Logo após a plenária de abril, a LIESA entregou as justificativas aos presidentes das escolas de samba e já no dia seguinte disponibilizou os cadernos na internet. Então é hora de embarcarmos nessa louca viagem pelos cadernos dos 36 julgadores titulares do Grupo Especial de 2019, já que mais uma vez a LIESA não publicou os cadernos reservas.

Como todo ano, não custa lembrar que a ideia da série não é discutir se a nota dada foi justa ou não, mas sim se o julgador foi coerente em sua justificativa dentro do seu quesito.

Então o que procuramos saber é desconto foi devidamente justificado, se é possível entender o motivo do desconto , se é possível localizar o problema de forma mais específica quando for o caso, se o problema apontado realmente deve ser julgado pelo quesito em questão e, principalmente, se houve coerência na dosimetria dos diferentes descontos e se todas as escolas que cometeram o mesmo erro apontado foram descontadas. 

Também não é intenção desta série tentar argumentar que tal escola foi prejudicada ou ajudada no classificação como um todo, por isso ela é focada julgador por julgador e não há qualquer separação por escola.

Pretendo divulgar a série as terças e as quintas e hoje voltaremos à tradição da coluna e começaremos por samba-enredo, pois é o quesito menos dinâmico dos nove, então é possível fazer melhores comparações entre os diferentes módulos.

Depois passaremos por harmonia, evolução, bateria, comissão de frente, mestre-sala e porta-bandeira, fantasias, alegorias e enredo, na ordem.

Tendo feito essa necessária introdução, passemos a análise do quesito samba-enredo. 

Módulo 1/2

Julgador: Felipe Trotta
 
  • Império – 9,9 (melodia 4.9)
  • Viradouro – 10
  • Grande Rio – 9.7 (letra 4.9 e melodia 4.8)
  • Salgueiro – 10
  • Beija-Flor – 9.9 (melodia 4.9)
  • Imperatriz – 9.9 (melodia 4.9)
  • U. da Tijuca – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • São Clemente – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • Vila Isabel – 9.9 (melodia 4.9)
  • Portela – 10
  • Ilha – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • Tuiuti – 10
  • Mangueira – 10
  • Mocidade – 9.9 (letra 4.9)
Trotta é um julgador polêmico por algumas notas e vem do meio acadêmico. Isso o faz ser muito tecnicista e vez ou outra descontar alguns décimos por motivos muito teóricos que irritam o sambista do “dia a dia”. Outro problema eterno dele é a dosimetria. Apesar desse ano ter sido melhor que outros, ainda sim temos problemas nos dois pontos.
 
Quanto ao possível excesso de tecnicidade, salta aos olhos os três descontos por causa do “excesso de rimas finalizadas em -ar e -or” (Grande Rio, Ilha e Mocidade) além da São Clemente, que foi penalizada por excesso de rimas pobres.
 
O resultado disso é, para desespero de alguns, que o sambão da Mocidade não tirou dez (como não levou em nenhum julgador). Quanto ao mérito de se tirar ponto é controverso: há quem argumente que o samba pode ser bom e criativo mesmo com essa repetições e há quem ache que a repetição mesmo já é uma prova de pobreza da letra.
 
O que eu fico me perguntando é: como ele não tirou ponto da Portela por causa disso? O samba da Portela além de ter uma abundância de rimas pobres, teve nada menos que 10 versos terminados em ar, 9 deles com verbos no infinitvo, exatamente como o julgador reclamou em suas considerações finais. Por que não punir a escola igual as outras? Isso já pesa contra o caderno do julgador.
 
Em relação a Unidos da Tijuca, ele tirou ponto da letra pois a “a ideia de samba com ares de prece é ousada. Em alguns momentos funciona bem, em outras parece criar um conflito entre o perfil pagão do carnaval e a atmosfera de louvor imposta pela letra. Além disso, deve-se destacar que o enredo apresentava um elemento relacionado à opressão (com dramatização de violência contra Jesus e contra negros escravizados) que ficou totalmente ausente do samba.”
 
Aqui também pode haver polêmicas. Primeiro: é obrigatório que o samba-enredo precise contar passo a passo o enredo? Não, o manual do julgador é claro ao dizer que a letra pode ser interpretativa, sem se fixar em detalhes. É exatamente o caso da Tijuca, logo o julgador se desviou dos critérios do manual.
 
Por outro lado, cabe ao julgador descontar pontos porque o samba desviou do “perfil pagão do carnaval”? A criação do samba-enredo nada tem a ver com qualquer atmosfera pagã, pelo contrário a origem dele tem muito mais a ver com a matriz africana. Por que então descontar isso em samba-enredo? Talvez seja uma argumentação mais defensável só em enredo, mesmo assim ainda seria polêmica.
 
Quanto a melodia ele descontou pois a segunda estrofe “oscila em região grave, dificultando a compreensão e o canto”. Aqui é um argumento mais subjetivo e técnico, porém o resultado final é que para esse julgador o ótimo samba da Unidos da Tijuca é, empatado, o segundo pior samba do ano. Pior inclusive que o desastre do Império Serrano, do qual ele só descontou 1 décimo e pior até do que o samba mediano da Viradouro que arrancou um dez do julgador.
 
Na mesma situação da Unidos da Tijuca em dosimetria está a reedição da São Clemente e as duas estão igualadas ao samba bem complicado da União da Ilha, o que mostra a confusão que foi a dosimetria desse julgador mais uma vez…

 
Módulo 3
 
Julgador: Clayton Fabio Oliveira
 
  • Império – 9.8 (melodia 4.8)
  • Viradouro – 9.8 (melodia 4.8)
  • Grande Rio – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • Salgueiro – 10
  • Beija-Flor – 9.9 (melodia 4.9)
  • Imperatriz – 9.9 (melodia 4.9)
  • U. da Tijuca – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • São Clemente – 9.9 (melodia 4.9)
  • Vila Isabel – 9.9 (melodia 4.9)
  • Portela – 10
  • Ilha – 9.9 (melodia 4.9)
  • Tuiuti – 10
  • Mangueira – 10
  • Mocidade – 9.9 (melodia 4.9)
Clayton é clássico por seus julgamentos totalmente sem sentido, tendo recebido o duvidoso prêmio desta série de pior caderno do ano em 2016 e 2017; não obstante ele se mantem firme e forte no corpo de julgadores.
 
Esse ano ao menos as notas deles foram menos aleatórias que outros anos e, de forma geral ao menos, os piores sambas foram mais descontados e os melhores receberam 10. Ainda sim, outros erros crassos que ele cometeu em anos anteriores continuaram sendo observados esse ano.
 
O primeiro, clássico de outros anos dele, foi descontar ponto por “falta de empolgação” no canto do samba, o que deve ser julgado em harmonia e não em samba-enredo. Isso foi feito na São Clemente e no Império Serrano.
 
O segundo é descontar décimo a rodo de problemas ínfimos mal explicados e que, para piorar, nem sempre são problemas. Isso aconteceu incontáveis vezes. 
 
Na Viradouro, teve o velho e polêmico desconto da sílaba tônica deslocada “que não procede como ponte para o refrão”. Alguém pode me explicar o que diferencia uma sílaba tônica descolada para “servir como ponte para refrão”?
 
Na Grande Rio a “melodia da segunda estrofe produz rimas desconexas e uma mudança harmônica forçada”. Quais rimas foram desconexas? Onde mais exatamente está a mudança harmônica forçada?
 
Na Beija-Flor “o trecho ‘é por esse amor’ até ‘ontem, hoje e sempre Beija-flor’ não soa natural como ponte para o refrão como melodia”. Sério que só nisso lá se foi um décimo? É sério que só isso foi achado para descontar o samba da Beija-Flor?
 
Na Unidos da Tijuca na parte “o alimento em comunhão/princípio da salvação… força as sílabas na melodia” É sério? Só porque a melodia nesse ponto decompõe as sílabas da palavras, sem alterar a compreensão, descontou-se um décimo inteiro? Nessa brincadeira esse samba da Tijuca ganhou, junto com Império, Viradouro e Grande Rio, a nota mais baixa ofertada pelo julgador nesse ano. 
 
Para fechar mais esse caderno complicado do julgador, na Ilha ele apenas achou que em um pequeno trecho da 1ª estrofe a melodia “possui uma variação de tom desconfortável em relação a estrofe completa”. É serio que em um samba totalmente arrastado como o da Ilha, sem uma estrutura definida, ele só achou esse ínfimo problema?
 
Fechando esse caderno, devo admitir que foi sem dúvidas o melhor caderno da história do Clayton na Justificando, mas de 0 ele passou para um 3,5 ou 4. Ou seja, ainda sim um caderno complicado que me faz perguntar mais uma vez o que ele ainda faz no corpo de julgadores.

Módulo 4
 
Julgador: Eri Galvão
 
  • Império – 9.7 (melodia 4.7)
  • Viradouro – 10
  • Grande Rio – 9.8 (letra 4.8)
  • Salgueiro – 10
  • Beija-Flor – 10
  • Imperatriz – 9.9 (melodia 4.9)
  • U. da Tijuca – 9.9 (melodia 4.9)
  • São Clemente – 10
  • Vila Isabel – 9,9 (letra 4.9)
  • Portela – 10
  • Ilha – 9.8 (letra 4.8)
  • Tuiuti – 10
  • Mangueira – 10
  • Mocidade – 9.9 (melodia 4.9)
Tradicionalmente, Eri sempre foi muito econômico nos descontos e nas justificativas, além de basear o julgamento dele em “achismos” dele do tipo “eu acho que deveria ser feito assim ou assado”.
 
Esse ano não foi diferente, mesmo que também de forma bem mais atenuada que nos outros anos – talvez graças a uma dosimetria mais coerente.
 
Ainda sim sobrou um “achamos que a melodia das demais estrofes poderiam ser mais criativas” para a Imperatriz. Como sempre digo, julgador não pode achar nada. Ele tem que julgar o que lhe é apresentado. Caso decida tirar ponto de criatividade, seria de bom tom explicar o porquê, na concepção dele, a escola x foi criativa e a escola y, não.
 
Aqui mais uma vez voltamos à polêmica das justificativas das notas dez. O que pontuo é que, apesar de não ser obrigatório, também não é proibido ao julgadores justificarem as notas dez. Fica a sugestão aos julgadores.
 
Também na Mocidade ele escreveu “a melodia da primeira estrofe do samba poderia ter sido um pouco mais fácil de ser cantada, inclusive para valorizar o ataque do primeiro refrão” na qual ele também flertou demais com o achismo.
 
Já nos problemas gerais de justificação estranhei a correta penalização da letra da Grande Rio por excesso de frases feitas sem um fio condutor mas a não despontuação da melodia que justamente por as frases serem prontas e não terem um encaixe, também ficava “jogada”.
 
Talvez o Galvão tenha pensado que faria um bis in idem (dupla penalização pelo mesmo motivo) se fizesse isso, mas não creio ser o caso. O problema da letra ocasionou um problema de melodia, mas são dois problemas distintos.
 
Já o ponto da Tijuca foi embora por causa de uma “melodia um pouco mais baixa que provoca dificuldade ao canto”. Aqui entramos na seara subjetiva do julgamento, de difícil contestação.
 
Por fim na Ilha, tivemos o famoso caso de dois erros que sem querer criam um acerto. Ele sentiu no refrão do meio uma ausência de sentido na letra e falta de poesia. Por esse problema pequeno e localizado, ele resolveu tirar 2 décimos da letra, transformando a Ilha no 2º ou 3º pior samba do ano na opinião dele. Ele não viu mais nada de errado nesse samba? Não obstante a mão pesada de um lado, somado a cegueira de outro, acabou chegando em uma nota justa.
 
Em suas considerações finais o julgador sugere algo que imploramos nessa coluna há tempos: organizar um calendário de reuniões com os julgadores para avaliação do trabalho dos mesmos ou pelo menos para discussão dos pontos que precisam ser melhor definidos.

Módulo 5/6
 
Julgador: Alfredo Del Penho
 
  • Império – 9.6 (melodia 4.6)
  • Viradouro – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • Grande Rio – 9.7 (letra 4.8 e melodia 4.9)
  • Salgueiro – 10
  • Beija-Flor – 9.8 (letra 4.9 e melodia 4.9)
  • Imperatriz – 9.7 (letra 4.8 e melodia 4.9)
  • U. da Tijuca – 9.9 (melodia 4.9)
  • São Clemente – 9.9 (letra 4.9)
  • Vila Isabel – 9.8 (letra 4.8)
  • Portela – 10
  • Ilha – 9.7 (letra 4.9 e melodia 4.8)
  • Tuiuti – 10
  • Mangueira – 10
  • Mocidade – 9.9 (letra 4.9)
 
Del Penho não é considerado um dos melhores julgadores do momento a toa. Para começar, nunca abusou das notas dez. Depois é um raro julgador que não tem medo do 9.7 ou 9.8 quando precisa e não olha o nome da escola para descontar.
 
Por fim, é um dos julgadores que mais e melhor escrevem justificativas coerentes (até que esse ano ele foi mais conciso) e o principal: as notas dele são as mais coerentes com toda a resenha pré carnavalesca.
 
Resultado disso tudo: apenas quatro notas 10 em catorze e 22 décimos descontados ao todo. Só como comparação os outros descontaram respectivamente 14, 14 e 11 décimos.
 
Apesar dessa laudatória, devo admitir que senti que faltou um pouco de desenvolvimento na justificativa de letra da Imperatriz. Todos concordam com o trecho pouco inspirado de “hashtag no infinito” até “espaço sideral”, mas poderia explicar melhor os problemas decorrentes. O mesmo reitero para a justificativa seguinte sobre a fluência no encadeamento de frases “Sempre diz que é que manda” até “perdeu meu bem”.
 
Finalizando o quesito, mais uma vez termino sentindo a falta da conversa entre os cadernos em samba-enredo. Por ser o único quesito inalterado em todo desfile, se espera algo mais homogêneo entre todos os cadernos, mesmo com as discordâncias subjetivas naturais.
 
Mais uma vez, não foi o que vimos. Teve uma Vila com dois julgadores dando 5 em melodia e tirando décimo de letra e tivemos dois julgadores que fizeram o exato oposto.
 
Tivemos uma Viradouro que oscilou entre dois 10 e dois 9.8 e com descontos diferentes. Tivemos uma Tijuca altamente despontuada de forma surpreendente, mas por motivos completamente diferentes e a própria Mocidade teve notas iguais com justificativas completamente diferentes.

 

Imagens: Ouro de Tolo

12 Replies to “Justificando o Injustificável 2019 – Samba-Enredo”

  1. ” É serio que em um samba totalmente arrastado como o da Ilha, sem uma estrutura definida,…” melhor explicação para um samba que eu não entendi nada da letra, sambas com palavras em iorubá são muito mais fácil de cantar q esse da Ilha.

  2. Outra vez o Alfredo Del-Penho dando banho nas justificativas. As melhores, as bem mais embasadas e, principalmente, as notas mais coerentes. O que ele escreveu sobre o “samba” do Império só corrobora TODOS os avisos que foram dados. E foram muitos avisos.
    Os demais, nem perco meu tempo. Eri Galvão faz hora extra e esse Felipe Trotta já começou criando polêmica desnecessária. A justificativa dele sobre o samba da Unidos da Tijuca é uma das mais calhordas que eu já vi para se tirar décimos daquela obra.

  3. Ah, se todos os jurados de Samba-Enredo fossem iguais ao Alfredo Del Penho… Mais um ótimo trabalho!

    Quanto aos demais, é por causa de justificativas como essas que os compositores cada vez mais evitam inovações nas letras e melodias, e as direções de Carnaval fazem alterações unicamente para ficar mais “ao gosto” desse tipo de julgador…

  4. Acredito que grande parte dos julgadores fazem seu julgamento com base do que foi posto na avenida e um desfile morno muitas vezes acaba com o samba preposto no pré carnaval.Conseguimos enxergar claramente isso na unidos da tijuca e na mocidade, onde houve um desfile demasiadamente morno. Sobre a questão do despreparo dos julgadores, que em grande parte de nada entendem sobre o que esta julgando, julgam simplesmente pela emoção do que pela razão. Ai viemos para a discurssão do outro tópico sobre julgamento técnico como em São Paulo, é válido?
    Na minha concepção o quesito samba enredo e um dos poucos quesitos que já temos pronto em mãos no pré carnaval e que em base no andamento do mesmo criamos certas espectativa sobre o que acontecerá na avenida. Acho as notas dos julgadores coerente com o que foi mostrado na avenida, agora a justificativa e bem pífia e de clara falta de profissionalismo.

    1. Victor,

      Quanto ao “julgamento técnico” de São Paulo, todos nós concordamos que não é o caminho. Já escrevi sobre isso na Introdução à Justificando (http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/2019/03/introducao-a-justificando-o-injustificavel-2019).

      Quanto a validade em si nota, é algo bem subjetivo e é difícil em samba-enredo argumentar quando os quatro julgadores ficam bem próximos, como foi o caso de Mocidade e Unidos da Tijuca (na Mocidade então foi 100% linear). O foco desta coluna é quanto às justificativas e nisso, concordamos que algumas deixaram bastante a desejar.

      Friso sempre que a ideia da Justificando não é discutir o passado para reclamar ou alegar injustiça, o que passou já passou, não volta. É discutir o passado para ajudar a melhorar o futuro, seja nos critérios de julgamento, seja na seleção dos julgadores.

  5. Na Viradouro, teve o velho e polêmico desconto da sílaba tônica deslocada “que não procede como ponte para o refrão”. Alguém pode me explicar o que diferencia uma sílaba tônica descolada para “servir como ponte para refrão”?

    (…)Das cinzas voltar
    Das cinzas vencÊÊÊÊÊÊÊÊÊ (…)

    Quem me viu chorar..

    Quando ele estica o vence dá impressão que há um buraco harmônico entre a última estrofe da parte final do samba e o refrão. Se ele tivesse cantado

    (…)Das cinzas voltar
    Das cinzas vencer (…)

    Estaria dentro da proposta do próprio samba e daria espaço para encaixar um floreio do cavaco, violão, voz…percussão…..

  6. Quanto a melodia ele descontou pois a segunda estrofe “oscila em região grave, dificultando a compreensão e o canto”.

    Este efeito citado ocorreu no samba da Unidos de Padre Miguel, por exemplo. Sustentar um samba grave e de notas baixas é muito complicado. Pra não ficar algo muito “falado” (como ocorreu com a Renascer de JPA, no ano passado) e mais interpretado o samba precisa apresentar recursos ao interprete que fuja de notas baixas e alterne (modulação) bem para notas altas.

    Volto a falar que a pasteurização dos sambas produz sambas empolgantes com melodias chicletes, mas que se pegar a lupa vão ter inúmeras deficiências, nem sempre apontada pelo juri.

    Ótima observação ao samba portelense: As estrofes terminadas nos infinitivos AR, ER e IR são as mais penalizadas. Nem sempre são pobres e nem sempre são feias. Bem como a variação das terminações da rimas, bem como sua métrica é algo que é louvável quando é implementada bem num samba. Funciona que é uma beleza!!!

  7. Desde o começo eu sou um dos que atacam este samba da Unidos da Tijuca. O Laíla, em suas escolas que trabalhou neste carnaval, incluindo a Águia de Ouro, apostou no lamento cristão para embalar suas escolas. Como Harmonia e Samba-Enredo andam de mãos dadas. Colocar o Wantuir para interpretar uma “prece” pareceu-me surreal. Em sampa ele apostou no Tinga para o mesmo ofício. O samba não casou com o intérprete e o fator emoção se perdeu. É por isso que a interpretação tem que ser julgada com rigor.

  8. Na Beija-Flor “o trecho ‘é por esse amor’ até ‘ontem, hoje e sempre Beija-flor’ não soa natural como ponte para o refrão como melodia”. Sério que só nisso lá se foi um décimo? É sério que só isso foi achado para descontar o samba da Beija-Flor?

    Se não tivesse incluído o outro samba FORÇADAMENTE no samba vencedor a escola tiraria 10. Mas…

    Escute o samba com e sem o remendo para perceber o que falo!!

    1. Pra mim nenhum dos sambas finalistas era 10. Esse “Frankenstein” que arrumaram era caso de 9,5.

      Mas depois de ter jogado fora um sambaço na semifinal, tenho pena não.

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