Esse mundo que vivemos, esse mundo que construímos tijolo a tijolo de uma forma meio estranha ultimamente está indo sem freio para uma radicalização impensada há alguns anos. E, pior: estamos afunilando ideias e convergindo para um cenário perigoso.

Seja lá qual assunto você escolher. Você tem um lado, te rotulam e analisam bravamente suas posições mais criticas. Mais: sua vida é dissecada como se houvesse nessa maluca rede que frequentamos verdadeiros legistas psiquiátricos analistas. É um ambiente extremamente hostil que, penso, deveria ter sua atividade suavizada.

Vou me ater a alguns assuntos recentes para que o cenário possa ser desnudado e o papo com o visitante desse espaço seja mais bem aproveitado.

kissing_hebdoPrimeiramente o ataque à revista Charlie Hebdo em Paris no início do ano. Morreram pessoas, um país se uniu em torno de paz, compreensão, proteção à vida e etc…

A liberdade de expressão foi evocada e o que vemos? Radicalização do discurso, pois a revista tem feito provocações inadequadas. Sem nenhuma análise de conteúdo, afinal só peguei uma vez ela na mão. O humor tem limite? Se sim, qual? Aquele que não serve, apenas isso. Não gostou? Transforma sua revista em forro de gaiola. Mas a patrulha religiosa e o estilo talibã de analisa da vida alheia entram em cena e todos devem se submeter ao rótulo e à tendência da maioria.

Quando o assunto é politica partidária então a coisa beira o ridículo. Escolha um lado. Pois assim você, rótulo à testa, estará servindo os propósitos de sua opção na urna. Criticas ao seu lado serão recebidas como traição. Ao outro lado com emoção. Você achar que a crise hídrica de São Paulo é obra do governo lá instalado há décadas o desabilita a fazer o mesmo no escândalo da Petrobrás. Seu voto na atual esquerda (piada) o deixa nu, se criticar as recentes medidas econômicas do governo.

Ou seja, tens um lado, aplauda, fica quieto. Se for vociferar contra algo, empunhe armas, nem que seja as que temos hoje em dia nos teclados. Faça o estilo limonada, sem humor, assim você ganha seguidores. E siga a trilha de quem quer resolver tudo na bala e na faca. Hoje temos a mídia que passa o dia analisando os atos da imprensa. Até repórter na praia é fotografada e tem suas curvas analisadas por especialistas.

Ou ainda àqueles que vivem de falar que a Rede Globo ou outra emissora tem que acabar por suas posições politicas. E para isso se junta tudo na mesma panela e vamos ver o que esse caldo dá…

portuguesacomemora640x480fotoarenaO futebol é outro assunto fascinante nessa minha pensata de hoje. Começo de temporada, após um retumbante fiasco na Copa do Mundo o que vemos? O delírio coletivo quando seu time dá um “chapéu” no adversário. Ou ainda o valor da renda na Arena nova. Quando um novo modo de gestão pede cautela e cumprimento à risca de orçamentos, continuamos aplaudindo “craques” que nunca desabrocham contratados a peso de ouro com números inacreditáveis.

O recente caso do traficante fuzilado na Indonésia é outro desses casos que o pugilato acontece desde as rodas de cerveja até os fóruns de discussão. Cada qual com sua opinião do assunto (sou contra por princípios à pena de morte), o problema foi a manifestação do governo brasileiro a respeito do assunto.

Caro, naquele momento não falava o ocupante do cargo, mas sim o cargo que por acaso é ocupado por Dilma, que saiba você, dia 1 de janeiro jurou defender a constituição perante o parlamento. E nesse famoso conjunto de regras diz que o Brasil não tem pena de morte e deve lutar pela vida. Simples e Fácil.

Mas não. Devemos radicalizar matar a todos, distribuir armas, empunha-las talvez, para que a paz seja alcançada. Virou Império Romano… Virou guerra, contra a guerra. E o surfista que morreu com três balas no peito por reclamar de um policial que usava drogas em frente a sua casa. Quem é o culpado. E o médico, que jura pela vida, que escreveu ao presidente da Indonésia parabenizando pela morte? Onde estamos?

12014-749545544-dm4_2973.jpg_20140907Nesse período Pré Carnavalesco nós aqui do Blog fazemos nossas apostas, uma brincadeira legal. Mas já começam a falar sobre tudo e todos. É estria de rainha da bateria, protetor auricular da Claudia Leite, informações dando conta de milhões, outras de pedidos de ajuda, escolas prontas e etc.. Basta uma escola fazer o ensaio, pintou a campeã, a perfeita, a maravilhosa… E isso num cenário muito propício a curtir o momento e desfrutar o bom ano que o carnaval do Rio sugere.

A origem de todo esse ódio é intrigante. Parece que quanto mais sabemos, mais caminhamos rumo a esse fanatismo desenfreado, de forma cega e radical. Num mundo onde se clama pela morte do traficante (sem nenhuma defesa a ele, deixo claro) não se diminui uma grama o consumo de drogas, armas, contrabando e etc.. Num mundo onde não se vê que o politico é o exato espelho da sociedade, praticamos todos os pequenos crimes que servem de alicerce para os grandes eventos da corrupção.

Gostar de algo é muito legal. Discutir politica, torcer pelo seu time, viver um carnaval na avenida… Isso é vida! Pra que perder isso em nome de pilares que não se sustentam. A terra tem que continuar virando.

Faça amor, não faça guerra!

Imagem: Extra (Cláudia Leitte)

2 Replies to “O Fanatismo que Cega”

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