Sexta feira última, como sempre faço, chequei minha carteira para saber se precisaria sacar alguns poucos caraminguás no banco e reparei algo que está mudando bastante a vida do ser humano: o cada vez menor manuseio de dinheiro em espécie.
Obviamente não falo de transações ilegais, de lavagem ou que não possam ser feitas via sistema bancário; estas continuarão a demandar grandes quantidades de valores em notas e até moedas.
Falo do cidadão comum, eu, você leitor, que tem seu emprego, seu salário e paga suas contas religiosamente.
O advento do cartão de débito diminuiu muito a quantidade de dinheiro necessária para o dia a dia. Juntamente ao cartão de crédito, e ambos sendo aceitos em praticamente todos os estabelecimentos, diminuiu muito a quantidade de moeda “real” que o cidadão deve portar em suas carteiras.
Na prática, o dinheiro só é utilizado mais fortemente hoje para pequenas despesas, daquelas que não se faz sentido pagar com o cartão de crédito ou débito. ou então na movimentação da economia informal, embora alguns camelôs, hoje, já aceitem cartões para pagamento. Até táxis começam também a aceitar esta forma, trazendo mais comodidade ao cliente.
Com isso, a necessidade do chamado “meio circulante” diminuiu no país, e o custo de impressão das notas, também. cada vez mais vemos o predomínio da chamada “moeda” escritural, puramente eletrônica.
O seu pagamento é depositado diretamente no banco por uma empresa que também faz uma transferência de recursos. Suas contas são pagas diretamente através destes recursos sem a necessidade de saques em espécie. Compras são feitas no cartão de débito eletrônico ou no crédito, desta mesma forma.
A moeda está se transformando em algo puramente escritural e eletrônico. Na prática, os reais que você tem depositados em sua conta bancária – vá lá, o limite de seu cheque especial – são direitos escriturais, garantidos em uma conta bancária e movimentados através de recursos da tecnologia de informação.
Ainda em comunidades mais pobres o uso da moeda “física” vem decrescendo. Até o Bolsa Família ou os benefícios da Previdência hoje são pagos via cartão de saque, e pode-se utilizá-los como um cartão de débito comum.
Outro meio de pagamento que tende a ser utilizado proximamente é o telefone celular. A Oi já tem um produto no qual o celular  – na prática, o chip – funciona como uma espécie de cartão de crédito, possibilitando seu uso como meio de pagamento. É algo que ainda não tem a capilariedade das administradoras de cartões de crédito, mas que pode vir a ser uma alternativa em um futuro não muito distante.
Como corolário do cada vez maior uso da tecnologia e da transformação de moeda real em moeda escritural, cai o uso do talão de cheques. Para quê usar cheques se eu uso o cartão de débito, com inadimplência zero ? Para o lojista é mais econômico, pois reduz o calote, e para o cliente aumenta a segurança – um pouco – em caso de roubo e em especial, de furto. Eu mesmo praticamente só utilizo meu talão para fazer meu donativo na Igreja, e olhe lá.
Ainda os pré-datados – invenção brasileira em tempos de crédito caro e escasso – também vem assistindo a uma redução de seu uso devido ao aumento da oferta de crédito por vias usuais nos últimos anos.
Evidentemente a utilização cada vez maior da moeda eletrônica torna mais fácil a administração da política monetária, pois é mais fácil colocar ou retirar títulos no mercado – respectivamente enxugando ou expandindo a base monetária da economia – de forma eletrônica do que imprimindo ou recolhendo notas em papel moeda. Base monetária é, grosso modo, a quantidade de dinheiro em circulação em suas mais diferentes formas na economia de um país.
Voltarei ao tema, mas peço aos meus 73 leitores que prestem atenção neste fato: a progressiva diminuição do uso do dinheiro em papel em nossas vidas.