(Por Thiago Moreira, trabalhador offshore, tricolor (carioca!) de coração e aficionado por basquete e fatos curiosos do esporte em geral)

As histórias de vida e carreira de cada atleta que competirá nas Olimpíadas tem uma singularidade que as vezes só os olhos mais atentos percebem. E apesar de todos terem sua parcela de contribuição, existem aqueles atletas que conseguem a honraria de marcar seu nome na história de seu país como portador da bandeira nacional. Esses atletas são exemplo de vida e tem trajetórias impressionantes.

Minha função aqui é elucidar e informar a vocês o que essas pessoas fizeram para que conquistassem tamanho reconhecimento. E dessa maneira, tornando-nos conhecedores dos fatos enxerguemos com ainda mais paixão o que esse evento nos proporciona.

Vamos então conhecer mais um pouco de :

Zahra Nemati – Tiro com Arco – Porta Bandeira Irã

Atleta de 31 anos, talvez seja o caso mais impressionante dos Jogos Rio 2016. Sua história é inspiradora e merece uma leitura cuidadosa.

Nascida em um país em sua maioria islâmico e com todas aquelas dificuldades que países daquela região do planeta apresentam (apesar de no Irã as mulheres serem “menos restritas” que em outros países de maioria islâmica), a pequena Zahra começa sua carreira de atleta desde cedo, aos 4 anos, no Taekwondo. Ela obtinha sucesso e competia como faixa preta quando um acidente mudou o rumo de sua vida/carreira. Em 2004, a menina de 19 anos sofreu um acidente de carro, que lhe deixou sequelas.

Lesão na medula espinhal e pernas paralisadas. A partir de então, ela estava confinada a uma cadeira de rodas e o esporte que amava teve de ser abandonado. Mas o que era para ser um triste fim ou mais uma história trágica, converteu-se numa espetacular reviravolta. O acidente tirou sua capacidade de andar, mas não alterou em nada seu amor ao esporte. Dois anos após o acidente, Zahra Nemati retornava às competições, agora como arqueira.

Bons resultados se seguiram e em 2012 lá estava ela fazendo história nos Jogos Paralímpicos de Londres. Duas medalhas, sendo uma de ouro. Se tornava então pioneira: nunca uma mulher iraniana havia ganhado uma medalha de ouro (seja em Olimpíadas ou Paralimpíadas). O pioneirismo lhe caiu bem e Zahra se tornaria inspiração não somente para sua nação ou para as mulheres, mas para todo o mundo.

Após ganhar o ouro no ParaPan Asiático em 2015 e terminar em segundo nos Jogos Asiáticos, idem 2015, ela conseguiu o feito de representar o Irã em ambos os eventos, Olimpíadas e Paralimpíadas. O auge dessa história se dará no estádio do Maracanã no dia 5 de Agosto, quando Zahra Nemati será a responsável a bradar a bandeira iraniana na abertura Olímpica, marcando de vez seu nome como exemplo de vida e superação.

Compete entre 08 – 10 AGO – AR007 – AR012

SiddikurSiddikur Rahman – Golfe – Porta Bandeira Bangladesh

Atleta de 31 anos, tem uma história de ineditismo também, fator preponderante para sua escolha como porta bandeira do país asiático. Engana-se quem acha que Bangaldesh é um pequeno país. O fato de ser a oitava maior população do mundo talvez nos dê a dimensão da conclusão precipitada que fazemos.

E após a divulgação desse dado, podemos nos perguntar… Porque então Bangladesh não possui êxito nas Olimpíadas? A resposta é teoricamente simples.

O esporte mais popular do país é o críquete (esporte não olímpico) e a falta de atletas de ponta, assim como a limitada cobertura da mídia local sobre o evento e a própria pobreza extrema, tornam o interesse da população pequeno. Somado a isso temos por fato que Bangladesh é o país mais populoso a  nunca ter ganhado uma medalha olímpica. Além disso, todos os atletas que competiam só o faziam por serem convidados pelo COI.

Isso até o golfista Siddikur conquistar, através de sua 60ª colocação do ranking, a primeira vaga sem ser wild card da história de seu país.

2012-07-27T232920Z_1_CBRE86Q1T9200_RTROPTP_2_OLY-OPEN-CEREMONY-DAY0-ACT2Ele mesmo reconhece que Olímpiadas não eram seu sonho de menino, afinal nem sabia de sua existência:”Quando eu estava começando, os Jogos Olímpicos eram algo que eu não sabia coisa alguma sobre”.

Filho de um motorista de um auto-rickshaw e criado em bairro carente, Siddikur começou como pegador de bolas em um clube de golfe de Dacca, capital do país. Esse emprego rendia alimento na mesa da família e aproximou o pequeno rapaz do esporte. Aos poucos, foi ganhando espaço para umas tacadas aqui, outras ali e seu talento reconhecido se tornou profissional em 2005. Desde então já ganhou dois Torneios da Ásia.

Ficou conhecido como “Tiger Woods de Bengala” (outro nome dado ao país) e ao contrário dos 4 primeiros do ranking mundial, que preteriram o evento, Siddikur terá seu momento de glória disputando as Olimpíadas aos olhos do mundo.

Como o mesmo afirma: “Eu tenho um bom sentimento sobre as Olimpíadas e estou me preparando muito bem. Farei o meu melhor e quanto ao resto deixarei  nas mãos de Deus”.

Os ingressos para o golfe:

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bozaFrancisco Boza – Tiro – Porta Bandeira Peru

Atleta de 51 anos de idade, se destaca por ser um ponto fora da curva no país sul-americano. Estreou em Olimpíadas em 1980, isso mesmo, há 36 anos atrás, para tentar uma medalha que não vinha para o Peru desde Londres-1948. Menor de idade na época, não foi bem e voltou pra casa com o 32º lugar, mas aprendeu com as dificuldades apresentadas no evento: “Essa época era totalmente diferente da de agora. O esporte não tinha recursos,  não havia dinheiro nem para os uniformes, saíamos uma vez por ano para competir. A gente recebia $3 para despesas diárias … Era uma outra realidade”, relembra Boza.

Mas se não havia dinheiro, pelo menos o jovem Boza adquiriu experiência, e com 19 anos, nas olimpíadas de Los Angeles-1984, ele conseguiu a medalha  de prata na prova de Fossa Olímpica. As dificuldades estavam lá, mas ele passou por cima delas: “Eu estudava na Alemanha e meus pais me pagaram a passagem e o hotel em Los Angeles para evitar prejudicar o Comitê Olímpico Peruano com uma despesa extra. Cheguei a  três dias da competição, e após chegar a empatar em primeiro lugar, consegui a medalha de prata”.

Desde então Boza prosseguia continuamente participando dos jogos por sua pátria, sendo inclusive tendo seus serviços reconhecidos ao ser eleito porta bandeira na última de suas sete participações consecutivas, em Atenas-2004.

Logo após a edição grega dos Jogos, porém, Boza deu uma pausa na carreira para se dedicar à política e se tornou chefe do IPD (Instituto Peruano de Desportes ) a partir de 2011. Em sua gestão alcançou o direito de sediar os Jogos Pan-americanos em Lima-2019. Demitiu-se em novembro de 2014. Também fez parte do Comitê Olímpico Peruano e presidiu a Comissão de Atletas do seu país.

Quando decidiu retornar ao Tiro, voltou fazendo história. No Pan de Toronto-2015, coroou seus 35 anos de carreira com uma medalha de ouro, inédita após cinco disputas de Pan.

Este resultado o qualificou para as Olimpíadas Rio-2016, que será a oitava de sua carreira vitoriosa. Recebeu por toda essa história a honraria de representar seu País na parada das nações no Maracanã em 5 de agosto.

Os ingressos para acompanhar o peruano:

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3 Replies to “Não se perca na Parada das Nações – Rio 2016 (Parte II)”

  1. Show de bola! Achei esse artigo ainda melhor que o primeiro! Essa historia da iraniana representando o país na Olimpíada E TAMBEM na Paraolimpíada… Eu nunca ia saber disso, hehehe!!!

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