O 14º título da Beija-Flor de Nilópolis gerou reações acaloradas nas redes antissociais. Os defensores da Azul e Branco exaltaram a emoção proporcionada pelo samba e o canto da comunidade contra “tudo que está aí”. Já os críticos destacaram a fragilidade visual e do enredo, e os mais politizados até viram na escola um discurso de direita – aliás, o Migão irá abordar este viés semana que vem.

Como sempre aqui neste espaço, eu me atenho apenas e tão somente aos quesitos, ao que deve ser avaliado tecnicamente pelos julgadores, e por isso tenho a clara posição de que o título nilopolitano foi um absurdo, inaceitável sob o aspecto técnico.

O amigo jornalista Anderson Baltar, antes da apuração, escreveu um artigo definitivo no portal UOL, no qual explica por A + B por que a Beija-Flor jamais poderia ser campeã. Enumera aspectos técnicos, que deveriam ser vistos pelos jurados. Não foram.

Em termos de chão, a Beija-Flor mostrou o brilhantismo que estamos acostumados a ver. O samba era um dos melhores do ano. A bateria, como de costume, passou com cadência de samba, como deve ser. Os componentes cantaram a plenos pulmões e evoluíram com perfeição. Ou seja, nenhum reparo.

Mas nos quesitos Alegorias e Adereços, Fantasias, Enredo e Comissão de Frente, por baixo, a Deusa da Passarela teve problemas evidentes e que deveriam ser muito mais despontuados do que foram efetivamente.

Nos quesitos visuais, o jurado deve levar em conta a concepção e realização dos elementos, além da adequação ao enredo. Infelizmente os carros e figurinos da Beija-Flor deixaram muito a desejar, como disse o experiente e brilhante jornalista Aydano André Motta em análise no Extra.

Em Enredo, a desconexão entre as ideias era patente. Como escreveu o jornalista convidado Daniel Botelho no Ouro de Tolo, foi “um show de senso comum, estereótipos, reproduções literais, sem qualquer fio condutor, indo de de Pablo Vittar à Petrobras, passando por tanques de guerra com bandeiras de clubes, crítica a padrões de beleza, revolta contra a corrupção, baratas, ratos e palhaços”.

Em comissão de frente, a coreografia do Frankenstein perseguido pelo próprio criador teve uma execução também questionável, embora aí caiba uma questão mais subjetiva por parte do julgador.

A Beija-Flor terminou com apenas 0,1 de vantagem para o Paraíso do Tuiuti, que, apesar do clamor popular e da apresentação histórica, também não seria o meu campeão pelos quesitos, por algumas falhas não vistas pelo júri.

Levando em consideração todos os preceitos de desfile de escola de samba, assim como o que deve tecnicamente deve ser julgado, o Salgueiro fez o desfile mais capacitado para ser campeão, com a Mangueira ou a Portela podendo ser campeões por alguma pequena questão subjetiva dos quesitos.

No dia seguinte à apuração, conversando com três pessoas de perfis completamente diferentes, ouvi três frases: “A fantasia tava mais feia do que a minha camisa”, “A Viradouro e a Unidos de Padre Miguel estavam mais bonitas” e “você ainda liga pra essa armação?”

Bem, quanto às fantasias, a análise é perfeita. Quanto à comparação com a campeã e vice da Série A, eu corroboro porque vi bem de perto o apuro das duas agremiações nos quesitos estéticos. O questionamento sobre uma suposta armação eu prefiro não entrar no mérito, mas tal questionamento mostra o nível de credibilidade das escolas de samba hoje…

Meu amigo Carlos Gil, também colunista deste OT, argumentou no nosso grupo de WhatsApp que o título da Beija-Flor, embora questionável à luz dos quesitos, não pode ser considerado absurdo porque a escola trouxe discussões à tona e mostrou uma grande carga emocional.

Embora entenda e ache justa essa colocação, não consigo aceitar que o conjunto de fantasias campeão do Carnaval ganhe 29,9 pontos enquanto trabalhos fabulosos de Leandro Vieira e Alex de Souza, só para citar dois casos, foram apenas 0,1 superiores.

Não dá para aceitar alegorias de nível muito inferior ganharem praticamente a mesma pontuação dos carros de Mangueira e Salgueiro, e serem mais pontuados do que os elementos superiores, por exemplo, de Tuiuti e Grande Rio (cuja quebra de carro não pode ser despontuada neste quesito segundo o regulamento).

Enfim, se o Carnaval de 2018 tem a elogiável marca da crítica e dos questionamentos, que geram discussões (algumas em bom nível, outras nem tanto…), também premiou o desenredo e à falta de esmero em detrimento da história bem contada e do cuidado estético com o qual uma escola de samba deve se apresentar.

O julgamento do Carnaval é um ponto cada vez mais questionável e precisa de mudanças urgentes e definitivas.

Fotos: Fabiano Artiles, Daniel Botelho, Fabrício Gomes e Divulgação Mangueira

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88 Replies to “Um prêmio ao desenredo e à falta de esmero”

    1. Ato falho! Obrigado pela correção. Julgamento não é só emoção, é quesito. Senão rasgamos o regulamento e tudo que apregoamos o ano todo sobre a correção do juri.

  1. Foi um absurdo! Ano passado a mesma Beija Flor foi descontada em fantasias, por causa do excesso de indios e tal. Esse ano vieram com camisa que qualquer 1,99 vende e tiveram notas melhores. Mas como é a Beija Flor pode! Cada vez mais decepcionada com o Carnaval. Não sei pq eu não largo de mão de vez.

      1. Fala serio Migao! Sabemos que se fosse uma escola com menos peso da bandeira essas fantasias tomariam 9,7 sem dó.

        1. ninguém mais tira 9.7 é só ver o julgamento desastroso de 2017 onde tijuca tirou nota melhores que muitas escolas impecáveis

  2. Tem um quesito que não existe,que chama emoção,muitas vezes vimos carnavais serem ganhos porque a emoção tomou conta da passarela,na maioria levado por grandes sambas,em outras por motivos que nunca conseguimos explicar.estava no setor 10,e esse setor e o 11 que fica a frente,cantaram a plenos pulmões o samba da Beija-Flor.Eu achei que o Salgueiro venceria,mais a vitória da Beija,não tem outra explicação ,se não a tal da emoção que tomou conta da Sapucai,Jurados não deveriam se emocionar ,mais pelo jeito também aconteceu isso com eles.Num ano de desfiles fracos no geral,não vou questionar uma vitória,com uma coisa que quase nenhuma escola mais consegue fazer,que é emocionar uma avenida.

    1. Se o quesito não existe, não é pra ser levado em conta no julgamento oficial. Aplaudamos de pé o chão da escola, mas título é julgamento de quesito.

      1. Esta emoção pode ter sido vista apenas no final. Eu estava no Setor 6, e não vi tanta euforia. Cheguei a pensar que o samba não daria conta.

        1. A escola manifestou emoção em dois momentos. Antes da escola passar, quando o samba empolgava. E, no fim, da mesma. De resto, pareceu muito que a própria escola jogou um balde de água fria no sacode que existia antes de caixões e assaltos passarem

  3. Sou do Ceará e torcedor da Beija Flor, e quando vi aquele tripé de abertura que era no mínimo FEIO, pensei: “que escola é essa?” “o que fizeram com a minha Beija Flor?”. Mas aí a escola foi passando e vi que ainda que mal vestida e descaracterizada a comunidade do chão forte ainda estava lá. A realidade não carnavalizada do enredo da escola (ao meu ver seu maior erro) me tocou e emocionou pois vi passar ali o que infelizmente é o espelho da minha realidade e de todo o Brasil com a ajuda do belo samba que fui cantarolando até voltar pro Ceará. Ao final dos desfile sair do sambódromo achando que o Titulo ficaria entre salgueiro e Mangueira com a Beija Flor podendo voltar nas campeãs. O título pra mim foi um exagero mas não um absurdo acho que o júri foi contagiado assim como eu pela a emoção provocada pelo choque de realidade da Beija Flor. Contudo apesar do campeonato espero profundamente que para 2019 a escola coloque um carnavalesco competente pra fazer seu carnaval MARCELO MISAILIDIS NÃO É CARNAVALESCO!!!!!

    1. Concordo plenamente quanto ao carnavalesco. Diante do espetáculo que foi o chão da escola eu queria que o resto tivesse acompanhado o nível pra poder exaltar aqui como um dos melhores desfiles da história e o título fosse insofismável. Mas à luz dos quesitos não posso concordar com o título por uma questão de coerência com o que sempre defendi em relação ao julgamento. Senão rasguemos de vez o regulamento, o manual de julgamento e paremos de dar notas a alegorias e fantasias. Aliás, pouco se comentou mas achei de ótimo resultado a ideia do coral feminino com o Neguinho, lembrando o que a própria escola fazia nos anos 70 e 80.

  4. Concordo com seu texto Fred. Realmente, se levarmos em conta a emoção, foi algo avassalador. Sem sombra de dúvida, foi a escola que mais mexeu com a arquibancada na área em que eu estava, as pessoas cantaram do início ao fim. Mas o visual da escola estava péssimo, e o enredo, bem confuso (o que foi aquele setor do futebol?)

    Acho que um desfile até pode vencer baseado na emoção, desde que a escola tenha um belo samba, um bom enredo, bateria ótima, com componentes rasgando o chão, acompanhado de um visual que, se não apresentar gigantismo, luxo, tenha ainda assim beleza, criatividade, bom acabamento, e coerência com o tema proposto. Nessa situação, a Beija-Flor cumpriu seu papel na primeira metade, com louvor, mas na segunda parte, ficou devendo, e muito.

    Obs: porém, com os boatos da queda de braço interna na escola durante o ano, e as declarações dos envolvidos logo após a apuração, tendo a acreditar que as consequências desse título serão piores para a Beija-Flor do que ela pensa, afinal, não é todo ano que a emoção mascara grandes problemas, e se o responsável pelos quesitos que GERARAM essa emoção realmente meter o pé ou ter sua influência ainda mais diminuída, o caldo vai entornar lá pelas bandas de Nilópolis…

  5. O texto está perfeito.
    Só acrescento que muitos tentaram fazer um comparativo entre Beija 18 e a mesma Beija de 89 do mestre João.
    Existe um abismo não só temporal, mas estético, carnavalesco, artístico, cultural, … talvez o único senão a 89 é o samba, que em 18 sobrou.
    Muitos que comparam estes desfiles, só viram os mendigos e o Cristo coberto. Só lembram disso, talvez porque não se deram ao trabalho de assistir aquele passeio pelas mazelas políticas, da igreja, do sexo, lavadas com jatos de água pelo próprio João ao final, bem como pelos meninos moleques e mendigos que se banharam no chafariz. O figurinista da época era o grande Viriato, que desfilou a beleza de suas criações, ora luxuosa, ora rasgadas, fruto da mistura de plumas e retalhos de cetim sujo, numa harmonia e apuro estético sem precedentes.
    Já os figurinos da beija flor eram trapiches trazidos de casa pelos componentes. Vai como pode e como quiser. No regulamento da liga, o quesito é precedido de concepção. Faltou isso à BF, sempre admirável por ser uma das mais carnavalizada da festa.

  6. Assisti o desfile do Setor 8.

    Quando comparo o quadro de notas e analiso Alegorias e Adereços, Fantasias e Enredo, o título da Beija-Flor, na minha opinião, fica inconcebível.

    Como descontar 1 décimo da Mangueira e apenas 2 décimos da Beija-Flor em Alegorias???

    Como avaliar com a nota máxima Salgueiro, Tuiuti e Mangueira e descontar apenas 1 décimo da Beija-Flor em Fantasias???

    Mocidade e Portela gabaritando em Enredo, e Beija-Flor com desconto de apenas 1 décimo???

    Não me conformo, algo está errado.

    A concepção da BF foi totalmente equivocada e o júri premiou o “diferente”, mas um “diferente” fora de qualquer padrão mínimo de estética carnavalesca, sem o mínimo aspecto plástico que os desfiles exigem. Um “diferente” cru, feio, sem carnavalização. A BF apenas “chocou” e “choque” não é quesito! Enredo confuso, sem foco, criticas a tudo e a todos, com fantasias de mau gosto.

    Chega a ser um escárnio comparar Beija-Flor 2018 com Beija-Flor 1989. Perdoai-os mestre João Trinta, eles não sabem o que dizem.

      1. E a Mocidade que foi canetada de tudo que foi jeito em fantasias. Dizer que as Fantasias da Beija é melhor que as da Mocidade é brincadeira ne?! De muito mal gosto.

  7. A adequação do enredo à atualidade brasileira foi meio bagunçada e foi o maior dos problemas, ao meu ver. Sem contar os argumentos citados por todos nos quesitos fantasias e adereços, entre tantos. A emoção que o desfile proporciona, infelizmente não está como quesito julgado e passível de avaliação. Ela nos leva ao lugar de contemplação, êxtase e encantamento, porém, ainda assim, não é julgada. Acredito que o bom texto do Fred(com exemplos de argumentos publicados em grandes veículos) nos mostra o quanto nós, brasileiros, estamos acostumados a nos deixar levar pela emoção em diferentes aspectos da nossa vida em grupo, e dessa forma deixamos de lado algumas regras combinadas anteriormente, por conveniência, empolgação, vai saber… A passividade das agremiações, dependentes da Liesa, prefeitura e outros poderes, também pode ser destacada. Comparável a nossa, em diversos âmbitos. Discutir essas questões, o fazer da arte do carnaval e sua bela maneira de contar histórias, me traz alguma esperança de evolução. De toda forma, acredito que a teatralizaçao em algum momento deverá ser mais debatida, pois não deve ao meu ver substituir a carnavalização. Dentro da regra, tudo pode. Até a emoção, claro! Que não está na regra mas faz meu coração sorrir toda vez que me encanta. Chega a nos confundir…

    1. Eu irei abordar isso em artigo semana que vem, mas a adequação do enredo foi até bastante linear: repetiu o discurso conservador e englobado pela Lava jato de que “a corrupção é a causa de todos os problemas sociais”.

      1. Nesse sentido, sim. Sem dúvida! O importante mesmo é refletir para seguir em frente.
        Parabéns a todos! Abs!

  8. BEIJA-FLOR e TUIUTI nas primeiras posições foi a VITORIA DO SAMBA, DO POVO, DA ESCOLA DE SAMBA.
    Esse motivo esta incomodando muita gente, principalmente a mídia jornalistica, seja dos jornais ou sites. É até compreensível uma vez que o jornalismo ja esteve ao lado do povo, mas hoje ainda mais em ano de eleição, estão ao lado dos GRANDES PODEROSOS. Esse era o momento principalmente dos jornalistas e colunistas especializados em Carnaval enaltecerem esses dois desfiles, mostrar que o dinheiro, o luxo não é tudo no carnaval, principalmente em tempos de crise.
    As escolas (Beija-Flor e Tuiuti) foram penalizadas onde tinham que ser, mas essas pessoas tão incomodadas ainda acham pouco.
    PODEM tentar manchar o título de todas as formas, mas entrou pra historia. E dou uma dica a TODA A IMPRENSA E A QUEM É CONTRA A CAMPEÃ E A VICE, compareçam ao desfile das CAMPEÃS e assistam de camarote O POVO aclamando a vitorias dessas gigantes do carnaval.

    1. Opa! Terei o maior prazer em novamente cantar os sambas da Beija-Flor e do Tuiuti e ouvir de perto a maravilhosa bateria de Nilópolis como já fiz no desfile oficial! Maaaaaas verei novamente figurinos que despencavam em plena pista e camisetas à guisa de fantasias que ganharam 9,9, além de alegorias mal concebidas e de péssimo gosto que deveriam ganhar 9,6 ou menos mas ganharam 9,9 ou até 10.Ah, o nosso blog não ganha um centavo, tampouco é ligado a qualquer grupo de mídia. Mídia que vem fazendo seu papel de questionar com argumentos e embasamento mais um julgamento equivocado.

  9. Um equívoco dizer que esse enredo foi ruim !
    Na minha opinião foi o MELHOR enredo do carnaval !
    Quanto a fantasia , concordei também com os jurados .
    É muita covardia de quem critica , mostrar as fantasias que estavam dentro do CONTEXTO do enredo , pra falar mal das fantasias das escola.
    Vocês que criticam hoje a Beija Flor , por ter vindo com fantasias simples por causa do enredo , já criticaram ela também quando vinha luxuosa , dizendo que era luxo por luxo.
    Como André Diniz disse : Se vcs tivessem visto Kizomba , também falariam que não era pra ser a campeã do carnaval , eu vou além : criticaria também Ratos E Urubus!

    É óbvio que o Salgueiro veio mais bonito !

    Até tinha falado , que o carnaval da Beija Flor desse ano valeu mais pelo desfile do que pelo título .

    Mas no meu ponto de vista , os jurados esse ano foram excelentes !
    Na minha opinião a única injustiça , foi a Mangueira não ter ficado a frente do Salgueiro , mesmo Salgueiro ter vindo visual mais bonito .

    Um carnaval valente , cenográfico , do povo , vibrante , emocionante e cantado exaustivamente por todos que lá estavam .

    Volto a falar , mostrar determinadas fantasias e dizer que merecia ganhar notas baixas por causa de determinadas fantasias que estavam TOTALMENTE DENTRO DO PROPÓSITO da escola , é ser terrivelmente inaceitável e insensível !

    Viva a Beija Flor !
    Viva a Tuiuti !
    Viva a Mangueira !

    O carnaval ganhou e a Beija – Flor ultrapassou a barreira do bonito por bonito .

    Falta agora vocês fazerem o mesmo , porque com esse pensamento de mesmice , vocês fazem os carnavalesco terem medo de fazer carnaval de Ratos E Urubus e Kizomba por causa da mesmice de plumas e paetês

    Parabéns Beija Flor De Nilópolis !

    1. A Tradição cansou de vir “dentro do enredo” com a mesma pobreza de concepção artística de fantasias, e isso nunca a livrou das críticas e muito menos dos rebaixamentos.
      Tradição, aliás, que desfilando em 2018 pela Série B na Intendente Magalhães, veio com fantasias mais elaboradas do que a Beija-Flor.

      Estar dentro do enredo (Aliás, que enredo?) não é o único critério a ser avaliado. Isto o autor do texto deixou bem claro.

      Atenciosamente
      Fellipe Barroso

  10. Sem esquecer .

    Eu nunca vi tantas pessoas que ODEIAM a Beija Flor , dizer que a Beija – Flor MERECEU o título como vi nesse ano de 2018.

    Então quando vocês falam que a Tuiuti teve o CLAMOR popular para ganahr o título do carnaval , eu digo com toda certeza desse mundo que é MENTIRA !!!

    Muitos torciam para ela voltar nas campeãs , mas não vi um único post antes da apuração dizendo que a Tuiuti seria a campeã do carnaval .

    O que mais foi aplaudido por centenas de pessoas foi sua comissão de frente , agora falar que ela merecia o título só começou a ser falado depois do título da Beija Flor , que sempre que vence um carnaval se cria isso que vcs estão tentando criar .

    1. Você pelo visto não leu direito o post. Se tivesse lido, veria que não coloquei o Tuiuti como campeão, e sim o Salgueiro. Provavelmente não leu que eu elogiei o chão da escola e por não me conhecer disse com todas as letras que eu odeio a Beija-Flor. Além da leviandade ao dizer que odeio a escola de um dos meus ídolos no samba (Neguinho), lamento a extrema falta de educação ao usar termos chulos como “engolir”. Parabéns pelo título!

  11. Graças a Deus que os jurados, FINALMENTE, tiveram CORAGEM para não agirem e muito menos pensarem feito o autor do tópico. Chega a ser patético ver um cara que se diz entender de carnaval vir com argumentos tão limitados, baseando-se em conceitos parvos, até, medíocres, como se carnaval, em sua essência, fosse uma caixinha de música que ao se ligar tudo é belo, delicado, bem reproduzido.
    Somente aquela multidão atrás da escola ratifica seu desfile e campeonato. Infelizmente, pra muitos, o esquecimento, ou desconhecimento da essência dessa manifestação gera opiniões iguais a essa.
    Parabéns Beija Flor por ter tido a coragem de se despir, de deixar de lado todo o garbo e refinamento – esse que o autor choraminga por não ter visto em teu desfile – e ter se tornado quase um bloco de sujo, retratando, de maneira direta toda a crueza de nossa nação.
    Os que não são capazes de assimilar isso são, certamente, os que vivem carnaval sem, no entanto, jamais terem conseguido alcançar e compreender sua lei maior, a da subversão, a da inversão, a da quebra de paradigma.
    Paulo Barros, sim, presta um total desserviço ao carnaval com suas cópias chulas de eventos estrangeiros, engessando os componentes que se prestam, tão somente, ao papel de apenas mais uma “peça” na dita “tecnologia” de suas alegorias e fantasias.
    Graças a Deus, também, que muitos jornalistas e críticos fora dessa panelinha já tão manjada que cobre carnaval aqui no Rio viram, amaram, aplaudiram e expressaram seus contentamentos com o desfile maravilhoso que a Beija Flor fez.
    Na verdade esse tópico deveria se chamar…
    Um prêmio a alienação e falta de alcance cultural.

    1. Nooooossssaaaa! Sou alienado, tenho argumentos limitados, não tenho alcance cultural e sou da panelinha manjada! Obrigado pelos elogios! <3

    2. Infelizmente não é possível fazer um teste:
      Gostaria que QUALQUER outra Escola adentrasse a Avenida fazendo o mesmo desfile da Beija-Flor.
      Duvido que haveria tanto empenho em defender que foi algo inovador, diferente, ousado…
      Duvido mesmo, e tenho certeza de que não haveria empenho nenhum.
      Desde o seu primeiro ano inovador, com o famoso carro do DNA, Paulo Barros serve de chacota em Nilópolis, que diz que aquilo “não é carnaval”.
      Em 2018 apresentaram algo que passou longe de ser um carnaval, e estão cantando de vanguardistas.

      Vai entender…
      Fellipe Barroso

    3. Olha aqui mais um alienado que não entende nada de Carnaval e integrante da panelinha na sua opinião: Aydano André Motta, trinta anos de cobertura de desfiles, autor de maravilhoso livro sobre a Beija-Flor, pra meu orgulho um amigo que tenho, e acima de tudo TORCEDOR APAIXONADO da escola. Pode ir lá atacar também.

      http://www.carnavalesco.com.br/noticia/aydano-andre-motta-controversia-e-muito-talento-num-carnaval-que-honra-civilizacao-carioca/80117

  12. Ora, o próprio Salgueiro em 1993 levou pela emoção. Não foi a melhor escola daquele ano, mas “Explode Coração” detonou a Sapucaí, toda. E tantos outros vencidos pela emoção. Os jurados não são imunes à catarse que são submetidos durante o desfile e sob essa catarse julgam (equivocadamente, mas julgam!)

      1. Exato. A fantasia pode ser simples, desde que seja adequada, carnavalizada. Foi assim com o Salgueiro em 1993. A fantasia não precisa ter plumas, desde que seja fantasia.

  13. Mas acho isso um erro, pois o carnaval fica entregue à subjetividade da psique humana, quando existem critérios técnicos para avaliação e se assim nao for, que entregue o julgamento para uma votação popular via internet ou qualquer coisa que o valha porque se for pra julgar dessa maneira, não é preciso um corpo julgador.

  14. Quantos desfiles tacanhos em enredos, em fantasias, em alegorias não foram agraciados com o campeonato, meu Deus!!!!
    Vila e seu salsa-samba, patrocinado por um ditador que ninguém, em lugar algum questionou. Mas, quando foi a Beija o mundo veio a baixo (só pra citar um exemplo). E porque será que o que a Beija faz é digno de textos imensos, cheios de críticas e o que as demais fazem, não?
    A Tijuca já ganhou carnavais com alegorias toscas (aquele bolo é antológico). Em 2014 com aquele enredo forçassão de barra e cadê os críticos de plantão. Quantas não já levaram campeonatos com enredos “salada mista”?

    1. Passe a acompanhar mais este blog, e você verá críticas a tudo o que você mencionou, meu caro.
      O próprio autor do texto assina duas séries neste veículos chamadas “30 atos” e “Histórias do sambódromo”, que passam a limpo os anos de Sapucaí e todas as suas injustiças e poréms.

      Paz!
      Fellipe Barroso

  15. Ainda acho que essa tal catarse é muito relativa!
    As filas de acesso às arquibancadas do lado par do sambódromo estavam tomadas por integrantes da torcida “Soberana”, responsável pela distribuição de bandeirinhas.
    Tinha mais integrante da torcida do que pessoas “comuns”.
    É claro que eles ficaram até o final, abanaram suas bandeiras, e cantaram com força!
    Aliás, se a Beija-Flor viesse toda de sunga e cantando “Atirei o pau no gato” também seria assim.
    Nenhuma outra Escola levou (Pelo menos no lado par) uma quantidade tão grande de pessoas ligadas a uma torcida organizada oficial, e isso diz muito sobre a tal “empolgação” da plateia.

    Apenas pensem a respeito.
    Fellipe Barroso

  16. Detalhe: todos argumentos aqui expostos pelos colunistas são irrefutáveis do ponto visto técnico. Se alguém pode contraargumentar com as mesmas armas que o faça e não envereden pela subjetividade tampouco desrespeito.

  17. Tá reclamando pôr a Beija não vir, mais uma vez, “engomadinha” feito o Salgueiro?
    Que bom que ela não veio! Que fantástico que ela “chutou o balde”.
    Sou Portelense, mas fico muito feliz que a Beija tenha tido a coragem de sair do lugar comum e toda essa discussão que ela vem gerando (inclusive essa aqui), bem como a catarse que a escola proporcionou arrastando aquela multidão atrás de si comprovam que carnavais ao estilo ao que o Salgueiro apresentou não comovem mais, não convencem mais, não instigam quase ninguém.
    Exatamente por isso Paulo Barros foi o furor tão logo ascendeu. Ele quebrou estéticas, alterou padrões, despiu tudo o que pôde e se tornou “estrela”
    Sim, a Beija poderia ter caprichado mais em suas alegorias e nos adereços. Fantasias, eu discordo totalmente. Estavam absolutamente dentro do contexto e serviram bem a cada uma da proposta que compunham. Aquilo era uma opera a céu aberto, opera que o saudoso Joasinho tantas vezes declarou ser a finalidade maior de um desfile.
    Se faltou esmero nas alegorias e nas fantasias, sobrou descrição. Dizer que esse desfile é um desenredo é um equívoco, ao menos, a meu ver.
    Foi um baita ENREDO. Triste, realista, mas, principalmente um ENERDO.
    É só pormos na balança o resultado final de um campeonato do Salgueiro (caso essa escola tivesse ganhado) e o da Beija…
    O que aconteceria? O Sal seria somente mais um belo desfile campeão que seria comentado sem grandes análises, sem grandes arroubos, sem qualquer inquietação, contestação, embate de opiniões. Já o da Beija, além do arrastão que propiciou, traz todos estes elementos. Esse desfile deu uma sacudida no empoeirado carnaval das escolas de sambas e tenho certeza que muitas agremiações irão copiar à escola nilopolitana, tão qual fazem hoje com Paulo Barros e só isso já é mais do que suficiente pra dar a esse campeonato todo o merecimento.
    Então… Viva os carros mal acabados e fantasias de 1,99 com emoção e inquietação. Abaixo os desfiles engomadinhos de tantas vezes.
    PARABÉNS BEIJA FLOR.

    1. Não temos o mesmo ponto de vista, mas por enquanto você expôs seus argumentos sem agredir ou acusar. É por aí a discussão, obrigado por escrever.

      1. Duvido que copiem!
        Houve peso de bandeira na avaliação do júri e na comoção do público SIM!

        Se uma Escola tipo a União da ilha ou a São Clemente tivessem feito a mesma coisa, seriam rebaixadas na certa!

        Aliás, a São Clemente, por um momento não muito inspirado em 2014, falando sobre favela, quase desceu à Série A, despontuada em quesitos como as citadas fantasias “dentro do enredo”.

        A Grande Rio, com mais peso na bandeira, perdeu apenas 0,1 de cada jurado de Fantasias em 2013 com o tenebroso enredo sobre os Royalties do Petróleo, que incluía até a uma ala do CTI (Com David Brasil de “doente” em cima de elemento cenográfico e pessoas desfilando em macas).

        Voltando um pouco no tempo, Caprichosos de Pilares desceu à Série B pelos mesmos motivos ao falar de favela.

        Em NENHUM dos três casos citados acima houve debate, acusação de imcompreensão de enredo, nem glória.
        No caso da Caprichosos houve um rebaixamento já sabido no momento em que ela deixou a pista. Pior: muita gente nem se lembra disso. Caiu no esquecimento, como a própria Escola, que nem desfilou este ano.

        Quanto ao enredo, eu duvido que qualquer um saiba descrever exatamente o que a Beija-flor se propôs a mostrar. Veja bem, não estou dizendo para descrever o que está sendo visto, mas o que a Escola quis mostrar de fato (E isto inclui o uso do vocabulário presente no ‘Abre-alas’ da LIESA).

        Uma coisa é entender que a campeã é escolhida pelo gosto de 40 pessoas. Outra coisa é defender algo muito ruim, justificando o mau gosto destas 40 pessoas.

        1. Fellipe Barroso disse:
          16 de Fevereiro de 2018 às 23:47
          *Duvido que copiem!
          Tenha certeza que copiarão, meu caro. Se não copiarem a “pobreza” das alegorias, mas, a teatralização crua, nua, visceral, realista. Aposto o que você quiser. Jamais imaginei ver Rosa Magalhães copiando qualquer coisa do Paulo Barros e qual não foi minha surpresa esse ano?!!!!! Jamais imaginei ver portelenses (que amam bater no peito e dizer que são TRADIÇÃO) lambendo os beiços com o “carnaval” do Paulo Barros em sua escola.
          A Beija inverte padrões estéticos e mais uma vez incomoda muito e gera polêmica. Lá atrás ela fez exatamente o contrário, adequando o luxo, a “riqueza”, A beleza e volume às suas fantasias e alegoria e assim como agora, a grita foi geral. Muito pouco tempo depois estavam todas “travestidas” de Beija Flor (kkkkkkkkkk).
          * Houve peso de bandeira na avaliação do júri e na comoção do público SIM!
          Cite uma única escola (das ditas “grandes”) que já não tenha sido DESCARADAMENTE beneficiada por conta do “peso” da suas bandeira, se você puder.
          *Se uma Escola tipo a União da ilha ou a São Clemente tivessem feito a mesma coisa, seriam rebaixadas na certa!
          Sim! Da mesma forma que Portela já se desmontou na avenida, deixou carros de fora, velha guarda de fora, correu, abriu buracos, ultrapassou o tempo e foi poupada do rebaixamento. Da mesma maneira que Vila desfilou sem fantasias e ficou no especial. Do mesmo jeito que Mangueira, em 2009, desfilou com alegorias com ferros à mostra, fantasias desmontando e ainda voltou nas campeãs! Logo, parceiro, desculpe, mas é EVIDENTE a sua antipatia pela escola nilopolitana e por isso você da a esse desfile toda essa dimensão negativa. A sua imparcialidade foi para o Japão.
          *Aliás, a São Clemente, por um momento não muito inspirado em 2014, falando sobre favela, quase desceu à Série A, despontuada em quesitos como as citadas fantasias “dentro do enredo”.
          Sim, é verdade. Mas, todos sabem que a S. Clemente – INFELIZMENTE – sempre foi escola “bucha”, inclusive estrategicamente usada para salvar as “grandes” que – não uma, mas, várias vezes – já cometeram desfiles pavorosos e ficaram no especial. Essa realidade não é uma exclusividade da Beija Flor, faça-me o favor, né!
          *A Grande Rio, com mais peso na bandeira, perdeu apenas 0,1 de cada jurado de Fantasias em 2013 com o tenebroso enredo sobre os Royalties do Petróleo, que incluía até a uma ala do CTI (Com David Brasil de “doente” em cima de elemento cenográfico e pessoas desfilando em macas).
          Pois é… Mas, Mangueira já desfilou fazendo propaganda direta pra Petrobrás sem se dar ao trabalho de fazer grandes disfarces e teve notas muito “benevolentes” em enredo. Portela já fez desfile panfletário para Eduardo Paez e uma marca famosa de computadores e também teve quem “passasse as mãos em sua cabeça”. Vila desfilou patrocinada por um Ditador e foi campeã e ninguém chiou. Mas, quando foi a Beija sobre a Guiné, muitos – igual a você – calejaram os dedos em textos altamente críticos à escola. É nítido que a Beija, pra uma grande maioria (se não a totalidade) dos ditos “analistas” de carnaval é a “Geni”. Então… Joga pedra na Geni, cospe na Geni, ela é feita pra apanhar.
          *Voltando um pouco no tempo, Caprichosos de Pilares desceu à Série B pelos mesmos motivos ao falar de favela.
          Outra escola que sempre foi desrespeitada enquanto aquelas que possuem bandeiras mais “pesadas” sempre puderam defender enredos patéticos e se darem ao luxo de receberem notas inconcebíveis e ainda ficarem na “elite”. Seus exemplos/argumentos são frágeis. Desculpe.
          A Beija Flor não alterou nenhuma das “manhas” da Liesa; ela apenas teve – mais uma vez – seu quinhão de “benevolência” como todas as suas concorrentes de “peso” sempre tiveram.
          *Em NENHUM dos três casos citados acima houve debate, acusação de imcompreensão de enredo, nem glória.
          Pois é! Esse mérito é mesmo da Beija Flor. Já foi assim outras vezes. Aliás, desde que se firmou nesse grupo essa escola sempre suscitou – pra o bem, ou pra o mal – debates. Não é daquelas que geram algumas horas, ou, alguns diazinhos de debates. Essa escola, além de muito profissional, tem mais essa virtude, a de incomodar, de suscitar paixões, admirações (Não à toa é dona do posto de uma das maiores torcidas do carnaval), revoltas, questionamentos. Realmente isso é pra muito poucas.
          *No caso da Caprichosos houve um rebaixamento já sabido no momento em que ela deixou a pista. Pior: muita gente nem se lembra disso. Caiu no esquecimento, como a própria Escola, que nem desfilou este ano.
          Lamento muito por essa agremiação maravilhosa e que tantos sambas deliciosos e desfiles adoráveis nos proporcionou. A culpa, por todas essas injustiças, é da cúpula e não da Beija. A Beija é só mais uma “cobra” nesse ninho de serpente. Logo, sua reclamação é limitada.
          Mas, aproveitando sua queixa, me espanta MUITO a Tijuca e a Tuiuti terem ferido e até tirado a vida de pessoas ano passado, a virada de mesa em favor de ambas e os “analistas” de carnaval, tão antenados em denunciar os absurdos carnavalescos não terem se “movimentado” com tanto afinco quanto fazem agora por conta desse campeonato da Beija Flor. Por que será, hein?
          *Quanto ao enredo, eu duvido que qualquer um saiba descrever exatamente o que a Beija-flor se propôs a mostrar. Veja bem, não estou dizendo para descrever o que está sendo visto, mas o que a Escola quis mostrar de fato (E isto inclui o uso do vocabulário presente no ‘Abre-alas’ da LIESA).
          Ah! Mas isso é somente um mero detalhe. Você, que está transtornado com esse campeonato, que está dando ensejo a esses preciosismos. Quantos enredos sem pé, nem cabeça, nem braços, nem olhos foram aclamados já, sem, no entanto, ninguém protestar com tanta veemência como você o faz agora? Esse ano mesmo tivemos alguns enredos que você deixa passar batido. Teu foco é, sem qualquer trégua, a Beija Flor. Isso é cristalino.
          *Uma coisa é entender que a campeã é escolhida pelo gosto de 40 pessoas. Outra coisa é defender algo muito ruim, justificando o mau gosto destas 40 pessoas.
          O que são 40 diante da multidão que seguiu a escola cantando até à capela o seu samba. Vamos combinar, né, parceiro!

          1. Se tiver o trabalho de procurar no blog e não apenas atacar ou insinuar coisas verá que todos os desfiles citados pelo Fellipe foram criticados duramente. Mas é mais fácil sair atacando, dizendo que a BF é perseguida, etc…

          2. Os erros cometidos na avaliação da Beija-flor estão sendo justificados por outros erros. Seguindo esta lógica, nada se conserta…

  18. Na minha opinião, o título mais contestável de toda a história do Carnaval. O pior desenvolvimento de enredo no Grupo Especial; esteticamente, um desfile que perde para muitos desfiles do Acesso (Viradouro, Cubango,UPM, Renascer, Inocentes, etc). Deixando a questão ideológica de lado (antes que me acusem por não gostar de um desfile com um viés reacionário, do meu ponto de vista), um desfile bem ruim, de mau gosto. Mas, coisas do Carnaval…

  19. Na minha concepção de carnaval a classificação seria mais ou menos essa.

    Salgueiro (e com relativa sobra).
    Mangueira.
    Tuiuti.
    Portela.
    Mocidade.

    Até aqui era certeza de voltarem nas campeões (se a Tuiuti fosse julgada corretamente – como o fizeram -).

    Beija-Flor (colocaria em sexto apesar dos problemas ressaltados).
    Imperatriz.
    Tijuca.
    Ilha.
    Vila Isabel (não gostei do que o Paulo Barros concebeu nesse ano).

    Até aqui escolas que não corriam riscos de descenso.

    São Clemente (se safou graças ao que aconteceu com a GR).
    Grande Rio.
    Império Serrano.

    Aí na apuração BF bate campeã. Já estava meio desiludido com o carnaval, pois Império da Casa Verde (fora das campeãs) e Vai-Vai em décimo em Sampa doeram aos olhos. Tá difícil acreditar na lisura de ambas as competições (e faz tempo).

    1. Engano seu (ou, tentativa de enganar). Muitas matérias em favor desse desfile foram publicadas, Fred. Ocorre é que as mesmas são oriundas de jornalistas de outras áreas, não ao círculo fechado que, sabemos bem – e isso é opinião ampla -formam, SIM, uma “panelinha”. Até porque a grande maioria destes “jornalistas” não são torcedores da escola nilopolitana. É só observar-se os debates pré e pós carnaval de todos os anos que fica CRISTALINA parcialidade.
      A Beija Flor perdeu um desfile magnifico em todos os segmentos (“Agotime 2001) e nenhum destes “jornalistas” se deu ao trabalho de escrever textos em protesto como voce o faz agora. Isso deixa escancara a sua (e de seus companheiros) PARCIALIDADE.

      1. Curiosamente o mesmo jornalista citado, Marcelo de Mello, a quem chama de parcial, lançou há um mês um livro chamado “Por que perdeu?” sobre desfiles históricos que não ganharam o campeonato, e lá está justamente Agotime, além de O Mundo é uma Bola e Ratos e Urubus. Ah, e, pra quem não sabe, como você, o Marcelo escreveu tese de doutorado sobre a Beija-Flor e sua relevância social. Então ele virou parcial ao criticar o desfile da escola esse ano??? Definitivamente, a falta de conhecimento e o fanatismo levam ao ataque gratuito e à falta de educação.

  20. Bom dia a todos.

    A discussão não vai acabar tão cedo. Até porque há muito a ser dito e teremos que esperar um pouco mais para ver o caderno dos jurados, com as justificativas para tão poucos pontos de desconto à Beija-Flor.

    Inegável que a escola deu seu recado com um chão fortíssimo. O componente não canta. Ele grita o samba. É um fanatismo exacerbado, que muitos dizem ser paixão, mas não é. É fanatismo puro. É como se só a escola de Nilópolis existisse e o resto que se foda.

    O samba era muito bom. Aliás, a Beija-Flor acertar a mão por mais de dois anos seguidos é um negócio meio raro. A bateria também deu seu recado. E vamos parar por aqui, porque o resto é tremendamente questionável. Seja a proposta do (des)enredo, das fantasias, alegorias e toda a parte estética da apresentação nilopolitana.

    À luz da razão, era um desfile oito ou oitenta. Pra cair ou pra ganhar. Incrivelmente, no meu entendimento, ganhou. Não que também fosse rebaixada, como a Grande Rio acabou sendo – e espero que seja, pelo bem do Carnaval – mas que não voltasse neste sábado.

    Vi no Acesso escolas muito mais suntuosas que a Beija – e cito apenas Viradouro e UPM, porque estavam alguns furos acima do resto – e acrescento que se fosse a União da Ilha ou a São Clemente com essa mesma proposta, seriam rebaixadas pro Acesso sem dó nem piedade.

    Enfim… pro meu juízo, foi o título mais vergonhoso que a BF conquistou. Pior que o de 1983, onde um cidadão chamado Messias Neiva enxergou coisas que só ele viu, tirando do Império Serrano, da Portela e da Imperatriz a chance de ganhar um campeonato que jamais poderia ser da Beija-Flor.

    Até poderia apontar outros campeonatos duvidosos, mas vão chamar o que este gresilense diz de ‘perseguição’. Não, não é. É constatação. E paro por aqui pra não mexer em vespeiro, conhecendo bem alguns torcedores da BF como são, especialmente pra discutir carnaval, coisa que não sabem muito.

    A falta de argumentação e de educação é constrangedora. “Só lamento”, disse uma conhecida minha. “É o nosso 14º título”. “Atura ou surta”, disse outro. Nossa… quanto embasamento.

    Nada surpreendente para quem já viu um cidadão com camisa da BF, no Baródromo, mostrando o dedo do meio para o escriba aqui durante um caraoquê de Samba-Enredo, enquanto ‘cantava’ o samba de 1982 da Imperatriz.

    Falta de respeito define. O desenredo venceu. O desencanto só aumenta.

  21. Enredo feito para agradar a mídia de modo geral em ano eleitoral. Uma das coisas que mais me desagradaram nesse desfile da Beija-Flor foi em relação à alegoria que retratou a Petrobrás sendo transformada em favela. Ora, até onde eu saiba o dinheiro gerado com petróleo, independente ou não da existência de corrupção, nunca foi utilizado para a resolução dos problemas de moradia das grandes cidades e todas as consequências que eles trazem. Foi uma das coisas mais sem sentido que já vi em desfiles de escola de samba. Fora isso, as fantasias da escola de Nilópolis estavam muito abaixo do que se espera dela, embora nos quesitos de pista ela quase sempre esteja impecável. Enfim, foi mais um título questionável para a Beija-Flor, repetindo 1983, 2003, 2011 e 2015. Volto a dizer, foi um enredo para agradar à mídia, especialmente à Globo, o que demonstra que tanto a Liesa quanto os jurados estão submissos às vontades daquela que detem os direitos de transmissão.

  22. O desfile mais magnífico da década…quanto ao texto só mostra que o jornalista não compreendeu,e que é normal nesse site contestar títulos da Beija Flor principalmente. Os argumentos vão do lado direito ao esquerdo o que pelo histórico do site volto a repetir não é surpreendente como foi o histórico desfile da Beija Flor maravilhosamente surpreendente…agora vão falar que foi pra globo e irão apelar que foi apologia a direita (a escola colocou a prédio da Petrobrás empresa destruída pelo Pt)e assim falarão mal e mal e o que resta é a arte virada de cabeça pra baixo a beleza do samba e o desfile que sacudiu a mente…parabéns Beija Flor desfile lindo.

    1. Alderi, obrigado por escrever sem agressões ou ofensas, mas quero fazer algumas ponderações:

      – deixei claro logo no começo do texto que minhas críticas são meramente técnicas, em relação aos quesitos e à forma como devem ser julgados. Não levo nem nunca levei em conta ideologia, tanto que jamais escrevi no OT em seis anos nenhum texto político.

      – antes dos desfiles exaltei as três escolas que levariam para à Sapucaí enredos tidos como críticos, no caso a própria Beija-Flor, o Tuiuti e a Mangueira. Mas em que pese o excelente desempenho da Beija-Flor nos quesitos de pista, vi alguns problemas que a descredenciaram a brigar pelo campeonato. Repare que não disse em nenhum instante que foi um mau desfile, mas que teve problemas.

      – em diversos textos que escrevi no OT, fiz questão de destacar que a Beija-Flor merecia títulos que não foram dados a ela, sobretudo 1989, 1999 e 2001. Outros como 1983 e 2003 receberam críticas normais. Aqui já criticamos outros títulos contestados como Mangueira 1987, Imperatriz 1995, 1999 e 2001, Tijuca 2012, o não rebaixamento da Portela em 2005, as viradas de mesa que ajudaram algumas escolas, etc. Então, não existe perseguição a nenhuma bandeira, elogiamos e criticamos na mesma medida.

      – não fui o único a levantar questões sobre o desenvolvimento do enredo. Se para muitos faltou clareza na execução do desfile é porque, de fato, poderia ter sido mais bem desenvolvido. No caso, temos divergências de conceito, o que faz parte.

  23. Esse desfile me lembrou muito aquele de 2003. Na época foi também considerado uma revolução estética, e outras palhaçadas. Foi apenas um carnaval mal feito, com fantasias e alegorias fracas que retratava a fome e tal. Foi um enredo mal desenvolvido e que só ganhou por causa da emoção. A Mangueira fez um desfile mil vez melhor, o mais luxuoso da sua história, mas não levou. 15 anos depois a coisa se repete e a Beija flor ganha na base da emoção e com uma revolução estética inexistente. Gostaria de ver um enredo desse numa escola menor, se seria campeão também.

  24. O mais MARAVILHOSO é ver que somente os “jornalistas especializados” aqui do Rio estão inconformados com esse título da Beija Flor. Porém, cadê que se viu protestos nas ruas, cadê que se viu declarações desfavoráveis como já ocorreu outras vezes referentes a alguns títulos! É até surpreendente ver como pessoas que nem se ligam tanto pra carnaval comentam entusiasmadas sobre esse desfile e o que é mais delicioso… RATIFICAM-NO.
    Junte-se a isso o arrastão que a escola propiciou e todo o resto é somente chororó de perdedor.

  25. Esse título da Beija não foi justo, assim como em 2011. Mas a discussão so fica agora que ta quente, depois ninguém fala mais. Mas o que vai volta. A Imperatriz em 2001 ganhou injustamente e todo mundo percebeu e paga por isso ate hoje… Vamos ver como será ano que vem.
    Repito as notas de fantasia da beija flor foram escandalosas. Ano passado com “Iracema” a beija foi bem canetada e estava infinitamente melhor que esse ano as fantasias. E se falaram a o samba desse ano era melhor, não me serve, pq o do ano passado era tão bom quanto. Pra mim ate melhor que esse de 2018.
    Outra posição que achei bem questionável foi a da Ilha, achei o desfile esteticamente muito bom e foi muito canetado. Sinceramente não da mais para confiar no julgamento oficial. Vou continuar acompanhando o carnaval pq tenho muito amor pelo samba, mas para torcer e esperar justiça eu ja desisti

  26. É!!!! Realmente esse desfile não foi aceito, não foi “digerido” por quem deveria ser. A Beija Flor foi recebida no desfile das campeãs com muitas vaias, latinhas de cervejas, vaias, protesto. A Tv mostra isso claramente!
    Só posso lamentar por todos aqueles que fazem de tudo pra desqualificar mais esse grande feito dessa escola… O de ter chegado tão junto à simpatia e anseios do povão.

    Aos antis só resta dizer uma coisa…
    Chupem essa manga! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  27. Que tapa bem dado na cara dos “analistas”.
    ESSA “OPINIÂO” SIM, É A QUE CONTA!
    PARABÉNS BEIJA FLOR POR ESSA MARAVILHA!

    1. Lamento seus ataques, falta de educação e frases jocosas. Falei de julgamento de fantasia, alegoria e enredo, não de política e ou que o desfile foi ruim, elogiei muito o chão da escola. Se a Beija-Flor ganhar 22 carnavais seguidos não vai mudar a minha vida em nada, mas tenho o direito de criticar o que eu não acho certo, não sou obrigado a ter a mesma opinião do que você e ninguém. Mas você e outros mal educados por aí não sabem discernir análise e só vêm com os ataques e argumentos vazios de sempre, de que a escola é perseguida, ganha contra tudo e contra todos, que tem panelinha de jornalistas (aliás, vários deles que criticaram as fantasias e alegorias da Beija-Flor são torcedores apaixonados da escola), que somos antis e etc… Opinião não tira taça de ninguém e a briosa comunidade nilopolitana, que sempre foi respeitosa comigo, tem que comemorar mesmo cantando esse maravilhoso samba que já está na história do carnaval.

  28. Perfeito texto, Fred. Do mesmo jeito que o do Migão também está.

    Mas serei sincero: adorei que a Beija-Flor tenha vencido (e olha que eu não sou dos maiores adoradores da agremiação). Resgatou 1988, onde o samba no pé superou qualquer luxo.

    Sim, eu sei que o julgamento deve levar em conta os quesitos, sei disso tudo, mas como é bom poder dizer que “Oh pátria amada, por onde andarás” foi campeão, e não “Firma o tambor pra rainha do terreiro”. Eu achei que o Salgueiro levaria fácil.

    Mas fui dormir na quarta-feira, de certo modo, feliz. O samba-enredo ainda tem o seu valor, mesmo que de forma distorcida.

    Reitero, antes que alguém te ataque: belíssimo texto.

  29. Texto MAGNÍFICO de um Portelense (esse, sim!, sabe ver (holisticamente) e compreender o que foi esse desfile. E olha que o cara nem é um “especialista” de carnaval!!!!

    JUAN – 19/02/18 07:45
    Eu, portelense de coração desde pequenininho, fiquei muito feliz com a vitória da Beija-Flor. Tenho visto os descontentes com a vitória se valerem, em geral, de expressões como “gosto duvidoso ou questionável”, “cromatização infeliz”, “falta de apuro estético nas fantasias e alegorias” e “ausência de linha narrativa” para justificar o porquê de a Beija-Flor não ter merecido o título que conquistou. O problema é que esses conceitos precisam ser relativizados (alguns deles nem fazem sentido) quando analisados sob o prisma da arte.

    Falar em “gosto duvidoso ou questionável”, por exemplo, é uma bobagem, pois o “gosto”, por definição, sempre precisa ser questionável. Se uma decisão estética não puder gerar dúvidas nem ser questionada, deixa de ser gosto para se tornar dogma. E a arte legítima pode ser muitas coisas nesse mundo, menos dogmática. No final das contas, o que agigantou o desfile da Beija-Flor foi exatamente o fato de ter sido de “gosto duvidoso”: ele rompeu com parâmetros estéticos convencionais e provocou desconforto, inquietação, polêmica. Cada texto que tenta desmerecer o título da Beija-Flor por falta de apuro estético acaba, na verdade, confirmando sem querer que a escola teve um tremendo sucesso no modo como decidiu falar sobre as diversas formas de “desamor” em nossa sociedade. Não faria o menor sentido abordar os diferentes tipos de violência física e psicológica por meio do luxo e do glamour que tanto já nos acostumamos a ver passar na Sapucaí. Se acham que faltou cromatização adequada e requinte alegórico no desfile da Beija-Flor é porque concebem a arte como dogma, e não como uma das formas possíveis de explicar o mundo por meio do experimento estético. Gostaria de ver como essas mesmas pessoas analisariam os desfiles das décadas de 30, 40 e 50, quando as escolas deviam fazer toda sorte de experimentação estética, tal como em outras manifestações populares pelo Brasil afora.

    Quanto à tal ausência de linha narrativa, cobrar isso da Beija-Flor é uma incoerência, pois praticamente nenhuma escola desenvolve seus enredos por meio de uma linha narrativa clara. Até onde eu possa me lembrar, Rosa Magalhães foi a única que claramente fez isso este ano, por conta da especificidade do seu enredo. Aliás, o desfile da Beija-Flor flertou muito mais com a narração (por meio da teatralização) do que, por exemplo, o do Salgueiro, que não tinha qualquer fio condutor em termos narrativos.

    Enfim, as escolas de samba não foram paridas para dizer amém, mas para recriar o mundo através da arte. É uma festa popular que não pode se submeter a dogmas estéticos cerceadores se pretende continuar viva.

  30. Que ótimo ler tais reflexões, tanto a tua, quanto a do Pedro Migão. De certa maneira, entendo como uma contrapartida necessária para algo que, por mais que neguem, está bem posicionado.

    Como um diálogo, reproduzo abaixo um texto meu, criado dentro de um fórum específico com vista ao entendimento da apresentação da escola vencedora. Ciente de que não possuo bagagem referencial o suficiente para validar as assertivas propostas. Funcionando meu texto muito mais como uma desculpa própria para eu conseguir dar conta de certa tristeza. Enfim, vale como mais um exercício de reflexão.

    Acredito que AINDA não temos ferramentas suficientes para tratar do desfile da Beija-Flor em toda sua complexidade. Como aqui é um espaço para discussões sobre o carnaval (nos moldes até então conhecidos) quem sabe o tempo, os debates e as pesquisas, possam oferecer algum norte para delimitar e nomear o que foi apresentado pela escola de Nilópolis. Pois foi outra coisa. Por ora, sem juízo de valor. Nem pior, nem melhor. Outra coisa ainda que moldada com elementos comuns às demais.

    A injusta vitória é apenas pela falta de enquadramento categórico. Colocou-se esta outra manifestação para concorrer com o que ela não é. Não é culpa da escola, mas do sistema de julgamento que a abriga. E nem deste, talvez. Ninguém se prepara para acolher um novo tão grande.

    Para mim, “Monstro é aquele que não sabe amar (Os filhos abandonados da pátria que os pariu)” é uma peça única. Em simbiose absoluta com seu tempo e por isso mesmo, não oferta diretrizes para perpetuação do ocorrido. Não virará um modelo. Não haverá o controle dessa linguagem, pois além de descontrolada em sua origem, possui efeitos que muito dependem de fatores externos a ela. Por isso acredito que as profecias de “morte ao carnaval” estão longe de serem concretizadas.

    Muito se disse da importância do chão para essa vitória já que os quesitos plásticos pouco contribuíram para o feito. Será que não contribuíram mesmo? Para a comoção gerada pela escola, para mim, os quesitos plásticos foram fundamentais. Por ser de leitura fácil com o reconhecimento imediato de figuras marteladas no retrato do cotidiano. Um monstro na avenida convocando monstros internos para desfruta-lo em delírio.

    Para tentar me explicar, recorro a uma lembrança de uma experiência pessoal numa roda de debates em torno de um desses filmes da década passada pertencente ao gênero apelidado de “favela movie”. Lembro exatamente de olhar surpreso para os lados e ver os expectadores entrando em transe com o corpo inteiro sobre cada cena que em qualquer outra situação provocaria ojeriza ou tristeza. Sucesso da técnica utilizada: som, montagem e fotografia empregados propositalmente para levar o público a esse estranho êxtase. Ao final da sessão era tanta gente gozando com aquela experiência, expurgando uma espécie de vingança ou satisfação absoluta em ter encontrado alguém tratando em linguagem coisas que estavam imbricadas. Levantar a voz para apontar que tinha algo esquisito ali era dar murro em ponta de faca. Não houve diálogo possível.

    Um dos problemas de representações assim é o perigo da não oferta de saídas estéticas e da subversão de limites éticos.

    No caso do desfile da Beija-Flor, alguns limites foram subvertidos já em sua concepção. Subvertidos pelo descontrole e pela onipotência própria daqueles se acham libertos a não seguir o mínimo de um conjunto de regras específicas necessárias para a constituição da forma. Por isso mesmo, disforme. Um enredo tão deformado quanto o próprio monstro que retrata. Abarcados em colocar no mesmo caldeirão mazelas sociais diversas sem um filtro de sensibilidade para algumas específicas. Colocar uma criança dentro de um caixão ou uma mãe chorando sobre o corpo de um policial com peito alvejado sem dar maiores chances para reflexão é mais uma das facetas da naturalização da violência. Algumas dores não deveriam ser tratadas em momentos de festa. Fosse eu uma destas vítimas representadas apenas chocar, não teria gostado de ver minha tragédia sendo cantada ao batuque dos tamborins. Violência duplicada de onde menos se esperava pois não há sequer distanciamento histórico (já aqui respondo aos que possam indagar a presença de açoitamento aos escravos, como os da Comissão de Frente da Tuiuti).

    Quando falo da impossibilidade em ser modelo futuro refiro-me que a talvez um limite tenha sido atingido, pois, para além da morbidade apresentada, apenas sangue verdadeiro sendo derramado. Que estejamos livres disso, ao menos.

    O que é onipotente se acha no direito de se definir como algo apolítico e não se revê em crítica. Por isso mesmo é muito difícil questioná-lo em comparação com outros trabalhos. E já que se não aceita em comparativo, que ao menos se afirme sendo outro. O novo.

    Contudo há novidades perigosas.

    E se não bastasse à complexidade da concepção e execução, um inesperado efeito, próprio do que não se tem controle: uma verdadeira peleja entre o Belo e o Hediondo.

    Belo samba, que belo sendo, grita. Pois o que é belo não tem função. O belo é. Defendido pela força conjunta dos componentes. Versus um disforme de tudo o que compôs os quesitos plásticos, que se valeram do apregoamento do desagradável e do descuidado da pesquisa e da figuração do mote.

    Canto e Imagem em posições diametralmente opostas onde se exige sua mescla.

    De maneira inconsciente, o que era belo gritou mais alto. Uma pequena grande vitória.

    Enfim, é inegável (e benéfico) que uma obra proponha tantas reflexões. Mas que se reconheça em suas limitações. Até porque, caso insistam, encontrarão sua dialética em plena vigorosidade no próprio movimento.

    Se me perguntarem de que lado eu estava nessa história não me furtarei em responder rapidamente: do lado poético.

    Melancólico, mas poético.

    1. Caro Jonas, muito importante, bem argumentada e, acima de tudo, educada reflexão. Tenho meu ponto de vista em relação ao título da BF à luz dos quesitos mas os pontos levantados por você são relevantes em relação ao que o futuro do Carnaval pode reservar. Obrigado por escrever.

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