No último domingo estive novamente no Maria Lenk a fim de acompanhar parte do último dia de competição da Copa do Mundo de Nado Sincronizado, que classificaria os últimos duetos e as últimas equipes completas para os Jogos Olímpicos de agosto no Rio de Janeiro.
Fui com a família – incluindo desta vez minha mãe, meu irmão e cunhada – mas desta vez optei por fazer um teste diferente de mobilidade: ao contrário do que narrei no evento teste dos saltos ornamentais, desta vez deixei o carro no shopping Via Parque. Dali peguei o BRT com destino ao Maria Lenk, que fica na entrada do Parque Olímpico. Há uma estação em frente ao shopping e são três paradas até o desembarque na estação Rio II.
O Via Parque está todo decorado com motivos oficiais olímpicos e aparece em sua homepage como “apoiadora oficial” dos jogos. Acredito que o shopping será utilizado como um dos pontos de apoio para o acesso ao Parque Olímpico, mas somente mais perto das competições efetivamente é que saberemos.
De qualquer forma, a não ser que o bloqueio das vias em torno do Parque Olímpico seja mais amplo e abranja também a Avenida Ayrton Senna, me parece que o Via Parque pode ser uma boa opção para se deixar o carro em direção às competições naquela área. Especialmente àqueles que tenham eventos mais cedo, haja visto a capacidade limitada de vagas de estacionamento do centro comercial.
Desembarque tranquilo e uma operação de evento teste diferente da encontrada no evento anterior. Originalmente não haveria público e houve a liberação de última hora, tanto que não houve venda de ingressos e a entrada foi gratuita.
A primeira diferença é que simplesmente não houve revista. Se eu estivesse com uma metralhadora na bolsa teria entrado sem problemas. Talvez não houvesse o objetivo de se testar este procedimento, mas ao menos uma revista básica deveria haver. O número de voluntários também era bem menor e os locais de venda de alimentação também eram em menor número que quinze dias antes.
Algo a se mencionar é que a parte das cadeiras à frente da piscina dos altos ornamentais (à esqueda na foto acima) não foi utilizada. Com a espécie de bancada montada entre as duas piscinas (centro da imagem), fiquei com a nítida impressão que as arquibancadas do Maria Lenk não serão utilizadas em sua totalidade para o nado sincronizado e as preliminares do pólo aquático – o que explicaria a absurda procura pelas duas modalidades.
Vale lembrar que a capacidade total do Maria Lenk para os Jogos Olímpicos será de 5.8 mil lugares, o que já é algo bastante limitado. Olhando visualmente, dá para se pensar em um terço a menos de lugares para estas duas modalidades caso se mantenha para a Rio 2016 a configuração de ontem, o que daria pouco menos de 4 mil lugares disponíveis.
Mais uma vez, apenas um dos setores de cadeiras estava disponível, e aproximadamente 90% dos lugares disponíveis estava ocupada. Calculo que pouco menos de duas mil pessoas acompanhou a programação da parte da manhã, o que a meu juízo, tendo em vista a pouca divulgação, foi um ótimo público.
Também ressalto que basta olhar a foto acima que se percebe que, apesar das pressões da FINA (federação Internacional de Natação), foi uma boa decisão em termos de gastos para a Rio 2016 não colocar uma cobertura total no Maria Lenk. Seria algo extremamente caro e de retorno duvidoso – até porque o mês de agosto é extremamente seco no Rio de Janeiro. Por outro lado, se repetiram os problemas de acesso à internet e do som da instalação esportiva.
A programação se iniciou com uma apresentação da equipe do Flamengo (vídeo ao alto do post), antes da disputa dos sete conjuntos buscando três vagas nos Jogos Olímpicos: Japão, Ucrânia, Itália, França, Espanha, Canadá e Chile. No sábado houve a rotina técnica e assistimos à rotina livre de apresentações.
Não conheço nada do esporte, mas tive a sorte de me sentar ao lado da técnica da modalidade no Tijuca Tênis Clube e ela veio me tirando as dúvidas que apresentava. O curioso é que ela é russa e veio parar no Brasil porque se apaixonou por um brasileiro, estando casada com ele e com um filho – que ficou brincando onde estávamos.
O julgamento lembra um pouco o de escolas de samba: é bastante subjetivo. Muitas vezes achamos uma apresentação melhor mas os jurados não avaliam desta forma. Como nos saltos ornamentais, a maior e a menor nota são anuladas e valem as três intermediárias. Cada equipe tem quatro minutos para se apresentar na piscina, com tolerância de quinze segundos a menos e quinze a mais. As integrantes não podem colocar parte nenhuma do corpo no piso da piscina, sob pena de punição.
Algo que ficou claro nas apresentações e que desconfio que se repetirá na Rio 2016 é a utilização de elementos de samba nas músicas. Pelo menos cinco das sete equipes completas que se apresentaram se utilizaram do ritmo brasileiro por excelência – aquele estereótipo de samba, futebol, sexo e caipirinha a que estamos acostumados…
Após as apresentações, o Japão obteve a melhor nota, mas na soma dos dois dias acabou superado pela Ucrânia – que é treinada pela ex-treinadora duas vezes medalhista da Espanha. Vale ressaltar a acirrada disputa pela terceira vaga olímpica entre a Itália e o Canadá – vencida pela primeira por quatro décimos de ponto.
Este resultado acabou gerando uma cena comovente nas cadeiras: as integrantes da equipe canadense aos prantos após verem o sonho olímpico se esfumaçar por tão pouco. Eu estava próximo e confesso que deu pena ao ver a cena: quatro anos de esforço jogados no lixo por quatro décimos de ponto.
Não fiquei para a programação vespertina, então por volta das 13 horas estava já de volta ao shopping. A avaliação é que o Maria Lenk está pronto para sediar as competições sob o ângulo do espectador, embora alguns ajustes ainda precisem ser feitos – sistema de som, acesso à internet via wifi ou 4G e definição do telão os principais.
Finalizando, outra dica que eu daria a quem tiver ingressos para o Parque Olímpico na Rio 2016: não se esqueçam do protetor solar e do boné. As caminhadas não serão exatamente pequenas e apesar do discurso oficial de que “agosto é inverno”, sabemos que o “inverno” no Rio, veja bem…
O resultado pode ser visto aqui.
Imagens: Arquivo Ouro de Tolo
boa essa informação do via parque!
Como escrevi, temos de aguardar a divulgação do plano definitivo de mobilidade, mas pelo menos para quem tem ingressos matutinos parece ser uma opção bastante considerável a princípio.
Boa tarde Pedro!
Uma observação:
A ilustração do site da venda de ingressos dá a entender que aquela área em frente aos Saltos Ornamentais vai ser ocupada para o nado sincronizado sim. Ela eh destinada à categoria C, única com meia entrada. Esse setor de onde você assistiu ao evento teste me parece ser a Categoria A.
Realmente impressionante como os ingressos dessa modalidade se esgotaram tão rápido, mesmo para “eventos” de menor apelo, como as classificatórias do dueto técnico.
Impressionante também a diferença de preço entre categorias que eles colocaram para esse esporte, a categoria B custa mais do que o dobro da C, isso para uma categoria que, apesar de mais próxima da piscina, também fica posicionada na “diagonal” em relação a mesma. Levando em consideração que a maioria do pessoal que compra categoria C paga meia, a diferença de preço da C pra B é de 230 reais, e da C pra A é de 350 reais! Não achei nenhum outro esporte com uma diferença tão grande, proporcionalmente falando.
Um abraço!
Bom dia, André
Realmente eu fui olhar o e as categorias do nado sincronizado estão desta forma. Mas o que me deixa intrigado é que com o “tapume” colocado ficaria difícil de se ver para quem teria Categoria C. Enfim, temos de aguardar.
Abraço