Passadas todas as festas de fim de ano estamos nos aproximando daquela que é a festa que nos interessa mesmo. O carnaval. Mas como diz aquela velha marchinha: “Esse ano não vai ser igual aquele que passou”.

O Brasil está em crise. Nem acho que a coisa seja tão feia como pintam alguns; mas sim, existe uma crise, isso é nítido e evidente que atingiu o carnaval.

As escolas de samba, que são como aquele cara de quarenta anos que ganha mesada da mãe, só perceberam agora a crise e a coisa ganhou uma proporção um tanto quanto dramática. A movimentação na Cidade do Samba é menor que o costume e as menores, coitadas, nem o poder público lembra que existem.

Escolas como a União da Ilha, que todos os anos era uma das primeiras a terminar barracão, está atrasada – com seu presidente reclamando em público da falta do patrocínio da prefeitura. Beija Flor teve corte de gastos com seu patrono não botando um centavo e mandando a escola arrecadar.

ilha barracão 2016 SRZDE assim o Grupo Especial ficou mais pobre. Em um ano que piora na proporção que o contrato subserviente que assinou com a Globo impede de fazer algo em relação ao ridículo espaço que o carnaval tem na emissora. Quem não aparece não é lembrado e quem não é lembrado não ganha dinheiro.

Essas ainda tiveram a sorte da “mamãe prefeitura” dar um dinheiro a mais a cada uma. Acho justo sim que as escolas recebam do poder por tudo que fazem. Mas errado o momento do aumento. Essas escolas precisam aprender a se virarem.

Como as do acesso terão que fazer. Receberam só agora suas subvenções e ainda tiveram que aturar gente dizendo “ai ai ai, façam carnaval direito senão vamos falar com seus pais”. Tudo bem que eu particularmente não acho um milhão como total de receitas uma quantia desprezível. Mas só dar agora e nesses termos é risível.

As escolas da Intendente estão abandonadas à própria sorte. Uma miséria de subvenção que nem sempre chega antes do carnaval, por incrível que pareça. No Grupo E nem subvenção tinha, mas agora a entidade fechou com uma rede de supermercados. Capaz de rolarem cestas básicas.

20150221_232613E assim segue o carnaval da crise. Cheio de problemas e ainda sendo tirado para “Judas”, com farsantes se aproveitando de suas imagens. Farsantes travestidos de prefeitos que cancelam carnavais dizendo que vão investir em saúde.

E as pessoas aplaudem a demagogia. Sem tentar aprender que não pode transferir uma verba orçamentária assim, sem tentar entender o porquê da tal prefeitura estar sem dinheiro a ponto de cancelar carnaval. Burrice ainda porque carnaval traz turismo e investimentos. O Migão escreveu anteriormente explicando isso.

Querem resolver o problema da saúde, da subvenção das escolas de samba, todos os problemas do país – inclusive a crise? Combinem com todos esses ladrões do colarinho branco um mês sem roubar no Brasil, só um mês,  pode ser fevereiro que é menor. Assim o país anda e sai da crise sem estourar a cronometragem.

Nesse país o que é sério é carnaval.

Twitter – @AloisioVillar

Facebook – Aloisio Villar

[N.do.E.: há cerca de 20 dias ouvi de um Diretor de Carnaval que “teremos várias Em Cima da Hora no Acesso este ano”, em referência à falta de fantasias de 2015 – foto ao alto do post e foto abaixo. Espero que ele esteja errado, mas a situação deste grupo em termos financeiros é bastante preocupante. PM.]

20150213_222330Imagens: Arquivo Ouro de Tolo e SRZD (barracão da Ilha)

3 Replies to “O Carnaval da Crise”

  1. Aloisio e amigos, bom dia,

    Me chamo Ladislau Almeida de São Paulo, torcedor desde os 10 anos da Mocidade Independente, conquistado pelo Chuê, Chuá de Renato Lage (amor que dura já 25 anos). Em São Paulo Dragões da Real.

    Excelente texto e finalizando com uma foto que incomoda a todos aqueles que amam o Carnaval: a falta de fantasias num desfile de escola de samba. Sem julgamento algum a Em Cima da Hora, mas é triste ver e pior imaginar que se repita uma cena dessa.

    Minha opinião é que saúde, educação, emprego, habitação são prioridades. Ninguém samba de barriga vazia e sem lugar pra morar…

    E sou da opinião convicta que se for para tirar o dinheiro do Carnaval e efetivamente investir em outra áreas, eu concordo!

    Mas sabemos que não é o que acontece. Então, como foi dito, prefeitos hipócritas que cancelam a festa mentindo que o dinheiro vai para outras áreas, são piores que aqueles que declaram que não tem dinheiro mesmo, que não houve planejamento.

    Espero sinceramente que as escolas acordem. Negociem, barganhem, discordem de valores e direitos e deveres junto a prefeitura, emissora de tevê. Que se valorizem como produtos ou voltem a desfilar em avenidas e bairros.

    Aloisio ou outro amigo que talvez tenham mais acesso do que eu aos presidentes e diretores de escolas, por favor façam a uma pergunta por mim:

    “Se não houver subvenção nenhum da prefeitura ou da Globo, sua escola consegue desfilar?”

    Quantas será que diriam sim, conseguiríamos.

    Obrigado pelo espaço e abraços.

    1. Prezado Ladislau, obrigado pelos comentários.

      Respondendo à sua pergunta, pois faço parte da diretoria da Portela na área financeira: sem o dinheiro da Prefeitura e da Globo NINGUÉM faz carnaval. Repito: NINGUÉM. Inclusive – irei abordar isso em artigo – a Globo é uma grande parceira.

      1. Olá Pedro,

        Eu que agradeço a atenção e obrigado também pela resposta. Possivelmente aqui em São Paulo temos a mesma situação.

        Toquei nesse ponto, pois imagino o dia que não tiver mais esse dinheiro ou ele for menor (como está sendo este ano), se o espetáculo será menor.

        Quando morava em Suzano, cidade vizinha de São Paulo, fiz parte da diretoria de uma grande escola de lá e tínhamos a questão do carnaval, depender do prefeito em exercício: uns gostavam, outros não.

        Imagino que no Rio a subvenção seja algo vitalicio por questão cultural, certo?

        Mas gostaria que uma escola tivesse o chão, a comunidade, sua alma…mas que fosse gerida como uma empresa de sucesso, que consiga sobreviver em tempos de crise.

        Espero seu artigo para pensar um pouco mais.

        Até mais!

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