Como todos sabem – eu acho (risos) – o regulamento do Grupo Especial passou por importantes modificações no regulamento para 2017. A mais polêmica é a redução de 82 para 75 minutos o tempo máximo de desfile. Tudo para se adequar à grade da Globo, detentora dos direitos de transmissão e que nos últimos anos não vinha transmitindo os primeiros desfiles ao vivo.

Além disso, também por solicitação da emissora os desfiles do Grupo Especial serão iniciados às 22 horas em cada dia de desfile.

Para evitar, ou minimizar, os efeitos colaterais aos desfiles, a Liesa diminuiu de sete para seis o número de alegorias – sendo que é permitido um acoplamento – e ainda uniu dois de seus módulos de julgamento no meio da pista para que alguns quesitos provoquem menos paradas para os jurados.

Evidentemente que num olhar inicial, não gostei da redução no tempo de desfile. Teoricamente isso nos faz temer uma aceleração das baterias para que a evolução seja mais apressada, fora que no total serão 42 minutos a menos vendo as nossas escolas se exibindo. Ou a diminuição do número de desfilantes para se adequar ao novo tempo máximo para cada agremiação.

Por outro lado, tento ver os pontos positivos nessas mudanças. Numa época de crise, uma alegoria a menos sem dúvida é um desafogo nas finanças das escolas. E um carro a menos teoricamente permite uma entrada melhor das alas na pista e reduz a chance de problemas. Sem contar que com menos tempo, o inchaço das alas é desestimulado.

Percebe-se, a princípio, a opção pela diminuição do número de componentes, o que é um fator positivo às finanças em um ano onde há bastante dificuldade. Poucas escolas conseguiram patrocínios e a subvenção da Prefeitura foi liberada em sua totalidade apenas no mês de janeiro, o que atrasou os preparativos – este é um valor que, pelas regras, pode ser utilizado apenas na compra de materiais.

E se o negócio é exposição na Globo, sem dúvida a certeza de exibição de todas as escolas na íntegra é uma boa. A busca por eventuais patrocinadores e divulgação fica menos complicada, já que cada minuto de exibição na emissora é muito valioso.

Pelo menos nesta fase pré-carnavalesca não se percebe uma grande mudança num tema fundamental: a qualidade dos sambas-enredo. Inegavelmente a safra de 2017 é de boa qualidade.

Pode não haver nenhum samba antológico, mas alguns são de intenso agrado, como os de Beija-Flor, Vila Isabel, Mocidade, Mangueira e Portela, ou seja, quase metade das obras que serão ouvidas.

Agora nos resta esperar como esses sambas vão render na pista e principalmente como as baterias vão lidar com o novo tempo de desfile – pelo menos no CD, vimos várias baterias vindo “pra trás”. Ou seja, as escolas não pensaram meramente em obras funcionais e aceleradas.

De todas as mudanças, a que mais deve gerar polêmica é em relação ao tal supermódulo de julgamento. Em 2017 teremos uma real noção sobre eventuais distorções em relações aos jurados, principalmente em relação a quesitos como Evolução, Harmonia, Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Bateria.

Uma outra mudança importante é que este ano serão seis jurados por quesito, sendo dois deles reservas. O sorteio, segundo o regulamento disponível no site da Liesa e que pode ser baixado aqui, será realizado às 19 horas do domingo de carnaval. Neste momento serão decididos os julgadores titulares, os reservas e os módulos onde eles ficarão.

A Liesa promete afastar julgadores que destoarem muito, mas temo que em 2017 os resultados sejam severamente afetados por algum julgador que se equivoque. Vamos cobrar…

De minha parte, por enquanto meu compasso é de espera. Se tivermos um desfile de qualidade inferior por causa da redução de tempo, será fundamental cobrar e criticar. Mas se não houver grandes problemas, que a exposição completa na TV aberta seja boa para as escolas.

Aguardemos.

(colaborou o Editor Chefe Pedro Migão)

Imagens: Arquivo Ouro de Tolo

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14 Replies to “As mudanças no regulamento do Carnaval”

  1. Também prefiro aguardar como vai ser Fred. O que me incomoda é que essas mudanças não foram fruto de um debate entre as escolas, Liesa, imprensa especializada, público, foi uma mudança imposta pela tv, por motivos puramente comerciais, então fico em dúvidas se algo assim pode dar certo, e temendo o que farão nos carnavais seguintes. Só lembrando que a emissora está em seu direito de buscar o melhor para si e seus negócios, o problema é a subserviência das escolas em relação a ela, só isso. E fico ainda mais pessimista em um dia ter a oportunidade de conseguir assistir na Sapucaí um Grupo Especial com 14 escolas e a última iniciando seu desfile já de manhã…

    1. Luis, obrigado pela leitura. Na verdade o que se passa nas reuniões da Liesa com a Globo é uma caixa preta, não sabemos. Pra que todas as escolas passassem ao vivo, a Liesa, claro, cedeu. Quanto às 14 escolas no Especial e desfiles pela manhã, esqueça. A não ser que vá pra TV fechada. Aí cabe à Liesa saber o que ela prefere fazer. Abraços!

      1. Na verdade, esse ano sem horário de verão, possível que a última a desfilar pegue os últimos 10/15 minutos com o dia clareando. Mas também sinto falta de desfiles diurnos.

    2. Luis, eu evito comentar estas coisas de forma pública, mas me parece que também havia um desejo da Liesa, ou ao menos de sua cúpula, de reduzir o tempo total de desfile.

      Sem contar que em um carnaval bastante apertado em termos financeiros, um carro e 600/800 fantasias de comunidade a menos para vestir já representam uma economia significativa.

      1. Essa economia é um ponto positivo sim, Pedro, agora é esperar pra ver se eles sobressairão aos pontos negativos citados pelo Fred. Claro que pode até dar certo, e acho louvável a volta da transmissão de todas as escolas (começar às 22hs então, vai facilitar bastante minha vida), porém a forma que ocorreram essas mudanças, mesmo que fosse desejo também da Liesa, me preocupa. Aliás, me preocupa bastante a visão que ela (e a Globo) têm para o futuro do desfile das escolas de samba…

  2. Estamos assistindo a degradação de um espetáculo por submissão da LIESA a uma emissora de TV que tudo faz para ter exclusividade na transmissão e com tal exclusividade determinar a “regra do jogo” ao seu bel prazer. A verdade é que os desfiles foram jogados para o “horário do corujão” da emissora, ou seja, para o horário onde toda a sua grade de programação foi exibida e o restante da grade será preenchido com os desfiles. A pouco tempo atrás lembro de ouvir dos avessos ao carnaval a expressão “O tempo todo na TV é desfile de escola de samba”. O que assusta é ouvir a concordância de alguns amantes e até pessoas envolvidas com o espetáculo que a diminuição do tempo de desfile e a diminuição do número de alegorias possa ter algum aspecto benéfico. É como por exemplo, um amante do Show do Roberto Carlos comprar ingresso para assistir ao show e reclamar que o espetáculo está muito longo e que deve ser diminuído. O que estamos assistindo é o inicio da destruição de um espetáculo por conta de interesses meramente comerciais de uma emissora de TV.

    1. Respondendo ao Mário e ao Luis Fernando ao mesmo tempo: estou mais para purista que para modernoso, contudo temos de levar em conta que o conceito de cultura hoje está cada vez mais “fast food”. Não sei se é bom, acho que não é, mas alguma adaptação se faz necessária.

      Se adaptar sem perder a essência é que é o desafio.

  3. Amigos, venho consolidando uma convicção neste pré-carnaval: Quem vir decentemente e administrar bem o tempo e principalmente as apresentações na cabine dupla, fatalmente voltará nas campeãs. Ficarei no setor 10 e será bem interessante ver como será a parte final dos desfiles. Vai ser um ano de adaptação.

  4. Realmente,no início eu detestei esta mudança, 82 minutos e 7 alegorias já era suficiente.A Globo realmente só pensa nela e desde 2013 vem minimizando a importância dos desfiles de carnaval em sua grade.A única vantagem é que não haverá o corte da primeira escola de cada noite,passando cada escola integralmente na TV.O que resta mesmo é aguardar.

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