Sim, caro leitor. Eu prometi que hoje falaria dos resultados do Carnaval 2016. Mas terei que deixar para a semana que vem. Até porque algumas coisas ocorreram no fim do meu que não posso deixar passar.

Foi o Carnaval em que mais trabalhei na vida. Fiz a contabilidade entre a sexta de Carnaval e a segunda até chegar em casa após a apuração do Grupo E. Foram 114,5 horas fora de casa dedicadas a Carnaval nesse período. Nunca foi tanto, provavelmente nunca mais será, até porque tenho planos menores para 2017.

O pré-Carnaval já foi bem forte, com o Bar Apoteose e os ensaios técnicos. Fui o único blogueiro do SRZD a ir a todos os ensaios técnicos na Sapucaí. O Carnaval não foi diferente. Sexta, sábado, domingo e segunda trabalhei para o SRZD e fiz vídeos para o Ouro de Tolo.

O esquema desse ano foi diferente. Não teve camarote – ainda bem – mas teve pista. Das vinte e seis escolas que passaram pela Sapucaí vi dezoito da concentração e oito da pista em um revezamento com os outros blogueiros. Não é um trabalho fácil esse de pista porque temos que respeitar o espaço da escola e dos que compraram ingressos em frisas e camarotes sem tampar suas visões. Mas deu para fazer o trabalho e ver grandes momentos.

Posso dizer que dei sorte nas minhas escolhas. Vi o Porto da Pedra, que achei que seria o pior e fez um bom desfile, muito melhor que o esperado ficando de forma justa entre os primeiros lugares. Vi a Renascer e seu bom samba com excelentes intérpretes, vi o Império Serrano fazer um grande desfile e vi o desfile campeão do Paraíso do Tuiuti.

No Grupo Especial teoricamente não teria me dado tão bem domingo, vi União da Ilha e Mocidade. Mas até aí acho que foi bom. Ilha é a escola do coração de minha infância, onde tenho mais amigos e é sempre uma emoção vê-la desfilar, pela primeira vez vi da pista, e a Mocidade acabou fazendo o desfile ficar interessante por seu lado ruim, os problemas. Teve uma comissão de frente bem bacana, mas de lá para trás um show de erros que jornalisticamente acabam ficando interessantes para quem acompanha.

salgueiro2016hSegunda então fui muito privilegiado, duas catarses. O malandro batuqueiro do Salgueiro. “Favoritaço” que, sim, fez um belo desfile se credenciando ao título e o arrepiante, emocionante desfile da Portela. Uma maravilha ver tantos fundamentos, tanta história misturadas às loucuras de Paulo Barros. Ver as alegorias, as invenções de Paulo Barros de tão perto impressionam. Nunca vou me esquecer de olhar destaques em uma alegoria e do nada sair um dinossauro de dentro e comê-los.

Terça no B foi a pior experiência. Calor, atraso, mas a bela oportunidade de participar da transmissão da Rádio Arquibancada. Semana que vem falo com mais calma. Tudo isso já bastava para ser um Carnaval inesquecível. Mas o melhor ainda estava por vir e depois do Carnaval.

Quem me conhece e lê sabe de toda a saga, desde os tempos de Reage Boi. Era hora de preparar o desfile da Nação Insulana, o primeiro desfile da caçulinha do Carnaval. Seis meses de existência, três confirmada oficialmente no desfile. Grupo E é uma outra realidade. Não tem subvenção, não tem glamour. É tão “desprezado” que desfila após o Carnaval, com todos os campeões e rebaixados já definidos.Nação3

Pois bem. Um mutirão foi feito pelos “loucos”. Alguns tiraram empréstimos pessoais, outros soldaram, adereçaram madrugadas adentro. Eu acompanhei bem de perto o fim desse processo. Passei da noite de sexta até a manhã de sábado na Intendente Magalhães acompanhando a feitura do quadripé. Não tinha nada, absolutamente nada nele e tinha que ficar pronto para o desfile.

Uma da manhã de sábado eu olhava o quadripé soldado, mas muito simples, com uma águia que parecia um periquito, toda branca, desmilinguida, com mais nada no veículo e pensava “É, estamos fora da briga, vamos ver se pegamos ao menos uma boa posição”. Cinco horas depois, com o trabalho dos guerreiros e guerreiras que passaram a madrugada trabalhando, olhei de novo e disse “Voltamos para briga”.

Vitoria3

Como conseguiram transformar aquele periquito em águia e aquele quadripé vazio e um quadripé trinta pontos não sei até agora, umas das mágicas do Carnaval. Mágico como foi o desfile. O desfile da minha vida. De uma escola bebezinha, ainda engatinhando que pisou na Intendente como gente grande. Linda plasticamente, com um casal de mestre-sala e porta-bandeira muito jovem, mas seguro, bonita comissão de frente, harmonia trabalhando como poucas vezes se viu na Ilha, bateria maravilhosa, carro de som conduzindo com maestria o forte samba-enredo. Escola que começou com grito de guerra do Quinho e estandartes mostrando seu nome. Não vai mais precisar desses estandartes. O samba já sabe que escola é essa.

Passei dezenove anos ouvindo histórias de armações no samba. Que para ganhar carnaval e até não cair tem que pagar. Pois bem, a Nação se tem que pagar algo é para quem lhe emprestou dinheiro porque conseguiu fazer um carnaval campeão, o primeiro em sete anos da Ilha do Governador, em um ano que as outras três escolas da Ilha ficaram em 11º e a primeira vez que uma escola da Ilha estreia vencendo. Sem um real.

Os loucos venceram na segunda-feira 15 de fevereiro de 2016. Com quatro décimos a frente do segundo colocado e tira esse fim de semana para comemorar esse feito.

SRZD, Rádio Arquibancada, Ouro de Tolo, Porto da Pedra, Renascer, Império Serrano, Paraíso do Tuiuti, União da Ilha, Salgueiro e Portela me deram um grande Carnaval.

Nação Insulana me deu mais. O Carnaval dos Carnavais.

E o povo unido canta em seu louvor.

OOOO, a Nação ganhou!!

Twitter – @aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

6 Replies to “O Carnaval dos Carnavais!”

    1. Amigo mil desculpas, sou eu que não estou bem….. desculpa mesmo! vc foi um dos que me parabenizou e reconheceu o meu trabalho…. mais sempre é bom ser lembrado vc não acha.

      1. Amigo. A primeira coisa que citei foi o “linda plasticamente”, não citei nome de ninguém para não ser injusto esquecendo, mas fiz questão de falar da pástica.

        Grande abraço

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