Tenho o hábito de pela manhã vir no trânsito ouvindo a Rádio BandNews FM; porque, embora não concorde com pelo menos a metade do que ele diz, eu gosto muito do âncora Ricardo Boechat e dos colunistas da parte da manhã.

Faço esta introdução porque queria comentar o papo que o âncora levou com o escritor Ruy Castro hoje pela manhã, conversa essa que ocorre todas as terças feiras.

O assunto do dia era a proposta de um fotógrafo francês de tornar as fotografias femininas “mais naturais”, sem estes excessos de correções – i.e., Photoshop – que vemos atualmente não só em revistas voltadas ao público masculino como em toda sorte de publicação.

Ruy Castro contou dos tempos em que foi editor de revistas masculinas e explicou como era feito o retoque das fotos nos tempos pré-Photoshop. Segundo o colunista, primeiro maquiava-se a modelo de cima a baixo, para disfarçar eventuais imperfeições, depois utilizava-se de uma iluminação adequada e, por ultimo, o editor fazia as correções diretamente no fotolito.

Hoje é muito mais fácil, faz-se tudo no Photoshop. Só que por um lado geram-se mulheres irreais e, por outro, ocorrem verdadeiras aberrações – um bom exemplo foi o ensaio que a modelo e atriz Fernanda Lima fez no final de sua gravidez, em que simplesmente sumiram com o umbigo dela – e colocaram na capa !

Ruy Castro tem a opinião, com a qual concordo, de que os homens não estão preocupados em saber se uma mulher tem ou não celulites ou estrias. Ele vai mais longe e diz que “quem sabe a diferença entre celulites e estrias, ou é mulher, ou é bicha”.

Também questiona os padrões de beleza destas publicações e as correções demasiadas, que “fazem qualquer baranga ficar belíssima na publicação”.

Faço coro com o colunista. Sinceramente, estas mulheres que aparecem nas revistas – quaisquer delas, não estou falando de revistas masculinas – são tão artificiais que não consigo achar bonito. O pior de tudo é que gera uma compulsão na sociedade em tentar imitá-las, o que obviamente é impossível. Sou adepto do “quanto mais natural, melhor”.

Um bom exemplo é a alcunhada “Mulher Melancia”(foto). A diferença entre fotos que saem nos jornais e a aquela em que foi capa da Playboy chega a ser grosseira.

O pior de tudo é que na música já há o correspondente do Photoshop, o denominado “ProTools”. Qualquer Pedro Migão da vida fica com uma voz límpida e cristalina. Por essas e outras que o que não falta, hoje, é cantor enganador…

No site da Rádio Bandnews costumam colocar o áudio dos colunistas, mas ainda não se encontrava disponível. Recomendo a audição quando estiver.

6 Replies to “Ruy Castro, as mulheres e artificialismos”

  1. quanto a questão do artificialismo tudo bem, mas há de se entender que isso acontece a anos mesmo que seja como era feito com os recursos da maquiagem mas nao deixava de ser um recurso pra nao fotografar ao natural, é que hoje em dia a tecnologia ajudou e que mulher nao iria querer se ver linda num ensaio fotografico, e homem nao tá nem aí até acha que é natural só se espanta quando ver a dama ao vivo enfim, faz parte.
    quanto ao pro tools é um ótimo recurso e tem sido utilizado tambem pra enganar muita gente mas ha de convir que nao faz milagres tem cantores aí que nem com pro tools.
    Lembrando que o pro tools é um recurso que praticamente todos os cantores usam até os melhores pra pequenos ajustes no caso deles é o que acontece com photoshop até as mais belas usam pra pequenos ajustes no caso delas
    o blog tá bacana
    Mauricio Poeta

  2. Poeta, certos retoques são perfeitamente normais, o problema é que se está exagerando, e isso gera um padrão de beleza irreal.

    P.S. – Tem como você escrever um texto sobre o Pro Tools ?

  3. Oi Migão!
    Também tinha por hábito ouvir logo cedo a bandnews lá em curita. Agora daqui de vda, como diria um irmão do meu avô – com o advento da modernidade – rssss, ainda acompanho rádios que tocam notícias pela net e pela sky. E ao contrário de vc eu concordava com praticamente tudo que o Boechat falava,rssss.
    .
    Agora sobre o assunto proposto,também concordo com o Ruy Castro, mas fazer o quê?
    Como fazer este povo entender que é a saúde que precisa estar em dia e o cérebro precisa ser trabalhado. Se houvesse mais respeito ao próprio corpo e consciência de cada um é cada um, muita cirurgia plástica seria desnecessária. Mas… neste país de tiazinhas, melancias e etc,etc,etc, quem não tem cérebro trabalha com a B e assim torna-se vítima do sistema.
    .
    E vamo que vamo. Mas o Boechat é bom hein.

  4. Seja bem vinda de volta, Tati.

    Eu acho o Boechat muito bom, a questão é que o acho meio radical em certas ocasiões.

    Você pode ouvir a BandNews pela internet, em tempo real. http://www.bandnewsfm.com.br

    Quanto ao assunto do post, cada vez se valoriza mais o ter e menos o ser, acho que está tudo dentro desta ótica.

Comments are closed.