No último texto enalteci o trabalho de Jair Ventura no Botafogo e prometi comentar a declaração dele a respeito da contratação de técnicos estrangeiros por clubes brasileiros, após a chegada do colombiano Reinaldo Rueda ao Flamengo. Pois bem, embora não concorde com ele na essência, de que os técnicos brasileiros podem perder espaço, achei que foi criada uma tempestade num copo d’água.

Jair se posicionou e tem o direito de opinar quando perguntado. Ele se mostrou contra a facilidade que técnicos de fora do Brasil têm para serem contratados e legalizados, enquanto os nossos treinadores têm imensa dificuldade para trabalhar no exterior, e que por isso podem ser prejudicados se houver uma chegada em massa de estrangeiros.

Como sempre, fizeram um bafafá em torno disso e teve gente que entrou na carona por diversos motivos, seja por ter opinião semelhante à de Jair mesmo, ou por ser corporativista, ou até por ser xenófobo. Fato é que Rueda chegou ao Flamengo e eliminou o Botafogo de Jair com inteira justiça, e com atuações bem mais competitivas, exatamente o que o torcedor cobrava.

Quer dizer que ele fez mágica com esse time? Não exatamente, mas pelo discurso dos jogadores e pela forma como o Flamengo se comportou nas três partidas que disputou sob o comando do colombiano, houve mudanças, sim.

O problema que apontei na coluna passada não vem se repetindo. O time, seja por qual motivo for (conversa, treino, mais empenho, ou o que seja…), tem atuado de forma muito mais atenta e preenchendo melhor os espaços em campo.

Não têm acontecido mais aquelas bolas nas costas de volantes, zagueiros e laterais. O alargamento do time até as laterais tem funcionado, com as equipes adversárias tendo muito menos espaço para atacar. Tudo bem que um adversário era o lanterna Atlético-GO e o outro, o Botafogo, num mata-mata tenso, que por si próprio já presume menos exposição em campo.

Mas o que mais me agradou como torcedor nesse confronto contra o Botafogo foi a intensidade dos jogadores. Intensidade repetida em verso e prosa por Rueda nas entrevistas coletivas. Um time que não dividia com a intensidade exigida em alto nível e, enfim, foi mais ativo nas disputas de bola.

Ajudou também a participação de Guerrero, que, além de ser um jogador técnico e inteligente (vide o corta-luz no gol de Diego), consegue segurar a bola mesmo quando ela chega totalmente “quadrada”, além de ser mais efetivo no corpo a corpo com os zagueiros, embora ainda com mais faltas do que deveria – apesar de o péssimo Wilton Pereira Sampaio ter marcado infrações inexistentes para os dois lados em vários momentos.

É claro que o Flamengo ainda tem a evoluir com o elenco que possui. Mas, se não dá para apontar definitivamente que o Flamengo é outro, pelo menos o começo de trabalho de Reinaldo Rueda é muito bom.

Se ele conseguir acertar definitivamente a marcação rubro-negra com seus conceitos e o ataque produzir mais, a passagem dele pelo Flamengo pode ser muito bem-sucedida. E corroborar o que disse Muricy Ramalho:

“Rueda não pode ser tratado só como estrangeiro, e sim como técnico!”

P.S.: O Cruzeiro é o outro finalista da Copa do Brasil com muita justiça. E Thiago Neves voltou a jogar muita bola, o que precisa deixar Reinaldo Rueda e jogadores do Flamengo com as barbas de molho. Uma decisão que promete muito mais do que as semifinais.

Fotos: SporTV.com e Globoesporte.com

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