Rio 2016 com Crianças

(por Laila Kibel, profissional de marketing, mãe de pequenos atletas e grande entusiasta dos jogos olímpicos)

Com os jogos olímpicos se aproximando, a cidade começa a ganhar uma nova cara. Turistas já são vistos no metrô, cartazes estão expostos em toda a cidade, convidando a população para participar da grande festa e patrocinadores divulgam seus produtos aos quatro cantos.

Como mãe de duas crianças e grande incentivadora do esporte dentro de casa, falo muito sobre as Olimpíadas e o que os jogos representam. Acompanhamos com os olhos grudados na televisão a entrega da tocha olímpica na Grécia e vejo o interesse por parte dos pequenos aumentando cada vez mais, principalmente neste exato momento em que as crianças participam de olimpíadas na própria escola. Além disso, tenho visto constantemente nos deveres de casa textos baseados em esportes. Pretendemos, inclusive, ver de perto o revezamento da tocha quando chegar à nossa cidade.

Na nossa casa, já moram os mascotes Tom e Vinícius nos mais diversos formatos: desenhos, toalhas de banho, pelúcia, canecas, além das figurinhas, claro, um vício sem fim para as crianças – e uma tormenta também sem fim para os pais. Tormenta essa que só termina quando o álbum é completado, momento em que os pais respiram aliviados, já preocupados com a próxima coleção que está por vir.

Mas não posso negar que o álbum cumpriu bem o seu papel: a partir dele, conversamos sobre as diversas modalidades de esportes olímpicos e paralímpicos e sobre os principais atletas de cada país que virão para o Brasil.

E assim começa a matéria objeto deste post: levando as crianças para os jogos.

Impossível participar deste grande espetáculo sem levar os pequenos. Já venho fazendo isso desde os eventos-testes: fomos no nado sincronizado, ginástica artística e saltos ornamentais. Para os jogos, comprei ingressos para as modalidades que eles mais apreciam e praticam. Tentei não lotar o calendário com esportes, para não cansar os meninos e também poder aproveitar as diversas atividades disponíveis pela cidade, como as casas dos países, por exemplo.

Dicas: Casa da Suíça, com uma pista de patinação no meio da Lagoa Rodrigo de Freitas e Casa do Qatar, com um passeio virtual de camelo, na Casa Daros. A casa temática da NBA, no Cais do Porto, também é boa indicação.

Mas como se preparar e o que levar? Criança paga ingresso? Preparei algumas dicas e informações essenciais que os pais precisam saber: 

Criança paga?

• Crianças de até 2 anos de idade não pagam ingressos: são considerados bebês de colo.
• Crianças de até 5 anos de idade não pagam o cartão de transporte oficial, o Cartão Olímpico (ou qualquer outro meio de transporte público na cidade).

O que posso levar?

Leve poucos itens em uma pequena bolsa com o básico necessário.

• Para os bebês: uma muda de roupas + fraldas e pomada;
• Boné;
• Protetor solar. Estamos falando de Rio de Janeiro e (como diz o Migão), o inverno na cidade, veja bem…
• Repelente, especialmente para Bata/Jacarepaguá e Deodoro;
• Lenços de papel ou lenços umedecidos. Crianças se sujam, precisam assoar o nariz, banheiros muitas vezes não têm papel higiênico. Sempre muito útil! E absolutamente essencial para bebês.
• Pacotes de biscoito e barras de cereal (apenas comidas industrializadas entram). Os estádios terão um cardápio variado, ao que tudo indica, bem melhor do que os eventos-testes, em que na maioria deles só eram vendidos cachorro quente e pipoca- a exceção foi o da ginástica.
• Uma garrafinha vazia para água (sem tampa). A CEDAE, como patrocinadora do evento, disponibilizou nos eventos-teste toneis com água para os espectadores. Imagino que isso se repita durante os jogos.
• Dependendo da sua localização no estádio, essencial levar binóculo para que os pequenos consigam enxergar.
• Leve uma bandeira para torcer pelo seu país, que pode acabar servindo como um casaco, proteção ao vento ou mesmo toalha para sentar na grama ou no chão (cangas também são úteis em grandes eventos, possuem a mesma finalidade).
• Em dias de previsão de chuva ou de temperaturas mais frias, leve uma capa de chuva ou casaco leve com capuz. Guarda-chuvas pontudos não são permitidos!
• Ingressos, documento, cartão de transporte e cartão Visa (além do dinheiro, é a única forma de pagamento permitida nos estádios). Uma sugestão é levar os ingressos, cartões e documento em um porta-documentos preso ao corpo, sem ser aparente (como aqueles que são usados para colocar passaporte, presos na cintura ou pescoço).
• Leve carregador portátil para o celular. Essencial para a comunicação durante os jogos. E sabe aquela hora em que você está louco para assistir ao jogo, mas seu filho não pára quieto? Nada como um telefone celular para entretê-lo por alguns minutos. Mas não deixe que isso vire uma rotina nos estádios, ou a criança pode deixar de aproveitar os melhores momentos dos jogos.
• E não se esqueça de levar a carteirinha de estudante, para comprovar a meia-entrada dos pequenos! A maioria dos colégios fornece uma específica para eventos, o que para crianças é o suficiente;
• Importante: coloque uma etiqueta ou pulseira de identificação no seu filho com seu nome e telefone. Os lugares são enormes, crianças correm e em um piscar de olhos já não estão mais ao seu lado. Os eventos-teste disponibilizaram pulseiras com esse fim, prática que será repetida durante a Rio 2016.

O que não posso levar?

• Não leve comidas preparadas em casa ou em embalagens abertas*. Sanduíches e frutas serão barrados. Repito: apenas produtos industrializados com embalagens lacradas são permitidos. Já passei por isso em um dos eventos-teste. Cheguei no evento de saltos ornamentais perto da hora do almoço e levei alguns itens para comer dentro do estádio. Sanduíches de atum com queijo embalados no alumínio e cachos de uva no saco plástico não fizeram sucesso na mesa de revista. Tive que sentar no chão e comer lá mesmo, debaixo do sol escaldante, perto da tenda de entrada; caso contrário, tudo seria jogado no lixo.
• Não leve itens para fazer barulho nos estádios, como apitos e afins.
• Bastões de selfies são proibidos. Contente-se em fazer selfies com seus filhos com o braço esticado. Ou faça amizade com os vizinhos nas arenas e peça para que tirem uma foto;
• Não leve mochilas grandes. Em diversos estádios, não há espaço para colocar uma mochila abaixo do assento (acima, a Arena Carioca 2).

*Exceções serão abertas a bebês. Comidas em potinhos e leite infantil serão liberados.

Quer saber tudo o que pode e o que não pode? Confira aqui: http://bit.do/rio-podenaopode.

Falta muito?

“Já chegamos? Ainda está longe? Já está perto? Falta muito? Estou cansado…” Levanta a mão quem nunca ouviu essas perguntas pelo menos umas 10 vezes durante algum longo trajeto.

– Barra/Jacerepaguá

Prepare-se para as longas distâncias. Nos eventos-teste, fui de carro até um ponto bem próximo ao estádio. Durante os jogos, o deslocamento recomendado será o de transporte público e, no caso da Barra, o Cartão Olímpico é essencial para a utilização da nova linha 4 de metrô e do BRT, a partir do Jardim Oceânico.

Pelo que apurei e o que foi dito neste blog, o ponto do BRT mais próximo da entrada do Parque Olímpico demandará uma caminhada de aproximadamente 800 metros, pois a estação que fica exatamente em frente estará FECHADA por segurança, para facilitar a evacuação em caso de tumulto. Como assim, você deve estar se perguntando? Pois é… Pergunte aos organizadores. Para um cartão de R$25,00, esperava por uma grande conveniência, ou seja, uma entrada IMEDIATAMENTE em frente ao parque.

Além disso, o parque olímpico é IMENSO! A caminhada de um extremo ao outro pode levar uns 30 minutos. Então, programe-se. Crianças andam devagar, se cansam, querem água, sorvete, pipoca e tudo o mais que virem pelo caminho.

– Deodoro

Segundo o informado, a entrada do Parque Radical é relativamente próxima à estação Ricardo de Albuquerque, uns 600m. As demais instalações serão longe da estação indicada para desembarque (Magalhães Bastos), uma vez que a estação Vila Militar, mais perto das arenas, estará liberada apenas para alguns esportes. A Arena da Juventude está a 1,5km da Estação Magalhães Bastos, por exemplo. Ou seja, prepare-se para o “Já chegamos? Estou cansaaaaaado!”

– Engenhão e Maracanã

As estações de metrô / trem são perto dos estádios, portanto o deslocamento com crianças é bem mais simples. Com uma rápida caminhada de aproximadamente 400m no Engenhão e cerca de 600 no Maracanã, chega-se a esses estádios sem grandes transtornos.

Não esqueça: Coloque nos seus filhos roupas leves e tênis e meias nos pés. Sandálias, chinelos e Crocs podem machucar o pé em longas caminhadas. Com bebês, use e abuse dos carrinhos; haverá um espaço destinado a eles nos estádios. Dê preferência aos carrinhos guarda-chuva, aqueles de fácil dobragem, o que facilita a locomoção nos meios de transporte públicos.

Aproveite cada momento

Bem, é isso. São pequenas dicas que podem fazer grandes diferenças. De resto, aproveite ao máximo com seus filhos esta experiência única de vivenciar o maior evento esportivo do planeta dentro do seu próprio país. Torça junto, vibre, pule, grite e chore. E tire muitas fotos, claro!

Use essa oportunidade para transmitir a eles os principais valores do esporte, como superação, perseverança, disciplina, companheirismo, solidariedade e motivação. Estes valores correspondem a pequenas sementes, que plantadas dentro de cada criança, irão crescer e dar frutos durante toda a vida.

Que venham os jogos!

(colaborou o editor chefe Pedro Migão, pai de duas meninas, ambas nas fotos deste artigo)

Imagens: Ouro de Tolo

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