e foi escrito em um momento difícil da vida de Stallone. Talvez assim, por estar vivendo tantas dificuldades, ele soube passar a vida difícil do lutador.

rockybalboaFoi esperto em não fazer de Rocky um super lutador, um cara invencível. Fez um lutador humano, cheio de limitações, até em certos momentos frágil fazendo o público se identificar com ele. O ser humano geralmente torce pelo mais fraco, para o que se supera. O ser humano normal, o médio é assim. Cheio de dificuldades na vida, tendo que vencer lutas diárias e sonha com um fim como o de Rocky, sangrando, suado, cansado, mas vitorioso com o cinturão chamando pela mulher amada.

E claro. A trilha sonora. Ela é fantástica e ajuda muito.

Somos Rocky Balboa tentando superar limites. Subindo a escadaria e a cada degrau vencendo mais uma batalha da vida.

Chamam boxe de nobre arte, sinceramente não entendo esse apelido para um esporte que é porradaria pura, mas até gosto de luta apesar de não acompanhar muito atualmente. Gosto muito mais do que de UFC, por exemplo, que acho uma palhaçada.

Sou da geração Mike Tyson. Uma época que a família se reunia de madrugada fazendo churrasco e bebendo, para ver as lutas dele. Lembro até hoje do espanto de todos quando perdeu para James Buster Douglas.

Sou da geração Maguila também. O lutador fabricado por Luciano do Valle e que realmente acreditamos que poderia vencer Mike Tyson e renovávamos essa esperança a cada vitória que tinha contra lutadores medíocres e os berros ensandecidos de Luciano na transmissão da Bandeirantes contando os feitos.

Até que Hollyfield lhe colocou na lona parecendo um porco estrebuchando no nosso 7×1 versão boxe.

Taí. Maguila tem muito de Rocky Balboa. A diferença que a vida real não é cinema.

Cinema é muito mais legal.

Sou muito fã de Rocky Balboa. Sempre serei e tentarei levar na vida seus ensinamentos. Saber que a vida nos dará muitas porradas e que temos que aguentar cada uma com determinação, fé e esperança mesmo que algumas delas nos leve ao chão.

Até porque muitas vezes quem vence não é quem fica de pé, mas quem levanta mais rápido.

Olhos de tigre Rocky!!

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