Certamente, o dia 21/03 é um dia normal pra você, caro leitor. Ou pelo menos para a maioria. Confesso que eu mesmo tinha deixado passar ‘’batido’’, por isso essa coluna só está saindo hoje.

Pois bem. Para muita gente esse é um dia de celebração, porque nessa data se comemora o dia internacional da Síndrome de Down. Mas você deve estar se perguntando: ‘’Para que comemorar algo assim?’’. É claro que o que é comemorado não é a síndrome em si, mas as conquistas cujas pessoas que convivem com ela alcançaram.

Se pensarmos que há muito tempo pessoas com Down eram internadas em manicômios e hoje vão à escola, estão ganhando o mercado de trabalho, estão construindo famílias, a evolução realmente foi muito grande. É uma data para celebrar sim, mas, sobre tudo, para se refletir. Refletir acerca de métodos cada vez mais eficazes de inclusão, sobre a qualidade de vida dessas pessoas e sobre o preconceito, que infelizmente, ainda existe.

Eu creio que o preconceito é algo de gente ignorante. Tem aquelas pessoas que têm medo, receio, essas são porque não conhecem. Nós temos uma tendência muito grande a rejeitar e temer aquilo que não conhecemos. Por isso o hoje a coluna é dedicada a conversar com vocês sobre os aspectos biológicos da Síndrome de Down e tentar provocar uma reflexão, para que o lado social melhore cada vez mais.

Então vamos lá!

Pra começar, você sabe o porquê dessa data ter sido escolhida para a celebração? A Síndrome de Down é uma doença genética que é caracterizada pela trissomia do cromossomo 21. Tá bom, sei que parece que falei grego, então vou explicar melhor.

Nós, seres vivos, armazenamos nossa informação genética em uma molécula chamada DNA. Essa molécula, quando nossas células estão em processo de divisão, se condensa muito e assume a forma de cromossomos. O normal é termos 46 cromossomos nas nossas células (com exceção dos gametas, com 23), que estarão abrigados aos pares.

divisão celularDurante o processo de divisão celular, pode ocorrer algum erro na divisão desses cromossomos para as células e um desses erros mais comuns é quando o cromossomo 21 aparece em triplicata, ou seja: com três cópias. A trissomia do cromossomo 21. Eis aí a nossa famosa data, 21/03. Pelo fato de os cromossomos serem nosso DNA condensado, e o DNA determinar todas as nossas características, um cromossomo a mais vai implicar em um conjunto de características físicas diferentes e peculiares das pessoas que têm Down.

Aí você me pergunta: ‘’Nossa, Fernanda, como eu faço pra me livrar disso? Eu sou susceptível a esse tipo de erro?’. Sim, todo mundo é. É claro que tem aqueles que denominamos de grupo de risco e dentro destes se evidencia mulheres com mais de 40 anos. Diferente dos homens, o processo de maturação dos gametas nas mulheres ocorre desde a fase pré-natal. Enquanto a formação do gameta masculino é um processo contínuo.

Como esse gameta feminino fica ‘’estacionado’’ desde a fase pré-natal, se ele for fecundado por um espermatozóide depois dos 40 anos da mulher, a chance de ocorrerem erros nas divisões celulares que darão origem ao embrião são muito maiores. Eu tenho 40 anos, quero ter filhos, eles vão nascer com síndrome de Down? Não sei, mas a probabilidade é maior que em mulheres mais jovens.

A única coisa que sei é que essas pessoas com pálpebra puxada, algumas alterações cardíacas, mãos pequenas, baixinhas, com excesso de pele no pescoço e outras características não são incapacitadas. Pelo contrário, são muito amorosas e que merecem sim educação e atenção especial, mas nunca desprezo. Têm certos limites sim, mas eles podem e devem ser inclusas na escola, no trabalho, na sociedade como um todo.

Existem coisas que nunca mudam, como o fato de o Palmeiras não ter Mundial, mas nós podemos mudar a vida dessas pessoas com um gesto de inclusão, uma mão amiga e principalmente com paciência e solidariedade.

3 Replies to “21 de Março e a síndrome de Down”

  1. Muito interessante..Só o povo do Império que não deve ter gostado de vc lembrar esse desfile rs

    Parabéns pelas colunas, estão ótimas

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