Nesta quinta, após breve ausência, a coluna da jornalista Raphaele Ambrosio retoma o tema do infarto, desta vez tendo os jovens como alvo.

Infarto na juventude – uma crescente preocupante

Algo vem chamando atenção na área da saúde: jovens cada vez mais sendo vítimas, às vezes, fatais, de infarto.

Mas o que leva os jovens de hoje a sofrer um problema tão sério com tão pouca idade? Ansiedade, alcoolismo, genética? O caso é preocupante e precisa ser levado a sério. Entenda um pouco o problema:

Infarto antes dos 30 é algo raro, porém não é impossível acontecer. Quando acontece, em alguns casos, o óbito é inevitável, pois vem a ser fulminante. No Brasil não há estatística exata quanto ao número de casos na atualidade, mas sabe-se que houve uma crescente. Antes eram apenas 5% dos casos de infarto no miocárdio em jovens, hoje acredita-se que esse número subiu consideravelmente.

Estresse, sedentarismo, má alimentação, ansiedade, histórico familiar, cigarro, bebida em excesso. Tudo isso pode ocasionar o problema no coração. O cigarro é o principal fator de risco. Não só o cigarro, como as drogas também. Em uma pesquisa realizada recentemente, 81% dos jovens que infartam fumam, 10% usam drogas, 60% já sofreram infarto antes dos 40 anos e a maioria dos casos aconteceu com os homens.

No Incor (Instituto do Coração) o que vem chamando atenção é o aumento de mulheres sofrendo infarto: 14 % contra 6% dos homens. Isso ocorre por conta do estresse do dia a dia, já que mulher trabalha, cuida de casa, marido, filhos, estuda… É a mulher moderna que, acumula funções e esquece de cuidar da saúde. Sem contar que o uso de anticoncepcionais ajuda a aumentar as chances de problemas cardiovasculares.

O sintoma mais importante e típico do infarto é a dor ou desconforto intenso retroesternal (atrás do osso externo) que é muitas vezes referida como aperto, opressão, peso ou queimação, podendo irradiar-se para pescoço, mandíbula, membros superiores e dorso. Frequentemente esses sintomas são acompanhados por náuseas, vômitos, sudorese, palidez, e sensação de morte iminente. A duração é caracteristicamente superior a 20 minutos. Dor com as caraterísticas típicas, mas com duração inferior a 20 minutos sugere angina do peito, onde ainda não ocorreu a morte do músculo cardíaco.

 Vale lembrar que é possível a ocorrência de infarto sem dor. Este é o chamado infarto silencioso. Este infarto só será identificado na fase aguda se, por coincidência, um eletrocardiograma ou uma dosagem de enzimas cardíacas for feita enquanto ele ocorre.

O infarto deixa cicatriz no coração do jovem. Ele fica com sequelas, tem redução da função ventrilar, diminui a contra atividade e o coração começa a bater mais fraco. É algo que será para o resto da vida.

O uso do cigarro pode fazer com que as chances de ter um novo infarto tripliquem. Em um estudo feito na Grécia, jovens infartados com idade abaixo dos 35 anos, 95% fumavam, 55% desses infartados continuaram fumando e 32% sofreram um novo infarto no prazo de um ano.

O diagnóstico é simples: quadro clínico, ECG (Eletrocardiograma) e alteração nas enzimas cardíacas. Qualquer que seja o tratamento escolhido pelo médico que vai prestar assistência ao paciente infartado, o ideal é que ele comece dentro das primeiras 6 horas após o início da dor. Quanto mais precoce, maior é a chance de ser restabelecido o fluxo sanguíneo e de oxigênio nas artérias coronárias, evitando as complicações decorrentes da necrose do músculo cardíaco.

Pontos importantes do tratamento são: alívio da dor, repouso para reduzir o trabalho cardíaco e administração de agentes trombolíticos para melhorar o fluxo sanguíneo.  A permanência na Unidade Coronariana deve se restringir ao período crítico, no mínimo 72 horas, pois a incidência de complicações neste período justifica a monitorização contínua.

Abaixo, veja quais são os fatores de risco associados ao infarto nos jovens:

  • Colesterol alto
  • Sedentarismo
  • Tabagismo/ uso de drogas ilícitas
  • Hipertensão arterial
  • Estresse
  • Excesso de peso
  • Diabetes mellitus
  • História familiar ou predisposição genética
  • Alterações hemodinâmicas: hipertensão arterial, hipotensão, choque, mal-estar, etc.

Agora, veja abaixo métodos para prevenir o infarto:

  • Ter uma dieta equilibrada, reduzindo a ingestão de gorduras saturadas e aumentando as fibras, frutas, vegetais e cereais.
  • Prática regular de atividades físicas.
  • Manter o peso ideal, com índice de massa corporal abaixo de 25 kg/m², evitando a obesidade e seus danos à saúde.
  • Dosar os níveis de colesterol e triglicérides pelo menos a cada cinco anos a partir dos 30 anos.
  • Medir a pressão arterial a cada dois anos ou em todas as consultas médicas para evitar os danos causados pela hipertensão arterial não controlada.
  • Abandonar o cigarro para prevenir o infarto do miocárdio e outras doenças como o câncer de pulmão e a doença pulmonar obstrutiva crônica.
  • Procurar reduzir o estresse com massagens, ioga, exercícios físicos em geral e meditação.