Teremos uma nova coluna, transitória, a partir de hoje: a “Sambódromo em 30 Atos”, assinada pelo titular da “Sabinadas” Fred Sabino. Com as três décadas do Sambódromo carioca a se completarem em 2014, a coluna irá, todas as segundas-feiras, abordar cada ano de desfile desde 1984.
Além disso, teremos o “Cantinho do Editor” ao final de cada artigo, onde farei breves comentários sobre o ano abordado. Iniciando temos 1984, o primeiro desfile na Passarela do Samba.
1984: O brilho de Portela e Mangueira na inauguração
Batendo um papo com o Migão, surgiu a ideia de pesquisarmos e relembrarmos os 30 anos de desfiles no sambódromo do Rio de Janeiro aqui no Ouro de Tolo. Afinal de contas, foram incontáveis momentos de alegria, drama, diversão e emoção. E esperamos que a cada Carnaval que chegar esses sentimentos sejam renovados. Amém!
Comecemos então por 1984, ano de inauguração da definitiva passarela do samba. Como se sabe, até 1983 os desfiles eram realizados em diferentes avenidas e pontos da região central do Rio, como a Praça XI, Presidente Vargas, Presidente Antônio Carlos, Rio Branco, e até mesmo o estádio de Sâo Januário. Mas desde 1978 o local era a Avenida Marquês de Sapucaí, ao lado da fábrica da Brahma. De qualquer forma, os setores de arquibancada ainda eram montados ano a ano, gerando sempre complicações no trânsito.
Voltando a 1983, havia uma indefinição quanto ao número de escolas e o local dos desfiles do ano seguinte. Havia quem defendesse a divisão do desfile do primeiro grupo (até então não era Especial) em dois dias. Havia também os que queriam o retorno à Presidente Vargas ou os que sugeriam a transferência das apresentações para o Maracanã (?!).
Então, no dia 11 de setembro de 1983, o governador Leonel Brizola revelou o projeto para a construção de um local definitivo para os desfiles, na própria Marquês de Sapucaí. A concretização de um sonho antigo das escolas ficaria aos cuidados do vice-governador Darcy Ribeiro e do arquiteto Oscar Niemeyer.
As dúvidas, entretanto, continuavam. Afinal, havia pouco tempo para a construção da nova pista de desfiles. Porém, a obra foi concluída a tempo (infelizmente com um operário morto nos trabalhos) e estava tudo pronto para o Carnaval-84.
Mas nem tudo eram flores nos dias que antecediam os desfiles. Darcy Ribeiro anunciou que, depois de passarem pela pista, as escolas teriam de continuar evoluindo num espaço, digamos, diferente criado no projeto de Niemeyer, a Praça da Apoteose e que lá haveria quesitos em julgamento. Mais: as decorações tradicionais nas passarelas estavam proibidas, segundo Darcy, porque enfeitar um projeto de Niemeyer seria como pôr uma gravata no Cristo Redentor.
Outra novidade era o critério de julgamento. De fato, as 14 agremiações do primeiro grupo foram divididas em dois dias, mas com julgadores diferentes, e uma escola seria declarada campeã para o domingo e outra para a segunda. No sábado seguinte, as três primeiras colocadas de cada dia (mais as campeãs do segundo grupo) disputariam um supercampeonato. Estranho, não? Pois é, tal esquema jamais se repetiria.
As medidas foram recebidas com ceticismo pela comunidade carnavalesca. Mas era maior ainda a alegria pela conclusão do novo palco dos desfiles, que depois passaria a ser conhecido como Sambódromo.
Nos bastidores outra polêmica estava deflagrada. Alegando falta de condições técnicas para operar em dois dias de transmissões, a TV Globo abriu mão de exibir os desfiles. No entanto, o que sempre se disse nos bastidores é que a emissora não queria dar projeção ao governador Brizola e também não queria mexer na programação de segunda-feira. Fato é que isso acabou sendo um equívoco, pois a TV Manchete, com menos de um ano de existência, ficou com a exclusividade para a exibição do Carnaval e teve uma audiência extraordinária, derrotando a concorrente por 61% a 2% no Grande Rio, segundo o Ibope.
Nesse cenário, a Manchete também inaugurou um novo esquema de cobertura dos desfiles. Com o slogan “Carnaval 84, 84 horas no ar”, o narrador esportivo Paulo Stein seria o âncora e teria ao lado comentaristas de peso como os saudosos Fernando Pamplona, José Carlos Rêgo e Albino Pinheiro, além de Adelzon Alves, Haroldo Costa, Maria Augusta e Juvenal Portella – peço licença para revelar que, apesar do sobrenome, ele sempre foi um grande mangueirense e 16 anos depois seria meu professor de faculdade na disciplina Técnicas de Apuração.
O Carnaval de 84 chegou ainda com os resquícios da polêmica apuração do ano anterior, na qual a Beija-Flor de Joãozinho Trinta havia conquistado um título extremamente contestado – o Migão escreveu uma coluna sobre o tema.
Mas era certeza que a escola de Nilópolis estava entre as favoritas. O enredo exaltaria o Brasil e mostraria sua capacidade de se tornar um grande país. Mas a Portela vinha com um enredo e samba fortíssimos, homenageando três de seus grandes nomes: Paulo da Portela, Natal e Clara Nunes.
Já a Mocidade Independente de Padre Miguel do saudoso carnavalesco Fernando Pinto vinha mordida com o injusto sexto lugar de 1983 e prometia muito com seu criativo enredo sobre a história da muamba. O ainda forte Império Serrano teria como enredo a malandragem, o Salgueiro apostaria num tema sobre o samba carioca e a empolgante obra de David Corrêa era muito executada nas rádios (sim, isso era bastante comum na época…).
Sem títulos desde 1973, a Mangueira homenagearia o cantor Braguinha, enquanto a Vila Isabel faria um tributo a todos os componentes de uma escola de samba, com uma obra-prima de Martinho da Vila em forma de samba-enredo. Irreverente como de costume, a União da Ilha levaria para a Sapucaí os ditados populares, e a Imperatriz Leopoldinense prometia escrachar os políticos do Brasil numa crítica contundente.
Após não ter sido julgada em 1983 porque faltou luz bem na hora de seu desfile, a Caprichosos de Pilares faria uma homenagem a Chico Anysio e ainda uma sátira aos políticos brasileiros. Na volta à elite, a Estácio de Sá (ex-Unidos de São Carlos) lembraria os antigos carnavais, e o Império da Tijuca criticaria a proibição aos jogos de azar no Brasil.
OS DESFILES
Mas a primeira agremiação da elite do Carnaval carioca a desfilar na nova passarela foi a Unidos da Tijuca, com o enredo “Salamaleikum, a epopeia dos insubmissos malês”, que contava a história do culto e sofisticado povo malês, que no entanto veio para o Brasil escravizado após ser dominado pelos árabes na África. O samba, como vinha sendo costume na escola nos anos anteriores, era muito bom, e tinha como cantor o extraordinário Sobrinho.
Só que a escola teve muitas complicações, tanto que começou o desfile com 1h30 de atraso. O abre-alas teve problemas, já que o pavão, símbolo da escola, não pôde ser visto na plenitude, pois quebrou o macaco hidráulico que abriria as asas e faria o elemento subir.
Outro incidente ocorreu com a comissão de frente: ela seria formada por dançarinos do grupo Filhos de Gandhi, mas os figurinos não chegaram a tempo e mulatas substituíram os componentes. Um percalço que prejudicou ainda mais o entendimento do enredo, que já era denso e não foi transmitido num bom conjunto visual devido à falta de recursos da escola. Uma lástima.
O vizinho Império da Tijuca fez apresentação um pouco superior com o enredo chamado “9215”, em protesto contra a lei – de mesmo número – que proibia os cassinos no Brasil. O limitado samba-enredo dizia que “Corrida de cavalo, pode apostar / Loto e loteria existem em todo lugar”, questionando a coerência da lei, já que havia jogos de azar legais no país.
Havia fantasias e alegorias melhores, como a que retratava o luxo dos cassinos e tinha como destaques a vedete Virgínia Lane e Neguinho da Beija-Flor. Outro elemento curioso era o que tinha uma águia (da Portela) com a asa quebrada, simbolizando Natal e o jogo do bicho.
Mas a escola sofreu com uma falha no sistema de som logo aos 15 minutos de desfile, e o que segurou a harmonia da escola foi a bateria, que imprimiu boa cadência ao samba. De qualquer forma, a evolução não foi das mais compactas e o Império não conseguiu ocupar a contento a Apoteose.
Por outro lado, quem surpreendeu positivamente foi a Caprichosos de Pilares. Depois de ter sido atrapalhada por um apagão no desfile de 1983, a praticamente novata agremiação do primeiro grupo fez ótima exibição com um enredo sobre Chico Anysio que ainda ironizava os políticos brasileiros e clamava pelas “Diretas Já”. Com um samba popular defendido pelo saudoso Carlinhos de Pilares, a escola empolgou.
A comissão de frente tinha os componentes fantasiados de Popó, um dos personagens mais famosos do homenageado. O abre-alas (foto) tinha uma grande escultura de Chico, cuja cabeça fazia movimentos para saudar o público. Outros personagens foram lembrados como Salomé, Turuna, Capitão Gay e Coalhada.
Aproveitando como gancho o personagem Justo Veríssimo, um político que não gostava do povo, o carnavalesco Luiz Fernando Reis mostrou a veia crítica costumeira e ironizou os políticos brasileiros como na alegoria Milas Fulam (Salim Maluf, ao contrário…), ou no caso o bobo da corte, e no elemento dos ministros, considerados trapalhões (os próprios Didi, Dedé, Mussum e Zacarias vinham de destaques).
Apesar de problemas de evolução por causa dos estimados 5 mil componentes, a Caprichosos cantou o samba até o fim com o povo e ainda ocupou bem a Apoteose. Até o governador Brizola saiu de seu camarote e soltou um balão com uma faixa escrita “Diretas Já”. Enfim, uma agradável apresentação que consolidava a escola de Pilares entre as grandes.
Já desfile do Salgueiro acabou abaixo do esperado. Não pela divisão do enredo desenvolvido pelo extraordinário carnavalesco Arlindo Rodrigues: “Skindô, Skindô”, baseado em um show produzido por Haroldo Costa e que contava a história da influência da cultura negra no samba.
Mas a escola vivia uma fase política conturbada, e a decisão do diretor de carnaval Laíla (ele mesmo) de destituir Mestre Louro da direção da bateria não pegou bem entre os integrantes da comunidade – aliás, Louro, num gesto de humildade, tocou tamborim na bateria e ganhou o Estandarte de Ouro de “O Globo” como Personalidade. Mesmo com a bateria impecável, o samba acabou não puxando o público para o lado da escola.
O Salgueiro também não vivia um bom momento financeiro e Arlindo Rodrigues teve de lançar mão de muitos tripés em vez de carros. Um dos elementos considerados mais importantes do desfile, o carro que representaria o Salão Assyrios, onde tocava o conjunto Oito Batutas (com Pixinguinha), não ficou pronto.
Por outro lado, as fantasias tinham o requinte que marcava os trabalhos do saudoso carnavalesco. Mesmo assim, a divisão cromática rendeu críticas pesadas do Jornal do Brasil: “Foram no total 110 minutos de desfile marcados por fantasias lindíssimas, embora um pouco repetitivas do meio para o final. E só branco e prata. Faltou vermelho: nas roupas e talvez nas veias.”
Apesar dos pesares, o Salgueiro teve uma evolução compacta e a harmonia funcionou com correção. A Vermelho e Branco foi a primeira a ocupar bem a Praça da Apoteose e, no fim das contas, uma classificação para o desfile do supercampeonato não estava descartada.
A União da Ilha entrou na passarela com garra para defender o enredo “Quem pode, pode, quem não pode…”, que lembrava os ditos populares e os provérbios do nosso dia a dia. O samba dos geniais Aurinho e Didi não estava entre os mais cotados na fase pré-carnavalesca, mas rendeu bem no desfile, graças à excelente atuação da bateria, que fez diversas paradinhas e convenções, o que ainda não era tão comum.
Foi um desfile multicolorido, com destaque para o elemento “Em boca fechada não entra mosca”, que criticava os políticos do país ao mostrar as colunas do Palácio da Alvorada e as famosas esculturas de Bruno Giorgi em Brasília.
Outra alegoria que criticava os governantes tinha o dito “Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura” e um mapa do Brasil furado exatamente no Planalto Central. Já o carro “A alegria do palhaço é ver o circo pegar fogo” tinha inúmeros palhaços e um visual bem agradável.
Os figurinos foram concebidos pelo grande Viriato Ferreira, que optou por elementos leves e simples para facilitar a evolução dos desfilantes. A Ilha ocupou a Apoteose com os carros nas laterais e os componentes no meio, com destaque para a bateria e a ala das baianas, muito aplaudidas pelo público.
Mas para o público o destaque do domingo foi a Portela. Um ano depois do falecimento da inesquecível Clara Nunes, a escola fez uma espécie de auto-exaltação associando orixás a três de seus grandes nomes: Paulo da Portela (Oranian), Natal (Oxossi) e Clara (Iansã).
Com um histórico samba composto por Dedé da Portela e Norival Reis, e cantado pelo também saudoso intérprete Silvinho do Pandeiro, a Portela entrou na pista no mágico horário do alvorecer com uma águia mergulhada nas águas do mar e com apenas a cabeça aparecendo (foto).
Parecia estranho, mas na verdade os carnavalescos Edmundo Braga e Paulino Espírito Santo tinham uma surpresa reservada… O desfile começava na Bahia e falava sobre a origem dos orixás, passando na sequência pelos personagens já citados em 34 tripés.
Como era costumeiro na Portela daqueles tempos, as fantasias estavam luxuosas e impecáveis. No fim, a surpresa dos carnavalescos, que conceberam uma nova alegoria com uma águia, desta vez batendo as asas para encerrar o desfile.
O único senão foi o excesso de componentes (oficialmente 6 mil, fora o resto…), o que causou problemas de evolução e harmonia, sobretudo do meio para o fim da pista. Por outro lado, a extraordinária bateria de Mestre Marçal deu o recado com a competência de sempre e um mar azul e branco ocupou de forma magistral a Apoteose.
Mas o vizinho Império Serrano ameaçou o favoritismo portelense no desfie de domingo com uma ótima apresentação ao contar de forma bem-humorada a história da malandragem. Já sob sol forte, a escola da Serrinha levou ao público o interessante enredo “Foi malandro, é”, pensado por Fernando Pamplona e concebido pelo jovem Renato Lage, com um conjunto visual impecável.
A intenção do tema, evidentemente, era falar da malandragem no bom sentido, não na safadeza (como aliás, lamentavelmente, ocorre muito hoje em dia…), e o desfile foi dividido em quatro partes: Descobrimento, Colônia, Império e República. Para começar, o abre-alas mostrava Pero Vaz de Caminha, que na carta enviada ao rei de Portugal pedia emprego ao sobrinho, inventando o “pistolão”. Em seguida, alas mostrando a convivência entre os índios e os descobridores da terra, como Araribóia, que, segundo o samba, “loteou Niterói / E fez do índio seu office boy”.
Aliás, o samba pro meu gosto não era dos mais espetaculares da gloriosa história imperiana, pois, apesar de contar bem o enredo, era quilométrico. Mas a harmonia do Império foi perfeita, amparada por uma boa condução do cantor Ney Vianna (na sua única participação pela escola) e a extraordinária bateria.
Aliando fantasias leves e mais trabalhadas (mas quase sempre respeitando o verde e branco da escola), o Império passou muito bem a ideia do enredo, que teve num dos pontos altos a alegoria que retratou a esperteza de Barão de Drummond ao inventar o jogo do bicho, e as alas com galos, veados e pavões.
A linda ala das baianas em prata estava sob o comando do imortal cantor Roberto Ribeiro, que desde 1982 não puxava a escola mas seguia imperiano de carteirinha. Com uma evolução impecável até a “famigerada” Apoteose, o Império se credenciou ao título – tanto para “O Globo” como para o “Jornal do Brasil, mesmo sem empolgar tanto, com uma exibição superior à da Portela, que, para ambas as publicações, teve um enredo confuso, quesito aliás em que a Águia de fato perderia pontos.
A segunda-feira começou com a Estácio de Sá, que faria seu primeiro desfile com este nome e ainda enfrentava resistências internas, como a do veterano mestre-sala Bicho Novo, que temia pela perda de identidade da agremiação com a comunidade do Morro de São Carlos.
O desfile começou com atraso por causa da passagem da escola mirim Império do Futuro, mas o que se viu na pista da Sapucaí foi uma escola revigorada em relação aos desfiles anteriores, com um bom conjunto visual para homenagear o Carnaval e seus personagens como arlequins, pierrôs e colombinas, ou melhor, o folião mascarado que curte a folia.
Foram 18 tripés, 150 alegorias de mão e quatro carros que não passaram tão preocupados com o vermelho e o branco da escola, ao contrário, tinham diversas cores como roxo, rosa, dourado e prata. O ótimo samba-enredo foi muito bem defendido pelo grande Dominguinhos, que ganharia seu primeiro Estandarte de Ouro de melhor cantor.
Também foram aplaudidos os diversos atletas presentes ao desfile da Estácio como Bernard, do vôlei, e os craques Júnior, Adílio e Doval. Só faltou Zico, que desfilaria com a mulher Sandra, mas desistiu porque a sogra foi barrada na concentração. Mesmo sem o Galinho, a Vermelho e Branco mostrou que vinha para ficar na elite.
Segunda a entrar na pista, a Unidos da Ponte teve um desfile sem grande impacto visual e calcado no samba do pé dos componentes ao levar à Sapucaí o enredo “Oferendas”, sobre as comidas oferecidas aos santos.
Sem grandes recursos, a escola de São Mateus apresentou fantasias simples, mas coloridas, e alegorias pequenas, com destaque para o abre-alas, com quatro cabeças de escravos cobertas com cestas de oferendas. No entanto, o enredo foi bem dividido e a ideia foi bem transmitida. O samba também contava bem a proposta do desfile e a bateria da Ponte sempre foi um de seus pontos altos.
“Os orixás vão nos ajudar e tenho certeza de que vamos ficar no Grupo 1A”, disse o presidente Edson Tessier, mas a tarefa não seria nada fácil.
A Mocidade Independente de Padre Miguel confirmou as expectativas e fez um excelente desfile. Com alegorias e fantasias inteligentes, a escola fez uma exibição quente do início ao fim. “Mamãe eu quero Manaus” foi mais um presente do gênio imortal Fernando Pinto. A história da muamba foi muito bem contada desde o Descobrimento do Brasil até o crescimento da Zona Franca de Manaus. A comissão de frente tinha 14 piratas apresentando a escola com um belo figurino representando os contrabandistas do passado.
A criatividade do saudoso carnavalesco ficou evidente na enorme alegoria que abria o desfile com quatro embarcações que traziam escravos remando em grandes talheres de prata, num grande efeito. Uma ala que chamou a atenção foi a que tinha 60 mucamas que levavam ouro escondido nos cabelos para conseguir a alforria.
Todas as alas e elementos alegóricos (foram 28 tripés e três carros) tinham leitura fácil e a Sapucaí foi invadida por produtos contrabandeados como máquinas eletrônicas, tapetes persas, cigarros e telefones com teclas, a novidade daquela época. Os camelôs, claro, estavam também retratados com suas barracas e produtos.
Um dos destaques do desfile foi o setor da Zona Franca, com uma enorme alegoria reproduzindo o local e suas bugingangas eletrônicas, e uma divertidíssima fantasia da ala das baianas (foto acima), multicolorida e cuja indumentária tinha óculos de sol e perucas coloridas.
A Mocidade foi outra escola que sofreu com o novo sistema de som da Sapucaí, o que provocou um atravessamento da bateria, que, por sinal, mostrou uma cadência extraordinária mas acabaria perdendo pontos na apuração. À frente da bateria, a primeira madrinha da história do Carnaval, e exuberante Monique Evans.
Apesar disso, a Verde e Branco – se bem que a escola de Padre Miguel estava lindamente multicolorida – ocupou com muita precisão e empolgação a Praça da Apoteose, colocando as alegorias no centro e fazendo as alas evoluírem pelos lados.
Quarta a desfilar, a Unidos de Vila Isabel, mesmo com um samba antológico de Martinho da Vila e o promissor enredo “Pra tudo se acabar na quarta-feira” sobre os personagens de uma escola de samba e inspirado na canção “A Felicidade”, de Tom e Vinícius, não fez um de seus melhores desfiles.
Apesar do aporte trazido pelo novo patrono Carlinhos Maracanã, o conjunto visual ficou devendo. Por exemplo, o abre-alas tinha apenas a tradicional coroa e Martinho da Vila sentado a uma mesa homenageando Tom Jobim, com um copo de uísque e um lugar vazio simbolizando Vinícius de Moraes – simples demais, convenhamos.
É fato que a Vila fez um desfile justamente amparado na simplicidade de figurinos e alegorias, e o enredo foi dividido com bastante correção. Mas sem dúvida a escola do bairro de Noel devia em relação às outras escolas.
Salvaram-se a bateria e a garra dos componentes, que foram embalados pelo excelente cantor Marcos Moran no seu último ano na agremiação. Mas passar para o desfile do supercampeonato seria difícil.
Vinda de quatro excepcionais desfiles, a Imperatriz Leopoldinense ficou sem a grana de Luizinho Drummond, que se afastou da escola, e o talento do brilhante carnavalesco Arlindo Rodrigues. A concepção da escola, portanto, ficou com as jovens Rosa Magalhães e Lícia Lacerda, campeãs pelo Império Serrano em 1982 e que apostaram num enredo bem-humorado sobre as mazelas da economia.
Mesmo com fantasias criativas, a proposta não deu lá muito certo, principalmente por causa da falta de recursos para alegorias mais impactantes. Além disso, o samba-enredo era considerado inferior aos dos anos anteriores da escola e até mesmo um dos menos cotados da safra de 1984. Mas até que a atuação da bateria e o canto dos componentes foram elogiáveis.
O enredo chamava-se “Alô, mamãe!” e surgiu graças ao deputado federal Agnaldo Timóteo, que quando assumiu o cargo em Brasília pegou um telefone sem fio para dizer à mãe a frase citada. Aliás, o cantor/deputado estava no abre-alas que tinha justamente um grande telefone sem fio. Adversário interno de Leonel Brizola no PDT, Timóteo foi vaiado em todo o desfile, sobretudo quando a escola ocupou a Apoteose, mas não deu bola.
Fechariam o desfile inaugural do primeiro grupo na história do sambódromo a campeã de 1983 Beija-Flor e a Estação Primeira de Mangueira. E nas apresentações de ambas, ficariam patentes as diferenças de estilo das agremiações naquela época.
Liderada pelo imortal Joãozinho Trinta, a escola de Nilópolis apostou no enredo “O gigante em berço esplêndido”, que exaltava a força de vontade do povo brasileiro e como isso poderia mudar o país.
Dizia a sinopse que “o deus Netuno abriu os caminhos dos mares para os portugueses, passando pela formação da raça brasileira a partir das três raças que se miscigenaram – branca, negra e índia – até a formação de uma nova era em que, como povos descobridores, enfrentando todos os monstros, seremos vencedores somando nossas riquezas, porque quem soma não deve”.
Como sempre, as alegorias e fantasias eram grandiosas e muito bem acabadas, só que, segundo os especialistas, principalmente os da TV Manchete, havia um sentimento de déjà vu em relação à concepção. Mas havia um inegável luxo e requinte, como nas alegorias que representavam as florestas brasileiras e os monumentos construídos pelo nosso povo.
Mas o desfile acabou sendo frio, até porque o samba dos irmãos Neguinho da Beija-Flor e Nêgo, embora correto, não era tão valente como os dos anos anteriores. Por outro lado, a bateria do Mestre Pelé esteve firme como de costume. Um tanto exagerado, o Jornal do Brasil resumiu o desfile em letras garrafais: “O deslumbrante samba do crioulo doido”.
Depois da correta, mas fria apresentação da Beija-Flor, caberia à Mangueira apresentar ao público a antítese do que havia sido visto pouco antes.
O enredo “Yes, nós temos Braguinha”, do carnavalesco Max Lopes, homenageava o grande cantor e compositor João de Barro, com três setores distintos que retratavam as fases da vida do artista: “A Bela Época” (sobre a infância de Braguinha), “Festa Junina” (sobre as músicas compostas para os tradicionais festejos de meio de ano) e o “Carnaval” (sobre as marchinhas, como Yes! Nós Temos Bananas”, “Touradas em Madri”, “Chiquita Bacana”, “Uma Andorinha Não Faz Verão”, “Linda Lourinha” e “Balancê”).
Com alegorias menores, mas bastante pertinentes ao enredo e muito bem realizadas, e fantasias de inegável leveza e bom gosto, Max começava a se tornar o “Mago das cores”, ao conseguir extrair os melhores tons de verde e rosa para o desfile, algo sempre difícil. Alegava ele que os figurinos deveriam ser verdes ou rosas, e não com as duas cores juntas como normalmente se fazia. Deu bem certo.
Além dos carros alegóricos – com destaque para a alegoria que tinha o gramofone no primeiro setor do desfile e do elemento que lembrava as festas de São João -, a Mangueira usou dezenas de tripés, representando canções de Braguinha. A escola também lançou mão uma pitada de ironia ao colocar uma figura igual à do economista e ministro Delfim Netto ao setor que falava da marchinha “Tem gato na tuba” (foto abaixo)…
Mas foi no chão que a Mangueira brilhou mesmo. Primeiro, pelo grande samba dos lendários Jurandir, Hélio Turco, Arroz, Comprido e Jajá conduzido pelo maior cantor de samba-enredo de todos os tempos, Jamelão. Depois pela bateria, firme e de perfeita cadência, passando pela atuação da porta-bandeira Mocinha, agraciada com o Estandarte de Ouro. E por fim pela empolgação dos componentes.
Um emocionado Braguinha demonstrava gratidão pela homenagem ainda durante o desfile, em entrevista à TV Manchete. E o público, que não arredava o pé do novo palco, proporcionaria um momento histórico e que provavelmente jamais será repetido.
Dopado pelo samba cantado por Jamelão e parceiros, o público invadiu a pista quando os portões do início foram abertos e a escola já estava na Apoteose. Então, um novo desfile começou, se bem que na verdade o desfile continuou… no sentido contrário! Povo e escola, unidos no canto e na emoção, começaram a evoluir todo o caminho de volta da Sapucaí, ainda com a bateria e carro de som a plenos pulmões.
Além dessa simbiose povo/escola, o retorno da Mangueira teve um quê de protesto, já que a Verde e Rosa era frontalmente contra ocupar a Apoteose e desaprovava o sentido do desfile, da Presidente Vargas para o Catumbi. “Apoteose é a Mangueira, o Carnaval do povo”, dizia uma faixa levada por uma das alas. Como se diz no futebol, “pegou na veia”…
Apesar de a bateria ter passado reto pelo box e de ter havido um descompasso na evolução causado por uma ala coreografada, nada parecia ameaçar a vitória mangueirense. Enfim, duas horas que jamais seriam esquecidas.
REPERCUSSÃO E APURAÇÃO
Na apuração, realizada no Maracanãzinho, seriam lidas apenas duas notas (que variavam entre 5 e 10) em cada um dos dez quesitos, totalizando 200 pontos, e cada escola poderia receber cinco pontos de bonificação em cronometragem e cinco em concentração.
Na leitura das notas do desfile de domingo, o Império chegou a ameaçar a vitória portelense. Mas pontos perdidos em Mestre-Sala e Porta-Bandeira foram fatais para a escola da Serrinha e a Majestade do Samba comemorou seu 21º e (infelizmente até hoje) último título, com dois pontos de vantagem (203 a 201). A Caprichosos somou 193 pontos, um a mais do que o Salgueiro, que protestou muito por ter recebido uma nota seis em Enredo. Completaram as sete posições, União da Ilha, Império da Tijuca e Unidos da Tijuca, que foi rebaixada para o Grupo 1B.
RESULTADO DO DESFILE DE DOMINGO
POS. | ESCOLA | PONTOS |
1º | Portela | 203 |
2º | Império Serrano | 201 |
3º | Caprichosos de Pilares | 193 |
4º | Acadêmicos do Salgueiro | 192 |
5º | União da Ilha do Governador | 188 |
6º | Império da Tijuca | 157 |
7º | Unidos da Tijuca | 147 (rebaixada) |
A apuração das notas de segunda-feira foi dominada pela Mangueira, que teve apenas duas notas diferentes de 10 e terminou com 208 pontos, ficando à frente da Mocidade e da Beija-Flor. Logo no primeiro quesito (Bateria), a Mocidade levou uma nota 5 e, mesmo se recuperando depois, não alcançou a Verde e Rosa. Entre o quarto e sétimo lugares ficaram Imperatriz, Vila Isabel, Estácio de Sá (injustamente), e Unidos da Ponte, que caiu.
RESULTADO DO DESFILE DE SEGUNDA-FEIRA
POS. | ESCOLA | PONTOS |
1º | Estação Primeira de Mangueira | 208 |
2º | Mocidade Independente de Padre Miguel | 201 |
3º | Beija-Flor de Nilópolis | 193 |
4º | Imperatriz Leopoldinense | 189 |
5º | Unidos de Vila Isabel | 183 |
6º | Estácio de Sá | 173 |
7º | Unidos da Ponte | 168 (rebaixada) |
No fim, a inconfundível voz de Carlos Imperial e seu clássico bordão “dez, nota dez!” confirmaram as duas mais tradicionais escolas do Rio como primeiras campeãs do sambódromo. Enquanto isso, duas escolas subiram do Grupo B, a Acadêmicos de Santa Cruz e a Unidos de Cabuçu, estas classificadas para o supercampeonato, que não teria o julgamento dos quesitos Alegorias e Adereços, Fantasias e Enredo.
Desfilaram no sábado, pela ordem, Santa Cruz e Cabuçu, além de Caprichosos, Beija-Flor, Império Serrano, Mocidade, Portela e Mangueira. Ainda empolgada com a catarse da segunda-feira, a Mangueira entrou na pista carregando uma enorme faixa com os dizeres: “Agradecemos ao povão que não desanimou durante 10 anos esperando a grande vitória. O carnaval é de vocês! Mangueira”.
Em seguida, a Verde e Rosa fez uma homenagem à Portela, a qual bateria na abertura dos envelopes para se tornar supercampeã. Primeira e única.
RESULTADO DO SUPERCAMPEONATO
POS. | ESCOLA | PONTOS |
1º | Estação Primeira de Mangueira | 139 |
2º | Portela | 137 |
3º | Mocidade Independente de Padre Miguel | 128 |
4º | Império Serrano | 128 |
5º | Beija-Flor de Nilópolis | 127 |
6º | Caprichosos de Pilares | 120 |
7º | Unidos do Cabuçu | 111 |
8º | Acadêmicos de Santa Cruz | 101 |
E o novo palco da Sapucaí estava nas graças do povo e escolas.
Curiosidades
– Em 1984, um surpreendente troca-troca envolveu três dos mais conhecidos intérpretes da época. Após receber proposta da Mocidade, Aroldo Melodia saiu da União da Ilha. Já Ney Vianna teve um desentendimento com o presidente Gaúcho e deixou Padre Miguel rumo ao Império Serrano, que acabou vendo Quinzinho ir para a Tricolor insulana. No ano seguinte, Ney voltaria para Padre Miguel e Quinzinho, para a Serrrinha, enquanto Aroldo acertou com a emergente Santa Cruz. E a Ilha? Esta promoveu o então jovem Quinho.
– Dois pontos foram bastante criticados pelas agremiações no primeiro ano da Passarela do Samba. O primeiro foi o som, que falhou em algum momento para praticamente todas as escolas, mas principalmente para as três primeiras de domingo (Unidos da Tijuca, Império da Tijuca e Caprichosos). Empresa responsável pelo sistema, a Transasom informou que houve sabotagem e, além disso, os testes com o sambódromo vazio e a Sapucaí cheia para os desfiles fizeram muita diferença. Outra crítica era em relação à Praça da Apoteose pelo fato de haver quesitos em julgamento naquele local – pelo menos isso acabou em 1986…
– Falando em Apoteose, o criador dela, Darcy Ribeiro, teria se desentendido com Leonel Brizola às vésperas do Carnaval. Fato é que ele assistiu aos desfiles num local separado do governador. Segundo os jornais da época, Darcy teria sido afastado da Comissão de Carnaval na sexta-feira anterior ao Carnaval para dar lugar ao secretário de Turismo e Esportes, Trajano Ribeiro. Enigmático Darcy comentou o afastamento de Brizola no Carnaval: “Eu não vou para o camarote do Governador porque ele é governador e eu sou o vice. Além disso, o camarote está muito disputado. Muitos deputados, autoridades querem ficar perto do Governador. Eu não preciso: passo muito tempo com ele.” Darcy ficou como vice-governador até o fim do mandato de Brizola e concorreu pelo PDT à eleição de 1986, perdendo para Moreira Franco (PMDB).
– Desfilante tradicional da Mangueira, Beth Carvalho (que aliás foi homenageada no enredo campeão da Cabuçu no Grupo 1B) antecipou a intenção da Mangueira de voltar pela contramão em sua apresentação. Em entrevista à TV Manchete durante o cortejo mangueirense, a cantora provocou grande curiosidade nos comentaristas da emissora. Mesmo já sabendo da “surpresa” mangueirense, todos se emocionaram com o retorno da Mangueira. Sérgio Cabral classificou aquele momento como “histórico”, enquanto Fernando Pamplona disse: “E a Mangueira tá voltando bem!”.
– O Carnaval de 1984 ficou conhecido como o Carnaval das Diretas. Isso porque havia um enorme clamor popular pela volta das eleições diretas para presidente da República. Faixas e cartazes foram colocados na Sapucaí, mas um mês e meio depois a emenda constitucional do deputado Dante de Oliveira acabaria derrubada no Congresso pois não foi atingido o mínimo de dois terços no número de votos. Seria o último suspiro dos militares e seus asseclas reacionários, pois em 1989 finalmente o povo acabaria voltando às urnas para eleger o presidente.
Cantinho do Editor (por Pedro Migão)
O desfile do Grupo 1B, hoje Acesso A, teve um nível tão alto que acabaram sendo promovidas ao Grupo Especial quatro escolas: além da Cabuçu e da Santa Cruz, a terceira colocada Em Cima da Hora (com um samba sobre o ramal de trens de Japeri até hoje lembrado pelos apreciadores) e a São Clemente. À época este grupo desfilava na sexta de carnaval, com os blocos sábado. Coube à Império do Marangá, hoje extinta, inaugurar o Sambódromo, embora com um desfile simbólico – sem fantasias e alegorias. A primeira escola de fato foi o Arrastão de Cascadura.
Oscar Niemeyer projetou o Sambódromo sem jamais ter assistido a um desfile antes. Até hoje sambistas dizem, em tom irônico, que tem certeza disso a cada vez que pisam na passarela. A Praça da Apoteose também foi concebida como um espaço de reunião pública e resistência popular.
Onde hoje existem as frisas originalmente era uma grande geral, com as pessoas em pé – à moda do Maracanã.
Vídeos:
Desfile da Portela campeã de domingo
https://www.youtube.com/watch?v=4fOl1Tg_e_k
Primeira parte do desfile da Mangueira
Segunda parte do desfile da Mangueira, com a volta pela Sapucaí
O criativo desfile da Mocidade Independente
(Fotos: Extra, e O Globo)
Parabéns ao Migão e ao Fred Sabino pela iniciativa. Curioso é que, no seu livro, o Boni diz que, na verdade, a Manchete passou uma rasteira na Globo pelas transmissões de 84. E euc fico imaginando aqui o que aconteceria se, hoje em dia, uma escola tentasse dar essa volta que a Mangueira deu…
Eu estava tentando me lembrar do que o Boni dizia, é verdade. E se fosse hoje a Mangueira seria rebaixada por ter estourado o tempo rs
A Mangueira não daria essa volta, Hoje em dia o publico que frequenta a Marques de Sapucaí difere em muito ao publico de 1984.
O Sambódromo passou por um processo de elitização igualzinho ao que o “novo maracanã” está passando.
É impensável hoje em dia nós vermos o publico cantando samba da escola que desfila juntamente com o desfilante, simplesmente porque o publico no seu geral desconhece o samba que passa na avenida…
Ricardo, acho que esta elitização já foi pior, pelo menos nas arquibancadas. O público das frisas sim é “horroroso”, muitas vezes pouco ligando para o que ocorre na pista
Esse carnaval é antológico, aliás, como quase todos dos anos oitenta o foram. Especialmente pela ousadia da Manchete, com menos de um ano de existência, em apostar numa transmissão desse naipe e, principalmente, fazer bem-feito. Era a prova de que havia vida fora do “padrão Globo” e a Manchete, cá pra nós, faz muita falta nos carnavais.
O Paulo Stein estava escrevendo um livro sobre esta cobertura de 1984, mas não sei que fim levou.
Paulo tá como narrador do SporTV, vou entrar em contato com ele ;-)
Bem lembrado!
Parabéns pelo blog! Para viajar pelos carnavais do Sambódromo, muito legal. Já coloquei nos meus favoritos.
Eu tenho uma página no facebook sobre carnaval: https://www.facebook.com/pages/Incr%C3%ADvel-Fant%C3%A1stico-Extraordin%C3%A1rio/138372459677547
Sou um apaixonado pelo samba!
Thiago, antes de tudo valeu pela leitura. Agradeça principalmente ao Migão, entusiasta do bom samba como nós e que dedica espaço ao tema. E bem legal a página do Facebook! Abraços!
“Okê okê, Oxóssi… faz nossa gente sambar…”! Que samba! Isso sim é samba-enredo, daqueles que possuem vida eterna, como “Aquarela Brasileira”, “Heróis da Liberdade” e “Os sertões”!
Que falta faz a Portela no rol das campeãs. Tomara que em 2014 a Águia mais conhecida do planeta volte a triunfar!
A lendária volta da Mangueira está completando 30 anos neste 5 de março.