O torcedor da União da Ilha está feliz.

Está feliz porque nesse instante ocorre algo raro com ele nesse século XXI. Poder bater no peito e dizer que tem samba. Não que a ala de compositores tenha desaprendido, mas na maioria das vezes, excluindo talvez o ano do poeta Vinicius de Moraes, sempre que a Ilha veio com um samba ruim ou apenas regular era porque o enredo não permitia mais que isso.

Assim como em 2014, talvez o único samba realmente de ponta da Ilha desde 2001, a escola tinha um bom enredo e isso ajudou na safra. Foram apenas dez sambas, a menor safra da Ilha que já vi, mas tinha sambas de qualidade como os três que foram até a final e o samba de Marquinhus do Banjo que caiu por uma situação off concurso ocorrida em redes sociais.

Aconteceu com o samba campeão, o da parceria de Lobo Junior, o mesmo fenômeno que ocorreu com o samba de Carlinhos Fuzil na disputa de 2014. A comunidade abraçou o samba desde o início e levou no colo até a escolha. A apresentação final foi apoteótica, avassaladora, daquelas que durante a apresentação já temos certeza do que ocorrerá e sabemos que o restante da noite será protocolar, mesmo com outros dois bons sambas.

ilha2017samba1Apesar de ter algumas palavras de difícil assimilação, algo normal em sambas afros, dá para dizer que a União da Ilha tem um grande samba. Temos metade dos sambas do especial 2017 escolhidos e considero o melhor junto com o da Vila. Conhecendo as safras das outras seis agremiações, digo que será G4 na pior das hipóteses e lutará, sim, para ser o samba do ano.

A Ilha não começa um novo formato de enredo e samba com 2017, ela simplesmente volta a um estilo, já que a escola tem belos enredos e sambas afros em seu currículo como “Lendas e Festas das Iabás” e “Fatumbi”. Aliás, esse samba de 2017 é bastante comparado a Fatumbi.

Como eu disse no “Bar Apoteose”, não dá para comparar ainda porque esse samba ainda passará por todo um processo. Pode ou não ter mudanças pós-escolha, ainda será gravado no CD, passará por ensaios de quadra, de rua, ensaios técnicos e desfile. Só depois do desempenho na avenida dá para fazer qualquer tipo de comparação.

Mas sem dúvida é um belo samba, para mim com o refrão do ano com o já famoso “Eh, eh no Girê” e melodia e letra que muitas vezes parece conclamar para uma luta, uma guerra.

O samba deve cair como uma luva na voz de Ito Melodia, que fez brilhantes apresentações com sambas bem inferiores. Esse é a sua cara. A comunidade também deve cantar forte como cantou na final de samba. Em 2016, junto com Ito e a bateria, a comunidade evitou maiores dissabores na apuração. A escola esse ano desfila em excelente dias e horário, a primeira de segunda, tem enredo afro, que é menos caro do que outros e tem como carnavalesco Severo Luzardo, acostumado a trabalhar bem com menores orçamentos.

Só falta para a União da Ilha que o desfile passe na Globo. Esse samba merece que passe.

Fiquem de olho na União da Ilha em 2017. Ela pode surpreender.

É tempo de fé, união!

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7 Replies to “Nzara Ndembu deu samba!”

  1. Sem dúvida uma escola que tem tantos sambas na galeria dos mais lembrados, cantados, executados na discografia dos sambas de enredo merecia uma obra à altura depois de tanto tempo. O refrão é muito bom, puxa a obra para cima. De fato a letra é difícil e exigirá um esforço de Harmonia e comunidade. Mas se a mesma abraçou a obra não há motivos para desacreditar. Concordo que depois do devido tempo de maturação o samba da Ilha para 2017 vai figurar entre os melhores da safra.

  2. Ito Melodia é um dos melhores cantores do país e sinceramente não entendi o caminho do diálogo de vcs que não entrarei por não concordar

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