Há um ano estreei nessa coluna com um texto sobre os técnicos do futebol brasileiro. Analisando a lista dos técnicos naquela época, cheguei à conclusão de que os clubes do nosso futebol estavam optando por investir em técnicos mais jovens. Dos 20 clubes que iam disputar a Série A em 2017 (mais o Inter, na B), em 14 os treinadores escolhidos tinham menos de 50 anos.

Esse ano resolvi repetir a análise. É claro que os clubes que vão disputar a Série A em 2018 não são os mesmos de 2017: saem Ponte Preta, Avaí, Atlético-GO e Coritiba e entram Ceará, América-MG, Paraná e Internacional (que já estava na minha análise). E obviamente, as pessoas envelhecem de um ano para o outro, mas mesmo assim dá para tirar dados interessantes.

Em 2018, ao contrário de 2017, os técnicos escolhidos para começar a temporada são mais experientes: dos 20 clubes da Série A, em metade eles têm 50 anos ou menos. O mais jovem é Felipe Conceição, do Botafogo, e o mais experiente é Paulo César Carpegiani,  do Flamengo (N.do E: Carpegiani estreou como técnico justamente no Rubro-Negro, com apenas 32 anos, em 1981, ano em que conquistou de cara a Libertadores, o Carioca e o Mundial num intervalo de 21 dias – tudo bem que os tempos e principalmente o time eram bem diferentes…)

Apenas seis clubes começam 2018 com os mesmos técnicos de 2017, sendo que Guto Ferreira começou o ano passado no Bahia, mas aceitou a proposta do Inter ficou por lá até novembro e agora retorna para a equipe de Salvador. Os outros cinco são: Abel Braga, no Fluminense, Fábio Carille, no Corinthians, Mano Menezes, no Cruzeiro, Renato Gaúcho, no Grêmio, e Enderson Moreira, no América-MG, o técnico mais longevo de um clube da série A – desde 20 julho de 2016 no cargo.

Desses cinco que se mantiveram no cargo, quatro ganharam algum título relevante em 2017: o Grêmio de Renato foi campeão da Libertadores, Carille foi campeão paulista e brasileiro com o Corinthians em seu primeiro ano como profissional, Mano levou o título da Copa do Brasil e o América de Enderson desbancou o favorito Inter para ser campeão da Série B. Só Abel não conquistou nenhum título – foi vice no Carioca. E aí voltamos ao enigma do biscoitinho: os clubes mantiveram seus treinadores porque conquistaram títulos ou eles foram campeões porque continuaram com seus técnicos?

Depois de perder Jair Ventura para o Santos, o Botafogo repetiu uma estratégia comum nos últimos anos: apostar em um técnico caseiro. Felipe Conceição é ex-jogador do clube, já comandou a equipe sub-17 e era um dos auxiliares do próprio Jair. A esperança do torcedor é que ele tenha desempenho semelhante ao antigo “mestre”, mas diferente, por exemplo, de Eduardo Húngaro, também aposta caseira em 2014 que foi demitido após os fracassos no Estadual e na Libertadores daquele ano.

A lista dessa vez não conta com nenhum estrangeiro. Seedorf esteve perto de acertar com o Atlético-PR, mas a demora da resposta irritou a diretoria paranaense, que optou por uma escolha nem um pouco óbvia: Fernando Diniz. O treinador ficou apenas 13 dias no comando do Guarani e terá pela primeira vez a chance de comandar um grande clube. Será interessante ver se Diniz conseguirá implementar seus conceitos de jogo no clube (e se darão tempo para isso) ou se será logo demitido na primeira sequência ruim de resultados.

Outro treinador estrangeiro que terminou 2017 em um clube brasileiro, mas não chegou a 2018 foi Reinaldo Rueda. Nesse caso, o desfecho foi um pouco diferente. O técnico colombiano aceitou uma proposta para treinar a seleção do Chile (que não se classificou para a Copa do Mundo). Até aí nenhum problema. Edgardo Bauza e Juan Carlos Osorio também optaram recentemente por sair do São Paulo para treinar Argentina e México, respectivamente. O pior é que Rueda transformou o caso em uma verdadeira novela que se arrastou por mais de um mês. Se por um lado a imprensa chilena cravava o acerto do treinador com a seleção local, o Flamengo dizia não saber de nada. O caso se arrastou até a reapresentação do elenco, quando aí sim Rueda comunicou o seu desejo.

Já o Flamengo, ao contrário de Rueda, teve pressa e no mesmo dia da saída do colombiano anunciou o seu novo treinador: Paulo César Carpegiani, que estava acertado inicialmente para ser coordenador de futebol. E o próprio Carpegiani admitiu na entrevista coletiva de apresentação que pode não ficar muito tempo na nova função: “Hoje sou o treinador, mas não está afastada a possibilidade de encontrarmos uma pessoa e, se tivermos um consenso, ela entrar no meu lugar amanhã ou depois.”

Dois mil e dezoito também será interessante para analisar o desempenho de Fábio Carille. Em 2017, em seu primeiro ano completo como treinador, ele ganhou os títulos do Campeonato Paulista e do Brasileiro com o Corinthians e, com méritos, foi eleito o melhor treinador da competição nacional. Mas agora não terá peças importantes do seu time considerado titular, como Pablo, Guilherme Arana e Jô. Vamos ver como ele vai montar essa equipe.

Mas o trabalho que mais me desperta curiosidade é o de Roger Machado no Palmeiras. Muito cobiçado pelos clubes brasileiros no meio do ano passado, ele insistiu em não assinar com ninguém pois queria pegar um time desde o início. E agora terá sua chance no Palmeiras, o time com o melhor elenco (em nomes) do país e que já se reforçou com Emerson Santos, Diogo Barbosa, Marcos Rocha, Lucas Lima e Weverton.

Roger fez um bom trabalho no Grêmio na minha opinião, mas não se saiu bem no Atlético-MG que também tinha jogadores consagrados como Fred e Robinho. Com o material e a estrutura que terá para trabalhar, ele vai ser bastante pressionado e precisará dar respostas rápidas para a torcida e diretoria. Vale a pena ficar de olho.

Imagens: Vitor Silva/SSPress/Botafogo e Gilvan de Souza/Flamengo

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