Tenho observado uma crescente campanha, claramente patrocinada por políticos de oposição e setores da imprensa idem, no sentido de demonizar a Copa do Mundo a ser realizada proximamente no Brasil. Vale lembrar aos leitores que o momento correto para isso seria em 2007, quando o país foi referendado como sede após ser candidato único.

Tumultos que impeçam a realização dos jogos só irão causar prejuízos ainda maiores e abalar a imagem do país junto ao cenário internacional. São esperados cerca de 1,9 milhão de turistas, entre brasileiros e estrangeiros, apenas para acompanhar os jogos.

IMG-20111002-00065A venda de ingressos pode ser considerada um sucesso absoluto: no momento em que escrevo apenas seis partidas tem ingressos disponíveis ao grande público no site da Fifa: Costa do Marfim x Japão (Recife), Uruguai x Costa Rica (Fortaleza), Bélgica x Argélia (Belo Horizonte) e Rússia x Coreia do Sul (Cuiabá), Japão x Grécia (Natal) e Grécia x Costa do Marfim (Fortaleza). Ainda assim, somente três destes jogos ainda tem “disponibilidade alta” de ingressos, como classifica o site da entidade.

É uma situação bem diferente da ocorrida na Copa da África do Sul, onde poucas partidas tiveram demanda maior que a oferta. Alguns jogos tiveram estudantes ocupando os lugares e outras, imensos espaços vazios mesmo. Isso não deve ocorrer por aqui.

Contudo, o foco deste artigo não é esse. É mostrar que as críticas à Copa, pelo menos as mais recorrentes, estão partindo de premissas incorretas ou incompletas. Listo abaixo 11 itens que podem ajudar o eleitor a entender a questão sem contaminações de ordem político-partidária:

1 – Os gastos com a competição aumentaram o orçamento de saúde e educação. Como os valores destinados às duas rubricas são uma porcentagem do orçamento total, os gastos destinados à infraestrutura local e à construção de estádios aumentaram o orçamento total – e, consequentemente, os recursos destas duas franquias. Aqui temos um artigo mais completo sobre a questão.

20130620_1450122 – Ainda sobre educação e saúde, a recente Lei de Royalties aprovada irá elevar exponencialmente os recursos destinados ao setor. Pode-se questionar a eficiência dos gastos, em sua esmagadora maioria sob responsabilidade de estados e municípios, mas não o total – até porque ao final do exercício fiscal muitos valores são devolvidos ao Governo Central por falta de utilização.

3 – Pode-se discutir o tamanho do legado, mas está longe da verdade dizer que não haverá nenhum. Segundo dados da Firjan, o Rio de Janeiro recebeu R$ 18 bilhões somente em investimentos para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, e se está investindo R$ 8 bilhões em mobilidade urbana. O Rio concentra hoje a maior quantidade de investimento por quilômetro quadrado do mundo, com mais de R$4 milhões por km². Mais dados e informações neste artigo.

Outrossim, os estádios brasileiros precisavam de modernização.

20131110_1608094 – Os estádios foram construídos com dinheiro público. Talvez o leitor mais novo não saiba, mas todos os estádios recentemente construídos nos Estados Unidos tiveram dinheiro público (direto ou sob a forma de incentivos fiscais) envolvido parcial ou totalmente em suas construções. A exceção é o MetLife Stadium, em New Jersey, mas mesmo este tinha garantias de financiamento do município caso não alcançasse formas de o fazer via recursos privados. Inclusive há fortes suspeitas que o estádio de baseball de Miami foi aprovado à base de propinas para os políticos da região. Mais informações neste artigo.

5 – A Copa do Mundo vai aumentar impostos. Não houve nenhum aumento de impostos sob pretexto de financiar despesas com estádios na Copa. Comparando, nas recentes construções de estádios americanos o Condado de Arlington (perto de Dallas) a fim de financiar sua parte na construção do estádio (fatia esta de US$ 350 milhões em um total de US$ 1,15 bilhão, correspondentes a dois Maracanãs) para o Dallas Cowboys da NFL aprovou aumento de impostos de 0,5% no imposto de vendas, de 2% no de ocupação de hotéis/motéis e de 5% no de aluguéis de carros.

No caso do Lucas Oil, casa do Indianapolis Colts na mesma NFL, o colunista Rafael Rafic explica no segundo artigo da série sobre dinheiro público em estádios americanos: “o condado de Marion, no qual fica a cidade de Indianápolis, assim como Arlington aumentou seus impostos. Assim, foram elevados os impostos sobre aluguel de carros, hospedagens, ingressos esportivos e culturais em geral e, pasmem, comidas e bebidas. Imaginem se o Sérgio Cabral anuncia um aumento do ICMS sobre comida para financiar o Maracanã? Seria forçado a renunciar em menos de 24 horas.”

6 – Grande parte dos recursos investidos na construção de estádios, na verdade, foram financiamentos concedidos pelo BNDES. Dos R$ 8 bilhões investidos na construção cerca de R$ 4 bi foram emprestados pelo banco de fomento, sendo a diferença recursos privados e locais. Ou seja, são valores que serão devolvidos ao banco público.

Faço a ressalva que parte deste valor emprestado foi aos estados, ou seja, indiretamente é dinheiro público. De dinheiro público estadual foram aproximadamente R$ 2,6 bilhões e o restante se dividiu entre investimento privado e parcerias público-privadas.

20130622_1533047 – Grande parte da demora nas obras – tanto de estádios, como de aeroportos e infra estrutura – deve-se à Lei 8.666 (que rege as licitações) e à exigências do Tribunal de Contas da União (TCU) e de órgãos ambientais.

Já escrevi anteriormente aqui que a Lei 8.666 é extremamente burocratizada e precisa ser simplificada – há um projeto de lei tramitando no Congresso sobre o assunto – além de ser uma fonte latente de corrupção. Isto torna o processo extremamente lento, o que leva a atrasos.

TCU e órgãos ambientais muitas vezes embargaram as obras sob aspectos até discutíveis, questões políticas ou filigranas jurídicas. Um bom exemplo é o Arco Rodoviário do Rio de janeiro, que passou mais de um ano embargado porque um ninho de pererecas seria afetado pelas obras.

Especialmente as obras em aeroportos foram muito prejudicadas por estes aspectos.

8 – O retorno em divisas e impostos supera amplamente os investimentos. Somente em alimentação estima-se que os turistas irão gastar R$ 1 bilhão durante o período da Copa do Mundo, segundo dados da Ernst & Young. Em Hotelaria, mais R$ 2 bilhões. Os cerca de 300 mil turistas estrangeiros esperados deverão gastar uma média de R$ 5,5 mil durante suas estadas no país, descontados os valores com passagens aéreas.

De acordo com dados do Ministério do Turismo, 70% dos turistas que visitaram o país para a Copa das Confederações pretendem voltar para a Copa do Mundo.

Além disso, este fluxo de turistas e locais que irão assistir aos jogos exerce um efeito multiplicador sobre a economia, tanto direta como indiretamente. Também aumenta a receita de impostos.

Mais informações aqui.

9 – Os estádios ficaram caros demais. Este é um ponto que se pode discutir. Se formos comparar com as recentes arenas construídas nos Estados Unidos, a resposta, em média, seria não, mas é forçoso reconhecer que os estádios lá estão em outro patamar de qualidade, facilidades e conforto.

Percebo dois pontos fora da curva: Brasília – cujo estádio já apresenta problemas – e a arena do Corinthians, que, sendo bem sucinto, não precisava ter sido construída. Em minha avaliação estes dois estádios saíram caros demais, mesmo sabendo-se das dificuldades trazidas por todo o processo de licitação.

Gramado_Porto Alegre 01_2012 47610 – 12 cidades sedes foi o ideal? Este é outro ponto que se pode debater. A alegação do Comitê Organizador é de que se procurou aliar centros de futebol fortes com locais turísticos importantes (como Amazônia, Pantanal e mesmo Natal, que é um destino europeu significativo).

Pessoalmente, eu faria em oito sedes, com 10 estádios – Rio e São Paulo com dois estádios cada um. Não faria a Copa em Cuiabá, Natal, Fortaleza e talvez Curitiba; substituiria Manaus por Belém. Brasília, embora tenha tudo para se tornar um “elefante branco”, é a capital do país.

Ficaria bem mais racional em termos de custos, logística para o evento e tempo necessário à preparação. Além de tornar mais adequada a utilização subsequente.

11 – Morreram muitos operários nas obras de estádios. As obras para a Copa registraram nove mortes até agora, em quatro arenas: Manaus, Brasília, São Paulo e Cuiabá, sendo que uma destas consideradas foi por infarto e não acidente de trabalho.

O índice brasileiro de mortes na construção civil brasileira, considerado altíssimo, é de 23 mortes por 100 mil empregados. Não consegui encontrar o total de empregados utilizados nas 12 arenas, mas pelos dados parciais que encontrei calcularia algo em torno de 50 mil empregados no total.

Lógico que cada perda de vida é imensurável e não pode ser considerada como uma estatística, mas o número pode ser considerado aceitável, ainda mais se levando em conta os prazos exíguos de entrega de algumas das arenas.

Acrescento também, com a experiência de quem já trabalhou com segurança do trabalho, que é extremamente difícil conscientizar os operários, mesmo com todo um trabalho de conscientização e oferta de equipamentos de segurança. Pelo menos duas das mortes no Itaquerão podem ser creditadas à inobservância de conceitos básicos de segurança – o empregado que morreu dormindo dentro da empilhadeira e outro que caiu de um andaime.

100_2436Enfim, se o leitor é contra a Copa do Mundo no Brasil, então que seja pelos motivos corretos, não pelas mistificações divulgadas. Pessoalmente acho que será ótimo para o país, tanto em termos econômicos como esportivos.

Vai ter Copa sim!

Para saber mais: Portal Copa 2014.

P.S. – fazendo a pesquisa para este artigo é que me dou conta de como a comunicação do Governo Federal é ruim. Precisa melhorar e muito.

Imagens: Arquivo Pessoal Pedro Migão

56 Replies to “Copa do Mundo no Brasil: 11 Tópicos desmistificados”

    1. O leitor poderia ter colocado sua discordância de maneira mais polida, mas fica registrado

      1. Não se impressione, quem não tem ARGUMENTO, inteligência, abusa dessa forma de ação…

        ” A Ofensa é a arma da Ignorância”

        O Brasileiro se especializou em ser ridículo, não ter senso critico, espalhar boataria, mentira via FACEBOOK sem checar fontes ele deve saber muito bem…

        Fazer esse tipo de OPOSICIONAMENTO É BURRO, afinal não tem dados, informação, números, não tem dendidade, não melhora a vida deles,e nem de ninguém… sem contar que conseguiram reanimar forças reacionárias, racistas…

        O mal do Brasil é o Brasileiro… que não conhece nem as obrigações de cada esfera do poder, e acha que tem moral, para questionar algo…

    1. Significado de Polidez

      s.f. Característica, conduta ou estado de polido.
      Postura, comportamento, do que é gentil, que demonstra gentileza, cortesia ou civilidade.
      Linguística. Discurso que demonstra cortesia, gentileza, através do uso de expressões que suavizam a autoridade imperativa do locutor.
      (Etm. polido + ez)

    2. Ficou sim, mais polido, se voce Carlos prefere assim vá lá, você também acabou de DEFECAR por onde se sente melhor, PELA BOCA.

  1. A Arena Corinthians é do Sport Club Corinthians Paulista, e se o clube achou que deveria construir sua arena, quem é o senhor para dizer que não?

    1. Sabe de nada, inocente!!

      A arena da Oderbrech só foi construída graças aps incentivos da copa, tipo a desoneração fiscal do município… Outra, só será do Corinthians depois de 30 anos….

      1. Esse papinho furado de papagaio é engraçado… Então quer dizer que se você compra um carro ou uma casa e financia com um banco, não é seu? Quem vai utilizar? Convenhamos, anti. Quando latir, pelo menos tenha alguma lógica e um mínimo de inteligência.

        O estádio é 100% do Corinthians, assim que a FIFA cair fora, 100% dos recursos que o estádio gerar são do Corinthians, que utilizará para pagar as parcelas do empréstimo junto ao BNDES, com o que sobrar disso, 50% guarda para amortização futura de parcelas e 50% vai para os cofres do Corinthians.

        Sem falar nos ‘Naming Rights’, que apesar da macumba contra, sairá, será o maior do Brasil e amortizará a dívida. O grupo de investimento (um dos maiores do mundo, com ‘Assets’ de quase 1 TRILHÃO de dólares) ADIA está com tudo pronto para fechar o nome do estádio logo após a Copa e em 2015 o patrocínio MASTER da camisa também.

        Ah… Chutando muito baixo, o Corinthians espera arrecadar 200M com o estádio por ano, entre bilheteria, patrocínios, lojas do shopping, estacionamento, etc. Levando-se em conta que a manutenção deve ficar em torno de 30M por ano, paga-se a parcela e ainda sobra um ‘troco’.

        E só para finalizar, pois não quero perder muito do meu tempo com gente sem argumentos: A Arena Corinthians só utilizou os incentivos fiscais pois estão previstos em lei para qualquer empreendimento na Zona Leste de SP, independente da Copa do Mundo. Apenas o BNDES é diretamente relacionado à Copa, sendo necessário devido ao alto investimento numa arena de abertura de Copa do Mundo. E é um empréstimo, que será pago com juros, como qualquer banco.

        E se não fosse a Copa do Mundo FIFA 2014, o estádio sairia do mesmo jeito, apenas seria um pouco menor e mais humilde, não seria esse monumento histórico, digno do maior clube brasileiro.

        PS: O Corinthians salvou a Copa do Mundo em São Paulo, pois seria uma vergonha a maior cidade da América Latina não sediar a abertura da Copa do Mundo FIFA 2014. Aliás, sem a cidade de São Paulo não haveria Copa.

        E se tiver outras dúvidas, tire-as aqui: http://app.globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/a-casa-dos-loucos/

        Assim você evita falar sobre o que não entende.

        1. PPS: 30 anos? O Corinthians paga em 7 anos, se quiser. E o empréstimo do BNDES é (em contrato) para ser pago em 12 anos.

          Se não sabe os detalhes, fique quieto.

        2. Pascoali, entendo sua empolgação – acredito que seja corintiano – mas vale lembrar que o estádio só saiu devido à briga política à época entre o Ricardo Teixeira e a diretoria do São Paulo. E que a lei de incentivos fiscais em Itaquera foi aprovada devido ao estádio.

          p.s. – óbvio que teria Copa sem São Paulo

          1. Não, há um grave engano (proposital ou não) relacionado a isso. A ordem foi completamente inversa. O estádio já sairia antes de ser escolhido para a Copa, já estava tudo acertado com a Odebrecht.

            Quanto ao Morumbi, nunca foi viável ter a abertura da Copa lá. Me explique onde seriam abrigados 150 caminhões de transmissão das televisões de todo o mundo, vagas de estacionamento exigidas pela FIFA e fácil acesso ao local (metro?), por exemplo.

            Teriam que implodir o Morumbi e construir outro no lugar. Coisa que jamais acontecerá.

            Eu moro próximo ao estádio do Morumbi e sei bem como é a região. Não há a menor possibilidade de sediar uma abertura de Copa do Mundo naquele local, sem passar vergonha. Aliás, o simples fato de ter jogos lá já é um lastimável desastre.

            A lei de incentivos fiscais da Zona Leste é do tempo da Marta Suplicy (2004).

            http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/financas/legislacao/Decreto-45013-2004.pdf

            Reafirmo: Não teria Copa sem São Paulo.

          2. Pascoali, tenha certeza que não foi proposital. Vou até aprofundar minhas pesquisas sobre o tema. Abraços

  2. olá …
    gostaria de saber quanto que você ganha do pt por mês?
    tenho interesse nessa área

    1. Prezado, eu trabalho com fatos e dados, não com achismos. Sou eleitor do PT sim, mas o compromisso deste blog é com a verdade.

      Quanto à sua acusação, saiba que é passível de ser solicitada que se prove perante os fóruns da Justiça deste país.

      1. No fim das contas, o que está faltando no Brasil é isso mesmo: uma lei que te dê o direito de exigir na justiça que alguém prove as acusações que te faz e, caso não comprove o que disse, responda criminalmente por isso. Desde o fulaninho que fica compartilhando mentiras no Facebook (sim, porque a partir do momento que você compartilha, endossa a acusação e passa a ter o ônus da prova, tanto quanto quem começou a história) até a Veja, que publica o que bem entende, baseada no argumento de que “fulano, conhecido de ciclano, disse que viu”, sem ao menos se dar ao trabalho de juntar provas minimas para amparar sua acusação.
        Enquanto ninguém for punido por tais atos, o Brasil vai continuar nessa mesma merda: Grupos políticos usando e abusando de calúnias para difamar seus adversários.

        1. Pois é. E, saindo um pouco do tema, o Brasil é o único país do mundo onde não há qualquer marco regulatório para a mídia

  3. Muito interessantes seus pontos, mas discordo principalmente do ponto 4. Listar casos semelhantes de estádios pagos com dinheiro publico, bem como o exemplo de Miami para justificar o mesmo no Brasil é uma falácia. Um erro (ou vários) não justifica outro. Um abraço!

    1. Marco, a minha ideia foi menos justificar e mais mostrar que uso de dinheiro público em estádios ocorre no mundo todo, inclusive na chamada “pátria da livre iniciativa”. Não deixou de ter sido uma provocada nos leitores (risos)

      Abraços e obrigado por discordar respeitosamente

  4. Os USA são sempre os “porcos captalistas” mas agora servem como parâmetro de comparação?
    O Brasil tem a estrutura (mobilidade, qualidade, segurança) ou qq uma que queira comparar com os usa?
    Os caras estão falidos mas mesmo assim podem gastar 10x mais em besteiras sem deixar a população na mao
    O Brasil e terceiro mundo em saúde. Segurança e educação. Se quer imitar os estados unidos que faça então nessas areas

    Sim, vai ter copa em estádios super faturados. Mal feitos e inseguros ( vai ver como esta a autorização do corpo de bombeiros no itaquerao)

    1. Prezada, não sei se sabe, mas a cobertura de saúde nos Estados Unidos não é universal. Lá, se você não ter dinheiro morre de gripe. Hoje a própria educação americana, fora as escolas de elite, decresce rapidamente de nível devido à crise.

  5. Este movimento “#naovaitercopa” é uma ilustração clara do famoso “complexo de vira-lata” dito por Nelson Rodrigues, em alusão a derrota do Brasil em pleno Maracanã em 1950 para o Uruguai. Quem sabe assim como no futebol, que esse tal complexo que terminou com o título na Copa do Mundo de 1958, isso também não acabe no campo político e econômico daqui uns 10 anos. Mas pra isso, nosso País tem que investir bastante em educação e Cidadania. Infelizmente nosso Povo, não tem o patriotismo como qualidade e não se baseia em fatos reais, para formação de opiniões, levando-se muito por “modinhas” passageiras.

    1. Patriotismo e ter orgulho do pais
      Eu queria ter mas tenho VERGONHA
      Sobre o complexo de vira latas desculpe mas você não conhece a realidade do país. Vai para o interior do N e NE que vai ver que um vira latas em SP vive melhor que a população daquelas regiões

      1. Sinceramente eu tenho Orgulho de meu País, mas infelizmente não posso dizer o mesmo de muitos Brasileiros. Estou longe de ser rico, inclusive nasci em família bastante humilde. Me orgulho em dizer que se hoje melhorei um pouquinho só, foi em virtude de eu ter começado a trabalhar aos 15 anos e nunca ter parado de estudar. Infelizmente o Brasileiro quer que o País Mude sem ter que “colocar a mão na massa”. Fica sempre esperando alguém resolver com uma “canetada”. É só ver como a cada dia aumenta o nível de insegurança em nosso País. Na minha humilde opinião, os políticos, são somente o reflexo de nosso povo. Mas eu acredito também que ao decorrer dos anos, a nossa cultura vai melhorando e no País melhore. Mas isso é papo para várias semanas …. Rssssssss……

        1. Acho que é por aí mesmo. Parabéns pelo comentário. A corrupção também está nos preços abusivos de aluguel, no preço absurdo da comida, no preço chocante de algumas roupas, na inflação do preço dos hotéis, nas relações do dia a dia. É fácil demais culpar apenas a inflação, a corrupção do governo, até a cidade linda de Brasília. É o jeitinho, do qual muitos se orgulham… Mas também acho que o tempo é ajudará. Os brasileiros precisam assumir mais responsabilidades, precisam se tornar adultos.

      2. Prezada, eu conheço o Nordeste do Brasil, e posso te dizer que houve uma revolução de 2002 para cá. Ainda há muito o que ser feito, mas o povo já vive de forma bem mais humana

  6. Engraçado o autor falar mal do TCU. Os estádios públicos e as obras de mobilidade são estaduais ou municipais, e fiscalizadas pelos tribunais de contas subnacionais. Deve ter sido a força do habito de ver os políticos do executivo falando mal do controle (certamente desejariam que nao houvesse nenhum)

    1. Infelizmente você não assina o comentário, mas não coloque palavras em minha boca. Nunca afirmei aqui que o TCU ou os tribunais de Contas de estados não deveriam fiscalizar as obras.

      Mas parece claro que algumas das exigências feitas resvalavam em uma burocracia ou em filigranas.

  7. Bela análise! O pior foi assistir o Antena Paulista,q falou sobre as cidades de SP q vão ser cedes para as Seleções treinarem.Em Campinas,o vestiário tá uma vergonha no estádio Moises Lucarelli.Em Guarujá adiaram a entrega do estádio e dos hotéis por 4vezes.Quartos de hotéis q ainda ñ estão prontos,e o Coordenador de SP disse q as obras vão se concluir do jeito q o Brasileiro gosta, em cima da hora.

  8. Vou fazer cinco comentários em sequência. O primeiro sobre os OPERÁRIOS MORTOS: Operários mortos – Concordo com você e acrescento o seguinte: a Copa do Qatar com certeza vai ser uma maravilha para os turistas e as delegações, com cenário futurista e logística impecável. Mas no país que tem a maior renda per capita do mundo (contados só os cidadãos, não os estrangeiros que realmente trabalham, em regime de semi-escravidão, para construir o país), já morreram 1.500 trabalhadores nas obras da Copa, e o saldo final é estimado em 4.000: http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/copa-do-catar-em-2022-ja-e-desastrosa-1200-operarios-mortos

  9. LEGADO, ATRASO, VALOR DOS ESTÁDIOS – A Copa foi uma oportunidade para investimento em infraestrutura urbana e de transportes, mas no Brasil é difícil qualquer coisa sair bem feita. Tudo que é produzido aqui sai mais caro do que precisaria porque há um custo na improdutividade. Quanto aos atrasos, o Brasil dormiu no ponto, como sempre, e a Lei 8666 já existia quando a FIFA encarregou o Brasil de sediar a Copa. Todos os entes públicos e concessionários envolvidos sabiam das dificuldades que teriam, e ficaram anos olhando para o céu. O problema foi a incompetência mesmo. A única coisa que se pode dizer a favor dos responsáveis pelas obras é que dificilmente outros gestores teriam um resultado melhor, porque um estádio e uma estação de metrô não são feitos por um único político, mas por empresas, trabalhadores, financiadores, etc. E estes continuariam a ser falhos se o prefeito do Rio fosse o César Maia ou se o governador de São Paulo fosse o Fernando Haddad.
    A incompetência generalizada no país é um problema estrutural que só pode ser resolvido com mais educação. E, para avançar na educação de massa, é preciso ter recursos. E a Copa tem o potencial de aumentar nossos recursos. Ou seja, não havia muita alternativa ao que está acontecendo agora.

  10. DINHEIRO PÚBLICO, BNDES – Nada no Brasil é feito (nunca foi feito) sem ajuda do governo. É chato lembrar, mas se não fosse o Estado, estaríamos na Idade Média. Ainda assim, temos o hábito de criticar o governo pelo que ele faz (mal) e também pelo que a iniciativa privada não faz (nem bem nem mal).

    1. Fato. Vale lembrar que os três estádios mais atrasados são justamente os que apostaram, inicialmente, em um modelo privado de financiamento

  11. 8 OU 12 SEDES – Este é o ponto mais delicado, e eu acho que costuma ser tratado com insensibilidade até por pessoas (no sul-sudeste) que defendem a Copa. Economicamente (para o país), concordo que 8 sedes seria o ideal. Então, retome os meus pontos acima, mais ou menos em linha com o que você disse. A Copa ajuda (nem que seja um pouco) o país a crescer, pois movimenta a economia e gera empregos (não só durante o próprio evento, mas também na preparação); a Copa deixa algum legado em infraestrutura para a cidade, ainda que mal feito; e a Copa é financiada pelo Estado (que, convém lembrar, é mantido por todos os brasileiros, de São Paulo e de Manaus).
    Então eu acho justo que Natal e Cuiabá se candidatassem a sede do evento, mesmo que não tenham clubes na Série A. Ou a federação tem que financiar o desenvolvimento das mesmas cidades de sempre, à custa de todas? Eu estive em Cuiabá há algum tempo e vi que a cidade estava se transformando com as obras para a Copa. O estádio talvez apodreça a partir do ano que vem (ou talvez seja um potencial para futuros negócios e futuros investimentos no futebol local), mas muitas outras coisas certamente vão ficar, e é justo que a população de lá lutasse por isso. Eu vejo esses elefantes brancos e essa quantidade exagerada de sedes como um preço que o Brasil tem que pagar por sua desigualdade regional.
    E eu acredito que Lula tinha esse ponto em mente, muito mais que o potencial turístico das sedes: Fazer com que os brasileiros sentissem que é uma Copa de todos, em vez de uma “Copa do sul-sudeste do Brasil”. Ele é muito intuitivo para os sentimentos do povo.
    Agora, precisava ser Manaus, e não Belém? Brasília, e não Goiânia? Precisava de 4 sedes no Nordeste, em vez de 2 ou 3? Talvez fosse possível chegar a um número mais razoável de 10 sedes, e a escolhas melhores que as que foram feitas. Mas é preciso lembrar que administrar interesses políticos regionais no Brasil não é tarefa simples, e que as cidades apresentaram seus projetos; algumas foram escolhidas, outras não. Parte das razões devem ser atribuídas à politicagem, e outra parte pode ser atribuída à própria competência (ou falta de) das administrações locais.
    Essa dificuldade de compor com interesses regionais é geral. A Alemanha, com um território menor que o do Mato Grosso do Sul, sediou um Mundial com 12 cidades. A África do Sul, menor que o Pará, teve 10 estádios em 9 sedes. A Copa do Catar, que tem um território equivalente a metade de Sergipe, será realizada em 12 estádios divididos em 7 sedes. A da Rússia previa 13 cidades-sedes, mas o comitê local acabou reduzindo para 11 (Moscou terá 2 estádios). Por estes dados, fica clara a dificuldade que o Brasil teria de escolher apenas 8 sedes.

    1. Cabe lembrar que, apesar da Alemanha ter tido 12 sedes, a única pertencente a antiga Alemanha Oriental foi Leipzig. Todas as outras foram da parte capitalista, inclusive o Estádio Olímpico de Berlim.

      1. Leipzig que, aliás, precisou que um clube fosse criado para que o estádio não se transformasse em um elefante branco

  12. Completando o ponto anterior: a Copa da França (território menor que a Bahia) teve 10 sedes. A da Espanha (ainda menor que a França) teve 17 estádios em 14 cidades. A de Japão e Coreia do Sul (territórios somados ainda menores que a Espanha) teve 20 sedes, 10 em cada país. Os EUA organizou uma Copa com 10 sedes para 24 seleções. A Itália (território menor que o Maranhão) usou 12 sedes para 24 seleções. O México (um pouco maior que a Amazonas) teve 12 estádios em 11 cidades-sedes.
    Ou seja, nunca houve uma Copa para 32 seleções, nem mesmo para 24 seleções, com apenas 8 sedes, mesmo em se tratando de países muito menores que o Brasil.

  13. Interesante leitura, mas discordo do ponto 10, fazer um estadio padrao fifa de um bilhao em Brasilia so porque e a capital do pais? Isso q nao faz sentido. Um bilhao e um bilhao, gastos num elefante branco.

    Respeito ao ponto 11, vidas humanas nao sao estatisticas, voce favorece as empreteiras, que poderiam investir mais em seguranca de trabalho. Mas so se preocupam dos atrasos de obra. A sua logica da taxa de accidentes nao faz sentido. Considerando os gigantes orcamentos para os estadios, considerando q as empreteiras sao as maiores do mercado brasileiro, com anos de experiencia, deveria ter se aplicado forte multas, considerando a cobertura da midia e danos a imagem da copa.

    1. Prezado Gino,

      Como escrevi no texto, eu já trabalhei na área. Tenho sérias dúvidas se a aplicação de multas iria reduzir o número de mortes. Sem contar que pelo menos duas delas foram por desrespeitar normas de segurança.

      Acho que se pode avançar mais na questão, sem dúvida, mas sinceramente acho que o número das fatalidades foi o esperado dentro das estatísticas. Obviamente, uma vida humana é muito mais importante que uma estatística.

  14. A lamentar o comentário da “mama”. Parece comentarista de TV, principalmente de futebol (em homenagem ao tema), que nunca chutou uma bola na vida.

    Comenta sobre o Nordeste com um preconceito e falta de discernimento absolutamente incabíveis. Felizmente, a ignorância só contamina a quem é igualmente ignorante e presunçoso.

    Sugiro que ela faça uma visitinha a qualquer cidade do Nordeste, mesmo as menores, no sertão, e verá que longe estará de um “amontoado” de pobreza ou de cidadãos em condições de vida piores que os vira-latas de SP.

    1. Pois é. Pior: nega o desenvolvimento expressivo que a região teve na última década

  15. Aos que pensam que o Brasil perdeu com a Copa: discursar contra a Copa, nesta altura do campeonato, só fará o Brasil perder uma segunda vez!
    Caro Pedro, seu texto é ótimo e sincero. Concordo com tudo o que disse! Nunca fui contra a Copa e confesso que ela já mudou a cara de algumas das cidades-sede do mundial. Não fosse por ela, mesmo as obras ainda não acabadas nem teriam começado. Até o metrô de São Paulo: suas obras de ampliação se iniciaram entre 2011 e 2012, no mesmo contexto de todas as obras que já foram entregues e daquelas que ainda serão (até reconheço que seja uma pena precisarmos de um evento dessa magnitude para termos obras fundamentais realizadas). O povo brasileiro precisa amadurecer. Roupa lavada se lava em casa. E o exercício da democracia só funciona e é positivo se for na hora certa e tiver um objetivo claro, organizado. Contudo, o prazer de destruir é sempre maior! Q pena… Q pena…

  16. Agora, povo brasileiro, que tal utilizarmos esse potencial explosivo para cobrarmos de nossos políticos a realização do que eles prometeram? Dos que criticam a Copa, garanto que a maioria nem sabe o que já está pronto e o que já está em construção. Ao invés de terem lutado para que todas as obras fossem entregues – e aí assim, todos ganharíamos com isso -, foi mais fácil lutar para que os jogos não se realizassem (como se isso fosse possível a um ano do evento…). Democracia não é isso!

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