Tá difícil encontrar alguém que se despeça desse ano com uma expressão de saudade, algo do tipo “tudo que é bom dura pouco”. É muito mais pra “já vai tarde”. Se nos detivermos nos acontecimentos dos últimos dias então…

… A impressão é de que vivenciamos o pior entre os piores dos anos deste e de outros séculos.

O trágico acidente (acidente? Ou homicídio doloso?) com o avião da Lamia deixou um país consternado, o mundo solidário e todos estupefatos. Se chocou quem acompanhou pela mídia, machucou ainda mais quem convive com a presença da ausência. Com aquela cadeira que ficou vazia, o e-mail sem resposta, o corredor sem esbarrão e papo furado, o chopp não tomado, o sorriso congelado no tempo. Nada fácil mesmo esse tal de 2016. Até porque as perdas absurdas e precoces começaram cedo, lá em maio.

O que falar da política? No Brasil, definitivamente, pau que dá em Chico não dá em Francisco. Corruptos na cadeia!, bradam por aí. Quais e quantos? Não tá faltando ninguém nessa lavagem de roupa suja em praça pública e eletrônica?

Crise, empregos reduzidos, violência em escalada. O sonho de UPPs terminou com conta alta. Tipo recibo de joalheria de luxo. Ou de restaurante de guia Michelin em Paris. Mãos ao alto e guardanapos na cabeça.

Falou-se em batalha do defensor dos viciados  e marginais contra o defensor do dízimo e da intolerância. E quem saiu perdendo nessa guerra?

E o que será do legado? Palavra maltratada de tanto abusada e evocada em vão. Materialmente falando o que fica para cidade olímpica? BRT, VLT, metrô, trans disso e trans daquilo. Bulevares, passeios, avenidas. Museus. Taí, por um certo ponto de vista dá para dar uma colher de chá pro nosso ano que tanto apanha nas resenhas retrospectivas.

Tivemos Olimpíadas e Paralimpíadas. E vivemos dias tão, mas tão especiais que queríamos que tivessem durado uma eternidade. E agora que passou… Já passou! Foi tão fugaz! E foi tão marcante. Aquele espírito, que rivaliza com o natalino em termos de humanidade, bondade, respeito, é o espírito cariocamente olímpico de 2016.

E se voltarmos ainda mais no calendário, pro nosso amado mês de fevereiro, como não lembrar com carinho e emoção da maior noite de desfiles dos últimos tempos, aquela segunda-feira em que o Salgueiro entrou favorito, a Portela passou vencedora e a Mangueira encerrou campeã? Mágica pura.

No próximo domingo, 2016 vira o ano velho, o ano maldito, o ano que não queria terminar, um ano intenso. Acho que, no fim das contas, todos os anos são assim. Com tristezas e alegrias, derrotas e vitórias, perdas e ganhos.

No clichê do clichê… Tal qual montanha russa. Talvez as curvas e loopings tenham sido mais arrojados e vertiginosos. Deu enjoo em alguns trechos, êxtase em outros. A certeza é que no fim da viagem todos queremos entrar na fila para embarcar no carrinho de novo. E dar mais uma volta.

Que venha 2017. Estamos prontos.

Imagens: Arquivo Ouro de Tolo

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