“Eu torço, mas não distorço”.

Essa tirada genial foi proferida pelo saudoso narrador Marco Antônio num jogo qualquer da Seleção masculina de vôlei nos anos 90 durante uma transmissão da TV Bandeirantes.

O contexto: um lance duvidoso havia sido marcado equivocadamente a favor do Brasil e Marco Antônio, ao ver o replay, cravou o erro da arbitragem, destacando com essa simples frase que nem mesmo a torcida pelos comandados de Zé Roberto o impediria de fazer qualquer comentário desfavorável ao time, seja relacionado à arbitragem ou a qualquer outra situação.

O preâmbulo foi para entrar num dos assuntos mais comentados da semana no meio esportivo, no caso o excelente artigo do jornalista Mauro Cezar Pereira, que foi “flagrado” no Pacaembu durante o jogo entre Flamengo e Santa Cruz e em seguida se “confessou” torcedor do clube carioca em seu blog.

Escreveu Mauro, citando outro mestre, João Saldanha, que jornalista não é filho de chocadeira, e essa é a mais pura verdade. Prosseguiu relembrando seus tempos de jovem e citou casos em que foi crítico (por vezes severo) ao time do Flamengo e seus dirigentes.

A não ser em situações extraterrestres, todo jornalista esportivo tem, sim, o time pelo qual torce. Vamos parar com a hipocrisia! Não sejamos dissimulados!

Se a gente se apaixona por futebol não é simplesmente porque acha bonito 22 jogadores correrem atrás de uma bola e tentar chutá-la a gol. Vemos e trabalhamos com futebol porque um dia nos apaixonamos por um clube e idolatramos um craque.

Estou há 14 anos nesse meio e sei os times da maioria dos profissionais da mídia esportiva. Muitos têm receio de divulgar o próprio time porque infelizmente hoje vivemos um mundinho cretino no qual você é hostilizado e violentado (fisicamente ou não) por causa de futebol, seja jornalista ou não.

Mauro Cezar presta um serviço a seus leitores e telespectadores ao revelar para qual time torce. Ele não é nenhum criminoso por torcer pelo Flamengo ou por qualquer outro time. No seu dia de folga, tem o total direito de ir a um estádio ver o seu time jogar.

Goste-se ou não de seu estilo (alguns o rotulam de ranzinza demais, o que acho um exagero), nunca vi Mauro distorcer, enquanto outros por aí não só torcem, como distorcem à vontade…

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