Assim como os episódios do Chaves, acabou mais um episódio cômico do Flamengo na Libertadores. Cômico para os outros, evidente, porque a torcida está injuriada.

Vi pouco do Flamengo em Libertadores nos anos 80 para dizer com ênfase, mas pelo que sei dá para dizer sim que o Flamengo fez duas Libertadores decentes em sua história: a que venceu e 1993 quando chegou nas quartas de final e foi eliminado pelo São Paulo, então melhor time do mundo. São as duas únicas que não teve”vexame” nem “flamengada”.

Não tenho informações da Libertadores de 1983, mas como saiu na primeira fase não deve ter sido grande coisa. Em 1982 logo após se tornar o time campeão de tudo foi na semifinal eliminado pelo Peñarol em casa. Poderiam dizer que semifinal é uma boa campanha, mas o time entrou nessa fase. Em 1984 também fez semifinal, pela última vez, e lá tomou de 5 do Grêmio em uma partida, portanto teve “flamengada”.

Nos anos 90 vieram as melhores atuações, essa de 1993 que citei e 1991 que foi boa campanha também; assim como 1993 parou nas quartas, mas teve um 3×0 para o Boca no dia da eliminação totalmente desnecessário.

E de 2002 para cá os vexames em Libertadores se tornaram algo institucional no Flamengo. Em 2002 não passou da primeira fase com um time que tenha Petkovic, Juninho Paulista e Leonardo, em 2007 caiu nas oitavas sendo goleado no Uruguai pela minúsculo Defensor, em 2008 a mãe de todos os vexames, derrotado por 3×0 pelo América do México no Maracanã.

Em 2010 a melhor campanha recente, mas perdeu em casa nas quartas para a Universidad do Chile. Em 2012 e 2014 eliminações na primeira fase, na primeira o vexame do “to dentro, to fora” com Léo Moura ao microfone da Fox e 2014 perdendo para o Leon do México no Maracanã.

São muitos os vexames, as “flamengadas” que acabam engolindo a bela campanha de 1981. O rubro-negro que é vestido de soberba odeia que falem isso, mas é verdade. A nível continental o Flamengo é time pequeno, quase sem tradição e antes que os torcedores dos outros três do Rio falem algo a dimensão deles ainda é menor. Isso é feio, é ruim para uma cidade como o Rio que se orgulha de ter quatro grandes clubes.

Se formos pensar em “flamengada” nem dá para dizer que teve esse ano já que ganhou todas em casa e perdeu pelo placar mínimo fora e sendo melhor em duas partidas. Vexame a grosso modo também não, mas vira vexame a partir do momento que um grande elenco foi montado, um dos mais caros do continente e tinha sim obrigação de se classificar.

Pode passar, provável até, que passe a humilhação de ser o único brasileiro eliminado nessa fase. Humilhação que aumenta quando pensamos que a Chapecoense, que teve seu elenco dizimado pelo acidente de novembro, está próxima de sua classificação.

Por quê isso acontece e como mudar? Acontece devido a essa soberba que citei e tem que tirar essa soberba para mudar. Entender que tem muito a aprender no torneio, estudar exemplos que deram certo para tentar imitar e jogar sempre a Libertadores, todos os anos.

Não vou praticar caça as bruxas, continuo achando esse elenco muito bom e não acho que tem que destruir o trabalho bom que vem sendo feito. O elenco montado é o melhor do clube em pelo menos em 20 anos, mas como eu sempre digo esse elenco não tem alma, é um elenco de coadjuvantes que precisa “do cara”. Os que mais se aproximam desse perfil são Diego e Guerrero, mas Diego está machucado e Guerrero tem esse perfil no lado técnico, não de liderança.

Falta um Fred no Flamengo, um Robinho, até mesmo um Felipe Mello, falta brio a esse elenco, não aceitar derrota. Não vou culpar a diretoria dessa vez, como disse acho o elenco muito bom e a estrutura vem crescendo.

Não sei sinceramente o que pensar de Zé Ricardo: tenho restrições ao seu trabalho, mas não vejo ninguém melhor disponível e acho que derrotas assim podem ensinar e lhe amadurecer.

Precisa de um goleiro, precisa de um zagueiro, do Everton Ribeiro e do “cara”. Esses quatro resolvem muitos dos problemas. Sou a favor da continuidade e acho que essa continuidade, se livrando de algumas barangas, pode dar frutos muito bons. E que finalmente aprendam com os vexames.

Porque vexames repetidos viram burrice.

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

[N.do.E.: aí a gente tem que aturar jogador do Botafogo dizendo que ‘o Flamengo não tem camisa’ e tem de ficar quieto. Obrigado, Bandeira! PM]

Imagens: Uol e Lance

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4 Replies to “O Flamengo e a Libertadores”

  1. Essa sensação de “pequenez” continental (igual o Corinthians, diga-se) aumenta quando lembramos que o Flamengo só passou da primeira fase em 1981 por causa daquela presepada do Wright!

    Isso por si só já é um vexame. Tal qual a eliminação corintiana em 2006, com a torcida quebrando o Pacaembu todo.

  2. Discordo sobre “só pela presepada do Wright”. Sem entrar no mérito que o Atlético bateu muito e os jogadores xingaram o juiz o jogo estava 0x0 e o Atlético era freguês do Flamengo

  3. O flamengo está ótimo esse ano, com um elenco incrível, é uma pena ele ter saído da libertadores tão cedo, mas o grande problema é o técnico, que não sabe organizar o time.

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