Para começar minha coluna aqui no Ouro de Tolo, falarei um pouco do draft da NBA e sobre o que as grandes forças podem fazer para se recuperar das recentes temporadas de insucesso.

Primeiramente: de onde saíram os jogadores escolhidos?

Bem, estes jogadores podem ter vindo do High School, College ou de alguma liga de basquete mundial. São elegíveis para o draft jogadores que terminaram o nível High School – nosso Ensino Médio – há pelo menos um ano e estes têm que se declarar elegíveis.

Jogadores que terminaram os quatro anos de faculdade estão automaticamente elegíveis, enquanto que aqueles que não terminaram ainda podem ser escolhidos caso se declarem elegíveis, mas terão de abrir mão dos anos restantes em sua bolsa de estudante-atleta. Jogadores internacionais também podem se declarar elegíveis. Destes, os maiores de 23 anos estão automaticamente elegíveis, mas os menores de 23 anos têm que se autodeclararem elegíveis.

625x527 (3)A ordem do draft da NBA (e NHL, vocês verão logo depois) é definida por um sorteio e é composto de duas rodadas com cada franquia tendo direito a duas escolhas – sendo uma em cada rodada. O sorteio leva o recorde – vitórias e derrotas – da temporada em consideração, ou seja, quanto pior for o recorde, melhores serão as chances de uma escolha mais alta, mas não há nada garantido.

Só participam do sorteio os quatorze times que não se classificaram aos playoffs de suas respectivas conferências e as outras dezesseis posições são definidas pelo recorde na temporada – com o time de melhor recorde escolhendo por último. Neste ano, o Minnesota Timberwolves teve o pior recorde da liga e consequentemente tinha a melhor chance de obter a primeira escolha geral. A seguir listarei as principais necessidades dos times que não se classificaram aos playoffs e cenários possíveis por ordem em que escolherão no draft, então vamos lá.

1a escolha: Minnesota Timberwolves

O time de Minny já possui uma estrela em potencial em mãos, Andrew Wiggins, e certamente irá atrás de outra aqui. A escolha mais provável é o grande pivô de Kentucky: Karl-Anthony Towns.

625x527 (6)Towns tem ótimas mãos. Seu técnico em Kentucky, John Calapari, rasgou-lhe elogios e de fato ele parece ter se consolidado como o melhor jogador deste draft. Defende bem, é um cara que vai pro toco e tem uma bola de três forte e será usado bastante no Wolves que foi o pior time defensivamente no garrafão da liga na temporada que há pouco acabou.

Recentemente surgiram boatos de que o Gerente Geral e técnico, Flip Saunders, estava apaixonado pelo pivô de Duke, Jallil Okafor – mais sobre ele a seguir, mas acho que deverão escolher o de Kentucky.

2a escolha: Los Angeles Lakers

Embora o Lakers não tenha tido o segundo pior recorde, eles acabaram dando sorte e saindo do sorteio com a segunda escolha geral. Seu Gerente Geral indicou em entrevista que escolheria um pivô dos dois com mais potencial (Towns e Jallil Okafor). Eles veem que não têm um pivô do futuro e têm a chance de escolher um neste draft.

Opinião particular: Okafor foi criticado abertamente pelo seu técnico em Duke, o lendário Mike Krzyzewski, e isso não me passa nenhuma segurança quanto ao futuro dele na liga. Há um potencial enorme, isso é inegável, mas eu não o escolheria pelos pontos que seu técnico criticou: falta de ética de trabalho, paixão pelo jogo e fraco chute de longe distância.

625x527 (8)O jogo de armadores no Oeste é fortíssimo. Há, facilmente, dez potenciais All-Stars e acho que o Lakers, com a iminente aposentadoria de Kobe Bryant, estaria mais bem servido com D’Angelo Russell. O armador de Ohio State é considerado o melhor da posição nesse draft e seria uma estrela em Los Angeles, o destino preferido de agentes livres.

Com o salário de Kobe saindo da conta no ano que vem e o aumento do teto salarial aumentando consideravelmente devido ao novo contrato de tv, certamente ajudará a rodear de talento qualquer que seja a escolha dos Lakers aqui e os vejo sendo relevantes no competitivo Oeste em dois ou três anos.

3a escolha: Philadelphia 76ers

O Sixers parece estar num processo eterno de reconstrução. Entra ano, sai ano e eles estão entre os cinco piores times da liga visando uma escolha de draft alta e uma estrela, mas percebo que os tempos de escuridão na Filadélfia ainda estão longes de acabar.

Aqui eles podem escolher qualquer um dos quatro melhores que não poderiam errar. Entre Okafor, Towns, Russell ou o armador Emmanuel Mudiay, o que sobrar fará um impacto maior do que os jogadores que estão em Philly neste momento. Entretanto ainda estão longe de ser competitivos. Até Willie Cauley-Stein é um cenário, qualquer talento por lá será bem vindo.

4a escolha: New York Knicks

Aqui, outra má notícia, para desespero do editor chefe: os bons tempos em NY também estão longe de retornar. NY vem espantando grandes estrelas por tempos por causa de sua mídia e torcedores exigentes demais. Hoje um agente livre pode ganhar seu dinheiro em qualquer lugar que ele for e ele escolherá o lugar mais agradável para jogar, com os menores impostos, melhor clima, onde ele vai ser grande e NY perdeu seu glamour esportivo há alguns anos já.

625x527 (2)Os Knicks precisam de todo e qualquer talento que eles puderem obter. Um dos quatro grandes nomes sobrará aqui, é matemática simples. Entretanto é aqui onde qualquer um dos quatro tem a maior chance de se tornar um bust (não dar certo na liga e atrasar o desenvolvimento da franquia).

Towns não estará disponível, é fato, e Okafor precisa trabalhar seu chute, fazendo com que Carmelo Anthony – que joga com a bola nas mãos e não gosta de distribuir o jogo ou deixar que alguém chute – hesite em lhe passar a bola. Um dos dois armadores tem que jogar com a bola nas mãos pra armar uma jogada e só há uma bola em quadra, acho que eu não preciso ser mais claro que isso.

Willie Cauley-Stein pode ser outra possibilidade aqui. Apesar de ser um ótimo defensor e reboteiro, ele tem os mesmo problemas de Okafor e não tem os atributos que este já tem – pés, quadril e mãos naturalmente desenvolvidos para o basquete .

Pode-se argumentar que o currículo do atual gerente geral da franquia ajudará a atrair agentes livres, entretanto eu discordo. Phil Jackson certamente não é um técnico mediocre que ganhou às custas de suas estrelas, mas ele ganhou também por isso. Ele foi o técnico nos grandes anos do Chicago Bulls que tinha Michael Jordan e da última boa sequência do Lakers com Kobe Bryant e Shaquille O’Neil.

As dúvidas são sobre como Phil lida com seu pessoal – com as táticas ele “vai bem, obrigado” – que é o trabalho do general manager de fato. O sistema ofensivo que ele impôs no Knicks, o famoso “triângulo” é baseado em ter grandes – de tamanho – jogadores que defendam razoavelmente bem e saibam passar a bola com eficiência. Entretanto, a primeira coisa que Phil fez quando chegou à NY foi mandar embora Tyson Chandler, um jogador que se encaixaria em seu sistema muito bem, e não conseguiu basicamente nada por ele.

Enquanto Carmelo não evoluir e deixar de ser um cara que se importa mais com os seus pontos do que com o sucesso da equipe, sinto muito, torcedores do Knicks, vocês estarão no buraco por muito tempo.

5a escolha: Orlando Magic

O Magic necessita de mais gente que arremesse a bola. Eles estão bem de armadores e a Flórida atrai agentes livres, eles podem achar um pivô suficiente bom no mercado para ocupar o garrafão e marcar seus pontos. Escolher Cauley-Stein seria mais um que não arremessa bem na equipe.

É inegável que a liga está se tornando uma especialista em chutes de três pontos. Os quatro melhores times na última temporada – Houston, Golden State, Cleveland e Atlanta – estiveram entre os melhores em aproveitamento e número de chutes de três de toda a NBA.

625x527 (4)Escolher alguém que chute de três aqui para Orlando seria interessante. Dentre as possibilidades estão: Kristaps Porzingis. Caso queriam arriscar, Frank Kaminsky, de Wisconsin, pode ser uma idéia, porém ele não tem tanto talento e seria muito alto escolhê-lo aqui. Justise Winslow, de Duke, pode ser uma possibilidade também, mas este não tem uma bola de três tão forte quanto os outros dois.

6a escolha: Sacramento Kings

Alas estão escassos em Sacramento e eles precisam de alguém. Investir em Kaminsky ou Porzingis devem ser reais possibilidades aqui. A defesa deles e o chute de longe seriam muito bem vindos numa extremamente competitiva Conferência Oeste.

Emmanuel Mudiay também pode ser um cenário e ele certamente estará disponível. Mas falhar em cobrir uma necessidade seria um erro para os Kings.

7a escolha: Denver Nuggets

Assumindo que eles não tenham em mente mudar o núcleo do time em busca de mais escolhas ou jogadores já estabelecidos, o Nuggets precisa de armadores. Winslow e Mario Hezonja são opções.

Boatos dizem que ambos os principais alas em Denver não estão felizes com o rumo que a equipe está tomando e movê-los em troca de picks seria útil. Caso os executivos da equipe consigam mover pelo menos um dos dois, abre a necessidade de preencher uma vaga de ala e Kamisky, Porzingis e Myles Turner são possíveis nomes.

8a escolha: Detroit Pistons

Os Pistons provavelmente terão de confiar no mercado para achar o seu armador, pois dificilmente haverá uma boa opção disponível a este ponto. Ala deve ser a posição adereçada aqui. Kaminsky pode ser a opção, caso disponível. Cameron Payne ou Mario Hezonja é a escolha mais ideal.

625x527 (7)9a escolha: New Orleans Pelicans

Os Hornets têm uma estrela em Anthony Davis que ocupa o garrafão, passa bem a bola, pega rebates, marca pontos. Ele basicamente faz tudo o que for preciso para vencer e eles estão no caminho certo. É com jogadores assim que se constroem dinastias.

Eles têm que procurar talento para ajudar Davis e talento já começa a ficar mais escasso. Alguém que possa espaçar a quadra e chutar bem de três seria o cenário ideal para New Orleans. Jerian Grant, de Notre Dame,  é uma opção, mas talvez seja cedo demais para escolhê-lo. Não há como errar escolhendo Hezonja ou Payne. Os alas de Wisconsin, Sam Dekker e Kaminsky – sim, eu percebi sim que venho falando dele há bastante tempo, mas ele realmente pode ser escolhido em qualquer lugar entre a sexta e décima quarta escolha -, podem ser opções.

10a escolha: Miami Heat

Wade não se aposentará em nenhum momento próximo, exceto por lesão, e ele ainda é uma estrela e ao lado de Chris Bosh forma uma boa dupla – embora ele não seja mais o mesmo jogador de alguns anos atrás. Miami tem que rodeá-los de talento e Pat Riley, gerente geral, sabe muito bem mover os pauzinhos a seu favor.

Mesmo se Luol Deng ficar no time, eles ainda precisam rejuvenescer caso queiram ser relevantes no Leste. Escolher o ala de Arizona, Stanley Johnson, não seria errado ou até mesmo o jogador de Kansas, Kelly Oubre Jr. Dekker ou Kaminsky também são opções, caso disponíveis. Não vejo Bobby Portis de Arkansas aqui, mas Pat Riley certamente tem cacife pra bancar uma aposta. Armadores para entrar na rotação podem estar no radar de Riley e Devin Booker e Cameron Payne devem ser opções.

625x527 (1)11a escolha: Indiana Pacers

Os Pacers tem um bom time e só ficaram de fora dos playoffs por ter perdido sua maior estrela por contusão: o ala Paul George. Estão bem servidos de pivô em Roy Hilbert e na outra ala David West dá conta do trabalho.

Escolher um armador aqui não machucaria ninguém e, quem sabe, pode fazer com que eles possam bater de frente com o Cavaliers de James no Leste. Certamente é área em que Indiana é mais deficiente e justamente onde o resto da liga baseia sua força. Penso que qualquer armador já mencionado anteriormente que sobrar do top 10 fará a alegria de Larry Bird, o gerente geral.

12a escolha: Utah Jazz

A partir do top 10 é difícil achar bons titulares, jogadores que possam causar impacto já no primeiro jogo e contribuir. Ala e armador são as posições a serem adereçadas aqui. Portis ou Turner podem ajudar ou Oubre pode dar profundidade a equipe. Um pivô em Myles Turner, de Texas, não pode estar fora de questão. Uma potencial superestrela está fora de alcance e qualquer ajuda que conseguirem obter será bem vinda.

13a escolha: Phoenix Suns

O time do Arizona necessita de alas com a iminente saída de P.J. Tucker. Trey Lyles ou Oubre são possíveis cenários. Eles também podem usar uma profundidade a mais que seus oponentes no Oeste em armadores e Payne ou Booker são possibilidades.

625x527 (5)14a escolha: Oklahoma City Thunder

Outro que ficou de fora dos playoffs por causa de contusões. Neste caso, suas duas maiores estrelas sofreram a temporada toda machucados. Com Kevin Durant e Russell Westbrook de volta e saudáveis, o Thunder já é candidato ao título do Oeste e é a maior melhora que o time pode conseguir.

Porém, seria bom adquirir profundidade pra fazer uma boa rotação durante a temporada. Um ala para ser reserva de Durant está em questão, mas acho que um armador reserva para entrar no lugar de Westbrook seria mais vantajoso para o time de Oklahoma. Os armadores Payne, Booker e Tyus Jones devem estar no radar assim como os alas Dekker, Oubre ou Kaminsky.

Por mais que eu gostaria de projetar o cenário para cada time ao longo do draft, as escolhas a partir daqui são difíceis demais de se prever. Primeiro porque os times aqui não são tão deficientes quanto os que já falei, já que foram aos playoffs. Muitas das escolhas a seguir são baseadas em caso um agente livre assine ou não, possíveis contusões, há muitas variáveis que torna qualquer um incapaz de projetar um Draft em sua extensão. Além de que os jogadores aqui são mais apostas do que titulares, uma alta porcentagem sequer estará no grupo de jogadores que começará a temporada.

Até a próxima, leitores.

[N.do.E.: Glaydson Prado assina uma coluna sobre esportes americanos a partir de hoje. PM]

6 Replies to “Perspectivas para o draft da NBA”

  1. Excelente Post! Obrigado pelas atualizações e considerações.

    Estava sentindo e continuo sentindo falta de textos sobre a NBA 2014-2015, uma Vitoria brilhante do Golden State Warriors, após uma campanha tão histórica de um conjunto sem grandes estrelas, uma das notáveis na estrada da NBA, não poderia ter ficado de fora de umas boas análises de vcs. Procurei nos links mas não achei nada ainda. Alguma referência?

    Só vi nosso fracassado futebol e NFL sendo comentados.

    Abcs meu caro

    1. Na verdade, o resumo da final da NBA deveria ter sido o assunto da minha estréia no blog,. Porém, faria mais sentido escrever sobre o draft, explicar o processo e uma sugestão de como as equipes poderiam pensar.

      Agradeço o elogio. Pretendo escrever sobre as quatro grandes ligas americanas e não faltará assunto, eu lhe garanto! Agradeço o elogio.

      Abraço.

  2. Excelente Post! Obrigado pelas atualizações e considerações.

    Estava sentindo e continuo sentindo falta de textos sobre a NBA 2014-2015, uma Vitoria brilhante do Golden State Warriors, após uma campanha tão histórica de um conjunto sem grandes estrelas, uma das notáveis na estrada da NBA, não poderia ter ficado de fora de umas boas análises de vcs. Procurei nos links mas não achei nada ainda. Alguma referência?

    Só vi nosso fracassado futebol e NFL sendo comentados.

    Abcs meu caro

Comments are closed.