Fechando a nossa série sobre a política carioca, uma análise sobre as opções da esquerda, ou centro esquerda, no panorama político atual.
A guinada à direita do eleitorado carioca se iniciou em 1992, como escrevi no primeiro texto desta série. Ou seja, em 2014 teremos mais de vinte anos de predomínio da denominada “direita” no comando político tanto da cidade quanto do estado.

Como as chances destas tendências políticas, avalio, são nulas pelo menos na próxima eleição para governador e daqui a dois anos para prefeito do Rio urge aproveitar este tempo para a formação de novas lideranças de peso no cenário regional. Como escrevi no segundo artigo da série a insistência da ex-senadora Benedita da Silva em monopolizar as indicações a eleições majoritárias no PT inibiu o surgimento de novas lideranças aptas a disputar com sucesso uma indicação a governador ou a prefeito do Rio de Janeiro.

Hoje o único quadro do PT com alguma possibilidade de ser bem sucedido em uma eleição majoritária é o prefeito de Nova Iguaçú Lindberg Farias (foto). Sem entrar no mérito de suas qualidades ou não é o único nome hoje com densidade eleitoral.

No momento em que escrevo ele disputa com Benedita da Silva a indicação do partido para uma das vagas ao Senado na coligação do atual governador. Se a ex-senadora for a escolhida, representará uma pá de cal em qualquer pretensão do partido de voltar ao poder pelos próximos dez anos.

Além disso este é o momento de formar novas lideranças e torná-las conhecidas.

O PDT tem o neto do ex-governador e deputado federal Brizola Neto como possível liderança para o futuro. No PSOL há os nomes do deputado federal Chico Alencar e o estadual Marcelo Freixo como opções. Entretanto a política sectária de alianças do partido impede um maior desenvolvimento eleitoral destes bons nomes.

Outra questão que se faz imperativa é a renovação do arco programático. Uma política de segurança baseada no cidadão e pregando uma limpeza nas polícias já é um excelente início. O foco na educação básica é outra bandeira que pode ser apropriada pela esquerda.

Mais um ponto é a inclusão de todos os cidadãos nas atenções do poder público, não somente a Zona Sul do Rio de Janeiro. Trocar a crítica pelas políticas alternativas, e apresentar um bom trabalho nas prefeituras que controla.

Outro fator importante é a influência da Petrobras e seus investimentos no estado. A magnitude de seus investimentos é tamanha que é um ator político considerável no jogo político. Atrair investimentos consideráveis pode ser outra bandeira de campanha, embora a empresa já seja grande parceira do governador atual.

Resumindo, a esquerda para reverter o quadro eleitoral atual precisa basicamente de novas lideranças com densidade eleitoral e novas propostas que superem o arcabouço programático atual.