Tudo caminhava normalmente na preparação das escolas de samba do Grupo Especial. Mas em 7 de fevereiro de 2011, a 27 dias dos desfiles, um fato marcaria irremediavelmente aquele Carnaval: um incêndio atingiu os barracões de Portela, União da Ilha do Governador e Acadêmicos do Grande Rio – além do espaço da Liesa – na Cidade do Samba, Zona Portuária.

Mais de 120 bombeiros de quatro quartéis e 20 veículos antichamas levaram aproximadamente quatro horas para combater o fogo. Ninguém ficou ferido. Segundo os cálculos, prejuízo com o incêndio foi de R$ 8 milhões. A Grande Rio, que homenagearia Florianópolis, foi a mais afetada, mas a Portela, com enredo sobre a relação do homem com o mar, e a Ilha, cujo tema era a evolução das espécies, também tiveram consideráveis problemas.

incendiocidadesambaAinda no dia do incêndio, a Liesa e as demais agremiações se reuniram e acertaram que não haveria rebaixamento. Além disso, as três escolas afetadas pelo incêndio não seriam julgadas em seus desfiles, e a Mocidade Independente de Padre Miguel trocou de dia de desfile com a Portela. Começou, então, uma corrida desenfreada para que Grande Rio, Portela e Ilha ao menos colocassem o Carnaval na avenida de forma digna.

Muitas teses foram levantadas para o incêndio: falhas na rede elétrica, acidente e até mesmo sabotagem. Prevaleceu no laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli que a provável causa do fogo foi “ação humana involuntária”.

Em relação às demais escolas, a campeã Unidos da Tijuca tinha como enredo (ou tema, segundo diziam os detratores de Paulo Barros), o terror no cinema. Já a Beija-Flor de Nilópolis resolveu homenagear Roberto Carlos, e até mesmo o Tremendão Erasmo Carlos participou nas eliminatórias do samba-enredo – veja mais nas Curiosidades. A Unidos de Vila Isabel contaria a história do cabelo, enquanto o Salgueiro levaria para a Sapucaí o Rio de Janeiro retratado no cinema.

A Estação Primeira de Mangueira, a exemplo do que ocorrera em 2010, faria um enredo cultural, na verdade, um enredo com a cara da escola: um tributo a Nelson Cavaquinho no ano do centenário do compositor – diga-se de passagem com um dos melhores sambas-enredo do ano. Já a Mocidade Independente de Padre Miguel faria um passeio pelas festas ligadas à agricultura e agropecuária.

A Imperatriz teria como tema a medicina, também com um ótimo samba. A Unidos do Porto da Pedra prestaria um tributo à escritora infantil Maria Clara Machado, e a São Clemente abriria os desfiles com um enredo que na verdade era uma declaração de amor ao Rio de Janeiro.

OS DESFILES

Sem rebaixamento nos desfiles, a São Clemente entrou bastante solta na avenida e fez um desfile agradável com o enredo “O seu, o meu, o nosso Rio, abençoado por Deus e bonito por natureza”, sobre a revitalização da cidade visando à Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Mesmo sem luxo, mas com alegorias e fantasias bem coloridas e concebidas pelo jovem carnavalesco Fabio Ricardo sobre os monumentos cariocas, a escola evoluiu com alegria, embalada pelo também jovem intérprete Igor Sorriso e um samba-enredo agradável.

imperatriz2011Segunda escola a entrar na avenida, a Imperatriz Leopoldinense alertava no título do enredo que “sambar faz bem à saúde”. E, com um desfile didático e descontraído ao mesmo tempo, a escola de Ramos comemorou seu aniversário de 52 anos com uma exibição alegre no enredo sobre a evolução da saúde.

O enredo, teoricamente difícil de carnavalizar, foi bem desenvolvido pelo carnavalesco Max Lopes, que mostrou em alegorias luxuosas as curas por rituais africanos, o desenvolvimento dos remédios e da ciência, e a alquimia. Agradou a comissão de frente formada por doutores da alegria, sem dúvida um dos pontos altos da escola.

O samba-enredo era dos melhores do ano, e a bateria de Mestre Marcone deu mais um show – leia mais sobre o diretor de bateria gresilense nas Curiosidades. Mas houve problemas em Harmonia e Evolução que custariam pontos preciosos na apuração. De qualquer forma, um agradável desfile.

Afetada seriamente pelo incêndio na Cidade do Samba, a Portela levou o enredo “Rio, azul da cor do mar” com garra para a avenida, mesmo com um samba-enredo dos mais fracos de sua história, o que certamente renderia perda de pontos caso a escola fosse julgada.

Apesar de uma interessante águia em azul escuro, de fato as alegorias não puderam ser reconstruídas a contento, e plasticamente a escola realmente não mostrou muito, o que era esperado. Num desfile que também não empolgou, o destaque foi a sempre firme bateria do Mestre Nilo Sérgio.

Nunca saberemos o que teria acontecido caso o incêndio não tivesse ocorrido e a Portela tivesse passado com o que estava previsto em alegorias e fantasias. Mas pelo que se dizia na fase pré-carnavalesca, o cenário não era dos melhores – vale lembrar que a escola mudou de enredo no meio da preparação.

tijuca2011bCampeã de 2010, a Unidos da Tijuca fez mais uma boa apresentação, mesmo com um enredo um tanto criticado chamado “Esta noite levarei sua alma”, sobre o terror nos filmes. O estilo deste enredo desenvolvido por Paulo Barros não agradou aos persistentes críticos do carnavalesco, mas sem sombra de dúvidas a escola esteve bem na sua proposta e conquistou o público com muitas surpresas. E sustos, claro, pelo que o tema apresentava.

Como no ano anterior, a comissão de frente deu um show de ilusionismo, e os componentes vestidos de caveira tinham a cabeça deslocada do corpo para cima e para baixo, o que chegava a assustar. Uma alegoria que também causava impacto mostrava uma floresta com gorilas que se atiravam em direção às arquibancadas pendurados do alto das árvores.

tijuca2011cO enredo era à feição para Paulo Barros fazer suas habituais associações a filmes. Em algum momento do desfile foram citados “Tubarão” (numa alegoria com enorme tanque d’água e um tubarão que devorava um banhista), “Guerra nas Estrelas”, “O Nome da Rosa”, “Os Caça-Fantasmas”, “Harry Potter” e “Indiana Jones”. Um dos elementos alegóricos retratava “Jurassic Park”, e os dinossauros tentavam comer suas presas no meio da avenida.

tijuca2011O samba-enredo não era considerado pela crítica dos mais brilhantes melodicamente, mas era adequado à proposta do desfile. Inegavelmente os componentes passaram com muita animação, e o público aplaudiu a escola com vigor, a ponto de recebê-la na Apoteose com gritos de bicampeã.

De fato, sem sobressaltos de Evolução e Harmonia, e pelas surpreendentes alegorias e fantasias, a Tijuca entrava com força na briga pelas primeiras colocações, mesmo não tendo sido tão arrebatadora como no ano anterior. De qualquer forma, um desfile agradável e competente.

vilaisabel2011Na estreia de Rosa Magalhães, a Unidos de Vila Isabel também fez um desfile que agradou a público e crítica. O enredo “Mitos e histórias entrelaçados pelos fios de cabelo” havia recebido críticas na fase pré-carnavalesca, mas foi desenvolvido com correção, e a Vila foi uma das melhores escolas do ano.

A comissão de frente representava o mito da medusa e foi de extrema criatividade, com os componentes levando serpentes saídas de uma cabeça (tripé). Falando em mitos, as alegorias mostravam a importância dos cabelos em civilizações antigas como as da Grécia, Índia (esta numa extraordinária alegoria sobre Sheeva com elefantes de incríveis realização e movimentos) e China.vilaisabel2011b

Mas uma das alegorias que mais agradaram foi a que lembrava o conto de Rapunzel. Também chamou a atenção o elemento que lembrava a lenda de Lady Godiva, que cavalgou nua pelas ruas de Coventry (Inglaterra) exibindo as longas madeixas, e o corpo. Evidentemente, a exuberante modelo que a representou estava com os seios de fora. Agradaram também as alas que homenageavam Lamartine Babo pela marchinha “O teu cabelo não nega” e os cabelos de palhaços.

A maior estrela do desfile foi a modelo Gisele Bündchen, cuja chegada à concentração causou confusão entre jornalistas e seguranças. Gisele desfilou na última alegoria como Vênus de Milo e, se não demonstrou samba no pé, mostrou a simpatia de costume.

O samba-enredo, que também fora criticado antes do desfile, cresceu muito e foi bem cantado pelos desfilantes. Já a bateria de Mestre Átila mais uma vez não esteve perfeita, com um andamento exageradamente veloz e problemas – até hoje dizem que o diretor de bateria nunca foi benquisto na escola por ser oriundo de outra agremiação, no caso o Império Serrano.

mangueira2011Um atraso considerável antecedeu a entrada da última escola a desfilar na primeira noite, a Estação Primeira de Mangueira. Não se sabe o porquê de a escola não estar totalmente armada no horário previsto – a Verde e Rosa acabaria multada em R$ 45 mil, mas não perderia pontos.

Depois de problemas no ajuste do som, o ator Milton Gonçalves leu emocionante discurso em que exaltava o homenageado Nelson Cavaquinho e convocava os componentes, lembrando que a agremiação não tinha patrocinadores para o enredo “O filho fiel, sempre Mangueira”.

No fim das contas, de fato, foi uma apresentação emocionante, com um samba-enredo de grande qualidade (diga-se de passagem uma aposta que não agradara 100% à escola inicialmente, mas que se mostrou corretíssima) e uma bateria arrebatadora.

Depois de assumir a direção, Mestre Ailton resolveu ousar e, além de adotar diversas paradinhas e bossas arriscadas, apresentou ao público o “paradão”, quando todos os ritmistas paravam de tocar e apenas batiam palmas enquanto o competente trio de cantores Luizito/Zé Paulo/Ciganerey cantava – à frente dos ritmistas, a rainha Renata Santos brilhou mais uma vez. Isso estimulou o público a cantar com a escola e incendiou os componentes.mangueira2011b

O enredo foi bem desenvolvido pelos carnavalescos Mauro Quintaes e Wagner Gonçalves. A comissão de frente tinha um enorme elemento alegórico que simbolizava a favela e trazia Nelson Cavaquinho caracterizado ao lado de outros componentes, cuja coreografia tinha movimentos do le parkour.

Diversos sucessos do compositor foram exaltados, como “Folhas secas”, “Primeiro de Abril” e “Degraus da Vida”. Beth Carvalho desfilou ao lado de Sérgio Cabral na alegoria “Zicartola”, que lembrava o bar no qual Nelson se apresentou muitas vezes, com belas esculturas de Cartola e Zica. Em outro elemento interessante, foi mostrado o medo que Nelson tinha de morrer às três da madrugada e o hábito que ele tinha de sempre atrasar o relógio antes que tal horário chegasse.

Apesar de as alegorias e fantasias não terem sido impecáveis em termos de acabamento (a chuva também atrapalhou nisso, e o destaque Serginho do Pandeiro arrancou parte da placa que cobria o enorme surdo sobre o qual dançava por estar escorregando), a leitura do enredo foi muito fácil, como por exemplo nos figurinos dos ritmistas da bateria, que estavam vestidos de soldados, já que Nelson serviu o Exército.

No fim, a escola apertou um pouco o passo, já que o atraso de alguns minutos devido ao longo discurso no começo fez a escola demorar a evoluir. Mas não houve buracos na evolução mangueirense e, sob aplausos do público, a Verde e Rosa deixou a pista certa de uma boa colocação.

ilha2011A União da Ilha começou os desfiles de segunda-feira e brindou o público com uma exibição memorável. O carnavalesco Alex de Souza mostrou competência na apresentação do enredo “O Mistério da Vida” e os componentes se apresentaram com muita garra para superar os problemas do incêndio – a escola perdeu uma alegoria e a maior parte das fantasias.

O que, diziam os críticos, seria um enredo difícil de carnavalizar (as teorias evolutivas das espécies, de Darwin) foi passado com muita clareza. O abre-alas simbolizava “A Memória da Vida” tinha enormes esqueletos de animais que ficavam iluminados. Um dos destaques era o que representava o Jardim Botânico do Rio, visitado por Darwin no século XIX, com plantas carnívoras “devorando” os destaques.

O carro dos insetos, afetado pelo incêndio, perdeu os mecanismos elétricos das articulações dos animais e teve de ser reconstruído, mas mesmo assim passou bem pela avenida, com movimentos mecânicos manuais. Já as fantasias foram refeitas com materiais mais simples, mas tiveram bom efeito.

O samba-enredo cresceu na voz de Ito Melodia, e a bateria de Mestre Riquinho esteve numa ótima noite. Com o apoio do público, a Ilha deixou a pista certa de que teria brigado facilmente pelas primeiras colocações caso tivesse sido julgada, mesmo com os problemas decorrentes do incêndio. Um presente aos torcedores insulanos no dia em que a escola completava 58 anos.

salgueiro2011Com um enredo de fácil leitura chamado “Salgueiro apresenta: o Rio no Cinema”, a Vermelho e Branco da Tijuca fez uma excelente apresentação, com alegorias e fantasias de brilhante concepção e acabamento. Mas, se nunca é demais exaltar o trabalho dos carnavalescos Renato e Márcia Lage, infelizmente os problemas da própria escola colocaram tudo a perder.

Antes de entrar nisso, vale exaltar a beleza e correção das alegorias. O abre-alas, por exemplo, reproduzia uma sala de cinemas, com cadeiras e um grande telão, e tinha muito néon e luzes, além de homenagear antigos estabelecimentos como o Cine Odeon. Já o lindo segundo carro, chamado “Tesouro perdido da Atlântida”, teve problemas para entrar na pista, o que empacou a evolução. Pena, porque o elemento mostrava a cidade perdida e as chanchadas dos anos 1940 e 1950.Desfile das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, na Marquês de Sapucaí (Sambódromo), no centro da cidade.

O quarto carro, que homenageava o desenho animado “Rio”, teve um princípio de incêndio, o que atrapalhou ainda mais a escola. Mas o carro que chamou mais a atenção foi justamente o que causou os maiores problemas à já difícil evolução salgueirense: o elemento “Hollywood é aqui”, que mostrava a Central do Brasil sendo escalada por um King Kong, foi manobrada com extrema dificuldade e um grande buraco foi aberto até a ala seguinte.

Assim como as alegorias, todas as fantasias eram de muita criatividade e transmitiam com extrema correção a ideia do enredo. Isso porque os carnavalescos optaram por bastante colorido e, ao mesmo tempo, leveza nos figurinos, o que facilitou a dança dos componentes sem que a qualidade visual fosse comprometida.

O samba, como vinha sendo praxe no Salgueiro, era mais alegre do que poético, mas contava muito bem o enredo e tinha uma levada “pra cima” que embalou componentes e público – desta vez, como a Mangueira, a escola tinha um trio com Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa na condução. A bateria de Mestre Marcão, como já vinha sendo costume também, esteve muito bem.

Mas os problemas de evolução já citados comprometeram irremediavelmente o desfile salgueirense, e a escola estourou em longos dez minutos os 82 regulamentares. Com um ponto de déficit, fora as prováveis despontuações em Evolução, a briga por um título que parecia certo estava perdida. Pena, pena…

Já a Mocidade Independente de Padre Miguel fez um desfile muito alegre, apesar de uma temática não tão clara. O enredo “Parábola dos Divinos Semeadores”, do carnavalesco Cid Carvalho, foi apresentado com muitas cores e buscou misturar agricultura com Carnaval. De que forma? Mostrando as festas que cultuavam a terra e seus proventos no Brasil e no mundo, e o Carnaval do Rio como ponto culminante.

O abre-alas era interessante e mostrou a era glacial e como os habitantes da Terra na época se congraçavam. Gostei do carro do Egito Antigo, já que os locais exaltavam o Boi Ápis, o  deus da fertilidade da terra. Havia também as alegorias sobre a Grécia e Roma, que cultuavam os deuses Baco e Saturno, mas havia alguns problemas de acabamento. As fantasias também estavam descontraídas e multicoloridas, com melhor nível de concepção e acabamento.

A exemplo do que ocorrera em 2010, a Mocidade apostou num samba mais popular e obteve sucesso – a dupla de cantores era de primeiríssima linha, com Nêgo e Rixxa. Já a bateria não esteve numa noite tão perfeita e estava mais acelerada do que o de costume para os padrões da Mocidade. A escola fez aquele típico desfile de meio de tabela.

Escola mais prejudicada pelo incêndio na Cidade do Samba, a Acadêmicos do Grande Rio lavou a alma com uma apresentação de muita garra debaixo de um temporal. É claro que visualmente não dava para cobrar nada da escola, mesmo com o enorme esforço do carnavalesco Cahê Rodrigues e equipe para reconstruir o que dava depois do ocorrido – a escola desfilou com elementos pequenos e menos destaques do que o normal.

Um dos destaques, no entanto, recebeu efusivos aplausos quando entrou na avenida: o tricampeão de Roland Garros e ex-número 1 do ranking mundial Gustavo Kuerten, natural de Florianópolis, foi homenageado numa alegoria e desfilou cheio de alegria debaixo da forte chuva.

De qualquer forma deu para perceber uma divisão de enredo (“Y-Jurerê Mirim – A Encantadora Ilha das Bruxas, Um conto de Cascaes”) bastante coerente, começando pela apresentação de lendas e mitos da região de Florianópolis, passando pelas belezas naturais e os pontos turísticos.

O samba-enredo era muito bom e a bateria de Mestre Ciça garantiu a empolgação dos componentes, que evoluíram de forma esplêndida pela molhada avenida. Cotada como uma das favoritas na fase pré-carnavalesca, a Tricolor de Caxias tinha tudo realmente para brigar pelas primeiras posições, a julgar pela divisão do enredo e pelos quesitos de pista. Mas a escola cumpriu seu papel.

A Unidos do Porto da Pedra fez uma agradável apresentação na defesa do enredo “O Sonho sempre vem pra quem Sonhar…”, uma homenagem a Maria Clara Machado. O carnavalesco Paulo Menezes acertou a mão na divisão do tema, mas alegorias e fantasias foram prejudicadas pelo temporal quando a escola se concentrava.

Apesar desse contratempo, escola fez uma evolução tão leve como o próprio conteúdo do enredo, que tinha no abre-alas uma homenagem ao teatro de bonecos, num elemento muito criativo. Outra alegoria mostrava a Arca de Noé e jorrava água para os setores de arquibancada. Gostei também da alegoria que representava “a bruxinha boa”.

Mesmo sem empolgar o público, o samba-enredo funcionou para os componentes, e a bateria de Mestre Thiago Diogo esteve bem – aliás, uma bailarina “voava” por cima da bateria suspensa por um balão de gás representando a o personagem “Pluft, o fantasminha”. Sem riscos de rebaixamento, claro, a Porto da Pedra terminou seu desfile com muita alegria e samba no pé.

beijaflor2011cÚltima escola a desfilar, a Beija-Flor de Nilópolis fez uma apresentação agradável, mas de altos e baixos. Para começar, o enredo “A simplicidade de um Rei”, em tributo a Roberto Carlos, teve algumas passagens inusitadas, como por exemplo citações a Iemanjá associadas a um homenageado cuja religião é católica – apesar de o mesmo ter aprovado isso na reta final da preparação.

Além disso, o belo samba-enredo (que tinha como um dos compositores JR, filho de Neguinho) não rendeu tanto como se esperava, e o canto dos componentes foi mais tímido do que o habitual. A evolução da escola teve problemas, agravados pelo óleo que caiu de carros da Porto da Pedra – quando a Beija-Flor entrava na pista, funcionários da Comlurb jogavam serragem no asfalto para torná-lo menos escorregadio, o que atrasou a entrada da Deusa da Passarela.

Aliás, diga-se de passagem, o excepcional casal formado pela porta-bandeira Selminha Sorriso e o mestre-sala Claudinho teve muitas dificuldades por causa da pista escorregadia, e havia temor de perda de pontos na apuração.

Já a comissão de frente agradou muito ao mostrar a infância do Rei em Cachoeiro do Itapemirim, com um menino representando Roberto perseguindo notas musicais – depois, o menino entrava num tripé em forma de rádio antigo (que se abria) e saía com Cláudia Raia, que simbolizava as musas inspiradoras do cantor – na verdade, na ideia original da escola para arrebatar o público desde início, seria o próprio Roberto sairia deste rádio, para depois ser levado sem que se percebesse até um carro alegórico, de onde surgiria novamente para surpreender o público no fim do desfile.beijaflor2011d

A divisão cromática também agradou bastante, com tons claros e muito azul, cor da escola e também a preferida de Roberto Carlos.  Deixou ótima impressão o carro da Jovem Guarda, que tinha lambretas, carros antigos e enormes discos para simbolizar os anos 60, além de nomes como Miéle, Wanderléa e Erasmo Carlos.

Mas a maioria dos demais elementos, que retrataram sucessos da vida do Rei, como “Taxista” e “Caminhoneiro” não tinham concepção das mais felizes – depois, o carnavalesco Alexandre Louzada, ao deixar a comissão de Carnaval da Beija-Flor, criticou duramente o diretor de Carnaval Laíla, o acusando de não permitir sua intervenção direta nos trabalhos.

O público assistia ao desfile de forma até fria, mas passou a aplaudir calorosamente a escola quando a maravilhosa alegoria que levava Roberto Carlos entrou na pista – havia uma enorme escultura representando Jesus Cristo abençoando o Rei. Esbanjando simpatia, Roberto retribuiu o carinho do público, e a escola cresceu no desfile.

Agradou também o andamento da bateria, cujos componentes estavam fantasiados de comandantes de navio do cruzeiro “Emoções em Alto-Mar”, que tinha Roberto como atração. Com o dia claro, a Beija-Flor encerrou com muita alegria um desfile que até poderia ter sido melhor mas que até poderia conquistar o título num ano equilibrado em virtudes e problemas das escolas.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Na opinião do público e especialistas, o Salgueiro fez o melhor desfile do ano no conjunto da obra, mas a perda de pontos decorrente do estouro na cronometragem (e, consequentemente, em Evolução) certamente tiraria a escola da briga pelo título. Diante disso, diversas escolas foram apontadas com chances: a Unidos da Tijuca, pela correção nos quesitos e por ter feito surpresas em seu desfile, além de Vila Isabel, Mangueira e Beija-Flor, que tiveram virtudes embora não tenham sido perfeitas.

A apuração começou com a liderança da Mangueira, com pontuação máxima nos quesitos Harmonia e Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Mas em Conjunto a Verde e Rosa foi ultrapassada pela Beija-Flor, que não mais saiu da primeira posição e até o fim da apuração e perdeu apenas 0,1 em sua pontuação válida, e ainda assim só no último quesito (Samba-Enredo, injustamente).

Apesar da vitória ter sido considerada justa, a vantagem da escola de Nilópolis, que teve problemas em Harmonia, Alegorias e (principalmente) Evolução foi apontada como exagerada. A Unidos da Tijuca, a despeito de não ter repetido a primorosa exibição de 2010 e ter dado uma “viajada” no enredo, ficou a uma ainda mais exagerada distância de 1,4 ponto, o que não traduz o que se viu na pista nos demais quesitos.

A Mangueira, mesmo com uma surpreendente nota 9 em Bateria (descartada), ainda terminou em terceiro lugar, seguida pela Vila Isabel, enquanto o Salgueiro acabou em quinto e a Imperatriz Leopoldinense, em sexto. Completaram as nove julgadas Mocidade, Porto da Pedra (injustiçada) e São Clemente.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Beija-Flor de Nilópolis 299,8
Unidos da Tijuca 298,4
Estação Primeira de Mangueira 297,2
Unidos de Vila Isabel 297
Acadêmicos do Salgueiro 296,2
Imperatriz Leopoldinense 295,5
Mocidade Independente de Padre Miguel 295,5
Unidos do Porto da Pedra 293,4
São Clemente 290,9
Acadêmicos do Grande Rio hors concours
Portela hors concours
União da Ilha do Governador hors concours

No Acesso A, em resultado sobre o qual uma vez mais pesaram denúncias de irregularidades, a Renascer de Jacarepaguá conquistou seu primeiro título e a vaga no Grupo Especial, derrotando as favoritas Unidos do Viradouro, Estácio de Sá e Acadêmicos do Cubango. Posteriormente, em investigação solicitada pela escola de Niterói, provou-se que 14 mapas de jurados deste grupo foram preenchidos exatamente com a mesma letra, em indício forte de manipulação de resultado. Mas não deu em nada…

O enredo da Renascer era sobre as águas, e a escola contava com ninguém menos do que Paulo Barros entre seus carnavalescos, ao lado de Edson Pereira.

Foram rebaixadas para o Acesso B a Caprichosos de Pilares e a Alegria da Zona Sul. Quem subiu foi a Paraíso do Tuiuti, que prestou homenagem a Caetano Veloso. Lamentavelmente a última colocada foi a Lins Imperial.

CURIOSIDADES

– A jornalista Ana Paula Araújo passou a comandar um estúdio montado na entrada da Sapucaí, no qual ela fazia o giro de comentários com Chico Pinheiro, Haroldo Costa, Fernanda Abreu e Helio de La Peña. Luís Roberto e Glenda Kozlowski continuavam na narração.

– Erasmo Carlos entrou na disputa de samba-enredo da Beija-Flor com o maestro Eduardo Lages e o compositor Paulo Sérgio Valle. A descompromissada e (até que) agradável obra foi interpretada pelo veterano Gera e chegou a avançar de fase nas eliminatórias, mas acabou cortada antes da final. Depois da eliminação, o Tremendão declarou. “Foi tudo uma brincadeira. Jamais tive intenção de entrar na disputa. Meu negócio é rock. Essa coisa toda cresceu muito e eu quero seguir em paz fazendo as minhas coisas. Carnaval para mim é ver mulatas gostosas na televisão”. Ouça o samba abaixo:

– Neguinho da Beija-Flor participou do Especial Roberto Carlos na TV Globo no fim de 2010 e cantou o samba-enredo que seria levado para a avenida meses depois. O show na Praia de Copacabana foi transmitido com alguns minutos de delay na programação da emissora, e a participação de Neguinho foi grande – durou quase dez minutos.

– O cantor Dominguinhos do Estácio passou mal no fim da apresentação da Imperatriz Leopoldinense com um princípio de infarto. O intérprete, que já havia tido problemas cardíacos anteriormente, ficou internado por mais de um mês num hospital de São Gonçalo e, naturalmente, não participou do Desfile das Campeãs – um dos autores do belo samba gresilense, Alexandre D’Mendes foi o cantor principal no sábado.

– As famosas junções de sambas-enredo numa obra só sempre causaram polêmica por incharem o número de compositores. Mas no caso da São Clemente em 2011, o samba teve nada mais nada menos do que QUATORZE, isso mesmo, QUATORZE compositores. São eles: Armandinho do Cavaco, Claudio Filé, Fabio Portuga, Flavinho Segal, FM, Grey, Helinho 107, J.J.Santos, Nelson Amatuzzi, Ricardo Góes, Ronaldo Soares, Rodrigo Maia, Serginho Machado e Xandrão. Ufa!

– Recém-contratado pelo Flamengo, Ronaldinho Gaúcho foi uma das estrelas daquele Carnaval ao desfilar em três escolas: Grande Rio, Mangueira e Portela. Na ocasião, o camisa 10 da Gávea não chegou atrasado em nenhum treino nas manhãs pós-desfiles e participou das atividades em boas condições. Já no ano seguinte…

– Desfilei com a minha então futura esposa nos ensaios técnicos do Salgueiro em 2011. Apesar de os componentes cantarem o samba a plenos pulmões, houve lentidão na evolução durante o ensaio, a ponto de estressar diversos diretores de harmonia. Lembro que comentei que o Salgueiro precisaria se acertar senão teria dificuldades. Dito e feito, apesar dos problemas com as alegorias, claro.

– Foi o último desfile de Marcone como mestre de bateria da Imperatriz. Marcone deixou a escola após desavenças com o presidente Luizinho Drumond em novembro de 2011. Marcone o acusou de agressão, enquanto Drumond relatou que foi o diretor de bateria quem promoveu um quebra-quebra na quadra da escola e destruído sua sala. O caso, no entanto, não foi adiante na esfera policial, e, para o lugar de Marcone, chegou Mestre Noca. Em dezembro, Marcone escapou de um atentado, quando homens encapuzados num veículo atiraram na direção de integrantes da bateria do Gresil – Marcone entre eles – resultando numa morte e três feridos. O ex-diretor de bateria da Imperatriz evitava ir à casa dos pais em Ramos e se mudou. Mas Marcone resolveu passar o Dia das Mães com os pais e, na madrugada de segunda-feira, 14 de maio de 2012, foi executado nas proximidades da quadra do Cacique de Ramos – ele estava sozinho num Honda Fit cinza, placa LUA-0015, e no local do crime foram encontradas cápsulas de calibre 9 mm e 380. Ele deixou duas filhas, de dez e doze anos. Ninguém foi preso pelo crime, e o assassinato segue um mistério. Com Marcone como diretor em quatro anos, a bateria da Imperatriz obteve apenas três notas diferentes de dez em 18 possíveis.

– Ito Melodia ganhou seu segundo Estandarte de Ouro consecutivo de melhor intérprete e ultrapassou o pai, o lendário Aroldo Melodia, premiado em 1986. A curiosidade é que Ito até hoje é o primeiro e único filho de alguém já premiado pelo júri do Estandarte numa mesma categoria a repetir a façanha. Filho da porta-bandeira Maria Helena, o mestre-sala Chiquinho foi o outro filho de premiado a levar o prêmio, mas evidentemente noutra categoria. Depois, Ito receberia o Estandarte de Ouro mais duas vezes, em 2016 e 2017.

– Como curiosidade na gravação do CD de sambas-enredo, a abertura foi feita pelo apresentador de TV, diretor social da Liesa e responsável por ler as notas na apuração Jorge Perlingeiro. E, depois de cada passada, o intérprete de cada escola anunciava o cantor seguinte. Por exemplo, o cantor Tinga (Vila Isabel) dizia “Arrepia, Quinho!”, chamando a voz do Salgueiro, ou Luizito (Mangueira) falava “Nêgo, agora é contigo! Segura!”, convocando o intérprete da Mocidade.

– Falando em Nêgo, ao defender a Mocidade, o cantor chegou à sexta escola diferente no Grupo Especial do Rio como cantor principal – em 2010, ele foi apoio da Verde e Branco. Nêgo começou na Unidos da Tijuca e depois passou por Acadêmicos do Grande Rio, Acadêmicos do Salgueiro, Império Serrano e Unidos do Viradouro. Isso sem contar Leão de Nova Iguaçu e Acadêmicos do Sossego nos grupos de Acesso do Rio, Ilha do Marduque, Bambas da Alegria e Acadêmicos do São Miguel em Uruguaiana-RS, Ilha da Magia em Florianópolis, Unidos de Vila Maria e Camisa Verde e Branco. em São Paulo, Bola Preta de Sobradinho, no Distrito Federal, além de Vilage do Samba em Friburgo e Inocentes de Maricá. Em 2013, Nêgo voltaria para a Grande Rio e, em 2015, seria contratado pela Imperatriz Leopoldinense. Em 2021, o intérprete voltará para o Império Serrano na Série A. Um dos grandes cantores do Carnaval, Nêgo tem cinco prêmios do Estandarte de Ouro (1991, 1994, 1999, 2004 e 2006) e está empatado com o irmão Neguinho e Jamelão como maiores vencedores na categoria intérprete – o mangueirense ainda tem um prêmio como Destaque Masculino.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

O pré-Carnaval de 2011 portelense foi complicado desde o início. Antes das eleições, o então presidente Nilo Figueiredo anunciou enredo sobre a história da escola, mas, em maio de 2010, após sua aclamação para mais um mandato, começou a dar declarações de que poderia trocar o enredo. Dito e feito, na data limite.

A disputa de samba foi amplamente dominada pela parceria de Diogo Nogueira, mas, pelo quarto ano consecutivo, a parceria de Júnior Scafura se sagrou a vencedora, em resultado que antecipei aqui mesmo no Ouro de Tolo antes da final. Digo sem medo de errar que foi o pior samba para se cantar na avenida entre os que desfilei, com um tom muito alto. Luiz Carlos Máximo, um dos autores, não gosta do samba.

De certa forma o incêndio acabou mascarando muitos dos problemas da preparação do desfile daquele ano. Além da crônica falta de dinheiro, o crônico atraso do carnavalesco Roberto Szaniecki piorou ainda mais a questão. Após o incêndio, não houve dinheiro para mais nada, e, à exceção da digna Águia, as outras alegorias estavam bem aquém do nível do Grupo Especial.

Considero este episódio e este Carnaval o pior momento da história da Portela, mas, a partir de então, começava a se formar o movimento que levaria a vitória nas eleições seguintes. Desfilei em ala, uma vez mais. Na concentração o clima era de velório até chegar a informação de que o então presidente teria dado uma entrevista a uma rádio renunciando ao cargo (o que não se confirmou), e isso melhorou o astral.

Também desfilei – em momento de grande emoção – na ala de compositores da União da Ilha, na campeã Renascer de Jacarepaguá e na rebaixada Caprichosos. Tinha roupa de diretoria na União de Jacarepaguá, mas minhas condições físicas não me permitiram desfilar.

concentração da IlhaAssisti aos dois grupos de Acesso nas frisas do Setor 3 e os dois dias do Especial nas frisas do antigo Setor 6, hoje 12.

O título da Renascer no Acesso foi bem insólito, para se dizer o menos. Durante o desfile do Acesso B, na terça-feira, já se falava abertamente que a escola era a vencedora, e já havia fortes boatos desde antes do desfile. Aliás, as más línguas dizem que a reclamação da Cubango que levaria à descoberta dos mapas idênticos era uma espécie de Procon de resultado…

O desfile deste grupo foi muito prejudicado pela chuva, que não parou de cair um só momento durante a noite toda. Cubango e Estácio pegaram uma garoa, mas não houve escola com pista seca naquele carnaval. Aliás, nas quatro noites de desfile a chuva deu o ar da graça, com a curiosidade de, na segunda-feira, ter caído só sobre a Grande Rio já arrasada pelo incêndio…

Na rebaixada Caprichosos, que fechou o Acesso A já na manhã de domingo, o então presidente Paulo de Almeida anunciou no “grito de guerra” que estava deixando a escola e, então, o que se viu foi uma comemoração comovente dos segmentos da escola. Iria desfilar com camisa de Diretoria, chegou uma de Apoio – e assim mesmo molhada – e já na concentração. Mas desfilei assim mesmo.

Acesso B 2011 122Caetano Veloso, homenageado pela campeã Paraíso do Tuiuti no Acesso B, fez questão de desfilar mesmo com a escola encerrando o desfile às seis da matina da quarta-feira de Cinzas. A Tradição, que homenageava o município cearense de Juazeiro do Norte, distribuiu chapéus de palha nas frisas (foto, com o colunista Aloisio Villar).

Meio mundo do samba jura que o samba assinado por Erasmo Carlos e Paulo Sérgio Valle na disputa da Beija-Flor era de autoria do próprio Roberto Carlos, homenageado no enredo. O que se sabe é que o próprio tentou reverter a queda deste samba antes da final.

Antes do desfile da Beija-Flor, o locutor oficial do Sambódromo foi ao microfone pedir aos jurados “que pegassem leve” nas avaliações da comissão de frente e do casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola. O motivo foi o óleo deixado pela Porto da Pedra.

Continuo querendo entender até hoje o que era o enredo da Unidos da Tijuca, aliás.

Um dos momentos mais emocionantes do pré-Carnaval foi o ensaio técnico da Portela, com o encontro de bandeiras da escola de Madureira e da União da Ilha. Aquele carnaval só serviu mesmo para reabilitar o samba de 1991, que virou uma espécie de samba-exaltação portelense.

Vale destacar a “paradona” da bateria da Mangueira, coroando o belo samba verde e rosa. Tivesse alegorias melhores, e a escola poderia, pelo que se viu na pista, ter sido favorita ao título.

Em um grupo de acesso de belos sambas, destaque absoluto para a Viradouro recém-rebaixada, que tinha duas sequências de versos sensacionais: “Quando a solidão me abraçou/Pediu por favor, me deixa ficar” e “Se até a dor precisa de alguém/eu sem você sem ninguém.”

Mas o grande samba deste ano estava fora do Sambódromo: era “Orixás”, da Unidos da Ponte (abaixo). O detalhe é que na verdade era uma composição derrotada na disputa de 1984 da escola de São João de Meriti. Isso gerou um grande debate sobre os rumos do samba-enredo.

Links

O desfile campeão da Beija-Flor em 2011

A apresentação cheia de surpresas da Tijuca

A emocionante homenagem da Mangueira a Nelson Cavaquinho

O show do Salgueiro que não deu em nada

A excelente passagem da União da Ilha

Fotos: O Globo, Liesa e Arquivo Pessoal Pedro Migão

18 Replies to “2011: Após incêndio na Cidade do Samba, simplicidade do Rei leva Beija-Flor ao sucesso”

  1. o samba da mocidade é fraco,mas animado.

    acredito que o paulo barros de uma maneira levemente proposital em resposta aos críticos.

    a porto da pedra tinha um belo samba-enredo um dos melhores de sua história.

    a são clemente ao voltar vai conseguir a maior sequencia sete a nos consecutivos,superando
    os cinco anos de 87 a 91.

    tem gente que diz que valesse a portela brigaria pra não cair com a são clemente

  2. É uma opinião polêmica mas pra mim esse é o maior desfile plasticamente, só plasticamente, do Paulo Barros, o enredo era confuso? Sim, o samba era ruim? Era, mas pqp os carros estavam fantásticos do abre alas ao último carro, todo mundo que via ficava de boca aberta, o carro do avatar, do Harry Potter, do Jurassic Park eram incríveis, o único senão pra mim foi o também espetacular abre alas mas que tinha cadeira de plástico rs
    Em relação ao enredo era bem complicado mesmo, lembro de só ter entendido numa entrevista do Paulo Barros no roda viva que era a “abertura com o terror e depois vinha com todos os personagens do cinema que superaram o medo” enfim era difícil mesmo mas comparando com os outros desfiles pra mim foi a campeã, já que salgueiro perdeu pra ele mesmo e grande rio com incêndio não teve condição…
    Em relação a Beija Flor, eu nem reclamaria tanto se ela fosse campeã com 1 ou 2 décimos de vantagem mas com 1 PONTO E MEIO foi sacanagem, a apuração mais sem graça que eu já vi…
    O início do desfile da mangueira foi uma das coisas mais emocionantes que eu já vi na vida, aquele discurso do Milton Gonçalves com a escola toda chorando ao fundo foi espetacular e tudo isso filmado na íntegra pela globo ( o que é raro)
    A São Clemente deve agradecer a esse incêndio até hoje
    Como não teve rebaixamento eu acho que a Portela e Ilha poderiam ser julgadas sim, e a ilha com certeza voltaria nas campeãs…
    Que venha 2012 e o bolo de pau duro do Paulo Barros hahahaha

    1. Boa tarde!

      Prezado Evandro Avallone:

      Sim, plasticamente a Tijuca foi impressionante!
      A barca do Caronte era assustadoramente divertida! Tudo muito caprichado. Não curti tanto o último carro, mas valeu os fantasmas rodopiando.

      Atenciosamente
      Fellipe Barroso

  3. Digo com enorme ênfase: o incêndio na Cidade do Samba foi uma das PIORES TRAGÉDIAS que presenciei pela TV, foi triste demais – principalmente a Grande Rio, que perdeu o carnaval inteiro.

    Em 2011 literalmente A MÚSICA VENCEU, já que em São Paulo a Vai-Vai foi campeã com enredo sobre o maestro João Carlos Martins…

    Voltando ao Rio, o título da Beija-Flor foi de uma injustiça absurda. Com boa vontade brigaria pelo 5° lugar, foi um desfile muito aquém do que a escola apresentava frequentemente. Mas o julgamento foi uma calamidade do início ao fim!

    O 9 lascado na bateria da Manga causou muita polêmica, o jurado que atribuiu a nota chegou a dizer que “Os jurados só dão 10 porque gostam de escola grande” e também que “em matéria de percussão ainda estou por dentro”. Os 22 títulos publicados sobre percussão, pelo visto, não serviram de porra nenhuma para o Maestro Pinduca.

    Falando em notas, foi a última vez que vimos notas abaixo de 9 na apuração, ambas de Carlos Alberto Marques, em Alegorias e Adereços – Mocidade 8.9 e Porto da Pedra 8.7

    Eu achava o samba da Mocidade divertido, confesso que me empolgava no “Tá todo mundo aí, levanta a mão”… E torci demais para o samba da Porto da Pedra ganhar nas eliminatórias, a exemplo de 2008, quando o ouvi pela primeira vez disse que ia ganhar, não deu outra.

    Na época, foi veiculada uma notícia de que o Bruno Ribas e o Wantuir estavam irritados com o Nêgo, acusando-o de cavar lugar nas escolas, até as que o microfone já tivesse dono. Se um dos dois gravasse a faixa que antecedesse a da Mocidade, largaria: “Nêgo, agora é contigo, seu FDP desgraçado, VTNC…”.

    No A, se o título da Renascer foi contestado por causa dos mapas com a mesma letra, nem imaginávamos o que viria a acontecer no ano seguinte. Era para a Viradouro ou Estácio terem subido.

    Como esquecer de Neguinho da Beija-Flor no esquenta entoando o seu “Mulher, mulher, mulher, mulher, mulher… 54182418578 vezes mulher”

    Como esquecer do belo escorregão que a Ana Hickmann tomou em plena avenida, a minha barriga doía de tanto rir!

    E a Valesca como a “banana do King Kong” no Salgueiro (que perdeu pra si mesmo outra vez) até hoje mexe com a imaginação de muito homem por aí…

    No desfile das campeãs, deu confusão entre o público do setor 1 e as primeiras alas da Beija-Flor. Enquanto o público vaiava a escola, as primeiras alas respondiam com “Uh, aceita!”. O setor 1 fez sua tréplica aos gritos de “Tijuca! Tijuca!”

    E graças ao incêndio a São Clemente vai para o seu sétimo ano seguido no Grupo Especial…

    Que venha 2012!

  4. Boa tarde!

    Prezado Fred Sabino:

    Como havia comentado na coluna sobre o carnaval 2010, em 2011 eu retornaria a freqüentar (Já o havia feito em 2003, 2004 e 2005) o Anhembi na sexta e no sábado de carnaval devido às decpeções consecutivas com o então Acesso A.
    O esquema era ir para sampa na quinta-feira pela manhã, e voltar no domingo bem cedo, assim que a última escola passasse no sambódromo paulistano.
    De volta ao Rio, assistiria aos dois dias do Grupo Especial, e ao Acesso B (Este sempre muito divertido!).
    Atendo-me a poucos pontos, seguem algumas críticas.

    GRUPO ESPECIAL

    – Um comentário geral diz respeito à crise financeira. Muito se fala que o carnaval de 2009 sofreu com a crise, mas acredito que os problemas tenham sido bem particulares. O vendaval chegou ao Brasil com atraso, e, ao meu ver, comprometeu as Escolas num geral para 2011. Somente Salgueiro, Tijuca e Grande Rio (Sem incêndio) estavam em plenas condições de apresentar um bom carnaval. As outras mostrariam pequenas falhas estéticas e técnicas que tornaram este ano algo bem chato e irritante para mim, principalmente no quesito comissão de frente (Entenda lendo abaixo).

    – O samba da Imperatriz funcionou, mas nos ensaios técnicos rendeu mais (De novo!). Max Lopes repetiu uma alegoria. O carro sobre a medicina no Egito era praticamente “cuspido e escarrado” de “A fúria do Faraó”, na Mangueira, em 2003. O acoplamento do abre-alas soltou na minha frente na arquibancada do Setor 3 (Sim, mudei de lugar depois de três anos no setor 1!), ou seja, na frente do primeiro módulo de jurados.

    – A comissão de frente da Portela parecia estar num ensaio de quadra quando fez sua apresentação neste primeiro módulo. Erraram drasticamente. Isso sem levar em consideração as coreografias que nós, mero espectadores, não percebemos como erradas.

    – Se não me engano, a multa da Mangueira não foi pelo atraso para entrar na Sapucaí, mas sim no atraso em levar as alegorias para a Presidente Vargas. Aliás, que atraso! Eu estava chegando de São Paulo arrastando uma mala na referida Avenida, pouco antes das 13 h, e o elemento cenográfico da Comissão de Frente da Mangueira ainda estava rumando para a concentração no lado dos Correios…

    – Salgueiro 2011…acho que nunca fui tão fã de um trabalho estético como o desse ano. As alegorias eram absolutamente LINDAS! As fantasias, mais leves e de fácil leitura, começavam a abolir as “cangalhas”. O enredo era divertidíssimo, com muito humor, muito bem trabalhado. Uma pena! Talvez o título mais certo jogado fora em muitos anos de sambódromo. Discordo quanto ao samba ser alegre. Ele é bem humorado, porém com certa dolência que não sofreu o “efeito Ita”. O refrão do meio já era cantado a plenos pulmões pelo público no ensaio técnico.

    – Os integrantes da Comissão de Frente da Mocidade se deitavam no chão em determinado momento da coreografia. Alguns deles tinham estalactides nos braços. Ao se levantarem, metade dessas estalactides ficaram no chão…e não era de propósito…

    – A Grande Rio estava tão cagada em 2011, que só choveu durante o desfile dela.

    – A bateria da Porto da Pedra estacionou ante a torre de TV parando a Escola porque o balão que carregava o fantasminha Pluft era mais alto, e não conseguiam manobrá-lo rapidamente para baixá-lo, e seguir desfile.

    – A comissão de frente da Beija-Flor errou grotescamente sua coreografia! O elemento cenográfico desgovernou-se acertando a grade das frisas do setor 3, em estrago visível até os dias de hoje (!), na frente do primeiro módulo de jurados, e levou 10… Só isso já resume o que foi este título…

    ACESSO A

    – Farei um comentário específico para este grupo o qual não assisti ao vivo.

    ACESSO B

    – Destaque para o samba do Arranco, em bonita homenagem às mulheres, com interpretação vibrante de Nino do Milênio.

    – O condor da Tradição passou com um buraco (Uma cratera!) no “suvaco”… Aliás, que estátua nojenta a do Padre Cícero, que deve ter se retorcido no túmulo…

    – Revoltado com o resultado do Grupo Especial à época, cheguei a escrever um texto intitulado “Caetano Veloso: a verdadeira simplicidade de um rei”. Tratava-se de um relato emocionado da presença de um grande astro da música num dia mais que desvalorizado de Escolas de Samba, todo alegre, cantando o samba, e chamando o arrastão. Perdeu-se com o tempo (Não lembro onde salvei…).

    Que venha 2012, e o “novo” sambódromo!

    Atenciosamente
    Fellipe Barroso

    1. ANEXO I – As favelas

      Em 2011 três Escolas falaram de favela: Caprichosos de Pilares (Ok, era gente humilde, mas com ênfase à favela) no Acesso A, e Lins Imperial e Independente de São João de Meriti no Acesso B. As três foram rebaixadas em seus grupos com desfiles bem “peculiares”.

      CAPRICHOSOS DE PILARES

      Não vi ao vivo, porque estava no Anhembi, mas vi vídeos, fotos, e realmente não dá para não rir desta desgraça com nome, Identidade e CPF: Paulo de Almeida, o Rei Midas Invertido (Tudo o que toca vira bosta)!
      – A comissão de frente dava “inveja” à Tijuca de 2010: depois de passar por trás do elemento cenográfico (Que pretendia ser um muro grafitado), os integrantes saíam vestindo um coletinho safado por cima dos macacões.
      – Havia uma “igreja humana”. Os macacões em lycra estavam estranhamente manchados. Parecia que o povo tinha se borrado de medo. À frente deste carro vinha um bonequinho rezando, provavelmente pedindo “Pelo amor de Deus, acaba esse desfile!”.
      – O carro da feira fechava de forma coerente a bizarrice apresentada.

      LINS IMPERIAL

      – O abre-alas era parcialmente feito com a “favela espelhada” da Mangueira do ano anterior. Havia 4 casas representadas (No carro original eram mais de 20…). Atrás delas, muito tule e TNT em verde e rosa. Sim, o carro se resumia a 4 frentes de casa! É tão feio, que talvez só mostrando uma foto para que vocês entendam…
      – Havia uma ala de Madonna, que lembrava tudo, menos a Madonna!
      – A bateria saiu do primeiro boxe como última ala! Sim, a Escola estava tão pequena que a Bateria fechou o desfile desde o início! Renata Santos (A mesma da Mangueira) era a rainha (Ivo Meirelles e sua diplomacia do samba).
      – Cabe lembrar que Wander Pires gentilmente gravou o samba no CD, cantado na Avenida pelo 10.

      INDEPENDENTE DE SÃO JOÃO DE MERITI

      – Imaginem a Lins Imperial um pouco MENOS pior…pois é!

    2. Fellipe, além da Mangueira, por sabe se lá qual motivo ter atrasado a chegada de suas alegorias na concentração, o Salgueiro também demorou muito pra levar seus carros da Cidade do Samba até a Av Pres. Vargas, só por volta de duas da tarde que as alegorias da Vermelho e Branco chegaram no local. E segundo pessoas ligadas a agremiação, os problemas com os carros no desfile foram uma sabotagem interna por motivos políticos.

  5. ANEXO II – Um exercício de Beija-Flor

    Tempos de falecido Orkut.
    O povo já se estranhava nas comunidades de carnaval, e muita gente mostrava um talento excepcional de criatividade.

    Havia muitas críticas aos enredos difíceis da Beija-Flor, infladas principalmente após o título de 2008 com um enredo bem complicado para quem via ao vivo (E, na época, sem a revista “Roteiro dos desfiles”).

    Eis que uma alma de perfil FAKE (Não era eu! Juro!) publicou o que seria o desfile da Beija-Flor em homenagem a Roberto Carlos baseado em todos os clichês da Escola (Índios, Egito, África, Monstros, Água…).
    Posso reproduzir isto aqui, porque achei tão criativo na época, que resolvi salvá-lo em local seguro no computador para dar boas risadas sempre que quisesse!

    Segue…

    Enredo: De Cachoeiro do Itapemirim ao Emoções em Alto Mar – Roberto Carlos, como é grande o nosso amor por você

    Carro Abre-alas – A fúria dos Puris (índios que habitavam Cachoeiro do Itapemirim, cidade natal do rei Roberto Carlos)

    2° Carro – Egito Antigo (o Rei saíra fantasiado de faraó egípcio no carnaval de 1956, ou seja, há uma ligação entre o artista e o Egito);

    3° Carro – Os pesadelos do Rei (ainda na infância, RC tinha diversos pesadelos, entre os quais se destacava o Bicho Papão, este retratado com uma enorme escultura de monstro na alegoria);

    4° Carro – Fauna de Cachoeiro (animais em esculturas com movimentos, criadas pelo pessoal de Parintins, como uma enorme capivara, além de barbados e lagartos na parte frontal do carro);

    5° Carro – A fé do Rei (uma grande alegoria com a reprodução da capela onde o rei costuma realizar suas orações matinais, além de um grande orixá na parte traseira do carro, elo entre o rei e as religiões afros);

    6° Carro – RC na África (safari realizado pelo rei na década de oitenta, acompanhado pela sua então esposa, Miriam Rios);

    7° Carro – Emoções em Alto-mar (uma grande alegoria para fechar o desfile, onde são despejados milhões de litros de água, lavando a alma dos componentes de Nilópolis, e homenageando os shows que o artista fez no cruzeiro Emoções, em plena costa brasileira).

  6. Acho que, assim como o enredo do iogurte foi pré-julgado negativamente, Roberto Carlos e Ayrton Senna foram pré-julgados positivamente. Uma situação do tipo “fica chato não dar o título”. Aliás, é curioso como há ondas de homenagens vencedoras. Foi assim nos anos 80, sobretudo com a Mangueira. Depois meio que caiu em desuso ganhar com esse tipo de tema. Nos anos 90 houve bons desfiles (Dercy, Bidu Saião, Villa Lobos), outros nem tanto (Doces Bárbaros, Tom Jobim) e nenhum campeão. Entre 2000 e 2010 nenhum enredo homenageando personalidades saiu campeão no Especial. Agora, vemos nova onda. Entre 2011 e 2016 foram quatro. RC, Gonzagão, Senna e Bethânia. Tanto voltou à moda que o primeiro enrdo divulgado oficialmente para 2017 o que é? Homenagem a uma cantora.

  7. Repetindo o que eu postei no TA:

    Achei que o título ficou em boas mãos. Mas, aos poréns:

    1- Nunca que a Beija-Flor poderia ter a enxurrada de notas 10 que teve. Aliás, 2011 foi um ano bem fraco de desfiles – assino embaixo quando o Fellipe diz sobre a crise. Todas as escolas vieram com problemas de alegorias (Imperatriz e Mangueira) ou mau-gosto no visual (Mocidade e Beija-Flor). Um ano para esquecer. Só o Salgueiro se salvou dessa fiasqueira e levaria fácil, mas o Salgueiro sempre perde pra ele mesmo;

    2- A Grande Rio tinha um projeto bacana de desfile (colegas meus me mostravam fotos das fantasias e alegorias) até acontecer o incêndio;

    3- Esqueçam a União da Ilha. Mesmo com a alegoria mais linda da avenida (a aranha), se valesse mesmo, duvido que os jurados dariam boas notas a ela. E sou mais um que tentou entender o enredo da Unidos da Tijuca e desisti, antes que o cérebro desse nó;

    4- Sacanearam a Porto da Pedra de todas as formas. Mas o Carlos Alberto Marques protagonizou a maior vergonha, ao meter o 8,9 para a Mocidade e tira-la do Desfile das Campeãs (seria outra injustiça). Teve um outro jurado (igualmente um fiodumaegua) que deu notas abaixo de 9 para todas e só 10 para a Beija-Flor (engraçado que agora não aparece nenhum nilopolitano reclamando dos jurados, né?);

    5- Gostando ou não, a escolha do Roberto Carlos como enredo foi bem aceita (eu adorei). Já o Boni, o Marquês… aprende, Laíla, e vê se acerta a mão em 2017;

    6- Tem gente que diz que, se valesse, a Portela lutaria contra o rebaixamento com a São Clemente;

    7- Acho que sou o único que coloca o samba de 2011 da Imperatriz entre os 100 maiores da história!

    8- O que aconteceria se tivesse rebaixamento??? O confronto direto Porto da Pedra x São Clemente foi adiado. E se em 2012 a PP trouxesse a Maria Clara Machado ao invés do iogurte???

    1. Corrigindo:

      4- Sacanearam a Porto da Pedra de todas as formas. Mas o Carlos Alberto Marques protagonizou a maior vergonha, ao meter o 8,9 para a Mocidade e tira-la do Desfile das Campeãs (seria outra injustiça). Ele só deu 10 para a Beija-Flor (engraçado que agora não aparece nenhum nilopolitano reclamando dos jurados, né?);

  8. Ótimo texto Fred, parabéns!

    Sinceramente, não acho injusto o título da Beija-Flor. Considero que foi um Carnaval de baixo nível dos desfiles, e que quatro escolas, Beija-Flor, Unidos da Tijuca, Mangueira e Vila Isabel, tinham condições de conquistar o título. Todas erraram feio em pelo menos dois quesitos, portanto, qualquer uma delas que vencesse não dava pra considerar um absurdo. Porém, nada justifica a enxurrada de notas 10 para a escola de Nilópolis, e a consequente vantagem para a vice-campeã, nem mesmo uma possível influência pelo enredo, vamos lembrar que a Tijuca em 2014 superou o Salgueiro por um décimo!

    Mas a presença de Roberto Carlos realmente salvou o desfile da Beija-Flor, que começou problemático e terminou ovacionado. Na Tijuca, esteticamente foi um ótimo trabalho do Paulo Barros, mas o enredo foi uma confusão só, e a dificuldade de tirar da avenida a maravilhosa “Barca do Caronte” complicou bastante a evolução da escola.

    Desfile emocionante da Mangueira, com um discurso de Mílton Gonçalves do esquenta… Confesso que após o discurso, com o primeiro acorde do lindo samba, fui as lágrimas… Samba, aliás, que me conquistou logo de cara, porém não achava que ele seria escolhido, nunca fiquei tão feliz com uma escolha de samba na Mangueira! Porém, a escola teve um visual bastante irregular, principalmente em alegorias, com boas sacadas, como o belo carro do “ZiCartola”, com outras bem fracas, como, principalmente, o último carro, com Nélson cavaquinho chegando ao céu, além do problema no Abre-Alas citado.

    A Vila Isabel, talvez por vir espremida entre as loucuras de Paulo Barros e a emoção da Mangueira, veio um pouco contida, senti um pouco de falta de vibração da escola, também achei o enredo chato, com a viagem pelo mundo ao longo dos tempos ocorrendo pela enésima vez na avenida, e detestei a Comissão de Frente.

    Salgueiro, ah Salgueiro, você sim teria feito um senhor desfile, uma pena o que aconteceu, para mim o melhor trabalho de Renato Lage na escola…

    A União da Ilha rasgou o chão da avenida, até mesmo pela TV dava pra perceber a energia da escola, e o visual também foi belíssimo, com boas soluções para o que foi perdido. Caso fosse julgada, o que deveria ter acontecido, certamente teria que voltar nas campeãs. Um título também não seria absurdo, em que pese a Comissão de Frente bem abaixo do que a escola apresentou.

    Péssimo momento da Portela, afinal, segundo informações foi a escola menos atingida pelo incêndio, e conseguiu apresentar um Carnaval mais fraco plasticamente até do que a Grande Rio, que perdeu tudo! Sem contar o evidente desânimo dos componentes, com um samba bem fraco, e eu adorava o samba do Diogo Nogueira, justo quando ele faz seu melhor samba na escola, perde a disputa, eu hein… Aliás, posso estar enganado, mas acho que a Portela foi a única escola que não divulgou oficialmente tudo o que perdeu no incêndio, o que levanta sérias dúvidas do quanto do desfile estava realmente pronto ou em vias de terminar.

    Quem frequentou a Cidade do Samba diz que a Grande Rio preparava, pelo menos visualmente, seu melhor Carnaval, grandioso e criativo. Infelizmente, nunca saberemos…

    Porto da Pedra foi bastante canetada. São Clemente também.

    No Acesso, resultado absurdo. Considero o título da Renascer um absurdo ainda maior do que veremos no próximo texto. Num ano muito fraco, a escola não fez desfile sequer para ficar entre as cinco primeiras, quanto mais título! E os dois melhores desfiles foram completamente dizimados pelos jurados: Império da Tijuca em 4º(!) e Cubango em 7º(!!!!!!!) De justo, só o rebaixamento da Caprichosos.

    Não é assunto do texto, mas tenho que dizer, o desfile da Vai-Vai em São Paulo foi emocionante, embalado por um lindo samba lindo, um grande momento da Carnaval!

  9. 2011, o anos das tristezas e do Carnaval estranho. Eu me lembro que não gostei de nada do que veio, tirando a Tijuca (não toda) e o Salgueiro.

    Pairava uma nuvem negra na Grande Rio, e a chuva no desfile só confirmou isso. Sinto que a escola perdeu para o fogo sua melhor chance de vencer.

    Paulo Barros viajou legal e, com isto, pecou pelo excesso. Se realmente certos personagens estavam lá para representarem um setor de “superação do medo”, então haveria algum sentido. Mas para o senso comum pareceu uma viagem bem louca.

    Sabotagem explicaria o que ocorreu ao Salgueiro. Título certo perdido novamente.

    Sobre o caso do Mestre Marcone, diria que é bem auto-explicativo.

    Não engulo o título da Beija-Flor, mas evito criticar. Caiu na mão deles, num ano fraco e em que os principais concorrentes se embananaram. A homenagem pesou muito para a chuva de 10.

  10. A Tijuca teve sim sobressaltos de evolução e harmonia. A escola ficou parada um tempão pq o abre-alas empacou na dispersão. Vitória merecida da Beija-Flor ( não com chuva de 10 em cf, mspb e alegorias), como teria sido da Mangueira e da Vila também.

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