A grande novidade visando ao regulamento para 2005 foi no sorteio da ordem dos desfiles. Ao contrário dos anos anteriores, a campeã do Acesso e a penúltima do Especial de 2004 encerrariam os desfiles de domingo e segunda.

Na teoria da Liesa, a mudança impediria que as essas escolas, antes prejudicadas por sempre pegarem o público frio, já entrassem na avenida “rebaixadas”. Neste primeiro ano de experiência, Mocidade Independente de Padre Miguel e Unidos do Porto da Pedra foram “agraciadas” com a primeira posição nos desfiles.

A Verde e Branco teria como enredo (patrocinado pela empresa de telefonia Tim) a influência da cultura italiana no Brasil, enquanto a escola de São Gonçalo reeditaria “Festa Profana”, enredo da União da Ilha em 1989. Mas se essa opção da Porto da Pedra foi criticada por ter sido uma escolha de enredo de outra escola, Mangueira e Grande Rio receberam uma saraivada de críticas ainda maiores na fase pré-carnavalesca.

Não exatamente pelos temas que escolheram, no caso a energia (Mangueira) e culinária (Grande Rio), mas pelo fato de ambas terem enredos patrocinados, e, pior, com “merchan” explícito no samba. Um dos versos da obra mangueirense dizia com todas as letras num verso “A energia é o nosso desafio”, slogan ipsis litteris da Petrobras, patrocinadora da escola – a Eletrobras também ajudou a bancar o enredo. Já a Grande Rio não ficou por menos e colocou no samba “Lá em nosso ninho”: Ninho, um dos produtos mais famosos da Nestlé, investidora, digamos, do enredo caxiense.

A bicampeã Beija-Flor também teria um enredo patrocinado, pelo governo do Rio Grande do Sul, mas foi mais sutil e decidiu contar na avenida a história das missões dos jesuítas no estado, com mais um samba extraordinário, e sem “merchan”. A vice-campeã Unidos da Tijuca do badalado carnavalesco Paulo Barros teria outro enredo abstrato, sobre o imaginário humano.

Outro tema curioso, o sorriso, foi escolhido pela Unidos do Viradouro. A Imperatriz Leopoldinense homenagearia dois escritores infantis, o dinamarquês Hans Christian Andersen (também patrocinado) e o brasileiro Monteiro Lobato. Já o Salgueiro escolheu o elemento fogo como enredo. Com problemas políticos, a Portela abordaria as metas da ONU para um mundo melhor com um samba muito criticado.

A Caprichosos de Pilares também teve mudança na presidência, e o novo mandatário, Paulo de Almeida, alterou o enredo (que seria sobre reciclagem) no meio da preparação, adotando como novo tema uma homenagem aos 20 anos da Liesa, com a promessa de enfoque aos desfiles mais importantes da Era Sambódromo no período.

O Império Serrano optou pela temática de defesa da natureza, enquanto a Tradição teria como enredo a soja, com um passeio pela China. Completava o grupo a Unidos de Vila Isabel, de volta ao Grupo Especial com enredo sobre a navegação e construção naval.

OS DESFILES

A Mocidade Independente de Padre Miguel abriu os desfiles com o enredo “Buon mangiare, Mocidade: a arte está na mesa”, do carnavalesco Paulo Menezes. A ideia era homenagear a Itália, principalmente a culinária, as famosas óperas e a moda.

Agradou a parte visual da escola, mas faltou um samba-enredo de maior pegada para cativar um público ainda muito frio. Isso também se refletiu no quesito harmonia, pois a escola não passou de forma empolgada. A nota legal desse desfile é que o intérprete oficial foi Roger Linhares, filho de Tôco, um dos maiores compositores da história da agremiação de Padre Miguel.

Já a famosa bateria da Verde e Branco, depois das notas ruins dos anos anteriores, colocou Bira como primeiro diretor, e este decidiu que os ritmistas passariam de forma “reta” pelo desfile, sem paradinhas. Isso gerou críticas, já que a Mocidade foi a precursora disso nos tempos de Mestre André. Mas a cadência da bateria foi elogiada.

O Império Serrano entrou na pista disposto a conciliar um desfile empolgante como o de 2004 com uma exibição mais apurada nos quesitos plásticos. O enredo “Um grito que ecoa no ar! Homem/Natureza, o perfeito equilíbrio”, do carnavalesco Ilvamar Magalhães, destacava a necessidade de se preservar a natureza. Mas o conjunto visual não foi dos melhores, e ainda ficou afetado pela chuva.

O samba-enredo era adequado e foi bem cantado por Nêgo, mas não foi um desfile dos mais quentes. De qualquer forma, não houve graves problemas em evolução, a bateria esteve bem como sempre, e o Império não corria riscos de rebaixamento. Mas no conjunto a escola ficou devendo.

salgueiro2005Já o Salgueiro fez um ótimo desfile com o enredo “Do fogo que ilumina a vida, Salgueiro é a chama que não se apaga”, dos carnavalescos Renato e Márcia Lage. Depois de uma fria apresentação em 2004 com o enredo sobre álcool, a escola se recuperou com uma das melhores exibições do ano.

Para começar, a comissão de frente empolgou, com os componentes vestidos no melhor estilo “Planeta dos Macacos”  fazendo evoluções com fogos de artifício para representar os homens pré-históricos que descobriram o fogo e ainda lembrando o titã Prometeu, que roubou uma centelha de fogo do Olimpo para presentear os mortais.salgueiro2005b

O carro abre-alas era de grande impacto, e representava o homem primitivo, que começou a estudar o fogo por intermédio dos raios e vulcões. Uma enorme labareda de fogo de verdade saía do centro do carro e isso chegou a assustar os bombeiros, já que a chama chegava perto do antigo setor de camarotes, mas não houve nenhum incidente.

Todas as demais alegorias também estavam impecáveis em concepção, mas a grandiosidade dos elementos criou problemas, pois dois carros ficaram presos em árvores na Avenida Presidente Vargas e, além de chegarem danificados à pista, causaram problemas de evolução.

O samba-enredo, apesar das críticas na fase pré-carnavalesca por ser considerado “oba-oba” rendeu bem e o intérprete Quinho estava bastante emocionado no grito de guerra, dedicado ao antigo patrono Miro e seu filho Maninho, mortos em 2004. A bateria, comandada pela primeira vez por Mestre Marcão, também agradou, e o Salgueiro encerrou sua apresentação com expectativas de ao menos voltar no sábado das campeãs, apesar de o título ter ficado difícil pelos problemas apresentados.

mangueira2005Já a Estação Primeira de Mangueira ironicamente fez um desfile sem energia num desfile que falava sobre energia (“Mangueira energiza a avenida. O carnaval é pura energia e a energia é o nosso desafio”). O brilhante carnavalesco Max Lopes optou por muito preto e prateado nas alegorias e ainda resolveu dividir as alas entre fantasias mais claras e escuras, para representar o eterno conflito entre o bem e o mal. Infelizmente o efeito desejado não foi dos melhores, e isso pesou a escola, que ainda por cima foi atrapalhada por uma chuva insistente.

O samba, mesmo bem conduzido por Jamelão, também não caiu nas graças do público, apesar de ter contado corretamente o enredo. Para piorar, os componentes em geral não cantaram o samba com a garra que se espera da Mangueira, mesmo tendo evoluído sem grandes sobressaltos.

Na fria apresentação mangueirense, o destaque foi a comissão de frente, que valorizou a velha guarda como a energia da escola e teve a participação da moradora mais antiga do morro, vó Lucíola, então com 104 anos, sentada em uma cadeira empurrada por um dos membros da velha guarda.

Outro ponto positivo foi a bateria de Mestre Marrom, que pela primeira vez teve paradinhas, além de ter imposto um ritmo mais cadenciado do que em anos anteriores. De resto, não foi a Mangueira que se esperava, e uma vaga no sábado já seria uma vitória.

tijuca2005Esperada com grande expectativa pela histórica apresentação de 2004, a Unidos da Tijuca do carnavalesco-sensação Paulo Barros não decepcionou e fez mais uma grande exibição, com o enredo “Entrou por um lado, saiu pelo outro… Quem quiser que invente outro”, sobre o mundo da imaginação. Com o sucesso do carro do DNA, chamada de “alegoria humana”, novamente os carros tiveram um show de coreografias.

tijuca2005bSucedendo uma interessante comissão de frente que tinha personagens do imaginário humano como demônio, vampiro e Visconde de Sabugosa saindo de elementos alegóricos, o abre-alas tinha o incrível número de 240 componentes, que, com bandeiras da agremiação ou guarda-chuvas ou pompons, faziam diferentes coreografias formando o pavão, símbolo da Tijuca. Dos demais seis carros do desfile, outros quatro seguiam a tendência das “alegorias humanas” e/ou coreografadas, embora com menos integrantes.

tijuca2005cO carro sobre os vampiros causou grande impacto, pois estes saíam de seus caixões verticais para interagir com o público. Os componentes estavam muito bem fantasiados e a coreografia fazia referência ao filme “Planeta dos Macacos” – aliás, esta passaria a ser uma das marcas registradas de Paulo Barros, associar as propostas dos enredos com personagens de filmes ou séries, novelas, etc. Seguindo essa tendência, a alegoria “Oz” tinha um enorme boneco do Mágico de Oz feito com panelas e frigideiras.

Em termos de fantasias, a Tijuca mostrou um conjunto muito fiel à proposta do enredo. A ala dos mortos-vivos que remetia ao clipe Thriller, de Michael Jackson, chamou muito a atenção do público, com os componentes levando ainda lápides nas costas. Outra ala muito criativa foi a que tinha os personagens de Alice no País das Maravilhas, com os componentes fantasiados de cartas de baralho e fazendo uma coreografia com as capas das fantasias, formando as cores da escola. Outra ala aplaudida foi a do Sítio do Picapau Amarelo, cheio de Emílias.

tijuca2005dMas a alegoria que mais agradou foi a chamada “Atlântida”, precedida por uma linda ala das baianas, vestida em azul. Voltando ao carro, ele era vazado e acoplado, com belas esculturas e um globo iluminado em neon (foto). Outra “alegoria humana” era a que chamava “Purgatório”, toda em preto e com os componentes simbolizando o inferno e suas agruras em uma coreografia feita para chocar o público. Conseguiram.

O samba, apesar de não ser considerado uma obra-prima, foi bem cantado por Wantuir e teve uma acelerada bateria a sustentá-lo. Os componentes cantaram com entusiasmo e evoluíram bem rumo à Apoteose, onde a Tijuca foi recebida com gritos de “campeã”. De fato, a escola do Borel já não era mais uma surpresa isolada, mas uma forte candidata a títulos.

Depois do espasmo com a reedição de “Contos de Areia” em 2004, a Tradição voltou a fazer um mau desfile na defesa do enredo “De sol a sol, de sol a soja. Um negócio da China”. Houve muitos problemas com as alegorias, que por sinal não causaram um grande impacto.

O samba-enredo puxado pelo experiente Preto Jóia não contagiou nem público e nem componentes e a escola de Campinho encerrou sua apresentação mais uma vez sob risco de rebaixamento. Para piorar, houve problemas na dispersão, e a escola seria punida na apuração com a perda de um ponto.

Outra que teve um desfile problemático foi a emergente Vila Isabel. Joãosinho Trinta comandava o desenvolvimento do enredo “Singrando em mares bravios… E construindo o futuro”, mas acabou afastado devido ao agravamento de seus problemas de saúde. Coube ao carnavalesco Wany Araújo completar os trabalhos da Azul e Branco.

A escola teve problemas de desacoplamento de alegorias, sem contar que os carros não eram dos mais auspiciosos. As fantasias também tiveram problemas de acabamento, e a escola foi desastrosa no quesito Evolução. Sorte que os componentes cantaram com muita garra o excelente samba-enredo, e a bateria de Mestre Mug esteve firme. Mas havia risco de nova queda.

portodapedra2005A Unidos do Porto da Pedra abriu os desfiles de segunda-feira e brindou o público com uma alegre apresentação na releitura do enredo “Festa Profana”, da União da Ilha em 1989. Reforçada pelo carnavalesco Alexandre Louzada, a escola teve um conjunto visual bem adequado ao tema e soube usar o popular samba a seu-favor.

A comissão de frente foi bem diferente em relação ao desfile original: chamada “A Corte do Rei da Folia”, a comissão tinha um grande elemento alegórico em forma de torre de castelo (com as bandeiras das principais escolas de samba do Rio), de onde saíam o Rei Momo e diversos arlequins bem fantasiados que pegavam as bandeiras. O tigre, símbolo da escola, desta vez veio em tons claros e muito bonito (foto).

Louzada pendeu a divisão cromática da escola para tons de lilás, roxo e dourado para casar com o vermelho e branco da agremiação e obteve resultado muito bom. As fantasias tinham bom gosto e acabamento, e não faltaram os principais elementos do carnaval, como pierrôs e colombinas. Havia ainda “alegorias humanas” no melhor estilo Paulo Barros, como a “O culto ao Boi Ápis”, toda em dourado.

O samba-enredo rendeu bem, mas a bateria se mostrou acelerada demais, quase em ritmo de frevo para os críticos. De qualquer forma, os componentes e público tinham o samba na ponta da língua, e o desfile foi quente. Sem grandes problemas, a Porto da Pedra encerrou sua agradável apresentação não só livre de qualquer ameaça de rebaixamento, mas com possibilidades até de conseguir uma vaguinha no sábado.

Já a Caprichosos de Pilares, apesar de ter feito um desfile alegre, teve problemas. Mas, também, diante de tamanha indecisão na fase pré-carnavalesca, o resultado na pista não tinha como não ser muito melhor – o Migão já escreveu no blog sobre esse desfile.

O enredo sobre os 20 anos da Liesa, desenvolvido pelo carnavalesco Chico Spinoza, chamava-se “Carnaval, doce ilusão. A gente se vê aqui no meio da multidão – 20 anos de Liga” e rendeu uma verdadeira salada. Isso porque desfiles de antes da criação da liga, como “Bum bum paticumbum prugurundum” (Império Serrano-1982) e “Moça bonita não paga” (Caprichosos-1982), foram abordados no enredo.

Além do mais, a disputa de samba foi muito apertada devido à mudança do enredo, e a obra vencedora, que era até irreverente e crítica como é a cara da Caprichosos, foi mudada em grande parte dos versos e ficou politicamente correta em excesso – afinal, convenhamos, se o enredo era sobre a Liesa, o samba precisava ser, digamos, mais “contido”.

As alegorias não agradaram tanto, mas, por outro lado, as fantasias eram mais claras e leves, o que facilitou a evolução dos alegres desfilantes. Com a presença do grande Mestre Louro, a bateria da Caprichosos teve um ritmo adequado e fez inúmeras bossas e paradinhas. Foi uma apresentação agradável até, mas bem irregular.

Frequentadora assídua das primeiras colocações desde 1997, a Unidos do Viradouro também teve uma apresentação alegre, mas problemática, com o enredo “A Viradouro é só sorriso”, do carnavalesco Mauro Quintaes.

O conjunto de alegorias e fantasias foi bastante adequado, tanto em concepção como em acabamento, com destaque para o imponente abre-alas, que mostrava o surgimento do sorriso desde o útero das mulheres na gestação, e a alegoria “O sorriso sem juízo na Antiguidade”, com “Monalisa” sendo pintada em diversos estilos – havia um Leonardo da Vinci como destaque e diversas latas de tinta com colorações distintas que mostravam as diferenças que um sorriso pode ter.

Mas infelizmente a quebra do segundo carro, ainda na concentração, atrapalhou todo o desfile, comprometendo os quesitos Alegorias e Adereços, Evolução, Conjunto e Enredo. Lamentável, porque a escola desfilou com muita beleza e poderia novamente ficar nas primeiras colocações.

Talvez isso também tenha tirado um pouco do entusiasmo da escola, que não cantou o bom samba-enredo como de costume. Por outro lado, a bateria de Mestre Ciça mais uma vez esteve brilhante, com criativas paradinhas e convenções, além de uma coreografia na qual os ritmistas abriam um corredor para a exuberante rainha Juliana Paes evoluir.

Ademais, o grande momento da escola foi na comissão de frente, formada por palhaços que faziam o anúncio da chegada do sorriso. Pena que o sorriso acabou sendo contido pelos problemas já citados.

portela2005Em seguida, a Portela infelizmente teve a pior apresentação de sua gloriosa história – o Migão também já fez um ótimo texto sobre esse desfile. A fase pré-carnavalesca foi problemática, com a saída de Carlinhos Maracanã da presidência e um primeiro pleito que elegeu Marcos Aurélio Fernandes, o Marquinhos. Mas a oposição, que tinha como candidato Nilo Figueiredo, protestou contra o sistema de eleição, e conseguiu a anulação da mesma na Justiça.

Numa nova votação, com irregularidades comprovadas recentemente por investigação da Polícia Federal, Nilo saiu vencedor e prometeu uma “nova Portela”. Pois bem, o que se viu em 2005 foi algo que os portelenses gostariam de esquecer, mas é impossível.

Para começar, a exemplo do que fizera em 2001, quando ignorou o centenário de Paulo da Portela, a escola optou por não escolher como enredo o centenário de Natal. A diretoria anterior aceitou uma proposta de patrocínio da Organização das Nações Unidas (ONU) para levar à Sapucaí as oito metas do organismo para mudar o mundo. E, antes da nova eleição, foi acertado que o candidato vencedor manteria o enredo.

A disputa de samba acabou sendo polêmica (com direito a vaias generalizadas no anúncio do resultado) e a obra vencedora foi a de Noca e parceiros, contra o favorito samba de Junior Scafura – dizia-se que com cartas marcadas, pois o veterano compositor apoiara Nilo Figueiredo no processo eleitoral. Fato é que o samba de Noca foi muito criticado, sobretudo pelo verso “Combater o HIV / E toda epidemia que aparecer”.

Nilo Figueiredo trocou ainda toda a equipe de Carnaval, e até a sinopse foi alterada. Como desgraça pouca é bobagem, o abre-alas pegou fogo na véspera do desfile e a águia chegou à avenida mutilada (foto acima), sem asas, pois estas não puderam ser encaixadas.

portela2005bToda esta dificuldade na preparação rendeu um fraco conjunto visual que nem vale a pena ser descrito. Houve mais problemas com alegorias, e a evolução da escola foi confusa. Para completar a tragédia, o carro com a velha guarda não chegou até a pista, pasmem, por falta de gasolina, e Nilo Figueiredo impediu que a alegoria entrasse na avenida para que a escola não perdesse pontos em cronometragem.

Com os componentes correndo, a Portela encerrou seu desfile sob sério risco de rebaixamento. Depois que o carro de som foi desligado e o portão, fechado, a velha guarda desfilou para aplausos do público. Isso depois de o ator Dado Dolabella ter se envolvido numa confusão com um dos senhores na concentração após também ter sido impedido de desfilar.

Em meio ao descalabro, salvaram-se a garra dos componentes (curiosamente, representados pelo Migão no DVD oficial do desfile, lançado posteriormente), a excelente atuação do jovem e estreante intérprete Bruno Ribas (que receberia o Estandarte de Ouro de revelação) e a bateria comandada por Marçalzinho, filho do grande Mestre Marçal. Restava saber o quão os problemas pesariam na apuração.

imperatriz2005bDepois de mais de uma hora de atraso devido aos problemas da Portela, a Imperatriz Leopoldinense fez um dos melhores desfiles do ano. A carnavalesca Rosa Magalhães mais uma vez brilhou ao conceber o enredo “Uma delirante confusão fabulística”, que abordava as histórias infantis do escritor Hans Christian Andersen.

O exuberante luxo da escola de Ramos em outros carnavais deu lugar à criatividade, beleza e leveza no coloridíssimo conjunto visual que Rosa apresentou na avenida. A lindíssima comissão de frente, ricamente fantasiada em branco, representava “Príncipes em Transformação” (os patinhos feios que depois melhoravam de vida) e teve mais uma coreografia impecável liderada por Fábio de Mello.imperatriz2005

O abre-alas chamava-se “Era uma vez” e trazia uma linda escultura de Hans Christian Andersen. A segunda alegoria “Rainha da Neve” também agradou e tinha materiais de portas de boxes de banheiro em acrílico, mais baratas do que placas normais de acrílico. Já o carro “A Carroça” tinha representações de pinturas em porcelana chinesa, simbolizando o imperador e o rouxinol mecânico de um dos contos do dinamarquês.

Mas o destaque absoluto foi a alegoria “O soldadinho de chumbo – o quarto dos brinquedos” (foto abaixo), representando o paraíso das crianças com uma beleza e requinte impressionantes. O último carro homenageava os personagens do Sítio do Picapau Amarelo, uma das principais obras de Monteiro Lobato, outro homenageado do enredo.

imperatriz2005cComo se não bastasse o excelente conjunto de alegorias, a Imperatriz Leopoldinense teve os melhores figurinos de todo o Carnaval de 2005, mesclando a excelência de acabamento característica dos trabalhos de Rosa Magalhães, com a leveza e divisão cromática que o enredo exigia. Cada ala estava melhor vestida do que a outra, num grande espetáculo de fantasias.

O samba também era alegre como o enredo e foi muitíssimo bem cantado pelos componentes e público. Sem problemas nos quesitos de pista, a Imperatriz pintou como ameaça à Unidos da Tijuca e recebeu gritos de “campeã” na Apoteose.

granderio2005bPenúltima escola a desfilar, a Acadêmicos do Grande Rio se recuperou da desastrosa apresentação do ano anterior e fez um correto desfile. Dizia o título do enredo que “Alimentar o corpo e a alma faz bem!”, e a agremiação de Caxias fez uma exibição bem mais suave do que a pesadíssima passagem de 2004. Os recursos do patrocínio da Nestlé foram bem empregados, e a escola desfilou com alegorias grandes e bem acabadas.

O abre-alas era enorme e representava Gaia, a mãe-terra, com ótima iluminação e todo em verde. Depois, a escola passeou pelas riquezas que o solo proporciona e a industrialização dos alimentos, com belas fantasias. Agradou a gigante alegoria que representava os presentes dos reis magos e também do criativo carro dos sentidos, com bastante high tech.

Mas, como o dia começou a amanhecer, a alegoria chamada “Oferendas: alimentando a fé”, que simbolizava os presentes às entidades, perdeu um pouco do brilho, pois abusava de luzes – a escola havia se planejado para desfilar sem a luz do sol, mas o atraso da Portela acabou prejudicando a Tricolor. Por fim, a escola representou o contraste entre a miséria e a fartura.

granderio2005O samba-enredo teve interpretação segura de Wander Pires e funcionou para a apresentação da escola, que desfilou coesa. Mas o ponto alto foi a extraordinária atuação da bateria de Mestre Odilon, com cadência adequadíssima e boas bossas e paradinhas. Apesar de o público ter acompanhado a apresentação da escola com frieza, a Grande Rio se credenciou a voltar no sábado das campeãs.

Em busca do tricampeonato, a Beija-Flor encerrou com brilhantismo a maratona de desfiles de 2005 com uma apresentação perfeita nos quesitos e brilhante tanto em estética como na exposição do enredo “O vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani, Sete Povos na fé e na dor… Sete missões de amor”, sobre  as missões jesuísticas no Rio Grande do Sul.

beijaflor2005Antes de entrarmos no desfile em si, vale a pena escrever sobre o maravilhoso samba-enredo composto por 11 pessoas. Isso mesmo, 11! É claro que foi uma junção orquestrada pelo diretor de carnaval Laíla. Mas, se em outras ocasiões, nas quais fusões deram errado, o resultado foi simplesmente extraordinário em 2005. A melodia deste samba é emocionante, com ótimas variações e uma letra que descrevia bem o enredo. Na condução, o primeiro e único Neguinho da Beija-Flor.

beijaflor2005bA comissão de frente rendeu polêmica antes do desfile, já que havia a promessa de que Jesus Cristo seria chicoteado. Mas a Beija-Flor decidiu deixá-lo à parte da comissão (foto acima), e os componentes representaram o conflito entre poder e sedução que decidiria o destino da humanidade. Em seguida, como já vinha sendo hábito, o elegante casal Claudinho e Selminha Sorriso e o enorme abre-alas acoplado, com 50 metros, representando o nascimento de Jesus Cristo.

Esta, assim como todas as demais alegorias, tinha representações teatrais, o que realçou a força do enredo. A alegoria “A Companhia de Jesus e a expansão da fé cristã” era impressionante, com incrível luxo e um acabamento perfeito. Outro carro incrível foi o chamado “Os Guaranis, a liberdade dos campos e aldeias”, que mostrava a tribo antes de ser catequizada – claro, com muito verde e índios. Esta alegoria veio sucedida pelo elemento “Civilizadores e civilizados, contraste e fusão de dois mundos”, mostrando a chegada dos estrangeiros ao Brasil.beijaflor2005e

Por fim, a escola chegou ao período no qual o Rio Grande do Sul recebeu os jesuítas, que criaram sete povoados nas chamadas sete missões. Neste quadro do enredo, o destaque foi a maravilhosa ala das baianas (foto), representando a “6ª Missão de amor: louvar a Deus sobre todas as coisas” com uma fantástica fantasia em dourado brilhante – com o sol, esses figurinos ficaram ainda mais impactantes. Outra ala muito bem vestida foi a “7ª Missão de amor: manifestar a cultura dos pampas”, com típicos trajes gaúchos. O último elemento alegórico representava a cultura gaúcha e também estava impecável.

beijaflor2005cMesmo sem grandes ousadias e praticamente “reta”, a bateria esteve impecável, cadenciada e muito firme, com o naipe de frigideiras “falando” bem alto, o que deu um molho interessante ao samba. Os componentes mantiveram uma excelente harmonia e, mesmo com muitas alas coreografadas, a evolução foi constante e coesa até a Apoteose. Sem dúvida, a Beija-Flor era candidata ao tricampeonato, pois, além da ideia do enredo ter sido bem transmitida, não houve os problemas com alegorias vistos nos anos anteriores.

REPERCUSSÃO E APURAÇÃO

Ao fim de mais uma maratona de desfiles, a disputa prometia ficar polarizada entre Unidos da Tijuca e Beija-Flor, agraciadas pelo júri do Estandarte de Ouro com três prêmios cada – a agremiação do Borel levou em Escola, Enredo, e Intérprete (Wantuir) e a escola da baixada faturou em Mestre-Sala (Claudinho), Porta-Bandeira (Selminha Sorriso) e Samba-Enredo. A Imperatriz Leopoldinense corria por fora após sua ótima apresentação.

A apuração começou com liderança da Grande Rio nos dois primeiros quesitos (Harmonia e Bateria), com a Beija-Flor 0,1 atrás e Imperatriz e Tijuca empatadas a 0,4 da Tricolor. A Azul e Branco assumiu a liderança para não mais perder no terceiro quesito (Samba-Enredo), mas com a Tijuca sempre por perto.

Em Enredo e Evolução, ambas as agremiações perderam 0,1, o que manteve a vantagem nilopolitana em 0,3. A Beija-Flor perdeu mais 0,1 tanto em Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Conjunto, enquanto a Tijuca só teve notas dez, o que reduziu a diferença para apenas 0,1.

A expectativa para o último quesito (Fantasia) era enorme, pois a Tijuca seria campeã no desempate se somasse 0,1 a mais do que a Beija-Flor. Mas ambas as escolas receberam quatro notas dez, e a Deusa da Passarela conquistou o tricampeonato.

Ainda na Apoteose, os integrantes da Azul e Branco cantavam uma nova versão para o refrão principal do belo samba-enredo: “Em nome do pai, do filho, a Beija-Flor agora é tri”. Desta vez, apesar da grande apresentação da Tijuca, sem contestação.

Completaram as seis primeiras posições Acadêmicos do Grande Rio (uma surpresa), Imperatriz Leopoldinense, Acadêmicos do Salgueiro e Estação Primeira de Mangueira, que deixou a Porto da Pedra em sétimo depois desta levar um inconcebível 7,6 em Alegorias e Adereços. A Portela, apesar do desastre monumental que foi seu desfile, conseguiu escapar do descenso, na penúltima posição. A Tradição, depois de flertar com o rebaixamento por anos, finalmente acabou caindo.

RESULTADO FINAL

POS. ESCOLA PONTOS
Beija-Flor de Nilópolis 399,4
Unidos da Tijuca 399,3
Acadêmicos do Grande Rio 398,6
Imperatriz Leopoldinense 398,5
Acadêmicos do Salgueiro 397,9
Estação Primeira de Mangueira 393,8
Unidos do Porto da Pedra 393,5
Unidos do Viradouro 393,4
Mocidade Independente de Padre Miguel 388,7
10º Unidos de Vila Isabel 386,8
11º Caprichosos de Pilares 386,3
12º Império Serrano 384,3
13º Portela 383,9
14º Tradição 379,6 (rebaixada)

O Grupo de Acesso A teve a vitória da Acadêmicos da Rocinha, com o enredo “Um Mundo sem Fronteiras”, que deixava uma mensagem de esperança em meio à violência que existia na comunidade e apontava a tecnologia como possível solução para todos poderem evoluir – e um samba cujo refrão tinha melodia igual ao do samba do Salgueiro de 2001. A União da Ilha ficou com o vice-campeonato, 0,8 ponto atrás.

No Acesso B, o Estácio de Sá e Arranco do Engenho de Dentro se sagraram campeão e vice com reedições. No caso da primeira, com o enredo “Arte Negra na Legendária Bahia” – veja mais na seção Curiosidades, e a segunda, com “Quem vai Querer?” .

CURIOSIDADES

– O CD de sambas-enredo de 2005 teve uma novidade: cada faixa tinha uma apresentação feita pelo locutor oficial do sambódromo Demétrio Costa, com sons de fogos de artifício ao fundo. Por exemplo: “Em nome do pai, e do espírito guarani! Vem aí a bicampeã Beija-Flor de Nilópolis!”, ou “Com toda sua energia! Vem aí Estação Primeira de Mangueira!”, ou “A Vermelho e Branco é Fogo! Vem aí Acadêmicos do Salgueiro!”. Demétrio morreu em 2015, aos 70 anos.

– Foi o último desfile da Tradição no Grupo Especial até hoje. Foram 14 desfiles na elite e, em apenas três, a agremiação ficou acima da décima colocação: em 1988 e 2001, em oitavo lugar, e, em 1994, na sexta posição, sendo que só nos dois últimos anos citados ficou à frente da Portela na classificação.

– Foi a última vez em que Maria Helena e Chiquinho, mãe e filho, desfilaram como porta-bandeira e mestre-sala da Imperatriz Leopoldinense. Foram 23 carnavais da escola com a dupla e sete campeonatos conquistados, além de dois prêmios do Estandarte de Ouro para cada um. Maria Helena passou a desfilar como destaque da ala das baianas e em 2010 sofreu um infarto que não deixou consequências. Hoje, a ex-porta-bandeira tem 75 anos e Chiquinho, 56. Ambos têm trabalho social no Complexo do Alemão.

– O 13º lugar em 2005 marca a primeira e única vez na história dos desfiles em que a Portela ficou abaixo da décima colocação. Antes, a maior campeã do Carnaval havia tido o décimo lugar em 1990, 1993, 2000 e 2001 como piores resultados.

– Em crise profunda, o Estácio de Sá iniciou em 2005 uma trilogia de reedições de sambas-enredo históricos em sua trajetória. Naquele ano, a Vermelho e Branco foi campeã do Acesso B com “Arte Negra na Legendária Bahia”, enredo originalmente levado à avenida em 1976, quando a escola ainda se chamava Unidos de São Carlos. Em 2006, o enredo revisitado foi “Quem é você?”, com direito a participação de Paulo Barros na confecção do desfile, que acabou campeão do Acesso A. De volta ao Grupo Especial em 2007, o Estácio reeditou “O tititi do Sapoti”, mas caiu.

CANTINHO DO EDITOR – por Pedro Migão

Sobre o trágico desfile da Portela, o artigo que escrevi na série “Samba de Terça” – que inclusive foi utilizado como referência pelo também colunista Luiz Antonio Simas em seu livro sobre a Portela – resume o assunto. Apenas digo que minha fantasia era tão grande que as duas roupas que fui pegar – a minha e a do também integrante do PortelaWeb Geraldino Souza – não couberam em uma Fiorino…

O curioso é que só soube da confusão quando cheguei em casa de volta, pois estava na segunda ala. Entro na sala, olho a Imperatriz ainda na concentração, acho estranho, minha mulher já veio com uma cerveja aberta e dizendo: “senta aí que eu vou te contar o que aconteceu”. Pano fast…

Assisti na Sapucaí apenas aos grupos de Acesso – pela primeira vez o Grupo B – enquanto que no Especial estive no Sambódromo apenas para desfilar pela Portela. Também desfilei na União de Jacarepaguá, Acesso A.

Aliás, as fantasias da escola só chegaram para a gente já na concentração, e a única do grupo que estava completa era a minha. Na ala, o único que sabia o longo (48 versos) samba era eu. Obviamente, a escola foi rebaixada.

A Mangueira foi outra escola com uma disputa de samba muito complicada, com a favorita composição da parceria de Cadu derrotada de forma injusta. Muita gente diz que houve influência externa nesta disputa. Naquele ano se iniciaria um processo que traria muitos problemas à agremiação nos anos seguintes.

A Mangueira só retornou ao Desfile das Campeãs porque uma jurada de Alegorias deu 7,6 para a Porto da Pedra e assim inverteu as posições. A mesma jurada deu 10 para a Portela alegando que a águia sem asas “era um conceito”.

Uma curiosidade é que o mestre sala Chiquinho detesta samba e carnaval. Para ele sempre foi um trabalho, não um gosto, ser mestre-sala.

Este foi o último Carnaval preparado nos precários barracões da Zona Portuária. No ano seguinte, as escolas do Grupo Especial já estariam alojadas na novíssima Cidade do Samba.

No Acesso A, houve muita reclamação de algumas escolas quanto ao resultado. Pessoalmente não achei absurda a vitória da Rocinha, embora a melodia plagiada do refrão do samba não tenha sido punida pelos jurados. No Paraíso do Tuiuti, rebaixado, o homenageado Ricardo Cravo Albin passou levando choques o desfile inteiro devido à chuva.

O Acesso B marca aquele que a meu juízo é o último grande “sacode” da avenida: a apresentação da Unidos de Lucas encerrando os desfiles já ao final da madrugada da terça feira. O áudio ao vivo do samba – reedição de 1975 – pode ser ouvido acima. O desfile teve nível muito bom, com ótimos desfiles das campeãs, do Boi da Ilha do Governador e do Império da Tijuca.

O Boi da Ilha, aliás, foi outra escola que teve uma disputa de samba complicada – e a “cabeça” da composição vencedora é idêntica ao samba da Portela de 1994…

Após perder as eleições portelenses, Carlinhos Maracanã assumiu o comando da Estácio de Sá, levando a escola ao Grupo Especial em 2007.

A Petrobras sorteou à época 20 pares de fantasias para desfilar na Mangueira. Dos 20, 19 saíram para a área que organizou o sorteio – o que inclusive, desconfio, levou a empresa a mudar seus critérios de sorteios internos.

O samba da Beija-Flor é muito bom, mas é estranho cantar “Os jesuítas vieram de Além-mar/Com a força da fé catequizar… E civilizar” em ritmo de samba. Sabemos que houve um massacre, na realidade.

Links

O belo desfile que deu o tricampeonato à Beija-Flor

A grande exibição da Unidos da Tijuca

A agradável apresentação da Imperatriz Leopoldinense

O triste desfile da Portela em 2005

Fotos: Liesa, O Globo e O Dia

15 Replies to “2005: Em nome do pai, do filho, a Beija-Flor agora é tri, na fé e na dor”

  1. Fred, apenas uma correção: a chamada do Salgueiro no CD era: “A vermelho e Branco é fogo! E o Salgueiro chegou!”

    Aliás, carinhosamente apelido o CD de 2005 como o “disco do Ao Vivo fake”

    Sobre os desfiles: outra bela apresentação da Tijuca, mas a Beija também fez um ótimo desfile. Aliás, foi o último desfile campeão sob a luz do dia

    Falando na Beija, a sequência “Os jesuítas vieram de além mar/Com a força da fé catequizar e civilizar” pra mim é sensacional

    A Tradição conseguiu a façanha de chegar a Intendente em 10 anos…

    O desfile da Portela foi uma tragédia sem fim, é o máximo que pode-se dizer. Nilo Figueiredo é um nome que os portelenses preferem esquecer

    2005 marca a primeira vez que fui a Sapucaí, no desfile das campeãs. Fiquei nas arquibancadas da Presidente Vargas, assisti a parte final do desfile da Mangueira (inclusive com falha de som) e os primeiros 30 minutos do Salgueiro. Só voltaria ao Sambódromo 8 anos depois

    A Caprichosos sofreu sua segunda perda seguida, depois do Jackson, foi o Carlinhos de Pilares

    Por fim, como não esquecer de Wander Pires, em pleno Sem Censura da Leda Nagle, após cantar o samba do Leite Moça e do Ninho, emendar um: “Espera! Deixa eu falar o patrocinador! ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ DA NESTLÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ” com todas as reverberações possíveis, impossíveis e inimagináveis

    Que venha 2006, o ano em que a Grande Rio foi campeã… por 30 segundos!

  2. Lindo desfile da Unidos da Tijuca, para mim a campeã! Considero esse o segundo melhor trabalho do Paulo Barros, atrás apenas de “É Segredo”. Claro que dessa vez não dá pra chamar o título da Beija-Flor de injusto, foi sem dúvida seu melhor desfile no tricampeonato, mas achei a Tijuca superior.

    Engraçado foi a claríssima irritação de Laíla no Sem censura após o Carnaval com todo o holofote dado ao Paulo Barros, e pelo segundo ano seguido! A vice-campeã foi muito mais celebrada do que a tricampeã! Inclusive, no pré-carnaval de 2006, a Tijuca seria muito mais acompanhada pela imprensa do que a própria Beija-Flor.

    Na Mangueira, apesar de ter sido o desfile mais caro de sua história (divulgados 7 milhões), as coisas não deram muito certo. A divisão das alas em duas proposta pelo Max Lopes até tinha um conceito interessante, porém foi muito mal realizada, diminuindo ainda mais o espaço dos componentes sem aliviar o volume das fantasias. Mas a comissão de frente, apesar da certeza que seria canetada quando vi, me emocionou.

    Grande Rio não foi mal, mas colocaria Imperatriz e Salgueiro a frente, com larga vantagem.

    Uma grande covardia a feita com a Porto da Pedra.

    Em relação ao rebaixamento, é uma situação complicada. Por mais que a Portela tenha ido mal, não acho que ela foi inferior a Tradição, com águia sem asas e tudo. O que tem que ser visto é se havia algo no regulamento que poderia ser utilizado para tirar pontos da Portela pelo enorme atraso que ela causou no desfile. Aí sim seria justo rebaixá-la. Caso contrário, acho injusto. Como disse em outro comentário, 2005 marca o momento mais triste da Portela, não permitir a entrada da velha guarda, mas no desfile como um todo, para mim 2011 foi o pior momento da Majestade do Samba.

    O enredo da Tradição era tão ruim que o carnavalesco Mário Borrielo “apelou” no setor da China antiga, fazendo ele durar quase que metade da escola, e era sim muito bonito. Porém, o restante era muito ruim, com setores bastante pequenos, e alegorias uma pior que a outra passando quase coladas.

    Achei o resultado no acesso bem justo, acho que foi a primeira vez que vi a Rocinha desfilar com os componentes realmente participativos e empolgados, pena para a União da Ilha que fez um belo desfile, talvez fosse campeão em outros anos…

    A São Clemente fez esse ano o desfile mais hilário que já vi, dei várias gargalhadas assistindo, o melhor foi um jovem dançarino erguendo a parceira idosa quase que de ponta cabeça, com a senhorinha balançando as perninhas no ar, sensacional!

  3. ta certo que a tradição taca fazendo força pra cair mas o desfile da portela foi tão desastroso, que merceia o rebaixamento, se fosse uma são clemente da vida com os mesmos problemas teria caído sem dó

  4. Um amigo meu, portelense doente, chorava de soluçar quando, em determinado momento da apuração, a Portela apareceu em último. Quase como eu fiquei em 2009!

    Não lembro quem postou que o carnavalesco seria o Milton Cunha. No mínimo, ele impediria que a águia adentrasse a avenida sem as asas.

    No mais, desfiles históricos de Beija-Flor, Unidos da Tijuca e Imperatriz. E, na minha opinião, se a Mocidade não fosse a primeira a desfilar, voltaria nas campeãs. Mas a Imperatriz merecia o pódio. Não acho o título da Beija-Flor injusto; pelo contrário, o Will FS escreveu no TA que foi o desfile mais impecável que ele viu até hoje. Discordo porque, neste século, nada apaga a “varrida” que a Vila Isabel deu em 2013!!

    E o Migão esqueceu de novo de mencionar no Cantinho que a Cubango se estrepou na avenida porque não pediu licença aos orixás pra falar deles no desfile… Hehehehehehe…

    Pra encerrar, não tem como não lamentar que foi o último Carnaval do Carlinhos de Pilares. Ele era simpatia pura com os fãs.

    Na primeira volta dos Desfiles em Santos, em 2000 (tinha parado em 1998 e depois só voltaria em 2006), ele esteve no carro de som da União Imperial, junto com o Zinho, do Grupo Tempero (o intérprete oficial da escola).

    Ele atendeu a todos e foi uma diversão só, com seus casos e sua inconfundível risada.

  5. Na época eu estava na praia, alheio do mundo, então é um ano do qual não posso falar. Depois tive a oportunidade de assistir aos desfiles e preferi não assistir. A foto da Águia já me deu agonia na época e pensei que não seria agradável ver o desastre por inteiro.

    Portela passou por tantos constrangimentos e foi duramente criticada na época. Estava humilhada e desacreditada. Mas é como dizem: o que não mata, fortalece. E a comunidade se fortaleceu e mostrou sua garra e seu amor pela Águia nos anos seguintes.

    Só a comunidade, da diretoria não se pode dizer o mesmo.

  6. Nenhuma palavra sobre a comissão de frente de homens como porta-bandeiras, da Caprichosos? Tu não gosta mesmo da escola…rsrs…aliás, tirando eu e mais uns poucos, parece que ninguém gosta.

      1. Oi, Marcos, tudo bem? De forma alguma tenho algo contra a Caprichosos, ao contrário. Tem serviços maravilhosos prestados ao nosso Carnaval! Quanto à comissão de frente, uma boa lembrança tua, valia mesmo ter citado! Quanto à alegoria, a ideia foi legal, mas não curti a execução, bem como o do restante do conjunto alegórico da escola. E fico na torcida pra Caprichosos ressurgir depois de apanhar tanto nos últimos anos. Um abraço!

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