Mais quatro sambas de enredo do Carnaval de São Paulo foram definidos no último fim de semana. Assim, já conhecemos nove dos 14 que passarão pelo Anhembi na sexta e no sábado de Carnaval. Dentre essas escolhas, a maioria foi de forma justa, com duas que se destacam (Tatuapé e Império). Tivemos encomenda na Independente e uma inesperada junção na Peruche.

Agora, nada foi tão polêmico e dividiu tantas opiniões como o que aconteceu na Tom Maior. A escola havia anunciado que no próximo sábado (19), revelaria o samba campeão com a presença da homenageada Imperatriz Leopoldinense, mas resolveu antecipar a decisão e, de surpresa, divulgou em suas redes sociais a obra vencedora na sexta (11).

A parceria vencedora foi a de Maradona, em um samba interpretado por Celsinho Mody; deixando de fora a maravilhosa obra de Cláudio Russo, que pessoalmente considero a maior da história da escola. Um samba repleto de classe, a cara da Imperatriz dos bons tempos, contando a história de maneira poética, na primeira pessoa, uma declaração de Carolina Josefa Leopoldina sobre sua vida. Eu não conseguia ver uma maneira de fazer um samba melhor.

Enfim, passada a grande surpresa, tentei imaginar os motivos que levaram a escola a optar pela obra vencedora:

1 – O Fenômeno Celsinho Mody

Celsinho é o grande cantor da atualidade no carnaval de São Paulo, fato. Agora sua qualidade e animação da galera estão consagrando sambas que na verdade não entregam tanta qualidade; no Tucuruvi ele quase deu a vitória para uma obra inferior, mas a escola soube fazer a escolha certa.

O intérprete mandou muito bem nessa interpretação, com muita empolgação. Mas o que a escola tem que entender é que seu cantou não será o Celsinho e sim Bruno Ribas, que tem um outro estilo e combina muito mais com o da parceria derrotada.

2 – Horário de desfile

Essa tem a ver com o Celsinho também. Em 2016 a Tatuapé homenageou a Beija Flor fechando o primeiro dia e saiu do quase rebaixamento para o vice campeonato.

Para tentar fazer o mesmo a Tom Maior buscou o samba que mais contagiasse o público e os componentes, mas o que deve ser considerado é que a agremiação homenageada será a Imperatriz, com muito luxo, fantasias mais tradicionais, muita peruca e maquiagem.

Esse samba tem uma levada extremamente acelerada e eu temo que áudio e imagem não se conversem durante o desfile e a aposta pode dar extremamente errado.

3 – Valorização da Ala de compositores

Essa aqui eu sinceramente espero que não tenha nada a ver. Maradona é um compositor consagrado na escola e ganhou em 2016, com um samba de levada semelhante. Sinto que a comunidade apóia mais os poetas que são da casa, além do fato do Cláudio Russo ser do Rio de Janeiro.

Enfim, o que cabe agora é desejar sorte a Tom Maior, que seja um grande desfile e que a aposta funcione. Quanto aos amantes do samba? Resta botar o fone de ouvido, curtir e guardar na memória um dos maiores “não campeões” do nosso carnaval.

…Céu e mar, os olhos marejados de saudade, parti em busca de felicidade, ao som de uma valsa que ecoava…

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4 Replies to “Tentando entender a escolha da Tom Maior”

  1. Um fato curioso nessa disputa é que todos os compositores da Imperatriz que botaram samba na Tom Maior motivados pelo enredo foram eliminados antes mesmo da final. O mesmo ocorreu na Peruche com os sambas compostos pelos parentes do Martinho da Vila, enredo da escola, que optou pela junção dando ao samba a inacreditável marca de 25 compositores…

    1. 25 compositores. Quando o locutor do Anhembi acabar de anunciar os nomes, a escola terá estourado o tempo…

  2. Esse cara que escreveu esse belo texto tem minha admiração, me representa, falou tudo que eu gostaria de ter falado. Parabéns pela ousadia.

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