Viagem planejada, realizada e finalizada, hora de começar a dividir com os leitores minhas impressões sobre a metrópole americana. Será uma série de posts: sobre a cidade em si, sobre as partidas da NBA, NHL e NFL a que assisti, pontos turísticos, musicais, visita a bares e cervejaria, o Memorial dedicado às vítimas do 11 de setembro, obviamente compras e um final com algumas dicas.

Saí do Rio de Janeiro 04 de novembro, dia do meu aniversário. O vôo atrasou cerca de 40 minutos, mas me pareceu mais desorganização da American Airlines que do aeroporto em si. Diga-se de passagem, uma aeronave mais antiga, sem sistema de entretenimento individual e bastante desconfortável, mesmo tendo pago um pouco a mais por espaço na poltrona. A equipe na ida não primava muito pela cortesia, mas tudo correu sem sobressaltos. No começo do ano, o colunista Fred Sabino passou por grandes problemas num voo da American Airlines.

Chegamos ao aeroporto JFK um pouco antes das sete da manhã. Ao contrário do que muitos relatam, o processo de imigração foi rápido e tranquilo. Talvez pelo atraso, nosso vôo era o único aquele momento e como havia sido um dos primeiros a desembarcar não enfrentei fila. O oficial de imigração se limitou a perguntar quantos dias ficaríamos (viajei com minha esposa) na cidade e carimbou o passaporte, nos liberando – não durou cinco minutos o processo inteiro. Também não houve qualquer controle em nossas bagagens. Depois percebi o porquê disto: o volume de recursos gasto pelos brasileiros é importantíssimo à economia local.

20131112_135509Ficamos na rua 32, perto do Madison Square Garden e da 5ª Avenida. Talvez se fizesse a viagem novamente tivesse ficado em um hotel mais perto da Times Square, mas onde fiquei também nos deixou perto de vários de nossos objetivos – bem como da Macy´s, gigantesca loja de departamentos.

Algo diferente do Brasil é que os quartos de hotel, além de menores (fiquei no Radisson Martinique), não possuem frigobar – somente pagando-se uma taxa. Isso acabou me limitando um pouco o consumo de cervejas. Por outro lado se disponibiliza água e café nos mesmos. Para a categoria do hotel, era o esperado, com o obrigatório aquecimento.

O trânsito é o esperado em todas as grandes cidades: caótico. A ponto de observar engarrafamentos na Times Square (na foto abaixo, tirada de dia) em pleno domingo à noite. Por outro lado, pelo menos em Manhattan (uma das divisões de New York) a organização das ruas e avenidas é bem clara, quase retangular. Com dois dias na região qualquer estrangeiro consegue dirigir sem problemas – a questão será encontrar vaga de estacionamento…

20131107_151553Algo que chama a atenção – e depois em jantar com a colunista deste Ouro de Tolo Milly Lacombe ela expressou o mesmo – é a quantidade de mendigos nas ruas. O leitor poderá achar que estou exagerando, mas há mais sem tetos e mendigos em Manhattan que no Centro do Rio.

Isto confirmou uma impressão que já havia exposto aqui em outra ocasião: o miserável que vive no piso da pirâmide social nos Estados Unidos vive pior que o sujeito na mesma situação aqui no Brasil. Isto se explica pelo fato de não existir nos Estados Unidos a rede de proteção social brasileira – lá se a pessoa não tiver dinheiro ela morre até de gripe.

Eu fiquei me perguntando como estes sem teto sobrevivem no frio, mas depois me explicaram que eles dormem em cima das saídas do Metrô, de onde emana ar quente. Aliás no dia em que cheguei à cidade houve eleição para prefeito, que colocou no poder pela primeira vez em mais de 20 anos um político de esquerda  – talvez reflexo desta situação descrita acima. Na quarta feira cheguei a ver o prefeito eleito dando uma entrevista a uma rádio local, em estúdio com uma vitrine dando para a rua. Outra curiosidade é que não se via qualquer indicação de que havia eleições nas ruas: soube pela televisão.

20131107_123553A propósito, basta se ver meia hora de televisão nos Estados Unidos que se percebe que toda, repito, toda a programação daqui é copiada de lá. Seja a de canais abertos, seja a dos fechados.

Outro ponto fascinante é a diversidade cultural de New York. Você anda por Manhattan e ouve todo tipo de língua: inglês, espanhol (as principais), português, russo, chinês, coreano… Mas, curiosamente, quase não se vê casais inter raciais ou de nacionalidades distintas: é americano branco com branca, negro com negra, coreano com coreana, latino com latina. Também não vi grávidas americanas típicas: era quase sempre negra ou latina – o que me leva a pensar em uma mudança demográfica importante nas próximas duas ou três décadas.

Irei dedicar post específico a respeito de compras (inclusive com algumas dicas valiosas), mas os vendedores sempre se esforçam em nos entender. Meu inglês é para lá de macarrônico, mas quase sempre conseguia me fazer entender e, quando ficava difícil, o espanhol resolvia – praticamente todas as lojas tem alguém que fale a língua dos “hermanos”. Quanto aos preços encontrados, mesmo em Manhattan a minha carteira ficou bem satisfeita – mas este é assunto para outro post…

20131107_125742Quanto ao clima, estava frio, embora menor do que eu imaginava. No último dia é que a coisa apertou e chegou a nevar, embora eu não tenha visto – foi na madrugada/início da manhã. Além disso praticamente todos os lugares dispõem de aquecimento, de forma que só se sente frio mesmo andando pelas ruas, pelo menos em Manhattan.

Mas agora entendo a reclamação dos times europeus que vem jogar por aqui: sair de 2 graus para 30, como ocorreu comigo, realmente é bastante desgastante. Passei a última quarta feira, dia que cheguei, me sentindo bastante desgastado. Aos viajantes recomendo levar uma malha térmica para usar por baixo da roupa que já facilita bastante – embora em momento nenhum eu tenha utilizado a calça deste conjunto.

A alimentação é mundial: não me pareceu, ao menos, haver uma cozinha novaiorquina (ao menos em Manhattan e ao menos onde estive). Comida coreana, italiana, muitas pizzas (superiores às daqui, diga-se) e, obviamente, hambúrgueres. Por outro lado a rede Starbucks é quase onipresente: em cada esquina se encontra uma.

20131111_154921New York é uma cidade onde se caminha muito a pé, pelo menos em Manhattan. Ainda assim, quando precisei do serviço de táxis – como na visita acima ao Memorial dedicado às vítimas do atentado de 11 de setembro – achei bem complicado se conseguir um vazio. O serviço é mais caro que por exemplo o carioca quando convertido em real, mas nada exorbitante. Uma dica é escrever o destino em um papel: mesmo que o leitor fale inglês fluentemente as chances do motorista não falar o idioma são consideráveis.

Para fechar este post introdutório, uma nota esportiva: lá só se conhecem dois times brasileiros – Flamengo e Corínthians. Vi na prática que, em termos de mercado, o clube paulista é muito mais rival que a trinca formada por Vasco, Fluminense e Botafogo. Muita gente também perguntando sobre a Copa do Mundo de 2014 e interessada no time local, já classificado. Algo que me surpreendeu foi ter sido perguntado por muitas pessoas sobre se havia uma liga de futebol americano aqui no Brasil – e elas ficando ainda mais surpresas quando dizia que, sim, se pratica o esporte aqui apesar de ainda embrionário.

Aliás, o torcedor de lá é igualzinho ao daqui: o time vence domingo e na segunda um mar de camisas, bonés, gorros e casacos nas ruas. Mas somente nisso o esporte americano é idêntico ao nosso…

Enfim: gostei muito da experiência e nos próximos posts irei aprofundar as questões que introduzo aqui.

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6 Replies to “Impressões de New York”

  1. Belo relato. Mas muito me decepciona essas fotos com iténs da marca do São Caetano novaiorquino… rs

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