Depois da análise dos jurados do Especial,  a pedido do editor, é hora de analisar os nomes dos jurados chamados para Serie A.

Diferentemente do Especial, os novos nomes chamados para a Serie A não costumam ser tão famosos. Logo, para conhecer o currículo de alguns  deles, uma pesquisa no Google é necessária. Situação bem diferente da análise feita para o Grupo Especial.

Gostei bastante da ideia da LIERJ de aproveitar alguns nomes vetados pela LIESA mais por birra de alguma escola do que por sua incapacidade técnica. Todos os nomes chamados tiveram julgamentos no mínimo razoáveis no Grupo Especial.

Ainda houve na Serie A dois jurados que já estavam no júri de 2014, mas trocaram de quesitos. José Antônio Rodrigues saiu de enredo rumo a Alegorias e Adereços e Levi Cintra saiu das alegorias e adereços para Conjunto, que em decisão louvável a LIERJ manteve em seu julgamento – seguindo caminho contrário ao da LIESA.

Foram poucas as mudanças no corpo de julgadores. A maioria destas foi para acomodar a perda de alguns julgadores para o Grupo Especial. Muitos deles substituídos pelos próprios “derrubados” do Especial.

Legenda:
os nomes vindos do Grupo Especial estão acompanhados por um “(Especial)”

Os nomes que já participaram do Grupo Especial em outros anos estão marcados com um *

Os dois jurados que foram trocados de quesitos estão com o sinal ¹.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

Saiu: Mônica Barbosa e Nubia Barbosa
Entrou: Ilclemar Nunes (Especial) e Paulo Rodrigues
Ficou: Paula Isnard de Maracajá e Vera Aragão

20140228_232004Um quesito muito específico e que cada módulo é um “jogo” totalmente diferente. Como em todo julgamento da Serie A, não houve grandes alterações.

Se Mônica Barbosa foi alçada para o Grupo Especial, a Serie A recebe em troca o reforço do Ilclemar Nunes e seus 30 anos de bons serviços prestados lá.

Alias, a não convocação do outro jurado saído do Especial, o carrasco-correto Tito Canha, faz-me suspeitar que era ele o jurado com problemas na coluna que pediu para sair, citado pelo presidente da LIESA em novembro.

Paula Isnard é coreógrafa e bailarina.

Vera Aragão é mais uma produção da escola de dança do Theatro Municipal, do qual também foi professora e provavelmente seria a “bola da vez” caso o Especial precisasse de mais algum julgador.

Paulo Rodrigues é também do Theatro Municipal e seu primeiro-bailarino.

Competência não falta a esse quesito, seja aqui ou no Especial.

Comissão de Frente

Ficou: todos (Pedro Augusto de Souza Pires, Rafaela Riveiro Ribeiro*, Toni Rodrigues e Zé Helou)

20140228_210715A Serie A respondeu bem demais à proibição dos tripés neste quesito, o que valorizou ainda mais a coreografia. Os jurados também entenderam o objetivo e foram bem mantidos.

Provavelmente desse quarteto os amantes do carnaval devem se lembrar de Rafaela Riveiro Ribeiro, que foi durante bons anos jurada do Especial. Um interessante caso de médica Oncologista e bailarina, hoje mais como hobby, e que levou à loucura algumas pessoas por sua benevolência com alguns erros, mas que desde que chegou na Serie A cumpriu o seu papel.

Toni Rodrigues é mais um coreógrafo a fazer parte do júri que, mesmo que desconhecido do grande público, é respeitado em seu meio e deu excelentes notas em 2014.

Pedro Augusto é produtor teatral e apesar de dar nove notas 10 para 17 escolas, teve coerência nos poucos décimos retirados. Foi um ano que gostei bastante das comissões (talvez seja exatamente o fim do tripé).

Já Zé Helou é ator e diretor teatral e se caracteriza por justificativas longuíssimas, mas que explicam muito bem os motivos pela perda de décimos. Ele também é um dos professores do centro cultural comandado por Fabiana Valor, a jurada que saiu desse quesito no Grupo Especial.

Fantasias

Saiu: Regina Oliva
Entrou: Ana Cristina M. Peixoto
Ficou: Irene Orazem*, Patrícia Vieira Carneiro e Fernanda Donetto Guedes

20140301_043825Em fantasias a única alteração se deu por “força maior”, já que Regina Oliva foi chamada para o Grupo Especial.

Interessante notar que, diferente de outros quesitos, em fantasias a LIERJ não chamou nenhum dos quatro jurados dispensados do Especial e decidiu investir em um nome novo para substituir a jurada cedida para a LIESA.

Decisão acertada, tendo em vista o julgamento falho do quesito no Especial em 2014. Desconheço a nova jurada.

Irene Orazem já julgou o Grupo Especial por alguns anos. Até tem suas polêmicas, mas nada muito aberrante, a maioria delas por benevolência. Ano passado também distribuiu muitos dez, de forma superior a que a Serie A merecia, mas os décimos tirados foram bem tirados.

Patrícia Vieira Carneiro e Fernanda Guedes deram notas entendíveis bem justificáveis em 2014, porém podem ter mais cuidado na dosagem de desconto na comparação entre as escolas. Algumas escolas, que passaram com fantasias incompletas (digo faltando alguma parte) acabaram ganhando notas iguais ou 1 décimo maiores do que outras escolas que apresentaram fantasias completas, apenas com problemas de acabamento.

20140302_005027Alegorias e Adereços

Entrou: José Antônio Rodrigues¹ e Rebeca Kaiser
Saiu: Madson Oliveira e Levi Cintra¹
Ficou: Liana Brazil e José Mauricio P. Tavares

Ao mesmo tempo que este quesito foi, de longe, o pior do Especial em 2014, na Serie A se destacou pelo exato oposto.

As mudanças aqui foram por circunstâncias específicas: Madson foi merecidamente chamado pelo Grupo Especial e Levi Cintra apenas mudou de quesito, indo para Conjunto.

No lugar de Cintra, entrou outro jurado remanejado de quesito. José Antonio veio de Enredo, onde descontou bastante de várias escolas em enredo com justificativas mais afeitas ao próprio quesito de alegorias. Foi um julgamento muito ruim de Enredo, mas seria um julgamento razoável de Alegoria e Adereços, mas ainda precisa “maneirar” um pouco nos descontos. O 9,3 para a Em Cima da Hora e o 9,4 para a Alegria foram extremamente severos; especialmente se comparados com o 9,5 do desastroso desfile da Rocinha. Vejamos como se comportará em seu novo quesito.

Liana Brazil é sócia de uma produtora de vídeos considerada inovadora e beirou a perfeição em suas notas e justificativa ano passado. Assim como Madson, 10 só para Estácio, Viradouro e U. de Padre Miguel.

Não conheço Rebeca Kaizer.

Conjunto

Entrou: Levi Cintra¹

Saiu: Marina Vianna

Ficou: Wilson Martinez*, Malu Cotrim e Luis Strauss

20140302_010600Decisão corajosa e acertada da LIERJ em manter o quesito conjunto mesmo após a decisão da LIESA de acabar com esse quesito. Conjunto é um quesito necessário em ambos os os grupos, mas que precisa ter seu ponto de julgamento melhor explicado e delimitado.

Conjunto não pode ser um apanhado geral de todos os outros quesitos, o “superquesito”, como vem sendo tratado. O que deve ser analisado em conjunto são outras coisas que hoje, erroneamente ou são atribuídos a outros quesitos ou sequer são vistos.

Por exemplo, deveria ser este o quesito “especializado” em descontar a escola que permite invasão de alas, seja externa (por elementos de fora da escola) ou interna (o famoso “duas alas se embolaram”) que atrapalhem a visualização aérea da escola.

Outra coisa que deve ser julgada neste quesito e que sem ele fica sem “casa própria” é a divisão cromática de toda a escola. A famosa “palheta de cores” que os carnavalescos gostam de usar durante cada fase do desfile.

Se a escola, vista do alto, parece ser uma coisa só, se alas não se distinguem, a escola deve ser penalizada.

Sem conjunto, em que quesito consigo fazer isso? Posso tentar fazer em fantasias ou em alegorias. Mas e se o problema for justamente na interação alegoria-fantasia? Por essas e outras, acho que este quesito não pode acabar.

Quanto aos jurados, Marina Vianna foi muito bem cortada. Ela conseguiu a proeza de dar 9,6 para a Estácio de Sá, terceira melhor escola no quesito, e Porto da Pedra, que também passou bem. Nem há como justificar pela diferença de módulo, pois ela ficou no mesmo módulo de onde assisti o desfile. Para piorar deu um inadmissível dez para o Império Serrano com o trabalho claramente inacabado em alguns carros e alas que causou perda visual gritante em conjunto.

Para suprir o seu corte, Levi Cintra foi remanejado de Alegorias e Adereços. Espero que continue o bom trabalho. Alias, ele foi o único corajoso a dar a nota mínima (9,0) para o conjunto alegórico da Rocinha, absolutamente deprimente.

Wilson Martinez tem muita experiência de Grupo Especial e bom histórico de notas.

Malu Cotrim é mais uma oriunda do corpo de baile do Theatro Municipal e também julgou bem em 2014.

Luis Strauss em minha opinião tirou alguns décimos desnecessários de algumas escolas, mas nada que com o tempo de experiência não se possa aprimorar. Ele é ex-presidente da Associação Brasileira de Agentes de Viagem.

Harmonia

Entrou: Monique Aragão (Especial), Sidney Martins Dantas (Especial)

Saiu: Humberto Farjado e Jardel Maia

FIcou: Ruy de Oliveira e Edvan Moraes

20140302_060810Aqui a troca ficou no “2 por 2”. Jardel Maia e Humberto Fajardo foram alçados para o Especial e os dois dispensados de lá, Sidney Dantas e Monique Aragão, vieram para a Serie A. No caso da Monique é retorno. Ela foi jurada da Serie A em 2013 e fora alçada para o Especial em 2014.

Excelente reaproveitamento da Serie A de dois jurados que, apesar de dispensados do Especial, fizeram um bom trabalho de julgamento lá dentro das limitações que existem no julgamento deste quesito, já abordadas no texto sobre o Grupo Especial.

Ruy de Oliveira apresentou notas coerentes de um modo geral e com justificativas aceitáveis, apesar de um décimo retirado da Estácio de Sá alegando de um descompasso que eu, a poucos metros de seu módulo, não reparei.

As notas de Edvan Moraes foram entendíveis pela justificação, que pareceu sincera e de boa-fé de alguém que atuou com diligência, mas seria interessante reforçar no curso de jurados que esse quesito avalia o canto dos componentes e seu entrosamento com o canto do carro de som. Não é uma avaliação do carro de som da escola em si, como ele alegou diversas vezes para descontar décimos das escolas.

Evolução

Ficou: todos (Ana Ferreira, Paulo Melgaço*, Kátia Verônica de Andrade e José Cristino Vieira dos Reis)

20140301_025229Aqui, nada de novo para comentar. Todos os jurados ficaram após uma boa avaliação das evoluções da Serie A em 2014. Alias, até Melgaço julgou melhor ano passado do que em seus tempos de Grupo Especial. É apenas preciso reforçar o “ponto de corte” do quesito – vez ou outra Ana Ferreira justificou a retirada de décimo alegando o que deveria ser analisado em Enredo.

Enredo

Entrou: Persio Gomyde Brasil (Especial) e Mônica da Costa

Saiu: José Antônio Rodrigues¹ e Marcelo Figueira

Ficou: Flávio Freire Xavier* e Valmir Aleixo Ferreira

Aqui houve outra troca “um por um”. Marcelo Figueira foi para o Especial e a Serie A recebeu um dos bons do Especial vetados, Persio Gomyde Brasil, que alias tem um livro sobre as escolas de samba do Rio que recebeu elogios de quem o leu – ainda não fiz isso.

20140302_041657Flávio Freire Xavier já vinha de boas notas no grupo especial, apesar do contestadíssimo 9,8 em 2013 para a campeã Vila Isabel (que foi muito bem justificado, apesar de discordar da necessidade do desconto), e manteve o bom nível de julgamento na Serie A em 2014.

Valmir Aleixo Ferreira é mestre em História Comparada e teve boas justificativas, descontando bem alguns deslizes das escolas na distribuição das alas e alegorias em relação à importância deles no enredo. Já Monica da Costa é uma nova jurada para substituir José Antonio, deslocado para Alegorias e Adereços. Não a conheço.

Samba-Enredo

Entrou: Maria Amélia Martins (Especial)

Saiu: Celso Eduardo Chagas

Ficou: André Gimenes, Marcelo Rodrigues e Lilia Gutman Paranhos

Os Sertões JustificativaCelso Eduardo Chagas foi outro julgador muito bem cortado. Como considerar o clássico Os Sertões, o pior samba de todo a Serie A de 2014? Pois foi isso o que ele fez ao dar 9,6 para a Em Cima da Hora. Isso sem contar que as únicas escolas a receberem o seu dez foram Viradouro, Porto da Pedra e Caprichosos de Pilares. Sem mais comentários.

Para seu lugar foi chamada Maria Amélia Martins, julgadora de longa data do Grupo Especial e de bons trabalhos prestados, especialmente nos dois últimos carnavais. Umas das vítimas da “loucura” que a LIESA cometeu a escolher os julgadores deste quesito para 2015.

O julgamento de 2014 desse quesito foi tão complicado na Serie A que o editor Pedro Migão fez uma coluna inteira sobre ele.

Cortaram o jurado mais problemático, mas poderiam aproveitar e cortar o músico André Gimenez, que também deu algumas justificativas intrigantes. Mas, diferente do cortado, completamente louco em notas e justificativas, com uma maior experiência André pode fazer um bom julgamento

Lilia Gutman também foi alvo da ira do editor, mas eu entendi suas notas. Como professora de português ela foi extremamente rigorosa com a letra dos sambas e como as vezes a justiça é a maior das injustiças, as notas acabaram ficando estranhas, com sambas de pior qualidade com notas melhores. Nada que a experiência adquirida não possa resolver.

Já Marcelo Rodrigues foi o jurado mais “aclamado” dos quatro, pois sua avaliação ficou próxima do “consenso geral”.

Bateria

Entrou: Sergio Naidim (Especial)

Saiu: Fabiano Rocha

Ficou: David Bispo, Luis Carlos “Meu Bom” e Nelson Nunes Pestana

Para terminar, outra troca “um por um”: Fabiano Rocha foi para o lugar de Naidim no Especial e a Serie A o recebeu. Os outros três foram mantidos.

Sobre Naidim, já comentei que realmente gosta de estudar as baterias e tem lá suas polêmicas no Grupo Especial, mas inferiores em quantidade se comparado com outros dois que ficaram lá. Seu grande defeito no Especial em 2014 foi a chuva de notas 10 dadas e disso não gostei em sua convocação.

20140302_010203Esse para mim foi o grande problema do quesito Bateria na Serie A em 2014. Todos os jurados, inclusive Rocha, eivaram seus cadernos com notas 10 e é sabido que são poucas as baterias da Serie dignas da perfeição que a nota 10 traduz.

Essa é a grande crítica que faço ao julgamento deste quesito, sem contar o exagero no desconto de outras notas, tirando 2 décimos, as vezes 3, com uma justificativa vaga como “desencontro sonoro-rítmico” ou “desconforto rítmico” repetidas a esmo sem especificar exatamente o que seria isso ou quando isso ocorreu.

A nota pessoal fica com Luiz Carlos “Meu Bom” que é produtor musical, já tendo produzido álbuns de figuras famosas do pop-rock nacional.

2 Replies to “O Corpo de Julgadores da Serie A”

    1. Muito bem corrigido, Carlos. Culpa do colunista que não “virou a folhinha” quando virou o ano. Já corrigido no texto principal, obrigado.

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