O como sempre bem informado Marco Aurélio Mello em seu DoLadoDeLá (link ao lado) informa que o Presidente Lula foi a campo para diminuir a “temperatura” desta pré-campanha presidencial.
Pelo relato, parece que está se costurando uma espécie de ‘acordo’ a fim de que, qualquer que seja o resultado das eleições, permitir que não haja grandes rupturas na condução da política e especialmente da economia. Por outro lado, proporcionar aos maiores veículos de comunicação do país uma espécie de “saída honrosa” da radicalização em que se envolveram, inclusive com calúnias e inverdades.
Agora, algumas coisas deste “acordo” me parecem absolutamente incoerentes.
Um bom exemplo seria a eventual manutenção do presidente da Petrobras. Ora, a atuação da oposição no debate do marco regulatório é justamente no sentido de diminuir ao mínimo o tamanho da empresa e tentar garantir o naco das empresas estrangeiras na exploração do pré-sal, em posição de preponderância.
Não custa lembrar, também, que o próprio pré-candidato José Serra já afirtmou que “imprivatizáveis são BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica.” Ou seja, a petroleira brasileira, na visão programática, é possível sim de estar no programa de privatizações.
Outra questão que levanto é o absoluto desprezo pelos movimentos sociais caracterizado pelos governos da oposição. Isso irá mudar ? Não creio.
Prefiro entender o movimento descrito como uma espécie de “pacto de não agressão”. A grande imprensa conservadora percebeu que poderia ter imensas perdas em caso de vitória da pré-candidata do atual governo; e resolveu abrandar as críticas a fim de não perder contratos publicitários ou então ter de enfrentar algum tipo de legislação regulatória mais rígida.
Como já escrevi aqui em outras ocasiões, penso que somente teremos um quadro mais preciso das eleições após a Copa do Mundo. Acredito, também, que o povão irá votar com o bolso.
Reproduzo abaixo o artigo original. Tirem suas próprias conclusões.
P.S. – O jacaré da foto é porque o bichinho tem cara simpática, mas causa estragos que é uma beleza. Bem apropriado para certos personagens da política atual.
“Diálogo com os Donos do Poder”
Muitos vão achar loucura, mas quem entrou em campo para “abafar” o fogo e diminuir a quentura em relação à sucessão presidencial foi o próprio presidente da República, ao lado de seu fiel comunicólogo Franklin Martins. Isso talvez explique os encontros reservados que a candidata Dilma Rousseff teve com o diretor de redação dA Folha de S. Paulo, Otávio Frias Filho, o Otavinho, e com Roberto Civita, presidente do Conselho Editoral da Abril e editor sênior do grupo, no mês passado. Há quem diga que os Marinho também já teriam acenado com a possibilidade de um encontro secreto com a candidata do governo, costura que teria sido feita pelo próprio presidente, na comemoração de 10 anos do jornal Valor Econômico. O que nos ajuda a entender, portanto, a guinada repentina ao centro dos jornais impressos e o abrandamento das agressões gratuítas que a candidata situacionista vinha sofrendo das “penas de aluguel”. Ao mesmo tempo, curiosamente, o candidato da oposição passou a ser visto amistosamente, ao lado de sua adversária. Os donos do poder decretaram que a transição, se houver, será lenta e gradual, sem rupturas. Amparada por uma espécie de anistia ampla, geral e irrestrita. Dilma está na dela, cumprindo o protocolo e ouvindo disciplinadamente os conselhos do padrinho, que acha que na base da boa conversa fatura mais essa. Ao mesmo tempo, para se manter no jogo, Serra veste o figurino de bom moço, do “paz e amor”. Tenta emplacar com os indecisos a idéia de que é uma consequência natural no processo democrático. Um esforço que incluiria, inclusive, o convite para governar com a oposição e a manutenção em postos-chave de nomes consagrados, entre eles: Celso Amorim (chanceler), Henrique Meirelles (Banco Central), José Sérgio Gabrielli (Petrobras) e Luciano Coutinho (BNDES), entre outros. Muitos incautos podem até mergulhar no mar ao ouvir este doce canto de sereia… Mas o fato é que os donos do poder (sempre pragmáticos) descobriram que a agenda neocon não cola mais. Ninguém quer Estado mínimo, verdísmo subjetivo e fanatismo religioso. E como o dinheiro não tem ideologia…