Hoje o advogado Rafael Rafic traz em sua série de colunas sobre a disputa de samba da Portela, com o primeiro dia da Chave Branca (com 17 sambas dos 35 inscritos). Ressalto uma vez mais que o exposto aqui é a opinião pessoal do colunista e que até a semana da final não irei me manifestar publicamente sobre o assunto.

Disputa da Portela: Chave Branca, Dia 1

Na última sexta ocorreu a primeira apresentação dos sambas da chave branca no Portelão.

Mais uma vez não gostei da forma como os trabalhos foram abertos pelo palco oficial da escola. Foram 5 passadas do Hino da Portela seguida de mais 5 passadas do samba de 2013. Com isso, já temos no saldo combinado das 2 semanas 13 passadas consecutivas do samba de 2013 na abertura da noite.

Porém, apesar de não gostar da opção, ontem ficou mais clara qual a intenção da Harmonia.

Na abertura agora dá-se maior atenção à exibição do mestre-sala e porta bandeira, por isso se tocam apenas as duas músicas citadas protocolares, enquanto se deixam os sambas clássicos para o final, para que os valentes portelenses que ficaram na quadra a eliminatória inteira possam se divertir. Devo admitir que a playlist do final foi uma sequência fantástica.

Sobre a noite em si, pouco tenho a comentar senão o absurdo desnivelamento não só dentro própria chave branca, como também na comparação com chave azul.

Essa chave branca concentra os dois melhores sambas da safra deste ano, Máximo/Toninho e o de Davi Correa. Porém ao mesmo tempo os outros 15 sambas são inferiores, mesmo se comparado com os sambas da outra chave.

Foi uma noite complicada para se achar motivação para ficar acordado e ouvir os sambas. Apenas os dois sambas já citados salvaram a noite. Alias, não apenas salvaram a noite como fizeram as duas melhores apresentações desta primeira rodada, mesmo se contarmos as composições da chave Azul.

Davi Correa se apresentou logo no início, com a quadra ainda bem cheia (mais cheia que semana passada) e teve uma torcida considerável. A torcida não apenas brincou como cantou bem o samba, em conjunto com alguns apoios espontâneos na quadra. Como bem disse um “anônimo de alta plumagem”: tem que respeitar o velho. Ninguém é hexa campeão na Portela com três Estandartes de Ouro à toa.

Depois de uma infinidade de sambas intermináveis, já com a quadra ligeiramente mais vazia logo após as 3 horas da manhã, subiu ao palco a esperada parceria de Luis Carlos Máximo e Toninho Nascimento.

Com um palco de peso (em todos os sentidos) com Tinga no primeiro microfone e a torcida de notórios integrantes da organizada Guerreiros da Águia (no que foi a primeira aparição de alguma organizada nesta disputa) a parceria mostrou que não quer repetir os erros feitos nas primeiras apresentações do ano passado e ‘passou rasgando’.

Uma apresentação muito forte, com a quadra cantando bem o samba. Destaque especial para o refrão principal (“vou de mar a mar, mareia…”) que foi muito cantado e só não posso dizer que explodiu por causa da quantidade de pessoas ainda presentes na quadra, que não era pequena mas estava longe de estar lotada.

Como essa é uma coluna de opinião, não tenho problemas em afirmar que este é meu samba preferido – e acho que do Editor Chefe também, embora ele não diga nem sob tortura. Mas mesmo quem não torça para ele terá que admitir que esta foi a melhor apresentação dos 35 sambas concorrentes até aqui.

Obs: com todo respeito as outras organizadas, mas quando os Guerreiros entram em ação, complica demais para qualquer adversário.

Mais uma vez houve uma mostra do fenômeno que eu chamo de “efeito Máximo”: assim que Máximo encerrou sua participação a quadra esvaziou repentinamente e ficou deserta. Isso é algo que venho notando que frequentemente acontece desde o ano passado.

Quanto aos outros sambas, o que posso destacar na noite foram as passagens no máximo corretas das parcerias de Paulo Apparicio, Cristiane Mazzarin e Jurandir Santana. Ainda sim, com o desconto do problemas de som (que estava bem melhor nesta semana), coloco as apresentações de Espanhol e Edson Batista na frente.

Ao fim, os sambas cortados foram Paulo Cesar & cia, Luizinho do cavaco & cia, Denice Candeia’s & cia, Hebinho da Portela & cia e Maestro Jamir & cia. Com a qualidade da chave fica ate difícil de opinar sobre os cortes. Haviam 3 sambas que realmente destoavam demais do resto e deveriam ser cortados; os 3 estão na lista acima. Já a ocupação das outras duas vagas era bastante difícil pois havia vários sambas do mesmo nível.

Obs: no post passado recebi reclamações de que eu não incluia o nome de todos os compositores das parcerias. Apesar de dar toda razão à crítica, justifico que muitas parcerias tem muitos nomes e se colocasse todos os nomes de todas as parcerias, a coluna ficaria ainda mais extensa e cansativa de se ler. Assim, me utilizo da tecnica já usada por vários sites especializados de apenas citar o nome do primeiro compositor da parceria ou aquele mais famoso. Apenas existem alguns casos que não há como falar um nome sem o outro vir a mente, tamanha a simbiose da parceria. Nesses casos (Espanhol e Sylvio Paulo é o exemplo mais presente) estou citando ambos.

Fatos rápidos:

– Mais uma vez estavam presentes o presidente Serginho Procópio, o vice Marcos Falcon e o comandante do nosso barracão Paulinho do Ouro.

– Dia 10, teremos a estreia da série de Cinedebates na quadra da Portela, com o filme “Candeia: Eu Sou o Povo”. Estão todos convidados;

– PlayList do encerramento: Ilu Ayê (1972), Contos de Areia (1984), Tributo a Vaidade (1991), Lendas e Mistérios da Amazonia (1970 e 2004), Foi um Rio que Passou em minha Vida e, claro, E o Povo na Rua Cantando… É Feito uma Reza, um Ritual (2012).

– Mais uma vez a empolgação foi geral no “Madureira sobe o Pelô”. Não me canso de ficar impressionado com a força desse samba;

– Dessa vez o palco estava completo: Wantuir, Rogerinho, Rixxa e Cremilson;

– Já tivemos várias parcerias levando torcida nesta segunda noite de disputas,

– Próximas apresentações: Chave Azul: 4ª feira, dia 4/9 as 20 horas / Chave Branca: domingo, dia 8/9, às 14 hopras;

– Desde já peço desculpas aos leitores do blog e aos compositores da chave branca, mas por causa do Estadual Interclubes de Xadrez (maior e mais cansativo torneio do estado) que estará ocorrendo no mesmo dia 8/9 no Tijuca Tenis Clube e o qual arbitrarei, não poderei comparecer a próxima eliminatória dessa chave. Pretendo ir na eliminatória da chave azul normalmente.

(Foto: Facebook Oficial da Portela)