Na minha penúltima coluna aqui nesse blog, falei sobre o “curioso caso do Campeonato Carioca”. Passado pouco mais de um mês, o estadual do Rio já está quase em sua metade e achei que valia a pena retomar o assunto aproveitando o gancho do Fluminense campeão da Taça Guanabara.

Como comentei no outro texto,  o Fluminense não tem vaga garantida na final do campeonato. Apenas se classificou para a semifinal do torneio, que serão disputadas ainda pelo vencedor da Taça Rio e os outros dois clubes mais bem colocados na classificação geral. A única vantagem do Tricolor das Laranjeiras será a de jogar pelo empate na semifinal.

A maior vantagem que tem o Fluminense agora é, na verdade, ver como o time mudou da água para o vinho do final do ano passado até o início desse ano. Em menos de três meses, a equipe de Marcão que terminou o campeonato brasileiro com uma sequência negativa de dez jogos sem vitória se transformou na valente equipe comandada por Abel Braga.

Nas entrevistas pós-título, o experiente treinador tricolor voltou a evocar o epíteto de “time de guerreiros” para se referir ao Fluminense.

Eu particularmente não gosto do termo. Jogadores de futebol de equipes grandes ganham, e ganham muito bem, para trabalhar e apresentar um bom resultado, embora muitas vezes a preguiça dentro de campo impere.

Guerreiro para mim é o trabalhador brasileiro que acorda cedo, enfrenta horas em transporte público lotado para poder trabalhar e dar condições mínimas de vida para sua família. Mas isso é outra história…

Mas é inegável a evolução do Fluminense. Uma mudança sustentada com quase as mesmas  peças do ano passado aliás. Além do técnico Abel, o Tricolor contratou apenas outros três nomes: o lateral Lucas e os equatorianos Orejuela e Sornoza. Trio esse que mal chegou e já se tornou titular da equipe.

Na minha coluna antes do Estadual começar, destaquei que, para melhorar, o Fluminense precisava depender menos de Gustavo Scarpa. O meia continua vivendo uma excelente fase e já marcou três gols no torneio, mas nesse domingo, por exemplo, o Flu mostrou que é possível jogar sem o seu camisa 10, que – machucado – não conseguiu disputar a final da Taça Guanabara.

Nesse mesmo texto, destaquei também que os laterais precisavam encaixar e Henrique Dourado precisava a voltar a ser o matador que a torcida esperava. Funcionou. Lucas e Leo Pelé tem dado conta nas alas e o “Ceifador” já tem 8 gols nessa temporada em 9 jogos, sendo 5 no Carioca.  Números bem melhores que os 2 gols anotados em 14 partidas no ano passado.

Também merece elogios a defesa do Fluminense que, depois de oito anos, não tem Gum como um de seus integrantes. Com uma fratura no pé direito, o beque deu lugar a Renato Chaves, titular junto com o capitão Henrique. O sistema defensivo, que ainda conta com o goleiro Júlio Cesar – titular enquanto Diego Cavalieri não volta , ficou 6 partidas sem sofrer gols e só foi ser vazado na final da Taça Guanabara.

Apesar da conquista da Taça Guanabara pelo Fluminense, a mudança de regulamento no Carioca desse ano abre espaço para que os outros grandes times ainda tenham chances de sonhar com o título.

O Flamengo, mesmo perdendo a final, se mostrou uma equipe forte. Tem, na minha opinião, o melhor elenco do Rio, conta com o peruano Guerrero em excelente fase e ainda é um dos favoritos ao título carioca.

O grande problema rubro-negro pode estar no calendário: as semifinais da Taça Rio estão marcadas para o dia 9 de abril e a final para o dia 16. O confronto contra o Atlético-PR pela Libertadores será dia 12.

Problema bem semelhante enfrentará o Botafogo, que joga no dia 13 de abril contra o Atlético Nacional na Libertadores. Nesse caso, acho até mais preocupante: o elenco alvinegro não oferece o mesmo número de opções que o do Flamengo e o jogo contra o atual campeão da Libertadores será fora de casa, em Medellín, na Colômbia.

Vale lembrar que em função da Libertadores, o Botafogo praticamente abriu mão da disputa da Taça Guanabara. Jogou com os titulares em apenas um jogo, o de estreia, em que acabou perdendo para o Madureira por 2 a 0. Nos outros, mandou uma equipe completamente reserva.

Já o Vasco ainda está bastante irregular, o que é até normal nesse início de temporada, mas as perspectivas são bem melhores do que as do início do ano. Kelvin, Luís Fabiano e Gilberto, por exemplo, são jogadores de boa qualidade técnica e devem agregar valor ao time de Cristóvão Borges.

Imagens: André Durão, Gazeta Press, Bruno Haddad / Fluminense

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