2016, ano olímpico e ano de eleições municipais no Brasil, mas também é o ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos. Assim como em 2012, a Made in USA finalmente voltará a honrar o seu nome e fará o acompanhamento de todo o processo de escolha do próximo mandatário da nação mais poderosa do Planeta.

Para começar a cobertura, esta primeira coluna inicialmente explicará como funciona este longíssimo processo de escolha que começou na semana retrasada em 1° de fevereiro e só culminará em 8 de novembro com a eleição presidencial propriamente dita, ao menos idealmente. O sistema de eleição presidencial nos Estados Unidos é complexo e muitos problemas podem ocorrer mesmo após o dia 8 de novembro. Mas isso é assunto para ser abordado em um estágio futuro¹ da corrida presidencial.

A primeira etapa consiste na escolha interna de cada partido de quem será seu candidato para as eleições gerais de novembro no que se chama de “primárias”. Mesmo que não haja nenhuma restrição legal, o sistema político americano é um sistema bipartidário na prática, tendo o Partido Democrata, de centro-esquerda de um lado e o Partido Republicano, de direita com setores em extrema-direita, de outro. Apenas o candidato indicado por cada um desses dois partidos terá reais chances de ocupar a cadeira presidencial.

O processo de primárias funciona de forma bem diferente da eleição geral. Esta ocorre no mesmo dia em todos os 50 estados americanos e apenas nos estados. Já as eleições primárias ocorrem bem aos poucos, e cada estado faz em uma data diferente, em um longo processo de escolha. Normalmente, depois dos 4 primeiros estados, é normal que se escolham grupos de estados para realizarem suas primárias no mesmo dia. Além dos estados, tanto democratas como republicanos também organizam primárias nos territórios ultramarinos, Commomwealths e afins (nessas categorias se encaixam Porto Rico, Ilhas Marianas, Guam, etc.). Além disso, os membros do partido que estão morando fora dos Estados Unidos também tem direito a participar das convenções. No caso democrata, eles inclusive tem direito a votar na eleição do candidato democrata, já os republicanos participam mas não votam.

20131107_125753A eleição no primeiro estado já ocorreu em 1° fevereiro, e a última eleição está marcada para ocorrer só em 14 de junho. Esse grande lapso de tempo é feito de forma proposital, para que aos poucos já vá se desenhando quem serão os principais concorrentes dentro de cada partido, já tendência é que a medida que os candidatos fiquem para trás nas sucessivas eleições, eles abandonem a disputa.

Este longo tempo de primárias também faz com que os candidatos ganhem bastante exposição da mídia, ainda mais quando a quantidade de candidatos diminui. Isso é duplamente bom: primeiro ajuda a destacar o candidato, segundo a probabilidade de qualquer escândalo detonar uma candidatura após a convenção nacional do partido (momento de indicação formal do candidato) é bem pequena, já que provavelmente ele já fora tornado público ainda no período das primárias.

Cada estado é livre para dispor sobre as regras dessas escolhas. Basicamente existem dois formas de escolha: os “caucuses” e as “primárias”. As primárias muito se assemelham a eleições normais. As urnas ficam abertas durante o dia, o eleitor reserva uma parte do seu dia para ir a uma seção eleitoral, deposita seu voto secreto na urna (algumas são manuais, outras eletrônicas), ao fim do dia as urnas são fechadas e os votos concedidos são apurados. De forma geral, são mais usadas em estados mais populosos.

Já os “caucuses”funcionam de forma totalmente diferente. Os eleitores se reúnem em locais públicos previamente determinados e ali discutem, conversam e fazem sua escolha. Normalmente há discursos de apoiadores dos candidatos nas tribunas desses lugares (muitas vezes os próprios candidatos se apresentam em alguns locais) e a tentativa de convencimento de indecisos é livre. Dentro dos “caucuses” os  processos são complexos e as vezes são feitas mais de uma votação, sendo que apenas a última realmente conta para os números finais. Em determinados casos a eleição sequer é secreta, como é o exemplo dos “caucuses” do Partido Democrata em Iowa. Esses procedimentos costumam ser mais usados em estados menores e sem grandes cidades.

20131110_125715Também variam de estado para a estado a legislação sobre quem pode votar nas prévias. Para isso existem 4 classificações de universo eleitoral: prévias fechadas, semi-fechadas, semi-abertas e abertas. Nesse casos, não há qualquer característica que tencione um estado para adotar um ou outro tipo de universo eleitoral.

As prévias fechadas só permitem que eleitores filiados anteriormente a cada um dos partidos possam votar; os independentes nesse caso não podem participar das prévias.

As prévias semi-fechadas permitem que os independentes votem, desde que escolham apenas um partido para votar. Em alguns estados essa escolha precisa ser feita com alguns dias de antecedência e em outros pode ser feita secretamente apenas no momento do voto.

As prévias semi-abertas permitem que o eleitor independente não declare com antecedência em qual prévia ele votará, mas ao chegar na seção eleitoral ele precisa indicar qual cédula ele quererá – e cada partido tem uma cédula separada.

Já as prévias abertas são bem loucas. O eleitor, não importa se filiado ou não a algum partido, recebe uma cédula com todos os candidatos. Ou seja, um membro do partido republicano pode votar na prévia do partido democrata. Isso as vezes é utilizado para tentar fazer um candidato considerado fraco do partido adversário ganhar a prévia.

Outra característica das primárias que é fundamental para entendê-las é que elas são processos internos de cada partido. Assim, o Comitê Nacional Democrata e o Comitê Nacional Republicano são livres para organizar o calendário de cada uma de suas primárias e as regras de escolha do candidato e cada comitê estadual é livre para indicar de que forma será feita essa primária e quem poderá votar nelas.

20150304_114335Ao final dessa maratona, os candidatos serão escolhidos pelos delegados na Convenção Nacional Republicana e na Convenção Nacional Democrata, que ocorrerão respectivamente de 18/07 a 21/07 em Cleveland (no ginásio do Cavaliers) e de 25/07 a 28/07 na Philadelphia (no ginásio do 76ers). O candidato que obtiver mais do que 50% dos votos dos delegados será o indicado para o partido.

Caso ninguém consiga obter mais do que 50%, há o que se chama de “brokered convention” (convenção quebrada), fato que complica de forma inacreditável a indicação do candidato. Para não embolar ainda mais esta explicação e como isso nunca ocorreu desde que se instituiu o atual sistema de primárias, deixo de explicar aqui a possibilidade de “brokered convention”. Caso durante qualquer uma das disputas ocorra a possibilidade de uma “brokered convention” farei uma coluna especial sobre esse fenômeno.

Mas quantos são os delegados de cada partido? Quem indica? Eles são livres para votar em quem quiser ou tem voto vinculado? Por ser um processo interno, cada partido tem a sua regra. Vamos explicá-las.

Delegados do Partido Democrata

Começaremos com o Partido Democrata, do atual Presidente Obama. A eleição do candidato do partido é feita pelos delegados presentes na Convenção Nacional Democrata. Existem dois tipos de delegados no Partido Democrata: os “comprometidos” (pledged) e os “não-comprometidos” (unpledged).

O número de “comprometidos” para a Convenção Nacional de 2016 foi fixado em 4.051 delegados. Esses delegados são distribuídos entre os 50 estados, de acordo com uma fórmula matemática que leva em consideração a porcentagem de votos que cada estado deu ao candidato democrata nas últimas três eleições presidenciais (04, 08 e 12) e pela quantidade de votos que cada estado tem no colégio eleitoral presidencial americano². Já para os territórios e os democratas fora dos EUA, os números são fixados pelo Comitê Nacional. O estado com o maior número de “comprometidos” é a Califórnia com 475 e o menor é Wyoming com 14. Os territórios tem 6 delegados, a exceção da Samoa Americana com 4 e Porto Rico com 51.

20131107_151609O fluxo de indicação, resumidamente é o seguinte: de acordo com o resultado de cada estado, o candidato tem o direito de indicar um número específico de delegados. Esse delegado na Convenção, votará no candidato que o indicou. É o direito de indicar cada um desses 4.051 delegados “comprometidos” que os candidatos democratas disputam nas primárias. Desde 2006 o Partido Democrata exige que todos os estados e territórios distribuam proporcionalmente os delegados “comprometidos” que cada um tem direito entre todos os candidatos.

Porém, em alguns estados certo número de delegados são divididos por distritos eleitorais, de forma que a quantidade de delegados obtidos não necessariamente é estritamente proporcional a quantidade de votos obtidos no estado inteiro (at-large). Para esses casos, o melhor a se fazer é esperar a contabilidade de delegados da CNN (normalmente feita em tempo real) ou do blog The Green Papers, porque é bastante complicado fazer a conta exata de quantos delegados cada candidato obteve em cada distrito.

Em alguns estados o delegado “comprometido” indicado pelo candidato é obrigado a votar no candidato que o indicou, em outros ele pode mudar o voto. Mas essa é uma filigrana que quase nunca ocorre, pois é praxe que os outros candidatos liberem todos os seus delegados para votar naquele que já se sabe que conseguiu obter mais de 50% dos delegados antes da Convenção.

Assim, a Convenção em si costuma ser apenas uma formalidade, pois o candidato já estará indicado desde o resultado das prévias de junho. Alias, essa prática é igual nos dois partidos.

Além desses delegados “comprometidos” há delegados “não-comprometidos”. Eles são políticos democratas proeminentes que, mesmo sem primárias, tem garantido seu voto como delegado por sua posição. Eles tem o apelido de “superdelegados” e hoje são 714 delegados.

20131105_085840São eles Governadores, Deputados Federais (incluído os meramente observadores dos territórios), Senadores, membros do Comitê Nacional do Partido Democrata e políticos que já ocuparam as seguintes posições: Presidente dos EUA, Vice-Presidente dos EUA, líderes do partido na Câmara ou no Senado, Presidente de Câmara de Deputados e Presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata³.

Juntos “comprometidos” e “não-comprometidos” totalizam hoje 4.765 delegados. Logo o número mágico para que um candidato obtenha a indicação do Partido Democrata é 2.383 delegados.

Esse número poderá sofrer pequena alteração até julho porque a quantidade de “não-comprometidos” pode se modificar até a Convenção por mortes, eleições especiais ou outra excepcionalidade, mas ele não muda de forma significativa e será o padrão usado para as contagens, já que normalmente se perde mais superdelegados do que se ganha durante o acontecimento das primárias.

Delegados do Partido Republicano

O Partido Republicano também tem os dois tipos de delegados: os que são escolhidos pelas primárias e os membros do Comitê Nacional, fixado em 3 por estado, que são delegados automáticos.

Os delegados automáticos também são chamados de “não-comprometidos” (unpledged). Porém, não dá para chamá-los conceitualmente de “não-comprometidos” pois alguns poucos estados obrigam a esse delegado automático a votar no candidato vencedor na prévia do respectivo estado.

tea-partyComo já é tradição na política americana, a quantidade de delegados na Convenção Republicana é bem menor do que na Convenção Democrata. Os escolhidos pelas primárias (que por questões didáticas continuaremos a chamar de “comprometidos”) foram fixados em 2.304 delegados e são 168 membros do Comitê Nacional em um total de 2.472.

Logo, como não há 0,5 voto no Partido Republicano, o número mágico para se conseguir a indicação do Partido Republicano é 1.237 delegados.

A fórmula que distribui os delegados por estado levam em conta o número fixo de 10 delegados por estado, mais 3 para cada deputado que o estado tem direito na Câmara dos Deputados além de “delegados bônus” para os estados nas seguintes condições: para os estados que escolheram o candidato republicano na última eleição presidencial, para cada senador do partido que seja do estado, para os estados que elegeram 50% ou mais de seus deputados do partido republicano, para os estados governados por um republicano e para os estados que tem maioria em uma ou ambas as casas legislativas estaduais4. Todos esses bônus são cumulativos.

Já para os territórios, assim como no Partido Democrata, o número de delegados “comprometidos” é previamente determinado. Já os Republicanos que moram fora dos EUA (Republicans Abroad) tem direito a enviar observadores a Convenção, mas, diferentemente dos democratas, não tem direito a voto na indicação da candidatura presidencial.

A distribuição de delgados pelos candidatos dentro de cada estado no Partido Repubicano é muito complexo, pois cada estado é livre para adotar a fórmula que quiser. Assim, existem estados que distribuem proporcionalmente, igual aos democratas,  já outros distribuem pela fórmula “vencedor leva tudo” (winner-take-all) que dá todos os delegados para o candidato mais votado, tal qual a eleição geral de novembro. Outros usam uma fórmula “vencedor leva tudo” de forma modificada, onde alguns delegados distribuídos aos vencedores em cada distrito .

Alguns estados adotam uma forma híbrida, em qual a distribuição é proporcional, mas caso um candidato tiver mais de 50% dos votos, a regra muda para “vencedor leva tudo” e há estados que separam alguns delegados para a proporcionalidade e outros para a regra “vencedor leva tudo”.

Candidatos

A própria sistemática de candidaturas nos Estados Unidos é bem diferente. Como cada estado tem uma eleição totalmente independente, cada um com suas próprias regras, existem vários candidatos em ambos os partidos. Muitos deles são inexpressivos e participam das eleições em poucos estados, as vezes apenas em um. Nesse rápido perfil, apresentarei apenas os candidatos com alguma representatividade nacional.

Partido Democrata

A situação no Partido Democrata é mais fácil. Existem apenas dois candidatos: Hillary Clinton e Bernie Sanders.

150413_hillary_clinton_getty_650x353Porém, se Hillary parecia fazer história ate o ano passado, quando tudo indicava que pela primeira vez na história teríamos prévias sem um presidente atual com apenas uma candidatura realmente competitiva, Sanders tem crescido bastante nas últimas pesquisas. Aos poucos já se instala um certo medo dele repetir o que fez Obama há 8 anos, quando na onda do “Yes, we can” ele levou uma nomeação que muitos já davam como certa na mão de Hillary.

Hillary Clinton: de todas os candidatos, provavelmente a mais conhecida do público brasileiro. Ex-primeira dama dos Estados Unidos no governo de Bill Clinton, ela foi Senadora pelo estado de New York por 8 anos no início do milênio e protagonizou com Obama a disputa mais difícil para a indicação de um partido desde que o sistema de primárias passou a ser a regra na política americana. No governo Obama foi Secretária de Estado (o cargo mais importante do gabinete presidencial americano) até a morte do embaixador americano na Libia forçar sua saída do cargo no início de 2013. Hillary tem grande experiência política e possui a simpatia de grande parte dos doadores democratas (a maioria pertencente a Aliança Democrática), ou seja tem uma máquina eleitoral muito forte e rica.

bernie-sanders-gallery-photo-5-super-169Bernie Sanders: Sanders tem sido a grande surpresa do lado democrata. Também é um político muito experiente, sendo deputado federal pelo pequeno estado de Vermont por 16 anos ininterruptos. Tal fato se torna ainda mais impressionante pelo fato de que ele sempre foi um “independente”, ou seja, um candidato sem Partido5 e sem o suporte das grandes máquinas financeiro-partidárias por trás. Depois foi eleito senador em 2007 pelo mesmo Vermont ainda como independente. Apesar de independente, Sanders sempre se alinhou aos democratas quanto às visões políticas, especialmente a ala mais à esquerda do partido.

Após vários anos de “alinhamento independente”, Sanders decidiu se filiar oficialmente ao Partido Democrata em 2015, já pensando em concorrer as prévias presidenciais do partido. É a primeira pessoa declaradamente social-democrata, admirador do modelo escandinavo, que se constrói uma candidatura viável para a presidência americana em muito tempo e é reconhecido pela consistência de suas posições políticas ao longo da carreira, exatamente o oposto de Hillary. Muitos quadros do Partido Democrata tem medo de sua candidatura por acharem Sanders posicionado demais à esquerda do espectro político americano, a ponto de assustar os eleitores sem partido. Mas tem sido justamente sua imagem descolada da classe política de Washington que tem impulsionado sua candidatura nos últimos meses.

Partido Republicano

Aqui por muito tempo a confusão imperou. Temos um time inteiro de futebol com campanhas que pretendam ser nacionalmente representativas em uma campanha incialmente pulverizada pela quantidade de candidaturas. Porém um fenômeno vindo do nada, ou melhor, de Wall Street, bem longe da classe política, se catapultou para a liderança de todas as pesquisas: Donald Trump (ele mesmo, o empresário da versão original de “O Aprendiz”). Contrariando a previsão de todos os analistas políticos Trump manteve essa liderança mesmo com o início das prévias.

Donald Trump: Trump fez a vida como empresário e nunca teve nenhuma experiência política. Ao que tudo indica, é exatamente a falta de experiência política que o está catapultando nas pesquisas. Apartidariamente, os americanos indicam que estão cansados dos “velhos políticos” e estão buscando alternativas. É o mesmo fenômeno que está levantando Sanders nas hostes democratas. Conhecido por seu estilo histriônico e posições políticas muito radicais, especialmente quanto aos muçulmanos e imigrantes em geral, todos acreditavam que ele acabaria perdendo eleitores por suas radicais até para os ultra-conservadores em alguns pontos. Por outro lado, em outros pontos ele se assemelha mais aos democratas, o que o torna um “liquidificador político”. Porém o tempo passou e ele continuou forte nas pesquisas.

Ted Cruz: recém eleito pelo Texas, um dos maiores redutos republicano-conservador nos Estados Unidos, Cruz é conhecido por seu fortíssimo laço com os evangélicos. Ele é evangélico batista e tem uma quantidade gigantesca de voluntários religiosos dispostos em fazer a campanha país afora, inclusive viajando longas distâncias e ficando em acampamentos para tal (os Cruz Camps). Tem perfil muito conservador e não é bem visto pelos dirigentes do partido, pois sua visão conservadora-religiosa espantaria o eleitorado independente que é fundamental para se eleger um presidente nas eleições gerais.

Jeb Bush: filho e irmão de ex-presidentes, Bush era o Governador da Flórida quando da confusão nesse estado quando da eleição de seu irmão a presidência. Bush tem o mesmo perfil conservador de todo o seu clã político, mas desprovido da religiosidade de Cruz. Apesar de conservador, é uma esperança do partido para conquistar os votos latinos, cuja comunidade é forte na Flórida e com forte presença dos exilados cubanos nas hostes republicanas. Desde o lançamento da candidatura de Trump, não para de cair nas pesquisas e se seu desempenho não for bom nas primeiras 3 ou 4 primárias, provavelmente ele será forçado a abandonar a campanha.

marco_rubio_speaks_jc_150413_16x9_992Marco Rubio: Rubio é Senador pelo mesmo estado da Flórida e tem perfil um tanto quanto parecido com Jeb Bush. Alias, é interessante que os dois tenham lançado campanhas simultâneas, com potencial de um roubar voto do outro. Rubio é filho de cubanos (emigrados para EUA antes da ascenção de Fidel Castro), é conservador e tem sido um dos parlamentares mais ativos no combate as políticas de Obama, especialmente a reforma na saúde. Ele é o candidato mais jovem entre todos com 44 anos e desde a derrota de Romney há 4 anos já era visto pelo partido como uma forte possibilidade para a eleição presidencial de 2016.

John Kasich: atual governador reeleito de Ohio, estado que tem fama de decidir eleições presidenciais, Kasich foi por 6 anos presidente da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados no Governo Democrata de Bill Clinton e um dos responsável pela reforma do sistema de bem-estar social feita neste período. Também é um candidato do “estabilishment” do Partido Republicano, com posições conservadoras, especialmente  no que tange ao que se convencionou chamar de neoliberalismo: menos gastos e menos impostos.

Chris Christie: o controverso governador de New Jersey já foi tema de uma coluna minha aqui no Ouro de Tolo antes de explodir o escândalo que ligou o fechamento de uma via importante de saída de uma cidade do estado a retaliação contra o prefeito dela que não apoiou sua reeleição. Isso quase o fez desistir da campanha presidencial, mas ao fim ele a manteve. Também é considerado um político do “estabilishment”, com experiência política, porém de todos esses candidatos é o único tido como moderado.

Ben Carson: o negro neurocirurgião de 64 anos é mais conhecido por seus feitos médicos do que políticos. Ele foi quem deu o pontapé inicial na cirurgia de separação de gêmeos siameses na década de 80, técnica que foi refinada nos anos 90 e 00. Seu grande trunfo é não ter envolvimento anterior com cargos políticos em um momento que o americano está se mostrando cansado da classe política e da guerra entre republicanos e democratas que tem paralisado o país há 6 anos. Porém tal trunfo foi “roubado” por Trump e Carson, desde então, de co-líder junto a Bush, tem sofrido a mesma queda do primeiro.

montagem_iowaCalendário das Prévias

Registro na Tabela abaixo as datas das votações em todos os estados, separados por partido, já que nem sempre as eleições de cada partido no mesmo estado caem no mesmo dia . Em parênteses está o número de delegados “comprometidos” em disputa em cada estado.

Destaque para a já tradicional “super-terça”, que cai sempre na 1ª terça-feira de março, data em que tradicionalmente os dois partidos marcam muitas prévias ao mesmo tempo, sendo a primeira grande alocação de delegados na corrida das prévias (as vezes, a maior). Esse ano 22% dos delegados democratas “comprometidos” e 28% dos delegados republicanos “comprometidos” serão alocados nesse dia.

Na tabela abaixo, Washington é um estado americano no extremo noroeste, onde fica a cidade de Seattle. O Distrito da capital é nomeado Washington D.C. (abreviação de District of Columbia).

No momento que escrevo, por causa do atraso causado pela dedicação exclusiva do Ouro de Tolo ao Carnaval, as prévias de Iowa e New Hamshire já ocorreram. Elas já serão comentadas na coluna de amanhã.

Datas Democratas Republicanos
01/fev Iowa (44) Iowa (30)
09/fev New Hampshire (24) New Hampshire (20)
20/fev Nevada (35) South Carolina (50)
23/fev Nevada (30)
27/fev South Carolina (53)
1/mar (Super Terça) Alabama (53) Alabama (47)
Arkansas (32) Alaska (25)
Colorado (66) Arkansas (37)
Georgia (102) Colorado (34)
Massachusetts (91) Georgia (76)
Minnesota (77) Massachusetts (39)
Oklahoma (38) Minnesota (35)
Samoa Americana (6) North Dakota (25)
Tennessee (67) Oklahoma (40)
Texas (222) Tennessee (55)
Vermont (16) Texas (152)
Virginia (95) Vermont (16)
Virginia (46)
Wyoming (26)
Total do dia: 865 Total do dia: 653
05/mar Kansas (33) Kansas (40)
Lousiana (51) Kentucky (42)
Nebraska (25) Louisiana (44)
Maine (20)
Total do dia: 109 Total do dia: 146
06/mar Maine (25) Porto Rico (20)
1 a 8/mar Democratas “Abroad”(13)
08/mar Michigan (130) Hawaii (16)
Mississipi (36) Idaho (29)
Michigan (56)
Mississipi (37)
Total do dia: 166 Total do dia: 138
12/mar Marianas do Norte (6) Guam (12)
Washington D.C. (16)
15/mar Florida (214) Florida (99)
Illinois (156) Illinois (66)
Missouri (71) Missouri (49)
North Carolina (107) North Carolina (72)
Ohio (143) Marianas do Norte (6)
Total do dia: 691 Total do dia: 355
19/mar Ilhas Virgens (6)
22/mar Arizona (75) Arizona (58)
Idaho (23) Samoa Americana (6)
Utah (33) Utah (40)
26/mar Alaska (16)
Hawaii (25)
Washington (101)
05/abr Wisconsin (86) Wisconsin (42)
09/abr Wyoming (14)
19/abr New York (247) New York (92)
26/abr Connecticut (55) Connecticut (25)
Delaware (21) Delaware (16)
Maryland (95) Maryland (38)
Pennsylvania (189) Pennsylvania (68)
Rhode island (24) Rhode Island (16)
Total do dia: 384 Total do dia: 163
03/mai Indiana (83) Indiana (54)
07/mai Guam (7)
10/mai West Virginia (29) Nebraska (33)
West Virginia (31)
17/mai Kentucky (55) Oregon (25)
Oregon (61)
24/mai Washington (41)
04/jun Ilhas Virgens (7)
05/jun Porto Rico (60)
07/jun California (475) California (169)
Montana (21) Montana (24)
New Jersey (126) New Jersey (51)
New Mexico (34) New Mexico (21)
North Dakota (18) South Dakota (26)
South Dakota (20)
Total do dia: 695 Total do dia: 291
14/jun Washington D.C. (20)

 

1 – quem quiser uma “avant-premiere” de como funciona o sistema da eleição de 8 de novembro, poderá ler o artigo explicativo que fiz para a eleição de 2012 .

2 – Já expliquei na mesma coluna da nota 1 que a quantidade de votos de cada estado no colégio eleitoral presidencial é igual a soma da quantidade de Deputados e Senadores que cada estado tem direito no Congresso. Todos os estados tem direito ao número fixo de 2 senadores, enquanto o de deputados varia conforme a população do estado, sendo garantido ao menos 1 deputado por estado.

3 – Aqui não está listado o Presidente do Senado porque, conforme a Constituição, o Presidente do Senado é o Vice-Presidente dos EUA, atualmente, Joe Biden.

4 – Vários estados americanos, diferente dos estados brasileiros, além de uma Assembleia Legislativa Estadual, tem também um Senado Estadual

5 – Nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, são permitidas candidaturas independentes, sem o endosso de nenhum partido para qualquer cargo, inclusive para presidente. Na prática é muito difícil eleições de candidatos independentes, normalmente quando isso ocorre, o candidato já teve uma longa história em um dos partidos e por algum problema específico saiu do partido, mas mantém suas ideias “independentes” ligadas ao partido de origem. Tal não é o caso de Sanders, que desde o início sempre foi um independente.