Esta revista eletrônica vem nas últimas semanas se dedicando a diversos aspectos da venda, alocação e entrega de ingressos à Rio 2016. Faltam quatro meses para a Cerimônia de Abertura e entramos na reta final do processo de ocupação das arenas para os eventos.

Com isso, algumas notícias foram divulgadas neste início de semana. O Comitê Rio 2016 informou na última terça feira via email que a entrega em domicílio para os ingressos será válida para compras até o dia 10 de abril, próximo domingo. Bilhetes adquiridos após esta data somente poderão ser retirados nos pontos de troca física, pelo menos inicialmente – como veremos abaixo.

Isto significa duas coisas: que o processo de alocação de lugares e impressão de ingressos está praticamente encerrado e que, ao contrário do inicialmente divulgado, haverá uma única entrega de ingressos via Sedex. Tal quadro já estava nítido quando se percebia que as compras feitas após 25 de fevereiro não pagaram nova taxa de entrega, ao contrário do informado anteriormente. Isto talvez também dê a exata medida do atraso do processo, mas aí entramos na seara das hipóteses.

VelodromoOutra consequência é que os ingressos comprados a partir de devoluções para revenda necessariamente terão de ser retirados nos pontos físicos, sem possibilidade de retirada via Sedex ou, a priori, de impressão eletrônica. Por outro lado há algumas dúvidas sobre se haverá exigência de devolução física dos ingressos para que sejam colocados em revenda – pessoalmente acho que farão como no resale americano e irão cancelar remotamente o código de barras sem a necessidade de devolução física.

Até porque a possibilidade de revenda estará disponível a partir do final de maio no site, e como a entrega em domicílio se estenderá até julho, não acredito que exijam a devolução física. O site de “termos e condições” da Rio 2016 deixa esta questão em aberto ao dizer que o Comitê Rio 2016 “poderá” exigir a devolução destes ingressos devolvidos para revenda. Mas, oficialmente, o Comitê Rio 2016 ainda não divulgou como será esta “segunda fase” do processo de revenda.

Aliás, uma questão interessante que este regulamento deixa também em aberto é a possibilidade de autorizar a emissão eletrônica dos bilhetes para impressão em casa, tal e qual se estabeleceu para os Eventos Teste que tiveram venda de ingressos ao público. Mais uma vez fazendo uma análise, me parece que o Comitê já previu a possibilidade de atrasos nas entregas, especialmente para fora do Rio de Janeiro, e então deixou esta opção como válida caso haja necessidade de uma solução emergencial e rápida.

O outro fato importante foi a desarticulação de uma quadrilha de cambistas que agia especialmente via Facebook. Estão sendo investigados ao menos dez envolvidos e cerca de 700 ingressos em nome destas pessoas foram cancelados. Acredito que os bilhetes estarão em breve de volta à venda no site. Caso sejam recolocados à venda, é possível que entradas disputadas possam aparecer novamente à disposição antes que a revenda por parte do público em geral seja reaberta.

TiroEsportivoOutra informação importante disponibilizada na matéria da GloboNews linkada no parágrafo anterior dá conta de que a impressão dos ingressos está sendo realizada nos Estados Unidos. Nesta informação sobre a quadrilha de cambistas, colunista de jornal carioca vazou o que seria o desenho definitivo dos ingressos olímpicos, que em princípio teriam seu design revelado com o das medalhas no final deste mês de abril. Como nenhum outro local reproduziu, também não o faço aqui, mas parece mesmo ser o definitivo.

Fenômeno curioso, a propósito, ocorreu nas vendas de jogos do vôlei: a disponibilidade, que era ampla, foi retirada de uma única vez da plataforma e, quando retornou, voltou com pouquíssimos ingressos à venda – no momento em que escrevo (terça à tarde), não há nenhuma entrada deste esporte à venda. Mais uma vez é uma inferência analítica, porque o Comitê não divulga dados a respeito, mas a impressão olhando de fora é que ao alocar os lugares se percebeu uma venda superior à inicialmente prevista como cota para o público brasileiro.

Aliás, sabemos que o Maracanãzinho é a casa do vôlei brasileiro há décadas, mas vale o registro: é o esporte coletivo de maior procura e o que tem a arena com a menor capacidade entre estes – 11,8 mil lugares oficiais.

AquaticoFutebol e atletismo passaram pelo mesmo processo de retirada de disponibilidade, mas há entradas à venda, inclusive de sessões do futebol masculino do Engenhão (dias 4 e 7) que estavam havia muito tempo esgotadas.

Também apareceram há cerca de dez dias entradas para a ginástica olímpica e a natação, a primeira para três sessões e a segunda para diversas eliminatórias e finais. No caso do esporte aquático, parece ter havido alguma reavaliação de pontos cegos trazidos pelas colunas de sustentação (acima), haja visto que foram todos ingressos de categoria B. Mais uma vez, inferência analítica. A única certeza é de que não foram ingressos oriundos de devolução para revenda, haja visto a mesma estar indisponível desde o Carnaval.

Outra modificação importante – e que não foi divulgada oficialmente pelo Comitê – foi a mudança na alocação das categorias para as Cerimônias de Abertura e Encerramento. A primeira teve a categoria E bastante ampliada (print screen abaixo), enquanto a segunda sofreu alterações nas categorias de A a D. Isso abre possibilidade para, talvez, alguma liberação futura de bilhetes  – em especial na categoria mais barata dos ingressos da Cerimônia de Abertura.

Categorias Cerimônia de AberturaAinda esta semana ou na próxima, a ideia é abordar neste espaço um pouco da disponibilidade de entradas para não residentes no Brasil. Como se sabe, nestas primeiras fases de venda o site oficial somente vendeu entradas ao público brasileiro – os residentes em outros países compraram entradas através dos chamados ATRs, revendedores oficiais autorizados para um país ou um bloco de países.

Até lá.

Imagens: Brasil2016.gov

8 Replies to “Venda de ingressos para a Rio 2016 – Atualizações”

  1. Migão, se repetirem o que aconteceu em Londres não haverá devolução de entradas, apenas a invalidação remota. Vivi um caso assim por lá. O ingresso era de revenda mas havia sido cancelado remotamente. Longa história…Outra observação: a tal categoria E ampliada da cerimônia de abertura certamente se deve ao local de montagem das estruturas que serão usadas na festa. Palcos, cenários etc…Nota-se que atrás de um dos gols há uma região até bem ampla de visão certamente comprometida do todo das apresentações. A categoria D, segundo menor preço, ocupa os mais altos níveis centrais e do gol oposto.

    1. Gil, obrigado, não sabia que tinha sido assim em Londres.

      E concordo sobre a mudança das categorias na Cerimônia de Abertura, só quero ver o que irão fazer com os ingressos vendidos na configuração anterior – praticamente todos, porque esta mudança foi depois da última venda, que se esgotou em segundos.

      Abraços

  2. Pedro, vc foi o único q vi escrever sobre a venda de ingressos com propriedade. Estou acompanhando desde o início, depois da agonia que passei na Copa. Uma coisa que notei, agora com os lugares de assentos definidos, é que quem comprou primeiro ficou com os melhores ingressos. Mas houve uma exceção, a final do futebol masculino. Já troquei de ingressos duas vezes para pegar um lugar melhor, e a última foi nessa semana, em que disponibilizaram ingressos nos melhores pontos para asssitir.

    1. Acrescento ainda mais um detalhe> no saite de vendas de tickets eles mudaram a configuração da arena de volei de praia e me induziram a erro na compra. Eu comprei categoria B por R$ 700, e a categoria C sai pela metade do preço com lugares, aparentemente, no mesmo padrão de visão ou melhores. Checa lá pra vc ver. Abraço,

      1. Alertado por você, também vi isso, mas sinceramente está me parecendo erro de impressão do Comitê. Não faz o menor sentido – o correto deveria ser o contrário.

        1. Também acho que está errado, mas comprei categoria C e peguei bloco 224, que é (relativamente) central.

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