Ao contrário dos outros três dias de desfile, o texto sobre este desfile de segunda feira será um pouco diferente. Primeiro porque não vi a Tijuca e desfilei na Portela; segundo porque quero abordar alguns pontos extra pista em virtude dos acontecimentos.

Obviamente, não vi o carro desabando, embora minha posição de pista (Setor 3) permitisse isso. Neste momento, estava na concentração da Portela porque iria desfilar. E lá na concentração ninguém soube do ocorrido imediatamente.

Com a péssima conexão de internet da avenida – embora tenha funcionado um pouco melhor que em anos anteriores – as notícias estavam chegando de forma desencontrada. Consegui saber pelas redes sociais – especialmente o Twitter – e avisei o Presidente Luiz Carlos Magalhães, que não sabia o que tinha acontecido. Imediatamente ele se dirigiu à área de desfile para prestar o apoio necessário.

Mas a Portela entrou na avenida com uns 80% dos componentes sem a menor noção da tragédia que se abateu sobre a Tijuca. Quem não consultava o celular ou não estava à frente da escola na área de armação não tinha ideia do problema.

Sobre o desfile ter continuado ou não, não vi todas as imagens, então minha avaliação fica prejudicada. Penso que há dois pontos que precisam ser ponderados: o primeiro é a dificuldade de acesso e manobra à pista em um problema como esse, dada a falta de estrutura da instalação. Talvez facilitasse o socorro aos feridos.

Por outro lado, uma eventual interrupção talvez causasse um efeito de pânico no público e até muita gente indo embora, o que comprometeria a retirada dos feridos aos hospitais próximos já prejudicada pelos bloqueios de trânsito. Este editor chefe não é dado a posições “em cima do muro”, mas eu sinceramente não sei o que faria.

Sobre a sucessão de problemas em si, irei abordar em outro texto, logo após o carnaval.

Um outro ponto é que a plateia claramente estava apreensiva quando a Portela passou. Isso era nítido olhando para as pessoas, torcendo para que não houvesse nenhum problema com os carros. Isso impactou claramente nosso desfile.

Isto posto, vi uma União da Ilha que, pela enésima vez, sofreu com sua Direção de Harmonia jogando pelo ralo um belo desfile – além de problemas em três carros. Vi uma São Clemente com um ótimo trabalho de Rosa Magalhães mas completamente muda e com a bateria em uma noite não muito feliz – o que gerou atravessamento de canto.

Desfilei por uma Portela que, dadas as circunstâncias, fez exatamente o que se propôs. Após toda a comoção com a perda de nosso presidente e a grana bem mais curta que anos anteriores, fez um desfile bastante correto e que a coloca na briga. Se meu sentimento ano passado era de redenção, este ano é o de dever cumprido.

Vale lembrar que o carro do Egito, que seria o de maior impacto, teve a presença de pessoas vetada pelo Corpo de Bombeiros e substituída por bonecos, o que tirou bastante do efeito pretendido. Ainda assim, Paulo Barros está de parabéns, bem como nosso presidente Luiz Carlos Magalhães, que conduziu a escola com firmeza. Foram guerreiros neste processo.

A Mocidade fez um bom desfile, mas não gostei da concepção dos carros, com muitos “caixotes”. O samba se mostrou o superestimado que eu havia previsto no pré desfile.

Sobre a Mangueira: além dos problemas de Evolução – caso para 9.5 ou até menos nas três últimas cabines, e na primeira também houve problemas, as fantasias tinham resplendores iguais só mudando a cor e atrás do segundo carro entrou uma ala com roupa de diretoria em frente ao primeiro módulo. E nos dois primeiros setores muita gente sem cantar o samba.

Sobre resultado: minha convicção é de que Salgueiro e Portela foram as mais corretas em um ano de muitos erros, e somente elas poderiam brigar. Mas acredito que a Mangueira terá seus problemas relevados pelo júri e com isso obter uma vitória até bastante tranquila na pontuação final, em uma apuração liquidada pelo sexto ou sétimo quesito. O mesmo acredito que ocorra com a Unidos da Tijuca quanto a rebaixamento – não acredito em virada de mesa.

A minha grande interrogação é como a Beija Flor será julgada nos quesitos Enredo, Fantasias e Evolução. Se seguirem o manual corre risco até de ficar fora do Sábado das Campeãs, embora não acredite nisso.

Imagens: Ouro de Tolo

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18 Replies to “Uma Noite Estranha de Desfiles”

      1. discordo do superestimado também, a mocidade me surpreendeu muito, já que eu acho os últimos desfiles dela mornos e sem emoção.

  1. Acredito no título da Mangueira!!! Essa escola parece um furacao!!! O samba super cantado pro componentes e arquibancadas!!! Quanto ao buraco, vale lembrar que a Beija Flor já cometeu esse tipo de deslize algumas vezes e nem por isso deixou de ser campea ou vice campea…Tenho a impressao que os jurados relevam buracos, só nao perdoam correria…Gostei das fantasias, apenas a ultima alegoria nao me agradou, deu aquela impressao de que o dinheiro acabou no final. Sendo excelente na maioria dos quesitos, pode ser bi sim.

      1. Lembrando que no último setor está a Salete Lisboa, então “só” dois setores deverão ser despontuados, rs.

  2. Penso que somente uma falta muito grande de representatividade na LIESA de uma (Portela) e ao contrário, uma força política muito grande da outra (Mangueira), pode justificar o fato de um desfile sem erros e bastante elogiado (Portela) entrar em uma apuração com expectativa de perder para um desfile que abre buracos de 100 metros na avenida fora os outros problemas, de qualquer forma, vamos aguardar o resultado pois se tal fato ocorrer torna não somente “uma noite muito estranha de desfile” mas também uma quarta de cinzas de apuração muito estranha.

    1. Sem erros?? E a falta de canto e a frieza do desfile da Portela??? O problema das pessoas é só conseguirem enxergar aquilo que é fotografado…

  3. Pois é, sinceramente se não bastasse a força dos “papais”, também a Mangueira falida com esta força toda na LIESA, só faz confirmar o que eu achava, o problema da Portela é um só e tem nome e sobrenome e chama-se LIESA.

  4. Portela, Salgueiro, Mangueira, Beija-Flor, Grande Rio, Mocidade, Imperatriz, Ilha, São Clemente, Vila Isabel, Tuiuti e Tijuca.

  5. Portela brigar pelo título, como já falei, foi só por peguiça das outras escolas. Já vi Portela.mais arrebatadora. Este ano as escolas foram muito ruins. Se não fosse o Alladin e o samba da Mangueira, não teríamos nada pra comentar.

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