Deixa começar a coluna de hoje fazendo uma pergunta:

Você acha que todos querem um mundo melhor? Feliz? O mundo utópico de todos os problemas solucionados, sem dor, miséria e todos os seres humanos vivendo em harmonia e se respeitando? Seria lindo viver na canção “Imagine” de John Lennon, mas você acha que todos ficariam felizes?

Não, caro leitor. O mundo é cruel, as pessoas mais ainda, e a “indústria da dor” é a mais lucrativa do mundo.

Essa semana o interventor da insegurança no Rio de Janeiro disse que precisava de três bilhões de reais para botar as coisas em ordem no estado. As alegações são boas, como pagar atrasados de policiais e melhorar condições de trabalho e equipamentos, mas não dá para fechar os olhos pra quantidade enorme de dinheiro.

Ouvimos o pedido e ninguém contestou, muito pelo contrário, queremos que o Governo Federal arrume o dinheiro. Queremos porque estamos com medo e aceitamos tudo que acabe com esse medo. Não paramos para pensar no quanto já foi gasto com essa fracassada política de segurança. Quantos enriqueceram em cima de nosso medo.

Está mais do que claro que a política de segurança fracassou e essa intervenção pode até dar uma amenizada na nossa insegurança por um tempo, mas um dia os militares retornarão ao quartel e tudo voltará a ser como antes. Desde 1994, no primeiro pedido de ajuda aos militares, é assim, com as UPPs foi assim. A política de enfrentamento fracassou.

E é nítido o motivo. Esperam o bandido ser formado e se armar para enfrentá-lo, quando evitar que surja o bandido é mais barato e eficiente. Não, não vou chamar quem cuida de nossa insegurança pública de burro, burro seria eu se achasse que eles são.

O sociólogo e psicopata Nem da Rocinha explicou: investir em educação, no futuro das crianças não dá votos por ser um trabalho longo e invisível. Sabe o que dá votos? Intervenção e dar três bilhões pra cidade mais famosa do Brasil se sentir menos ameaçada, mesmo que seja um placebo.

Não sou maluco de ser contra investimento na polícia e que não precisamos agora combater o crime, mas nada dará certo se não pensar na frente.

Mas querem mesmo que dê certo? Se a violência ficar sob controle, como conseguir três bilhões de forma tão rápida e desesperada? Como ficam as indústrias das drogas e armamentos? Como existirão subornos e alguns enriquecimentos? E os políticos e parte da imprensa que vivem do medo? Controlar a violência faria muita gente perder dinheiro.

Como as curas da Aids e do câncer dariam um grande prejuízo aos laboratórios e à indústria farmacêutica, o fim da fome acabaria com muitas ONGs. É, amigo, a desgraça é lucrativa.

E o que nos resta fazer? Rezar? Muitos religiosos lucram sobre nosso medo e ignorância. Por medo e ignorância, o carioca elegeu um falso pastor.

A indústria da dor ri de nossas dores.

E se alimenta de nosso medo.

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