Hoje trataremos do quesito mais solitário do carnaval, mestre-sala e porta-bandeira. Eles sozinhos são responsáveis por 10% ou mais do resultado de uma escola. Talvez um peso até maior do que o do carnavalesco, que muitas vezes pode jogar a culpa em outros fatores.

Módulo 1
Julgador: Paulo Rodrigues
Notas
  • Estácio – 9.8
  • União da Ilha – 9.8
  • Beija-Flor – 10
  • Grande Rio – 10
  • Mocidade – 9.9
  • Unidos da Tijuca – 10
  • Vila Isabel – 9.9
  • Salgueiro – 10
  • São Clemente – 9.9
  • Portela – 10
  • Imperatriz – 9.9
  • Mangueira – 10

Rodrigues é primeiro-bailarino do Theatro Municipal e parece que gosta de escrever. Todas as justificativas foram bem longas e o julgador ainda usou todas as linhas dos dois espaços de considerações finais do caderno.

Justificativas pertinentes e estão dentro do quesito. Ressalto aqui a justificativa para a Mocidade, na qual o julgador despontuou os movimentos cortados, sem continuidade e elegância do Diogo Jesus. É o terceiro ano consecutivo que tal falta de “leveza” é escrita para ele (2014 na Portela e 2015 na Mocidade).

https://www.youtube.com/watch?v=PtUw397lTSQ

A única indumentária despontuada foi a da União da Ilha, pois ficou pesada visualmente e não favoreceu a evolução.

Talvez a única possível alguma dúvida na justificativa da São Clemente quando o mesmo escreveu que faltou “construção coreográfica”. Isso pode dar azo àquela velha discussão de que se realmente é preciso o casal ter coreografia de passo marcado. Mas, discussões a parte, o fato é que todos os casais hoje tem tal coreografia. Mais uma vez é um ponto que a LIESA precisa clarificar no futuro para acabar de uma vez por todas com tal discussão.

Quanto as considerações finais, foi apenas um elogio a todos os casais, a explicação que o nível está alto e por isso a despontuação ocorre por detalhes e que os casais precisam recordar a origem do quesito: um bailado no ritmo do samba com reverências, glamour, elegância e sedução. Mais um julgador a reforçar tal necessidade, que já fora escrita algumas vezes nos últimos anos.

Modulo 2

Julgadora: Beatriz Badejo

Notas

  • Estácio – 9.8
  • União da Ilha – 9.8
  • Beija-Flor – 10
  • Grande Rio – 10
  • Mocidade – 10
  • Unidos da Tijuca – 9.9
  • Vila Isabel – 9.9
  • Salgueiro – 10
  • São Clemente – 10
  • Portela – 9.9
  • Imperatriz – 9.9
  • Mangueira – 10

Badejo é julgadora antiga e uma das mais exigentes, especialmente quanto à elegância e nobreza do casal. Logo, não surpreende que ela tenha despontuado a Imperatriz justamente por não apresentar tal elegância ao fantasiar o casal de “casamento na roça”. Para complicar ainda mais, ela transcreveu uma parte do Livro abre-alas da Imperatriz na qual a escola defende que na fantasia do casal “prevalecem a alegria, cores, a leveza e a humildade”.

Indefensável.

https://www.youtube.com/watch?v=8Wl6pRlWv4g

Digno de nota é a penalização de Rute e Julinho da Unidos da Tijuca por falta de harmonia, já que o último se apresentou de forma mais leve e solta do que a primeira.

Quanto à já antiga polêmica da água da Comissão de Frente da Portela, Badejo despontuou o casal por falta de descontração e não “exploração do espaço” por falta de giros, torneadas ou chassés. Interessante notar que, apesar de ter água em todos os módulos, apenas neste módulo houve tal justificativa. Também sabemos que a Daniele e o Alex disseram que não houve perda de qualidade com o solado antiderrapante. Será que o desconto ocorreria mesmo sem a água?

Por fim, Badejo foi mais uma a despontuar a saia da porta-bandeira da Ilha por má impressão visual.

De resto, outro caderno coerente.

Módulo 3

Julgadora: Aurea Hämmerli

Notas

  • Estácio – 9.8
  • União da Ilha – 9.8
  • Beija-Flor – 10
  • Grande Rio – 10
  • Mocidade – 9.9
  • Unidos da Tijuca – 9.9
  • Vila Isabel – 9.8
  • Salgueiro – 10
  • São Clemente – 10
  • Portela – 10
  • Imperatriz – 9.8
  • Mangueira – 10

Como já disse ano passado, gosto da forma como Hämmerli escreve suas justificativas. Ao invés dela apontar os erros, como é comum, ela escreve o que o casal precisa melhorar futuramente. É uma forma diferente e bastante interessante de justificar.

Mais uma vez ressalto a Mocidade: Hammërli pelo segundo ano consecutivo apontou o encurtamento dos passos do mestre-sala, mesmo que ao final tenha dito que “ficou evidente um grande progresso do desempenho”. Na Unidos da Tijuca, Hämmerli também sentiu a falta de harmonia do casal, cada um dançando em dinâmica própria.

https://www.youtube.com/watch?v=REZRmnQ03Qc

Já na Imperatriz, mesmo que não citando, é possível que o tema “de roça” da fantasia e da coreografia tenha influído na perda de pontos, pois a justificativa foi que faltaram os elementos artísticos característicos da dança do Mestre-sala e da Porta-bandeira, sendo que acima ela já tinha escrito no início da justificativa que “é uma dança majestosa de extrema elegância”.

Quanto a indumentária, Hämmerli não apontou nada na roupa do casal da Ilha, mas escreveu que “a maquiagem não favoreceu a performance cênica do casal”.

Módulo 4

Julgadora: Mônica Barbosa

Notas

  • Estácio – 9.8
  • União da Ilha – 9.8
  • Beija-Flor – 10
  • Grande Rio – 10
  • Mocidade – 9.9
  • Unidos da Tijuca – 10
  • Vila Isabel – 10
  • Salgueiro – 10
  • São Clemente – 9.9
  • Portela – 9.9
  • Imperatriz – 10
  • Mangueira – 10

Mônica despontou apenas 5 escolas e o fez, de forma geral com justificativas que em muito parecem com as anteriores. Ela foi mais uma julgadora a despontuar o mestre-sala da Mocidade que “amadureceu do ano passado para este carnaval, grande evolução. Experimentou paradas, câmara-lento, mas ainda não vai a fundo e explora a sua execução dos movimentos na sua plenitude”.

Quanto à Portela o décimo retirado não foi pela água, mas por erro básico: a bandeira bateu no mestre-sala e logo após tal acidente houve um ligeiro desencontro do casal. Foi a água que causou o acidente? Nunca saberemos. Mas as duas justificativas não apontam diretamente para a água, ou para alguma consequência normal da mesma; isso pode-se afirmar tranquilamente.

https://www.youtube.com/watch?v=vOOBqLB0Taw

Um julgamento sem problemas aparentes também.

Finalizando o quesito, interessante ressaltar que apesar de não ter nenhuma nota abaixo de 9.7, 8 dos 12 casais foram penalizados e nenhum dos casais foi salvo pelo descarte. Os únicos casais que não perderam pontos foram os 4 casais que tiraram os 40 pontos possíveis: Beija-flor, Grande Rio, Salgueiro e Mangueira.

Ou seja, apesar do piso das notas em 9.8, não foi um quesito neutro, muito pelo contrário.

Mídia: Arquivo Ouro de Tolo (imagem) e Carnaval 360 (vídeos).