Começo a coluna de hoje com uma pergunta que a maioria provavelmente vai responder sim: Você já conviveu com uma pessoa que esquece muito das coisas? Esquece documentos em casa, esquece de encontros, reuniões, prazos, horários, enfim, tudo que afeta a vida dela e possivelmente dos outros que a rodeiam. O sentimento de quem convive é, no mínimo, de irritação.

Agora, vocês já conviveram com uma pessoa que esquece o nome dos filhos, netos, aniversários, e até mesmo quem ela é? Por mais que nós pensemos que seja raro, o Mal de Alzheimer acomete cerca de 15 de pessoas no mundo.

Caracterizada como uma doença neuro-degenerativa, o Alzheimer provoca o declínio das funções cognitivas da pessoa. No início da doença, o paciente começa a perder sua memória mais recente e isto é bem característico. Pode até se lembrar de fatos que ocorreram meses antes, mas esquece onde deixou as chaves de casa.

Infelizmente, esta é uma doença que ainda não tem cura e com o avanço do quadro, o Alzheimer afeta a capacidade de aprendizado, atenção, orientação, compreensão e linguagem.

Eu falei acima que conviver com pessoas esquecidas causa irritação, mas este sentimento passa longe se o caso for de doença. Até porque o Alzheimer não causa um simples esquecimento, ele afeta a vida do paciente de forma drástica, fazendo com que ele dependa de outras pessoas até para realizar suas funções básicas do dia a dia. Desta forma, as pessoas que convivem com estes doentes alteram sua rotina em função de um ente querido, além do sentimento de tristeza de ver alguém da sua família perdendo a memória sem chances de cura.

Em relação ao tratamento, este é regularmente oferecido pelo O SUS através do Programa de Medicamentos Excepcionais. Os principais medicamentos são a rivastigmina, a galantamina e o donepezil. Eles amenizam os efeitos da doença em estágios iniciais, mas não impedem sua evolução

Para controlar os distúrbios de comportamento causados pela doença, utilizam-se outros medicamentos. A depressão também é um mal que pode ser causado no paciente que sofre de Alzheimer, visto que ele tem a percepção da doença. O tratamento, portanto, pode ter várias vertentes.

Uma situação extremamente delicada é a interdição do paciente, que pode ser obtida através de ordem judicial. O responsável por todas as ações civis do doente passa a ser o seu curador, que é apontado pelo juiz.

Apesar de ser um pouco difícil para a família e, principalmente, o paciente aceitarem, é uma medida para resguardar a todos, visto que o paciente perde capacidade de discernimento, não entende a consequência dos seus atos, não manifesta a sua vontade, não desenvolve raciocínio lógico por causa dos lapsos de memória e perde a capacidade de comunicação, se tornando, segundo a Lei, uma pessoa incapaz. A interdição é, portanto, uma medida de proteção contra pessoas que possam vir a se aproveitar da condição do paciente.

O diagnóstico é complicado porque, como a maior parte dos casos ocorre em idosos, a família julga a perda de memória, um sintoma inicial, comum nesta idade. É necessário ficar atento a esses casos de perda de memória recente, isolamento, depressão, tudo isso pode ser conseqüência da doença. Mesmo que haja medo e receio por parte da família, o tratamento pode dar uma qualidade de vida maior ao paciente.