Em um ano onde acabei escrevendo bem menos que o habitual, devido a questões pessoais, havia pensado em fechar minha coluna neste 2016 falando sobre o que falei em mais da metade dos meus Artigos: a Rio 2016.

Mas iria acabar me repetindo bastante, então para concluir este 2016 na coluna do editor – que para mim poderia ter pulado direto do carnaval para os Jogos Olímpicos e deste para o Natal – faço alguns comentários sobre temas que acabei não abordando nos últimos meses.

Nada muito pretensioso: apenas uns pitacos aqui e ali. Pequenas impressões.

Obviamente, começo falando de Economia. A política econômica empreendida por este governo ilegítimo, em um ambiente de altíssima insegurança política e especialmente jurídica, não me parece ter as condições exigidas para promover a retomada econômica.

Simples de explicar. Em uma economia onde o desemprego só cresce e a atividade econômica só cai, não faz o menor sentido uma política econômica que visa a retirar ao mesmo tempo tanto o poder de compra das famílias como a capacidade de investimento do Estado.

As medidas adotadas são no sentido de concentrar a renda nas mãos do 1% mais rico. Talvez a expectativa seja a de que este grupo aumente seu consumo e invista. Só que temos dois problemas: primeiro que o consumo deste 1% mais rico é em sua maioria fora do Brasil.

O segundo é que ainda que se pense ser o objetivo aquela máxima de que “o Estado cuida dos mais ricos e estes dos demais”, este é um fenômeno que não ocorre no Brasil. A elite e setores de classe média são profundamente demófobos e antinacionais. Pretendo voltar ao tema com mais clareza proximamente.

Some-se a isso a capacidade de investimento do Estado extinta pela PEC 55, os juros altos, a quebra/desmonte da cadeia produtiva nacional do petróleo e a alta capacidade ociosa e a conclusão é que estamos em um “Círculo Vicioso do Monetarismo”, como expliquei anos atrás falando da Europa.

Em tempo, tenho visto comentários de economistas e jornalistas econômicos nos últimos meses que me dão vontade de rasgar meu diploma de economista.

A crise econômica vai piorar e não será pouco. Além disso, a concentração de renda e compressão salarial, acrescida da retirada de direitos sociais empreendidas pelo atual governo tende a fazer a miséria explodir – com a violência vindo junto.

Na prática, este governo é um governo de “homens brancos ricos” para “homens brancos ricos”. Detesto me utilizar deste tipo de clichês, mas neste caso não há como escapar. O Estado brasileiro foi apropriado por interesses empresariais, classistas e elitistas e tudo o que signifique políticas públicas e/ou nacionais será destruído.

Ainda falando de grandes empresas, penso que na seara cervejeira a grande novidade deste ano foi a Ambev entrando de forma maciça no mercado das especiais, comprando cervejarias e com uma política de preços agressiva – até para compensar a queda de lucratividadetrazida pela queda das vendas dos exemplares “mainstream”.

Este é outro tema ao qual dedicarei um artigo exclusivo brevemente, mas ainda que sabendo do poder monopolista do conglomerado, acho que pode ser salutar por dois aspectos: primeiro por propiciar um maior número de rótulos e pontos de distribuição, segundo por na prática acabar funcionando como um regulador de preços no mercado.

Deixando claro que é um palpite, acredito que a Ambev será bastante agressiva na aquisição de cervejarias brasileiras deste segmento, em especial as que possuem maior capacidade de produção. Algo a que veremos neste próximo ano.

Em tempo: na contramão de todos os apreciadores, não curti muito esta onda das “New England IPAs”. Prefiro um bom exemplar com aquela pancada de lúpulos.

A NFL está chegando à fase decisiva. Falta uma rodada para se encerrar a fase de classificação e temos 10 das 12 vagas decididas aos playoffs.

Serão playoffs atraentes: os Patriots com a eficiência de sempre, os retornos de Raiders e Dolphins (ambos com seus quartebacks titulares machucados) após longos jejuns, os tradicionais Steelers, os Cowboys passando o carro em todo mundo, Seahawks e seu ambiente hostil…

E, last not but least, a volta dos Giants pela primeira vez desde o título de 2011/12. Foi o único time a derrotar os Cowboys na fase classificatória (duas vezes) e parece ser o único neste momento capaz de impedir a quebra do longo jejum do time do Texas. Ainda mais quando se sabe que a característica do time é se agigantar na fase decisiva.

Do outro lado, os Patriots são muito favoritos a chegar uma vez mais ao SuperBowl. Mas chegando lá, não os vejo como favoritos contra qualquer que seja o adversário que venha da NFC – não, nem contra Giants ou Packers, por exemplo.

Meu palpite? Meu palpite é torcida, não palpite: Giants e Patriots repetindo as finais de 2007 e 2011 e Tom Brady pedindo música naquele programa de televisão. Mas o caminho é árduo até lá.

Já na NBA, reitero o que escrevi no Twitter quando do início da temporada: Warriors e Cavaliers só não decidirão o título se forem dizimados por contusões. Ainda acho o time da Costa Oeste favorito neste caso, mas o fator LeBron James pode pesar.

Quanto aos Knicks, o time está se saindo melhor que a encomenda até agora, em que pese uma defesa muito ruim e uma certa – e até normal – irregularidade. Neste ritmo, a volta aos playoffs é bem possível, podendo até escapar da dupla Cavaliers e Raptors na primeira rodada. E Porzingis é uma futura estrela.

Algo que é comum às duas ligas citadas são as péssimas arbitragens. Anda sendo um ponto bastante destoante em duas organizações que primam pela excelência como a NBA e a NFL. O número de erros grosseiros tem sido muito acima do esperado.

De certa forma, o carnaval no final de fevereiro acaba sendo bom para as escolas, que tem mais ensaios e assim, mais arrecadação. 2017 será um ano de poucos enredos patrocinados e poucos recursos financeiros; então qualquer ajuda é bem-vinda.

Resta saber, também, qual será a postura do prefeito Marcelo Crivella quanto à festa. A indicação de Nilcemar Nogueira para a Secretaria de Cultura é um sinal positivo, mas há indicações de que a subvenção para 2018 poderá diminuir. Algo que somente o tempo irá revelar.

Lembro ao leitor que, como já escrevi anteriormente, a subvenção da Prefeitura às escolas de samba é um investimento, não gasto. Mas em um país onde educação e saúde são considerados gastos desnecessários que precisam ficar 20 anos congelados…

Gostaria de poder desejar ao leitor um Feliz 2017, mas não estou nem um pouco otimista com as perspectivas que se apresentam. O ano tem tudo para ser pior que este que se finda, em qualquer aspecto que se possa analisar.

Então, meu desejo é que todos nós possamos passar pelo próximo ano o mais incólume possível, sem danos ou piora das condições de vida. Já será uma grande conquista.

Finalizo agradecendo aos leitores por proporcionarem o melhor ano da história do Ouro de Tolo em termos de acessos, impulsionado especialmente pela cobertura olímpica. Há ajustes que necessitam ser feitos, especialmente no layout, mas obrigado.

Imagens: Arquivo Ouro de Tolo e Fiesp (patos)

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