Com certo atraso mas ainda na batida da Série A – e antes que todos os hinos do Especial sejam escolhidos – aí vão as breves linhas das primeiras audições dos sambas que vão embalar o sábado de Carnaval em 2017

Rocinha – Ficar no grupo fez bem à escola – e como não faria? A Borboleta virá mais bem vestida, mais organizada, mais com a cara que a gente se acostumou a ver da Rocinha na Série A. O samba é pra cima, cumpre o papel de passear pelos grandes enredos do Viriato, o homenageado. A melodia não tão criativa.

Na segunda do samba eu me pego quase emendando um trecho da Caprichosos 2016, o que caminhava para o “apoteótico” fim “É o Pet…de azul e branco a desfilar…” Não está entre os melhores do ano, mas bem longe de estar entre os piores.

Cubango – Este sim está, seguramente, entre os melhores da safra. É até esquisito ver a Cubango desfilando tão cedo!

Mas que bom que pegará um público menos cansado para curtir o belo samba escolhido pela verde e branco de Niterói. Mais uma homenagem, a João Nogueira. E o grande sambista merecia um hino à altura. Um samba que foge de rimas fáceis, como no refrão da cabeça, e tem nuances bem interessantes, densas, que deverão proporcionar um bom trabalho da direção de bateria.

Depende, também, de um bom trabalho de harmonia. Porque não é uma obra pra pular, oba oba; é até um tanto longo e exige que o componente se entregue a ele.

Inocentes – Temos aí uma queda acentuada no padrão do que será a noite (mais forte em termos de samba que a sexta-feira). A assinatura do consagrado Samir Trindade não salvou a obra de figurar entre as mais fracas do ano. O enredo não ajuda muito.

A segunda do samba consegue ter trechos que mexem com o componente, como a exaltação ao bom sujeito de Belford Roxo. O refrão principal carece de um encaixe melhor.

Império Serrano – O nível volta a subir aqui. O Império tem nas mãos um samba que a comunidade abraçou e levou à vitória na quadra. Tem defeitos? Sim. Tanto de letra, como repetições de palavra e até mesmo de ideias, quanto de melodia. Sobretudo no trecho “guardando o segredo das águas…regando o mar de Xarayés”. Sinto uma quebra ali.

Porém, há um efeito de apoteose no fim da segunda, subindo para o refrão. Foi muito feliz a utilização de “abra meu livro pois tu sabes ler”, referência e reverência ao samba de 1992, tão caro aos corações imperianos. Mesmo não sendo tecnicamente perfeito é muito bem calibrado na emoção.

Unidos de Padre Miguel – Mais um trabalho muito bom pelas bandas de Padre Miguel no quesito samba enredo. O mesmo Samir Trindade que não foi tão feliz no samba que terá passado pouco antes, aqui acertou a mão como de costume.

Parceria também conta com assinatura do craque Claudio Russo, quase onipresente na Série A. A comunidade vermelha e branca pisa forte e leva os sambas no colo e no gogó. Esse nem precisa de sacrifício para abraçar e cantar alto. Top do ano no grupo.

Renascer – Já teremos ouvido Cubango, Império e UPM. Como ouvido não cansa de coisa boa lá vem mais uma maravilha assinada pela turma que tem levado a Renascer, ano após ano, a disputar pau a pau o Estandarte de Ouro de samba enredo na Série A.

Claudio Russo (olha ele aí de novo), Moacyr Luz e com Diego Nicolau assinando também. O enredo ajuda. E como. Linda história, linda letra, linda melodia. Lindo, lindo. O jurado só pode implicar com o “mestre-sala quem te ensinou”. Tem uma sílaba meio deslocada ali, no “quem te ensi….nou”. Eu relevaria se fosse jurado.

https://www.youtube.com/watch?v=mdhOgGeLarY

Porto da Pedra – Engraçado porque o enredo são as marchinhas. A escola seria punida se levasse uma marchinha para a avenida? Geralmente dizer que um samba é marchinha é algo pejorativo.

Para o Tigre, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O samba não é uma marchinha mas também não é um sambaço. A escola tida no zunzunzum pré-carnavalesco com uma das favoritas ao título fechará os trabalhos da Série A com uma obra animada, que tem trechos que mexem com o componente. O refrão é um exemplo.

Mas a música completa, repetida inúmeras vezes, ainda tenho dúvidas ser capaz de demonstrar força para sustentar um desfile completo.

Resumo da ópera (popular) – Como Cláudio Russo terá fôlego para desfilar tantas vezes na ala dos compositores? Na média, o sábado será mais agradável aos ouvidos que a sexta-feira. O samba que menos se destaca na noite é o da Inocentes.

No mais, todos vão do divertido e pouco pretensioso ao elaborado e digno de figurar entre os melhores do ano. De uma linha de frente com Renascer e Unidos de Padre Miguel, com Cubango e Império Serrano vindo na cola e Porto da Pedra e Rocinha comendo um pouco de poeira até chegar ao hino da tricolor de Belford Roxo.

No geral, considerando os dois dias, colocaria na metade de cima da tabela, o recém inventado G7, os sambas de Renascer, UPM, Cubango, Império Serrano, Viradouro, Sossego e Alegria (e essa ordem não difere muito de uma ordem de classificação, embora eu não tenha listado com esse objetivo).

No também recém inventado Z7, Estácio, Império da Tijuca, Rocinha e Porto da Pedra em vantagem em relação a Inocentes, Santa Cruz e Curicica, os três que menos me agradaram nessas primeiras audições.

Imagem: Arquivo Ouro de Tolo

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