O Desfile das Campeãs passou e o que fica é a lembrança do Carnaval-2017. Com o nascer do sol, o sambódromo do Anhembi se despediu da Acadêmicos do Tatuapé, a inédita campeã que voltou ao Grupo Especial em 2013 e em cinco carnavais chegou lá!

Chegou porque se tornou uma escola de quesitos e há dois anos quase não tira notas diferentes de 10. No ano passado, o que faltou foi a parte plástica e, para melhorá-la, foi contratado o carnavalesco Flávio Campello, ainda sem tanta história mas com uma bagagem de respeito.

Campello é sobrinho do mestre Arlindo Rodrigues, um dos maiores gênios do carnaval brasileiro, que nos anos 60 e 70 tinha em sua equipe no Salgueiro a então aprendiz Rosa Magalhães; hoje, professora, ela trabalhou 13 anos e ensinou muito do legado ao carnavalesco da Tatuapé. Com este DNA e esta escola, não restava outro modelo a seguir senão o do barroco, do clássico e da beleza estética.

Em meio a um carnaval repleto de gigantismo e movimentos, vimos a Tatuapé clássica e bonita, sem nenhum movimento de escultura e nenhuma delas era grandiosa, todas na medida. Para completar, um desfile muito feliz, Campello ainda foi original ao falar da África com cores e formas inéditas, pois mostrou o continente em sua vertente alegre, com dois setores em tons claros.

Na contramão de tudo isso, tivemos a não menos brilhante Dragões da Real. Enquanto assistimos ao resgate na Tatuapé, aqui vimos o início de uma nova história, pois pela primeira vez o chamado “estilo Paulo Barros” chegou a São Paulo, com a as coreografias criativas nos carros apresentando o entendimento do enredo e as alegorias com espetáculo nas laterais.

Sem dúvidas foi o desfile mais legal de assistir, diria emocionante em alguns momentos. Todas as alegorias tinham um ápice, seja no dragão em esqueleto do abre alas, nos lagartos que passeavam pela plantação, no caminhão de pau de arara com a viagem para a nova terra ou no arraia com a “fogueira humana”.

Esta última é a imagem do Carnaval-2017. Quando Paulo Barros trouxe o DNA na Unidos da Tijuca em 2004, uma revolução de ideologia aconteceu, agora vemos por aqui a novidade pedindo passagem para deixar nossos desfiles mais atrativos e surpreendentes.

Não me atrevo a dizer se o título deveria ficar com uma ou outra, ambas mereceram, cada uma com o seu estilo, totalmente antagônico um do outro. Assim é o carnaval, uma festa democrática onde cada artista imprime seu estilo de acordo com a sua ideologia.

Gostaria de exaltar também o memorável pré-carnaval que tivemos com a excelente festa de lançamento do CD, os épicos ensaios técnicos do Vai-Vai e um grande trabalho da Liga, que inovou ao transmitir todos pelo Facebook e ao publicar as justificativas logo após a apuração. Viva o carnaval paulistano!

6 Replies to “Viva o barroco, viva o novo, viva o carnaval paulistano!”

  1. Boa tarde!

    Prezado Miguel Fortunato:

    Que se ressalte também a oposição de idades! De um lado a Tatuapé, escola já cinquentona, antiga, tradicional. Do outro, a Dragões, uma adolescente do carnaval, jovem, ávida por novidades. Duelo interessante o de 2017.

    Ler este relato apenas me deixa ainda mais saudoso de fazer maratona dupla no carnaval, o que fiz pela última vez em 2015.
    Parei por uma questão puramente física. Sair do Anhembi com o dia claro, e correr para o Rio para chegar cedo na fila da Sapucaí e garantir um bom lugar na arquibancada acabava comigo!

    Haverá um dia em que as coisas serão mais fáceis, e espero retornar a acompanhar de perto o carnaval paulistano.

    Atenciosamente
    Fellipe Barroso

    1. Olá Felipe, volte sim, o carnaval paulistano está melhor a cada ano e está cada vez melhor organizado.

  2. Vi pela TV (sou de sampa).
    Vendo pela TV (não temos acesso a todos os errinhos que as escolas cometem – seja ângulos que a câmera não capta ou a horrorosa transmissão da Rede Globo -) eu comentei nos tópicos sobre o carnaval 2017 de sampa (primeira e segunda noite). Então temos que ficar com as imagens da TV e dos sites que cobrem o carnaval (nos blogs, twtter e facebook dos mesmos).

    Naqueles comentários duas escolas eram soberanas para mim (na ordem).

    Império>Dragões (empate técnico)>>Vai-Vai>Tatu>Vila.
    A campeã seria uma das duas… mas seja no facebook ou twitter (e fiz um texto longo aqui que deu preguiça de reler – KKKKKKKKKK…-) comentei sobre a Tatuapé. Dos cinco desfiles, talvez, foi o mais frio. VM emocionou. Vai-Vai passou com todo mundo quase seguindo a “Escola do Povo”. Porém acho que todos concordamos que o desfile da Tatu foi extremamente técnico. Muito correto. Redondinha. Tudo no seu devido lugar. Bom samba (abaixo de Vai-Vai, DR e VM). Bateria excelente. Alegorias muito bem acabadas (embora menores que as rivais). Para mim ficou em excelentes mãos. Vai-Vai caiu após o terceiro setor. VM pecou em acabamento de duas alegorias e algumas fantasias. Império cometeu deslizes. Só o que foi injusto foi as notas dadas ao samba da Dragões da Real (sambão). Embora a Dragões perdeu não aqui… mas em bateria.

    Um ano muito bom em sampa. Ótimo ano.

    PS: Rosas em quinto me surpreendeu muito. Não me deu essa impressão no dia.

    1. O Rosas desfilou muito bem, é que a parte plástica aparece mais, mas somente nela a escola errou.

  3. Miguel, teu texto tá ótimo. Mas vamos combinar que há bastante tempo as notas do Carnaval de SP são uma afronta a quem assiste!!

    Extremamente benéficas em muitos pontos!

    1. Olha Vilela este ano não foram tão ruins, algumas notas pontuais apenas, mas não tivemos nenhuma escola em uma colocação absurda.

Comments are closed.