Let´s go Rangers!

E não é que o time menos badalado dos que acompanhei ao vivo acabou “salvando” a minha pele e me impedindo de ser chamado de pé frio?

Recapitulando: o leitor mais antigo sabe que estive em novembro passado acompanhando ao vivo partidas das ligas americanas. Assisti a jogos dos Knicks (NBA), Giants (NFL) e Rangers (NHL), tendo saído com o saldo de duas vitórias e uma derrota.

Knicks e Giants decepcionaram.

Os Giants ainda salvaram um fim de temporada honroso – apesar da eliminação precoce – com uma campanha de 7-3 (vitórias e derrotas, respectivamente) após um desastroso início com 0-6. Pelo menos a eliminação sem a ida as playoffs determinou mudanças necessárias tanto na comissão técnica (toda a coordenação ofensiva foi trocada) como no elenco em si, que se renovou bastante. A expectativa é de uma temporada de 2014-15 melhor, ainda que de transição dada a implementação de um novo estilo ofensivo.

Já a temporada do New York Knicks foi para se esquecer. Mesmo em uma fraquíssima Conferência Leste e tendo a segunda maior folha salarial da liga, o time conseguiu ser eliminado com uma campanha de 37 vitórias e 45 derrotas, a um triunfo de conseguir a oitava vaga para os playoffs.

O problema é que existem fortes suspeitas de que alguns jogadores fizeram “corpo mole” a fim de derrubar o então técnico Mike Woodson, que foi “fritado” a temporada inteira. Coincidência ou não, após vazar a informação de que o técnico seria demitido ao final da temporada (o que acabou ocorrendo), o time engatou uma sequência de vitórias que quase resultou em classificação ao final.

Certo é que o novo presidente de operações do time, o lendário técnico Phil Jackson, sinaliza com mudanças no elenco. A equipe ainda não tem um novo técnico, mas algumas situações precisam ser corrigidas através de eventuais trocas – como Amare Stoudemire ganhar US$ 23 milhões por ano e o horroroso Bargnani, US$ 11 milhões.

Bom, o certo é que o time menos badalado dos três novaiorquinos a que assisti, o New York Rangers, foi avançando no decorrer da temporada e conquistou a classificação para os playoffs da NHL, que têm um formato igual ao da NBA: 16 equipes, Conferências Leste e Oeste, com os campeões de cada conferência se enfrentando na finalíssima – a chamada “Stanley Cup”. A classificação a esta fase é um pouco diferente em relação à NBA, mas o formato da fase final é idêntico.

Os Rangers se classificaram em quinto lugar na sua conferência e em segundo na sua divisão (com 96 pontos), o que de acordo com as regras lhe pareou o sexto colocado Philadelphia Flyers na primeira rodada dos playoffs, com mando de quadra. Em uma série muito equilibrada os Rangers fizeram valer o mando de quadra no jogo 7, vencendo por 2 a 1 a partida e fechando em 4 a 3 a série.

Na semifinal de conferência os Rangers enfrentariam os Penguins, grandes favoritos – e em repetição do confronto a que assisti em novembro.

A série foi dramática. Os Rangers venceram a primeira e inverteram o mando de quadra, mas depois os Penguins engataram três vitórias seguidas – sendo duas dentro do Madison Square Garden. A série parecia perdida, mas os Rangers venceram fora de casa, empataram no retorno a New York e, com uma dramática vitória por 2 a 1 no jogo 7, venceram pela terceira vez fora de casa e se classificaram à final da Conferência Leste.

Novamente os Rangers chegaram à decisão da conferência como zebras, enfrentando o Montreal Canadiens. O time adversário trazia todo o peso da torcida canadense, país em que o hóquei é quase uma religião, sendo muito difícil de ser batido dentro de casa.

Mas até com facilidade os Rangers venceram as duas primeiras fora de casa. Perderam a terceira no Madison Square Garden na prorrogação, em partida muito violenta – a ponto de o jogador Derek Stepan ter o maxiliar quebrado por um adversário. Ganharam a partida 4 também na prorrogação – na qual quem marca o primeiro gol vence, e o Canadiens finalmente venceu em casa no jogo 5. Contudo, os Rangers fecharam a série na volta a New York, onde o placar de 1 a 0 não refletiu o que foi a partida, com total domínio dos “Blues”.

Com isso, após 20 anos os Rangers não somente conquistaram a Conferência Leste – o que garante mais uma flâmula ao alto do ginásio – como se credenciaram a disputar a Stanley Cup pelo título geral da liga.

O adversário é o Los Angeles Kings, que também suou muito para conquistar a Conferência Oeste: venceu todas as suas séries por 4 a 3, com direito a virar de 3 a 0 para 4 a 3 a primeira rodada contra o San Jose Sharks. Na final de Conferência os Kinks eliminaram os Blackhawks, atuais campeões, com um gol na prorrogação do jogo 7.

É uma final com algumas curiosidades. A principal é que, pela primeira vez desde 1981 (vitória dos Dodgers sobre os Yankees na final do baseball), equipes das duas principais cidades americanas fazem a decisão de uma das quatro grandes ligas. Antes disso, apenas em 1973 (final da NBA entre Knicks e Lakers, com vitória do primeiro). Outra é que os dois ginásios considerados dos mais importantes nos Estados Unidos atualmente serão as sedes da decisão: o Madison Square Garden de New York e o Staples Center de Los Angeles. O mando de quadra é dos Kings.

Será a disputa do melhor ataque da liga Kings contra a extraordinária defesa dos Rangers, comandada pelo espetacular goleiro sueco Henrik Lundquivist. Ambos os times vem de uma campanha extenuante, com os Kings tendo feito 21 jogos nos playoffs e os Rangers, 20.

O favoritismo é todo da equipe californiana, mas os Rangers chegaram à final atuando sempre como “zebra”. Vale a torcida. Uma pequena superstição é que os Giants ganharam o SuperBowl no primeiro ano em que torci para o time, e o fato pode se repetir com os Rangers. Pelo menos já posso dizer que vi um finalista ao vivo…

O primeiro jogo é hoje, às 21 horas, com a transmissão de Ari Aguiar e Thiago Simões pela Espn brasileira.

Lets´s go Rangers!

Imagens: Site Oficial dos Rangers e Arquivo Pessoal