Segunda-feira, no “Bar Apoteose”, tive o imenso prazer de conhecer o repórter da Rede Globo e colega de Ouro de Tolo Carlos Gil. Sujeito bacana, com ótimas histórias, boa praça, gente como a gente. Depois de cinco minutos de papo esquecemos que é um cara que está na televisão todos os dias.

O que é verdade. Quem aparece na tv é um homem como outro qualquer. Que fala amenidades, bebe e vibra com gol que o filho marcou na pelada.

Um caso curioso que ele disse foi não ter redes sociais, facebook e twitter, alegando que a pressão é muito grande. As pessoas cobram, reclamam, xingam e jogam em pessoas como ele frustrações e responsabilidades que não tem.

A parte da “frustrações e responsabilidades que não tem” ele não disse, mas fiquei pensando no porque um cara normal como ele, que apenas tem uma profissão pública, não pode ter facebook e twitter. Algo tão comum a todos nós, em nossas vidas e se fizer terá que ser com perfil fake para a sua vida não virar um inferno.

antero grecoE lembrei de outro cara que não conheço, mas me parece ser tão gente boa quanto ele. Antero Greco, jornalista da ESPN. Sempre cordial com os seguidores, respondendo de boa e sofrendo ataques até pessoais devido as suas opiniões. Encheram tanto o saco dele que excluiu a conta no twitter.

E outros já passaram por isso. Ter uma profissão ligada a esportes e utilizar redes sociais no Brasil não é fácil.

O brasileiro é passional em relação a esportes; passional de uma forma que não é com os políticos, por exemplo. Mexam com o Brasil, roubem o país. Mas não mexam com seu time de futebol.

A passionalidade não tem limites. Parece besteira falar que não quer participar de redes sociais ou mesmo o simples ato de revelar o time para qual torce. Mas quando vemos a forma que alguns seguidores se referem a pessoas de esportes, as ameaças que fazem, damos conta que não. Muitas vezes pessoas de bem no dia a dia ,pais de família, que se transformam com um teclado na mão ou um comentário ruim em relação ao seu time.

A rede social é o novo estádio. É onde liberamos nossos “demônios” protegidos pelo anonimato.

É o tipo de paixão e cegueira que faz com que dirigentes como Eurico Miranda, Andrés Sanchez, Carlos Miguel Aydar e Alexandre Kalil tenham voz para expor suas fanfarronices e jeito arcaico e populista de fazer futebol.

Essa exacerbação da paixão fez com que a Ilha do Governador perdesse um cara como o Sabará. Moleque querido por todos do mundo do samba, que morreu assassinado por uma torcida do Vasco. Apenas por não torcer pelo mesmo time do outro. É a paixão levando a cegueira ao limite. Se temos casos toda hora de pessoas assassinadas devido à paixão do futebol porque um jornalista estaria livre desse destino?

Vendo por esse ângulo dá pra entender porque o Carlos Gil só entra na internet para ver o gol do filho – e escrever sua coluna.

O gol da tolerância ainda não fizemos.

Twitter – aloisiovillar

Facebook – Aloisio Villar

2 Replies to “O esporte e a mídia”

  1. Aloísio, foi um imenso prazer te conhecer pessoalmente. Já admirava teus textos e trabalho como compositor. Fora a força de vontade e coragem de botar uma nova escola na rua. E agradeço a menção. E, de certa forma, a inspiração para mais uma bela reflexão tua. Meus cabelos brancos e o fato de eu torcer para o Império Serrano revelam um pouco a minha idade e minha preferência pela mesa de um bar, por um bom papo, em detrimento da frieza da rede, para debater, criticar, torcer. Sempre com respeito e educação. Foi assim que meus avós contaram, diria o samba que espero nos levar de volta ao nosso lugar…abração

  2. Obrigado Carlos Gil.

    Muito me honra as palavras vindas de você. Também prefiro assim. Nada supera uma mesa de bar para tratarmos assuntos tão importantes em nossas vidas quanto amenidades.

    Grande abraço.

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