Depois de vinte dias em São Paulo, finalmente volto a esse recinto. Engana-se quem pensa que eu viajei de férias, na verdade, eu fui à capital paulista para fazer dois cursos: um no A.C.Camargo e outro no Hospital de Câncer de Barretos. Mas o que isso interessa a vocês, afinal? Interessa é que uma dessas visitas resultou no nosso tema de hoje.

‘’A humanização dos humanos’’ parece meio ambíguo, não é? Deveria ser, ainda mais no aspecto em que vamos tratar aqui, mas a verdade é que não é. Quantos de nós já fomos a um posto de saúde e o médico sequer olhou na nossa cara e deu o diagnóstico de virose? E esse é o mais brando dos casos. Quantas pessoas já vimos morrendo em corredores? Voltando para casa sem remédio, sem atendimento? Enfim, são vários os exemplos que vemos humanos tratados como animais. Aliás, nem isso, porque animal nenhum merece esse tipo de tratamento também.

Quantos de vocês, por curiosidade, já leram o Projeto de Humanização do SUS? Eu já, mas foi por conta da faculdade mesmo. Acreditem, esse projeto existe e é a coisa mais linda, mais bem estruturada e pensada que já li. Aliás, o SUS, como um todo, é um projeto de país de primeiro mundo. Pena que a exeqüibilidade aqui no Brasil esteja longe de ser a ideal.

Como eu bem disse ali em cima, conheci o A.C.Camargo e o Hospital de Barretos, dois lugares com estrutura incrível para pesquisa. Mas o que me chamou mais atenção foi o hospital de Barretos ser integrado junto com o centro de pesquisa e, principalmente, a humanização do tratamento das pessoas, o que até então, eu pensava ser utópico.

O HCB é público, é SUS, é referência nacional com uma demanda altíssima, mas passa um pouco longe dos problemas de hospitais públicos comuns. Enfrenta problemas? É claro, mas lá a gente não vê paciente desconfortável, esperando por algo que talvez nunca venha.

Há assistência e não só isso: os profissionais que lá estão se preocupam com o bem estar do paciente acima de qualquer outra coisa. Tudo lá foi pensado para eles e por eles, a começar pela pesquisa clínica, cujo principal objetivo é, de fato, melhorar a qualidade de vida desse paciente (Todas deveriam ter isso como objetivo, mas na prática é bem diferente).

O Hospital infantil, meus amigos, passa bem longe de lembrar um lugar onde há dor e tristeza. As crianças têm tudo que precisam ali: brinquedoteca, sala de aula, espaço cultural, refeição, saúde e moradia.

Não somente os pacientes desfrutam disso, mas os familiares também, ainda mais agora que estão sendo construídas casas ao lado do hospital para os pacientes residirem com suas famílias ao longo do tratamento.

Mais importante que tudo isso: há amor. Esse é o lema do hospital. Pode parecer balela, mas o amor, a forma humanitária como todos são tratados faz muita diferença no tratamento. Todos os profissionais ali enxergam os pacientes como uma pessoa única, assim como deve ser, porque por trás da doença, há sempre uma história.

Eu poderia ficar o dia inteiro descrevendo, mas é preciso ver, é preciso sentir. O clima é diferente, é mais leve, há risadas, há esperança.

Como esse hospital conseguiu executar o projeto de humanização tão bem? Não sei, talvez sejam os investimentos privados milionários os quais recebe (Cada pavilhão tem o nome de um artista que doou dinheiro). Porém, o mais importante é com certeza a dedicação dos profissionais em tornar um projeto realidade.

É difícil resolver todos os problemas de um hospital público só com a boa vontade de algumas pessoas? É claro que não, é inocência pensar assim. Mas quem sabe a boa vontade possa amenizar o sofrimento de milhares de pessoas? Já é um bom começo.

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