Eu entendo. Eu juro que entendo porquê Alex Rodriguez é tão “odiado”. Ele saiu de Seattle e Arlington odiado por buscar mais dinheiro. Você faria o mesmo, não faria? Ele pode ter mentido uma vez ou outra sobre o uso de anabolizantes, mas quem nunca mentiu na vida? A carreira de um atleta é curta e ele tem apenas alguns anos para maximizar seus ganhos e nós faríamos o mesmo independentemente de “amor ao time”.

Há também o(s) incidente(s) em que ele foi pego por usar PEDs – inglês para “drogas de aumento de performance” – e acusou todo mundo de conspiração. Se você quiser “odiá-lo” por isso, eu não tenho problema algum. Entretanto, tenha em mente que nenhum jogador de nenhum esporte tem o histórico limpo. Todos procuram ganhar uma vantagem, de qualquer jeito que puderem. Você pode odiar Alex, pelo motivo que for, mas entenda que é bem provável que o astro do seu time também esteja tão sujo quanto ele.

Alex sempre foi um garoto que amou o jogo. O beisebol era e ainda é tudo que a criança magrinha de descendência dominicana, nascido em Nova Iorque e criado em Miami, que nem sempre esteve debaixo das luzes brilhantes da fama, sempre amou. Desde aos 16 anos, Alex já era considerado uma das maiores promessas que o beisebol já teve.

EXCLUSIVE TO INF. ALL-ROUNDER. June 7, 2011: Despite rumors of a break-up, Alex Rodriguez and Cameron Diaz are seen stopping at a Starbucks before departing on a private jet in Miami, Florida. Credit: INFphoto.com Ref: infusmi-11/13|sp|EXCLUSIVE TO INF. ALL-ROUNDER.
Credit: INFphoto.com

O talentoso shortstop, a posição mais importante do campo interno, foi escolhido pelo Seattle Mariners na primeira rodada do draft de 1993 com apenas 16 anos e um ano depois já estava jogando pelo time principal. Sempre inspirado em Cal Ripken Jr. – um dos maiores shortstops de todos os tempos –, o garoto sempre quis ser o melhor.

Contemporâneo da “era dos PEDs”, não o julgo por ser mais um adepto da prática. Raros eram aqueles que não usavam algo que melhorasse a performance dentro de campo e/ou melhorasse a sua resistência para jogar a extensa maratona de 162 jogos em pouco mais de 180 dias. Isso sem contar a pós-temporada.

Falo por mim: tenho ampla tolerância à atletas que buscam maximizar sua performance, seja lá como for. Entendo se você não pensar o mesmo. Tolero pois compreendo como é difícil sair de uma região desprivilegiada, com um grande potencial e chegar ao nível mais alto de alguma coisa. Mas você vai concordar comigo quando a máxima do “o difícil não é chegar lá, mas se manter” for imposta.

Alex foi suspenso durante toda a temporada de 2014 da Major League Baseball. Aqui, uma nota: ele foi suspenso pois foram achados documentos que provaram seu envolvimento com PEDs, não porque ele falhou em algum teste. Aos 40 anos, ele já não é mais aquela jovem promessa saindo do colegial em Miami. Entre todo o dinheiro – Alex foi o jogador dentre as quatro grandes ligas que mais ganhou dinheiro -, e o grande ego de ter sido uma superestrela mundialmente famosa ainda há um pouco daquele garoto que apenas quer jogar beisebol, sua maior paixão.

Cleveland+Indians+v+New+York+Yankees+oNz3ICztagslNessa temporada ele vem tendo bons números, mas eu não me surpreenderia se ele estivesse usando algum “aditivo”; só ele pode dizer sinceramente [1]. Se eu dissesse que ele teria tais números a qualquer torcedor do New York Yankees antes da temporada, eles me chamariam de louco e que isso era impossível depois de toda a temporada de 2014 parado – e aos 40 anos de idade.

Até a venenosa impressa de Nova Iorque (muito pior que a imprensa esportiva brasileira), que adora vazar histórias controversas dos times da cidade, vem surpreendentemente elogiando a postura que ele adotou nesta temporada. Ele vem sendo altruísta, vem se divertindo durante os jogos, aceitou a redução do papel no elenco – de titular da terceira base a apenas rebatedor designado –, tem sido apenas sorrisos durante todo o ano e em eventos de caridade que a organização Yankee realiza.

Porém algo me incomoda bastante: por que as pessoas escolhem apenas o A-Rod para “odiar”? Sempre detestei o termo, mas quando se trata de esporte as pessoas se tornam erroneamente irracionais. Tudo bem que ele sempre foi o nome mais famoso a estar envolvido com isso no mundo do beisebol, mas ele nunca foi o único.

Nelson Cruz, Ryan Braun, Melky Cabrera, David Ortiz, Andy Pettitte usaram algo em algum momento de suas carreiras que foi acusado nos exames antidoping da liga. Em outros esportes? Ah, posso te lembrar do maior ciclista de todos os tempos: Lance Armstrong. Futebol americano há dezenas de suspensões por semana e por que ninguém “odeia” esses jogadores também? Parem e pensem, não sejam irracionais sobre esporte.

alex rodriguezO sistema antidoping, testes e rigor, da MLB é conhecido por ser o mais severo dentre as quatro grandes ligas americanas e mesmo este é falho e frequentemente driblado. Penso que o das outras ligas também são já que não há nenhuma ação conjunta. E vejam que estou falando apenas de MLB, NFL, NHL e NBA.

Dentre os principais jornalistas americanos, já vi muitos comentários que há sérias preocupações da parte executiva das ligas sobre o uso de PEDs. A NBA é a que possui testes mais falhos e teme pela saúde a longo prazo de seus atletas, mas assim como a MLB nos últimos vinte anos do último século, apenas faz “vista grossa” pois os números de popularidade estão crescendo a cada ano.

Na minha humilde opinião, acho que drogas e hormônios que são usados sem nenhuma supervisão por estes atletas deveriam ser regulamentados. Pensem comigo: se tais praticas forem regulamentadas, poderão haver pesquisas de desenvolvimento na área, diminuindo o risco a longo prazo para os atletas, aumentando sua performance no presente e, quem sabe, até prolongando suas carreiras.

Vamos pensar e ter discussões saudáveis sobre esporte, é tudo o que eu peço. Até mais, amigos!

[N.do.E.: acho pouco provável, pois poucos jogadores devem estar sendo tão testados como ARod. PM]

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