Chegou a final da Copa do Mundo, e o Brasil não está nela.

Algo natural, se pensarmos que em vinte e uma Copas do Mundo não chegamos à final em quatorze, dois terços delas, algo inadmissível em um país vencedor de cinco Copas do Mundo. A matemática diz que é algo natural, a paixão que é inadmissível.

E no meio disso tudo, está o treinador como sempre está a cada “fracasso” brasileiro em Copa do Mundo. Nenhum ser humano nesse país é mais odiado, mais execrado, mais repugnante desde que as competições mundiais começaram, em 1930, do que o treinador do escrete canarinho após uma eliminação em Copa do Mundo. Alguns nunca mais se recuperaram na carreira, como Sebastião Lazaroni, outros se chamuscaram para sempre, mesmo sendo campeões do mundo, como Felipão. Com Tite, parece ser um pouco diferente.

Diferente em partes. Tite, ou Adenor para os íntimos, era considerado um Semideus até o início da peleja, eu mesmo fiz algumas colunas lhe elogiando e com toda razão, afinal ele tirou a Seleção Brasileira de um buraco que parecia sem fim, fazendo que fosse novamente amada por seu povo e temida pelos adversários. Mas, amigo, ele cometeu um pecado mortal no Brasil, algo pior do que roubar dinheiro de merenda escolar, ele perdeu uma Copa do Mundo.

Sofre críticas por isso, não é mais Semideus, o que antes era sapiência para alguns virou presunção, o que antes era convicção agora é chamado de teimosia. Natural que isso ocorra, mas, como disse acima, com Tite parece ser um pouco diferente. Ele não é tão execrado como os anteriores.

Por alguns motivos. Primeiro porque essa “honraria” parou na mão de Neymar, segundo porque é meio que unânime afirmar que não tem nada multo melhor do que ele treinando por aqui, e terceiro porque, por incrível que pareça, ainda existe um pouco de sanidade na torcida brasileira e conseguem reconhecer tudo aquilo que disse dele acima.

Tite não foi o treinador que esperávamos na Copa, seu desempenho foi aquém do esperado. Cometeu erros como levar jogadores escondidos na Ucrânia em vez de jovens talentos aqui do futebol brasileiro que, com vigor, talento e fome de vencer, poderiam mudar jogos. Errou na insistência com Gabriel Jesus e Paulinho quando não estavam rendendo nas funções para as quais foram convocados, errou ao não perceber rapidamente o jogo do adversário com o Brasil, sempre começando mal seus jogos e só se recuperando com o passar do tempo. Contra a Bélgica isso foi fatal.

Mas não dá para negar a grande carreira de Tite, tudo o que ele conquistou. Não dá para negar o trabalho que ele fez com a Seleção até a Copa, o trabalho de reconstrução. Perdeu? Sim, mas perdeu lutando, buscando o gol, podendo vencer, perdeu sem fazer vexame e com uma equipe que tinha padrão tático, tinha organização.

Errar todo mundo erra. Acho engraçado gente que erra todos os dias cobrando perfeição de Tite, acho engraçado todo mundo agora falar que o Filipe Luís tinha de jogar na lateral com Marcelo no banco porque o Fernandinho não marcava tanto quanto o Casemiro, quando pouquíssimos concordavam com isso antes. Errou como pode aprender e não errar mais nessas situações. Tite é inteligente, excelente treinador, vai aprender com os erros e tenho certeza que melhorará nesse novo ciclo.

Sim, novo ciclo, manter o mesmo treinador depois de uma copa como não ocorre desde a copa de 1970. Continuidade de um trabalho é preciso, não dá para fazer terra arrasada até porque a mesma não está assim.

Por isso saio em defesa de Tite, que ele fique.

Sem caça as bruxas.

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