A coluna do advogado Walter Monteiro também aborda o tema do post anterior sobre a demissão do jornalista da Espn Flávio Gomes.

O Triunfo dos Chatos

“O Grêmio é um time filho da puta, timinho escroto desde 1903. São muito machos no sul, mas adoram dar a bunda. As franguinhas estão se beijando na avalanche? Bichinhas gremistas todas loucas na minha TL (obs, Time Line, ou Linha do Tempo, que é onde aparecem as mensagens no Twitter). Tá triste? Enfia a bomba do chimarrão no rabo que melhora. Só vou no RS para pegar as gaúchas”.

Essas e muitas outras gentilezas foram ditas pelo jornalista Flavio Gomes, notório torcedor da Portuguesa, em seu perfil pessoal no Twitter, logo após a vitória do Grêmio sobre a Lusa – graças a um pênalti inexistente marcado nos instantes finais. Se alguém um dia já foi a um estádio de futebol ou mesmo participou de uma conversa em bar sobre esse tema tão nobre, é certo que já disse ou pelo menos escutou coisas parecidas – até piores.

E muitos até dizem algo semelhante inclusive em redes sociais. Eu mesmo me lembro de ter me referido aos queridos gremistas, essa gente tão simpática e que me trata tão bem quando os visito em seu estádio, como as ‘Gazelas do Humaitá’, em uma postagem no meu Facebook.

Por óbvio, tenho um monte de amigos gremistas, o padrinho de uma das minhas filhas sofre desse mal (e o das outras duas um torce pelo Vasco e outro pelo Fluminense), colegas fraternos de trabalho idem, é justamente com eles que quero implicar quando faço essas provocações de gosto duvidoso.

Qual o problema, então?

O problema é que Flavio Gomes trabalha – trabalhava, melhor dizendo – na ESPN Brasil. Então, por ser jornalista, imagina-se que ele não possa ser torcedor nas suas horas de folga, falar besteira, falar palavrão, implicar com torcedores adversários, dizer asneiras.  Se ele agir como qualquer um de nós faz, merece arder no fogo da Inquisição, porque jornalistas esportivos são seres que não podem jamais ferir os melindres dos torcedores.

Curioso é que só no futebol é assim. No terreno da política, por exemplo, a baixaria está liberada. Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, dentre outros, se dedicam diuturnamente a xingar Lula, Dilma e os petistas. Mesmo com Lula exercendo o teoricamente solene cargo de Presidente da República, portanto merecedor de ao menos um tiquinho de respeito com a liturgia de sua posição, a dupla o chamava – chama ainda – de anta, vagabundo, indecente, despudorado, dentre outras coisas [1].

Fui até lá ao blog do Reinaldo Azevedo, que mantém um animado setor chamado de “Bobagens de Lula” para escolher uma frase carinhosa com o “Apedeuta” e sequer precisei passar da primeira página para achar uma nível Flavio Gomes de irritação: “se a bobagem limpa a cabeça de Lula, a gente imagina como é a dita-cuja quando está suja…”

Agora, imagina se uma horda de petistas enfurecidos (porque aos membros e simpatizantes do partido Tio Reinaldo reserva expressões ainda mais carinhosas) conseguissem que o insigne blogueiro fosse demitido? Ia ter denúncia até na Corte Interamericana de Direitos Humanos contra a violação da liberdade de imprensa.

Xingar o Presidente da República na revista e na TV é permitido: rende até livro na lista dos mais vendidos. Bater boca com torcedores no Twitter é antiético. Vai entender…

Os chatos estão dominando o mundo. Já não se pode rir, não se pode debochar, não se pode ser humano. É preciso robotizar as emoções e fazer da assepsia a conduta padrão. Encontrar frases feitas e decoradas no perfil pessoal de gente com exposição pública é o que nos resta. Quanto mais a gente se abre para o mundo, menos direito a gente tem de expressar o que realmente pensa.

Eu mal sabia quem era Flavio Gomes, o vi poucas vezes no ar. Mas preciso aqui render todas as homenagens para a coragem de ignorar gente que vai bisbilhotar o que ele diz no seu perfil pessoal e fica ofendida quando confrontadas com meia dúzia de grosserias. Sua demissão é o triunfo definitivo dos chatos.

E uma tristeza para a ESPN Brasil. Porque um colega da emissora, que em tom sério insinuou que o Grêmio tinha subornado o juiz e até sugeriu a quebra de sigilo telefônico do árbitro e do presidente do Grêmio. Ele pediu desculpas e ficou tudo por isso mesmo. Mas Flavio Gomes, que fez gracinhas (sem graças), foi para a rua.

Ou seja, caluniar pode. Fazer piada é que o pecado mortal.

Para João Palomino, José Trajano e outros que posam de titulares da moral e dos bons costumes naquele canal que se arroga modernoso e guerrilheiro contra as práticas danosas da Globo malvada, eu dou um conselho útil:

Estão tristes? Enfiem o microfone no rabo que melhora!

[N.do.E.1: ontem mesmo no Jornal do SBT o comentarista José Nêumanne Pinto chamou o ex-presidente Lula de “ladrão”.]

46 Replies to “Bissexta: “O Triunfo dos Chatos””

    1. Excelente texto. E engraçado que, em alguns comentários, o que está em jogo não é o fato da demissão ou não…mas sim o recalque dos gremistas. Concordo totalmente com o Blogueiro!

  1. Ok, Walter, há um monte de chato por aí, um monte de fiscal de opinião alheia etc. Sob esta ótica, você está certo. E o texto é muito bem escrito, como sempre. Mas vamos pensar do ponto de vista profissional: o cara é jornalista esportivo e, apesar de ser também torcedor e estar no seu espaço pessoal, ele é profissional da área. Pelo menos neste mister, não custaria nada manter uma certa postura. Imagine-se, como advogado que é, falando tudo que pensa, da forma despudorada e desregrada, sobre qualquer cliente ou possível cliente. Nem pode. Ou eu, que profissionalmente escrevo em nome de uma empresa pública de transportes, na minha hora de folga postar por aí coisas destemperadas sobre transporte público. Não pega bem. Ou pega?

    1. PS – Eu tive a oportunidade, há muitos anos, de trocar e-mails com o Flávio sobre uma pesquisa que eu fazia. Quero registrar que é um cara educado, atencioso, gentil. E, convenhamos, a Portuguesa não merecia tanto da parte dele.

    2. Discordo… Se o Mainardi pode xingar um presidente na Veja e não é demitido, por que o Flavio Gomes não pode xingar os Gremistas em seu Twitter pessoal?
      Concordaria com seu argumento se ele estivesse falando no ar pela ESPN, ou usando o Twitter dele.

  2. A demissão do Flávio é um precedente muito perigoso, pois, além de expor a submissão de um canal de tv dito como sério e independente aos pedidos raivosos de um time de futebol, também demonstra que os interessados reais do jornalismo da emissora não são os telespectadores, e sim os patrocinadores, clubes ou dirigentes. Sou seguidor do Flávio há muito tempo e ria a cada vez que ele mandava uma machadada ao meu time, o São Paulo. Tenho certeza que eu, e mais uma pancada de inúmeros torcedores de vários times, já leu absurdos em seus twittes. O fato de só agora a ESPN se preocupar com isso, soa hipócrita, tendencioso, submisso e torna a emissora mais próxima das outras (em seus defeitos).

  3. Me diga, alguma vez vocês jornalistas separam a pessoa pública da pessoa íntima? NÃO, vocês NUNCA FAZEM ISSO…

    então… por que com vocês devem ser diferente? Por que vocês jornalistas merecem ter isso?

    deixa de ser hipócrita.

    O cara fala tudo aquilo, como figura pública ele sabe que possui influência nas cabeças dos fracos.

    Deixa de hipocrisia…

    como disse outros… um artigo desses, tentando fazer o Flávio “Hipócrita” Gomes de vítima é apenas mais uma amostra da falta de bom senso e cultura por parte de muitos profissionais da mídia.

    Rejeitar uma opinião, ser contra uma opinião ou ideal é UMA COISA… ser burro, hipócrita, e partir para a ignorância, é outra, totalmente diferente.

    Torcer é uma coisa… ofender, xingar, agredir é outra…

    como o próprio Flavio “hipócrita” gomes disse sobre as pessoas usarem de agressão, reclamando que foi agredido no TWITTER…

    mas PERAEEE…
    não foi ele que começou a agressão?

    não foi ele que começou tudo?

    deixa de ser hipócrita também, seu pseudo jornalista autor deste artigo.

    outra coisa.. xenofobia conhece? apenas mais uma coisa contra esta ridicula pessoa.

    1. Melhor comentário da página.

      Realmente, é um festival de hipocrisia tentar colocar o Flávio Gomes de vítima nessa história.

  4. Caro colega Walter, sou advogado e gremista. Se você ler o que o Sr. Gomes escreveu, vai perceber que o mesmo atacou a honra dos jornalistas do Premier. Por tanto, caro e nobre colega de advocacia, não se tratou de mera brincadeira. Abraço.

  5. Walter, na boa, achei justo, eu acompanhei o Flávio Gomes por algum tempo em seu site Grande Premio, que continua sendo para mim o melhor site de automobilismo do Brasil, mas a pessoa Flavio Gomes é execrável, ele é um grande “Caga Regra” (desculpe o termo), basta você ler o Blog dele, ja arrumou confusão com um monte de gente, colocou um piloto da Stock Car em uma situação bem ruim, Galid Osman, também lei o Twitter dele, chama os seguidores dele “Merdinhas”, isso ja mostra a verdadeira cara dele, enfim, não o “Chato” e sim o Babaca!!!!
    Abs

  6. Grande Walter. Mesmo não indo mais aos jogos com a FLA-RS por discordar da forma panelesca como era dirigida (exceto quando queriam número nos jogos), continuo respeitando a tua opinião em vários temas que te vejo postando. Discordo de alguns, mas como, quase sempre, tem ótimos argumentos, não discuto o mérito de tais questões.

    Mas nessa eu concordo categoricamente.

    Só que estou meio sem tempo para discorrer sobre o tema. Vou deixar apenas uma pergunta para as gazelas e para as coloridas, mas, em especial, para o camarada que falou em xenofobia.

    Por que a imprensa e os torcedores daqui não se revoltaram do mesmo modo quando o Denardin falou aquele monte de merda do SPFC quando o Sóbis marcou o 2º gol do Inter na final da Libertadores de 2006?

    SRN!

  7. Outro que confunde ofensa com brincadeira. E não é a torcida do Grêmio o alvo, mas os homossexuais e os profissionais do Sportv. Ainda usa o clichê de que o mundo está ficando chato. Você pode não conhecer o FG, mas defende sua filosofia, o que dá no mesmo. Essa coisa de ele ser privilegiado em ser demitido pelo que falou é porque ele é uma pessoa pública. Mas todos que fazem o mesmo estão errados. Se isso é coibir liberdade de expressão ou emoção, tá na hora de rever os conceitos. Infelizmente, esse tipo de cultura tá enraizada na nossa sociedade, sendo futebolística ou não. Espero que a próxima geração mude. Seremos dinossauros perto dela, na mesma medida que nossos avôs machistas eram para nós. Torcida de futebol, hoje em dia, é um negócio errado. Essa paixão excessiva serve mais para torcer pela vitória e criar uma pouco saudável relação umbilical com o clube. Agora, defender o que é de interesse eticamente à instituição, ao futebol e à cidadania, isso ninguém quer fazer. Cada um pensa com o umbigo, seja o próprio (individualista) ou de um grupo (corporativista). Solidariedade com as diferenças do próximo, acham bobagem, brincadeira, levar as coisas sérias. Uma infelicidade.

  8. O Flavio Gomes me lembra o Andy Kaufman, um comediante que fazia graça pra si.
    Se fosse somente provocação,tudo bem, mas ele falou mal de colegas de profissão, abertamente.
    O arnaldo Ribeiro também se excedeu, e percebeu isso, pois pediu desculpas, tanto a torcida como ao presidente do Grêmio.
    Sobre a liberdade de expressão: sou totalmente a favor, mas existem consequências. Qualquer um pode cometer a injuria, mas que pague por ela. Foi o que aconteceu. Bola pra frente.

  9. Tem 50 anos, formado em jornalismo, e não tem idéia da proporção das redes sociais hoje em dia… tem mais que se f…
    No mais ficar ‘torcendo’ no twitter é coisa de bundão nerd, vá esbravejar, desabafar, ter xiliques no estádio ou vendo o jogo bebendo uma com os amigos.
    E só pra finalizar, porque quando ofendiam sua querida lusa ele bloqueava? Não sabe brincar?

  10. Compartilho com alguns dos pontos levantados pelo Walter, realmente há uma constante vigilância e moralização do comportamento alheio.
    Acho que no caso do Flávio Gomes, o qual também compartilho algumas ideias, sobretudo ideologias, o jornalista errou, mas não no comportamento, pois sou torcedor e acho que temos o direito de torcer, achar que o juiz errou, que nosso time é melhor que os demais, porém nas palavras, as quais demonstram as quais podem ser entendidas fora do contexto como homofóbicas, entre outras interpretações.
    Quanto a demissão, é direito da empresa contratar e demitir, porém neste caso, como ficou evidente que a demissão foi associada ao comportamento do jornalista no uso de perfis pessoais em redes sociais, creio que cabe alguns pontos ao debate, dentre eles:
    – O uso do seu perfil foi realizado na hora de trabalho?
    – O perfil era pessoal ou institucional (da empresa)?
    – O comportamento do trabalhador fora do ambiente da empresa deve condizer com normas previstas pela empresa?

    Diante destes questionamentos, reflito sobre o ponto de que se o jornalista foi demitido pelo que fez fora da empresa e hora de trabalho, então estava realizando horas-extras, deste modo deve ser ressarcido pelas horas em que esteve utilizando seu perfil em redes sociais, mesmo fora da empresa.

    Abraços

    Júlio Zandonadi

  11. Se ele tivesse simplesmente ficado enfurecido com o penalti irregular, tivesse xingado a situação em si, o juiz do filho da puta, de ladrão, estaria trabalhando na ESPN atá agora. Mesmo que esbravejasse que o Gremio é sempre beneficiado, etc, etc, não teria perdido o emprego.

    Não que eu concorde com isso, mas a forma como se dirigiu ao Grêmio foi desrespeitosa e ia mesmo acabar dando nisso.

    Liberdade sim, mas eu acho que existe um limite pra liberdade, porque se eu pensar como você, posso te irritar num dia que você não esteja bem e eu insistentemente ofender seu time no extremo do possível.

    Sou palmeirense e suporte tudo quanto é tipo de gozação assim como imponho aos meus amigos e próximos as gozações a que eles são cabíveis. Mas tanto eles como eu sabemos que há um limite pra gozação, não posso sair falando pros meus amigos que adoraria gozar na cara da mãe deles, isso não é liberdade de expressão, isso é falta de respeito.

    Entendi seu ponto de vista, mas o jornalista está ciente que a partir do momento que ganha fama num canal de TV, ele deixa de ser uma pessoa física para se tornar parte da empresa que ele representa. É a regra do jogo. Gostando ou não. Lamento pelo emprego dele, poderia ter tido a mesma liberdade que teve, bastasse ter corrido o chamado “risco calculado” e teria dito as mesmas coisas, de outra forma, e ainda mantido o emprego.

    É assim que a vida funciona.

  12. Penso que o erro do Flávio Gomes foi não ter separado o jornalista da pessoa.
    Como jornalista esportivo, principalmente no automobilismo, é um craque. Como pessoa, tenho minhas ressalvas. É um escroto quando fala de política. Mas quem não é?
    Agora fazer alarde por causa disso?! Não gostou, clica no “Unfollow” e vá ser feliz. Siga-o apenas no perfil do Grande Prêmio ou da Warm UP.O problema é que agora o torcedor do Grêmio quer discutir, brigar. Fazer valer o seu direto de torcedor indignado. E, certamente, o Presidente do Gremio ligou para o Sr. Trajano da ESPN pedindo a cabeça do jornalista Flávio Gomes pelas coisas que o torcedor retardado da Lusa (FG) esbravejou.

    Às vezes, até os gênios podem ser verdadeiros imbecis! E essas duas coisas o Flávio Gomes saber ser.

  13. Parabéns pelo texto. Como fã dos Canais ESPN fiquei muito triste, sem querer mim pego pensando o porque desta demissão. Achava a ESPN o canal mais autentico de esportes no pais, olhava ele como a esperança de um canal que não tinha rabo preso com ninguém, suas mesas redondas sempre muito cheias de opiniões e cheio de debates. Já estava cheio de jornalistas sem opinioes como os da GLOBO(que não assisto ha 3 anos) e SPORTV que mais parecem um bando de marionetes. Espero que mude algo neste canal para que a esperança de todos que compartilham do mesmo pensamento meu volte a acreditar neste canal.

  14. Sou Gremista e acho sim que a demissão foi certa, pois ele escolheu ser jornalista e trabalhar em uma emissora de televisão e na minha opinião ele deveria ter respeitado o clube e os torcedores agindo com um pouco de imparcialidade. Não vejo problema em um jornalista de esportes deixar claro o time que torce, porém respeitar os outros times é essencial para um profissional como ele. Concordo com a parte de que o outro jornalista deveria ser demitido já que também fez acusações utilizando o nome do presidente do grêmio, além de que outros times teriam atitude semelhante a do grêmio se isso tivesse acontecido com eles.

  15. Lamentável não saber distinguir o profissional de Comunicação Social do torcedor, mesmo que este, em suas horas vagas se tenha excedido, como o Flávio muitas vezes se excede. Como bem escreve o autor deste blog muita gente já escreveu coisa pior de gente que até a poderá ter merecido.
    Pior fica a ESPN que perde um excelente profissional como o Flávio pois seus telespetadores não ficarão satisfeitos pela sua futura ausência e até podem mudar de canal…

  16. Começo citando outro caso polêmico: o episódio Milly Lacombe x Rogério Ceni. Não pelo desfecho semelhante para a jornalista, mas por outra semelhança: a falta de calcar sua posição em um ente mais ou menos abstrato, a realidade.

    Realidade abstrata??? Que porra é essa? Na verdade não é a realidade que é abstrata e sim sua percepção. Cada um tem a sua percepção da realidade. A Milly pautou sua fala sobre o goleiro em alguns aspectos que ela percebia – diga-se de passagem, concordo com ela em muitas coisas e entre estas não está a acusação de fraude, frise-se. E que aspecto da realidade teria ela esquecido? O do carisma do atleta. O cara pode parecer o que você quiser achar. Mas é um ídolo de uma grande torcida. Esquecendo-se disso, a jornalista empolgou-se em sua fala e essa empolgação a levou ao erro da acusação. Passou da medida por não respeitar essa realidade.

    E o Flavio Gomes? O Flavio (que considero um baita jornalista) desconsiderou a realidade da fusão das suas imagens pessoal e pública. Ele não tem milhares de seguidores no twitter por ser o Flavio Gomes, mas sim por ser o Flavio Gomes DA ESPN. Só por isso já deveria ter mais cuidado com o que tuíta. Não necessariamente com o conteúdo, obviamente. Mas com a forma, com toda certeza. A realidade é que não há como diferenciar as duas figuras.

    Outro aspecto da percepção da realidade está na comparação entre os xingamentos ao Lula, Dilma, Maluf, Collor, Alkmin, Serra ou quem quer que seja do mundo político com os xingamentos a ou insinuações a respeito de clubes de futebol, torcidas, jogadores ou dirigentes desses clubes. As paixões afloram imediatamente quando se trata de futebol. Por algum mistério insondável da paixão, qualquer torcedor se dói por quem quer que seja do seu clube. Mesmo quando um dirigente mete seu objeto da paixão na enésima divisão, para o torcedor só quem tem direito de xingar algo ligado ao seu clube são os próprios torcedores. Xingamentos de fora são terminantemente proibidos.

    É óbvio que ninguém pode comparar (ou deixar de) os níveis de honestidade de políticos com os de clubes ou de seus dirigentes. Mas xingar um político tem um tipo de consequência (em geral pessoal, já que será difícil achar algo com a imagem mais no fundo do poço do que a instituição “política”) e xingar um clube (extensivo a jogador, dirigente, torcida, gandula, roupeiro…) tem outro tipo de consequência. Certo? Errado? Cada qual que avalie. Mas a realidade é esta. E não considerar a realidade pode fazer mal ao holerite.

    Não julgo o Flavio Gomes, nem defendo sua saída da ESPN. Preferia continua a vê-lo na emissora, onde certamente fará falta entre tantas feras que há por lá. Com sua inteligência, sagacidade, humor (mesmo que ácido), o Flavio logo estará em outro lugar e poderemos continuar a desfrutar do que ele tem a nos oferecer.

  17. Aqui quem fala é o dono e editor do blog. Comentários chamando de “ladrão” ex-presidentes, o autor do post ou o dono do blog serão deletados.

    Obrigado

  18. Acho que um torcedor tem o direito de se manifestar e não vejo problemas em jornalistas esportivos assumirem seu time de coração. Mas quando a coisa descamba pra xenofobia e homofobia (dois temas recorrentes no futebol e que deveriam ser execrados por jornalistas), isso muda de figura. É muito mais grave do que um mero desabafo de torcedor, são comportamentos que deveriam ser combatidos. E muito me admira os jornalistas que tanto criticam os médicos brasileiros pelo corporativismo cego em relação aos médicos cubanos estarem agindo exatamente da mesa forma em relação ao caso do Flavio Gomes, corporativismo cego.

  19. O texto está muito bem escrito e a sua opinião, obviamente, deve ser respeitada. Não vejo muito sentido em discutir se foi justa ou não a demissão de um funcionário, até mesmo porque nenhum de nós sabe como é o dia-a-dia do Flávio e da ESPN. Por exemplo, sabe-se lá se não havia um guia de conduta na empresa e o empregado ignorou completamente. Ou então, sabe-se lá se não fez várias outras “cagadas” e a empresa considerou esses posts como a gota d’água. De qualquer forma, todos os seus argumentos seriam válidos caso a ESPN tivesse demitido o Flávio por justa causa, daí sim poderiam considerar a demissão como absurdo. No entanto, a demissão não foi por justa causa, então a empresa apenas decidiu que funcionários com esse tipo de comportamento (certo ou errado) não têm lugar na emissora. Ela está no direito dela, e é ela quem deve decidir por quem contratar ou demitir. Cabe lembrar que a ESPN Brasil é uma emissora cujo produto final é a comunicação, e espera-se que no mínimo os seus funcionários sejam competentes nesse aspecto.

  20. Faço dessas palavras abaixo, as minhas (copiado de thomaz 13 site do uol)

    Errou, errou feio, errou grosseiramente, errou vergonhosamente ao ofender TODA a torcida do gremio… isso é uma coisa, a outra coisa é que ERROU MAIS FEIO, GROSSEIRAMENTE E VERGONHOSAMENTE quando , tal qual um menininho birrento falou que nao se arrependia de nada, mas que se soubesse que seria demitido nao teria dito o que disse! QUER DIZER, é um covarde! pq um homem de verdade nao mede suas palavras, seus pensamentos p. salvar emprego… A ACUSAÇÃO É GRAVISSIMA !! portanto se ELE fosse homem ele tinha que falar independentemente de perder ou nao o emprego, e como ELE mesmo confessou, se soubesse dos desdobramento ficaria quietinho no cantinho dele, quer dizer, um tremendo COVARDE e pessimo jornalista, pq jornalista de verdade fala a verdade custe o que custar!

  21. Torcida do Grêmio em peso nervosinha porque ele disse a verdade: A maior vitória da história do Grêmio foi em um Gre x Nau…. Náutico… série B… Texto excelente… Vão embora Chatos… Deixem o futebol ter a mesma graça de antigamente!

  22. O problema foi como ele quis “brincar” com a torcida adversária, as palavras de baixo calão, poderia ter feito a brincadeira sem ofender, sendo jornalista, acho que tem capacidade para escrever essa “brincadeira” com palavras mais adequadas e mesmo assim atingir o objetivo de zoar com a outra torcida.

  23. Eu o demitiria também, porque foi parcial. Todo mundo sabe que todo gaúcho, e nao só o gremista, adora dar a bunda.

  24. Discordo da demissão de Flavio Gomes. E concordo ainda menos com João Palomino parafrasear o hino do Grêmio, no twitter, pra anunciar a demissão.

    Ficou um tom de “o cliente tem sempre razão” ou “tamo junto com o Grêmio (onde o Grêmio estiver)”.

  25. Ele é um jornalista esportivo, sendo ruim ou bom profissional, é um formador de opinião. Deveria ter consciência de que com o que ele postou, mesmo sendo no seu perfil pessoal, pode estar incitando a violência entre torcidas. Erro gravíssimo.

  26. Caro blogueiro, penso que a demissão de Flavio Gomes esta diretamente ligada as declarações do seu colega Arnaldo Ribeiro.
    Acho que FG não seria demitido se todas as asneiras que ele falou não fossem acompanhadas de falsas acusações de um colega que usa espn em seu perfil, então perfil ligado a emissora. Fica a impressão que o Grêmio moveria ação contra a espn(devido as falsas acusações sobre arbitragem) caso uma atitude não fosse tomada. Então a espn que é um canal esportivo e que utiliza bastante os meios de interação com sua audiência, escolheu FG para demitir pois o mesmo ofendeu de forma exagerada alguns de seus consumidores, e acalmar os ânimos. Foi uma medida populista, porem para evitar ser processada por erro de seu funcionario.
    Penso que FG pagou pelas suas bobagens e principalmente pelas bobagens de seu colega.

  27. Lamentável esse episódio. Foi a maior decepção que a ESPN pode proporcionar. Um canal que se diz sério e “diferente” em seus pontos de vista, toma uma atitude que mostra o quanto o canal é “apenas mais um”, e não se difere de nenhum outro. Sou colorado e consequentemente, suspeito para falar, mas acredito que a demissão do Flavio Gomes foi uma das coisas mais bizarras e patéticas que eu vi na TV nos últimos anos. E você citou o caso do Arnaldo, pois tem um outro cidadão nesta mesma ESPN que se chama MAURO CÉZAR PEREIRA, que é ainda pior neste quesito, fala SEMPRE em tom sério e critica tudo e todos sempre que aparece no ar. Está lá até hoje, porque é igual ao Trajano. O Trajano também é assim, se o Flavio fosse um cara ranzinza e “gentleman”, estaria empregado. Em que mundo vivemos, meus amigos!

  28. Se ele tivesse se dirigido com suas ofensas apenas aos torcedores, dava pra aceitar… mas ele ofendeu a instituição Grêmio e o Rio Grande do Sul com suas bobagens desnecessarias e não teve a humildade de fazer um pedido de desculpas.
    Achei a demissão exagerada,mas que ele errou,errou e feio.

  29. Depois do advento dos blogs/twitters, a estupidez que se restringia a uns poucos infelizes ouvidos, agora aflige incautos como eu. O lado bom desse affair é que esse Gomes está definitivamente fora do ar, nenhuma empresa séria vai querer ter seu nome associado a um destemperado, racista e homofóbico! Talvez ele volte a ser presidente da Leões da Fabulosa, e passe a colocar em prática, novamente, toda a violência que prega. Assim como ele fazia nos anos 70/80. Os torcedores dos times nordestinos que visitavam o Canindé que o digam…

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