Terminou mais uma maratona de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Uma noite com bons momentos, mas que infelizmente ficou marcada por um grave acidente com a segunda alegoria da Unidos da Tijuca.
Somando-se ao incidente com o carro da Paraíso do Tuiuti no domingo e à queda de uma destaque da Mocidade Independente de Padre Miguel, o Carnaval termina com 32 feridos, sendo cinco ainda internados e um em estado mais grave.
Na briga pelo título, Portela e Mangueira se destacaram, mas vejo o Salgueiro também com chances. Veja as análises:
União da Ilha do Governador – Um excelente trabalho de desenvolvimento de enredo por parte do carnavalesco Severo Luzardo. A Ilha levou o candomblé e os bantos de Angola para a Sapucaí e apresentou um conjunto visual muito adequado, embora com falhas de acabamento em alguns elementos. O excelente samba-enredo funcionou e a Baterilha mostrou sua categoria, a ponto de levar o Estandarte de Ouro, de “O Globo”. Mas um desfile que estava garantindo a Ilha pelo menos no sábado ficou complicado devido a buracos na evolução após problemas no quinto carro. Uma pena!
São Clemente – A escola da Zona Sul veio com um típico enredo da grande Rosa Magalhães, sobre um grande baile na Corte de Luis XVI. Alegorias e fantasias de belíssimo gosto deram bem conta do recado na explanação do enredo. Só que infelizmente o samba-enredo não teve um desempenho dos melhores e faltou um canto melhor. Pode beliscar uma vaga no sábado, mas deve ficar na zona da marola.
Mocidade Independente de Padre Miguel – Depois de anos frustrando seus torcedores, a Verde e Branco de Padre Miguel fez a sua melhor apresentação em anos. O enredo sobre o Marrocos deu samba e Alexandre Louzada soube desenvolvê-lo bem, a despeito de uma certa irregularidade nas alegorias. Mas o samba-enredo tinha qualidades e impulsionou a escola, que, se não teve uma exibição arrebatadora, agradou bastante no conjunto. Também é candidata a uma vaga no sábado.
Unidos da Tijuca – Uma lástima! Um desfile que tinha tudo para conduzir a escola do Morro do Borel de volta ao Desfile das Campeãs, ou quiçá título, acabou num dos incidentes mais lamentáveis da história dos desfiles de escolas de samba. A queda de parte da alegoria sobre Nova Orleans comprometeu severamente os quesitos Alegorias e Adereços, Enredo, Evolução e Harmonia, além de ter causado perda de (apenas) 0,1 em cronometragem – o que foi um milagre dada a proporção do acidente. Pelas alegorias e fantasias, era um desfile credenciado a ser um dos melhores do ano. Se for julgada normalmente, o que deve ser feito pelo fato de o desfile ter prosseguido, a Tijuca lamentavelmente corre risco de descenso e pode salvar a Paraíso do Tuiuti.
Portela – Não foi um desfile impecável como o de 2014, não foi um desfile apoteótico como o de 2015, tampouco foi um desfile surpreendente como o de 2016. Mas a maior campeã do Carnaval está credenciadíssima, sim senhor, a finalmente quebrar o jejum de títulos. Depois de uma fase pré-carnavalesca tumultuada pela morte do presidente Marcos Falcon e sem grandes condições financeiras, os componentes deram as mãos e, liderados por Luis Carlos Magalhães, fizeram um belíssimo trabalho. Apesar dos questionamentos que surgiram em relação ao desenvolvimento do enredo sobre os rios, a Portela fez um desfile praticamente perfeito nos quesitos de pista e com inegável beleza. O ponto alto foi o carro sobre a tragédia de Mariana. O samba-enredo esteve longe de ser o melhor que a escola teve nesta década, mas foi muito bem cantado pelos componentes. A arquibancada acompanhou o desfile ainda preocupada depois do acidente com a Tijuca, e não se mostrou empolgado, mas isso não tira o brilho e correção da exibição portelense. Será que o dia 1º de março de 2017 marcará o grito de libertação da Águia?
Estação Primeira de Mangueira – Como escreveu o brilhante jornalista Aydano André Motta, Leandro Vieira representa o futuro (diria eu, o presente também) entre os carnavalescos. Aplausos de pé para o desenvolvimento do enredo sobre a fé do brasileiro nos santos em meio ao nosso sincretismo religioso. Alegorias de fácil leitura, de extrema criatividade e bom gosto e sem o gigantismo que se viu em outras escolas. E o tripé que retratava o Cristo crucificado e ao mesmo tempo Oxalá entra para a antologia do Carnaval. O único senão foi a repetição nos tipos de esplendores de algumas alas. Mas o grande pecado foi o problema na roda dianteira esquerda da segunda alegoria, que ficou parada em alguns momentos na pista, causando crateras na evolução. A Mangueira pode ter perdido o bicampeonato nisso. De resto, um samba-enredo de qualidade, uma grande bateria e um final vibrante com o povo seguindo a Verde e Rosa. Ainda pode ser campeã, mas o que era para ser uma vitória inconteste, corre risco.
Fiquei muito triste pelo que aconteceu com a Tijuca, me tocou demais pois, mesmo vendo de casa (São Paulo), tenho uma simpatia muito grande pela escola, junto com a Imperatriz. Estou preparado para um possível rebaixamento.
Não acredito que a Tijuca caia
Como sempre Migão e sua grande qualidade textual !!
Sobre o Carnaval 2017, um ano para ser esquecido. Não pelos desfiles (não foram sensacionais), mas sim pelo acidentes. Espero que com esses acontecimentos a LIERJ se protifique mais para fiscalizar e melhorar o Carnaval a partir do próximo ano.
Mas sobre os desfiles esse seria meu Resultado :
1° Mangueira
2° Portela
3° Salgueiro
4° Mocidade
5° Beija-Flor
6° Imperatriz
7° São Clemente
8° Grande Rio
9° União da Ilha
10° Vila Isabel
11° Paraíso do Tuiuti
12° Unidos da Tijuca (Sim, acredito que a escola do Borel vai cair sim, pois vão considerar que foi erros da escola).
Vamos focar em 2018, pois 2017 espero que só fica para alertar sobre o aumento da segurança que necessitamos para o Carnaval.
Carlos, o texto é do editor adjunto Fred Sabino. Minhas impressões estão em http://www.pedromigao.com.br/ourodetolo/2017/02/uma-noite-estranha-de-desfiles/
Corrigindo
LIESA e não LIERJ
Amigo Fred Sabino mil desculpas pelo equívoco.
Parabéns Fred, grande texto como sempre !!
Muito boa classificação!Só que teve alguns equívocos! Mesmo assim, coerentes…Beija Flor não fez desfile para estar entre as cinco…
Só discordo do samba mangueirense ser de qualidade – acho bem mediano, só à frente de Tijuca e Tuiuti. Porém, no mais, perfeita análise.
Ah! Em 2016 a Portela foi bem melhor e a Mangueira que levou. Aliás, a Mangueira ganhou no primeiro ano de “reconstrução” e a Portela está há 4 anos esperando. Quem sabe este ano, que a Mangueira foi melhor, a Portela não leva?
A Portela foi “bem melhor” do que a Mangueira em 2016? Justifique sua resposta…rs
Portela, Salgueiro, Mangueira, Beija-Flor, Grande Rio, Mocidade, Imperatriz, Ilha, São Clemente, Vila Isabel, Tuiuti e Tijuca.
Uma tristeza esses acidentes terem acontecido.
Eu acredito que a disputa do rebaixamento ficará entre Tuiuti e Tijuca. A Unidos, ficaria na briga pelo título caso não tivesse acontecido isso.
A Fantasia e as Alegorias estavam ótimas (a que se acidentou não era tão nível Tijuca – quando estava intacta, claro).
Ambas as escolas tiveram sambas ruins, pela televisão parece que nem os componentes da Tuiuti abriam a boca para cantar – os da Tijuca só a parte antes do acidente e a bateria cantavam, as alas depois do Carro Nova Órleães estavam muito abatidas e quando cantavam era errado.
Para mim Mocidade e Portela brigam pelo título.
Beija-Flor fez um desfile técnico bom, mas nada de criatividade. Mangueira infelizmente teve um problema com a evolução.
Pela TV dava para ver as pessoas ainda chocadas e sem ânimo já no Desfile da Portela – o carro que lembrou a Tragédia de Mariana para mim foi o mais marcante da noite. Mocidade fez um desfile técnico e sem ocorrências (exceto a destaque que caiu do carro )
As outras tiveram problemas com harmonia, enredo e samba.
Para mim fica assim:
1 – Portela
2 – Mocidade
3 – Mangueira
4 – Beija-Flor
5 – Imperatriz
6 – São Clemente
7 – Salgueiro
8 – Grande Rio
9 – Vila Isabel
10 – União da Ilha
11 – Paraíso do Tuiuti
12 – Unidos da Tijuca
Pior desfile que já assisti em todos os quesitos. Sambas ruins, alegorias pobres, fantasias repetitivas somados a quase tragédias e uma transmissão horrorosa da tv oficial.
Que 2017 sirva como um divisor de águas para o carnaval carioca que precisa ser revisto com urgência.
A Beija Flor merece o campeonato,gosto de acompanhar notícias de carnaval nesse site mas tem um porém ,o pessoal daqui tem algum problema com a Beija Flor, em outro post um comentário chega a dizer que o projac puxa saco pra escola me poupe galera esse papo é cansado ,a escola fez um desfile lindo ,exuberante e diferente sem falar no canto do samba que ainda ficou melhor ,mas o problema é que a escola é beija flor coitada. Aliás um Roberto Carlos (2011) com desfile correto incomoda muita gente,mas uma Maria Bethania(2016) com desfile mediano não incomoda ninguém nesse site num é.
Eu não gostei dos desfiles da Mangueira e da Beija-For, mas a escola de Nilópolis estava tecnicamente mais correta.
O desfile de 2016 da Mangueira estava irregular em alguns pontos, mesmo assim foi campeão.
Eu passei a acompanhar desfiles em 2013 e percebo que eles puxam a sardinha para as escolas mais tradicionais – coisa que nao acontece muito em SP.
A disputa pelo rebaixamento vai ser acirrada, em SP a Águia de Ouro estava sempre nos 7-12 e no último quesito a escola desabou. No topo foram sempre 3, mas o meio da tabela oscilava com bastante velocidade – coisa que acredito que vá acontecer no RJ com tantos desfiles medianos.
Sua escola teve alegorias, bateria, samba e parou por aí. No mais, essa Sindrome da Deusa Infalível e o recalque com a Mangueira nem merece comentários.
Pois é ,por isso escrevi isso, por que achei o desfile da Beija Flor esse ano deslumbrante e o samba lindo ,que requinte aquelas alegorias rústicas e luxuosas e que canto,porque não merece o título? ,logo esse ano que vamos combinar que não tem uma favorita unânime.
Mangueira foi a melhor escola do ano. Acho que quase todos concordamos… porém não merecia ser a campeã pelos erros em evolução.
Opinião oficial (apuração – igual postei ali em cima -): Portela, Salgueiro, Mangueira, Beija-Flor, Grande Rio (sim… achei que os jurados alisariam o Projac que é filho sanguíneo da Globo – BF é adotada e mais amada -), Mocidade, Imperatriz, Ilha, São Clemente, Vila Isabel, Tuiuti e Tijuca.
Minha opinião era (a lá de cima era a nota dos jurados – considerando escolas protegidas, canetadas errôneas e sacanagens -). Portela, Salgueiro, Mangueira, Beija-Flor (embora estava esperando qual seria a visão dos jurados sobre a BF), Mocidade, Grande Rio, Ilha (desfilão até o 5º carro), Imperatriz, São Clemente (bateram na São Clemente na apuração, pois em fantasias estava impecável e perdeu muito ponto em alegorias – só não gostei da última -), Vila (a pior de longe… mas se salvaria com tantos erros), Tijuca e Tuiuti.
Só que esqueci que a Tijuca se tornou bem forte nos bastidores. Vergonhosa a postura da Liesa.
Mesmo que passasse sem o que aconteceu, achei a Tijuca de gosto bastante duvidoso. Se viesse pras cabeças, seria mais uma vez pela força do chão e dos bastidores…