imageEu já debochei algumas vezes aqui da história da CBF querer fazer um Brasileirão padrão Champions League. Mas devo confessar que nem esse discurso dos nossos cartolas chega perto da mania que parte da imprensa tem de querer que qualquer técnico brasileiro que seja educado e não seja arrogante (ou seja, que não faça mais do que a obrigação), seja um verdadeiro Alex Ferguson.

Pode notar: toda vez que um técnico mais ou menos querido pela imprensa é posto na rua, alguém vem com a história de que o Ferguson demorou não sei quantos anos para ganhar o primeiro título pelo Manchester e que aqui não dão tempo para que o trabalho renda. A bola da vez foi Marcelo Oliveira… Ninguém parou pra pensar que, mesmo com um dos melhores elencos do Brasil na mão, o professor cruzeirense fez apenas dois bons jogos na temporada. Ninguém notou que, desde o ano passado, é só a Raposa topar com um time forte pela frente, que perde. Já desceram a marreta na diretoria celeste (podiam ter esperado o anúncio da contratação do Luxa – isso sim um absurdo) pela “injustiça”. Façam-me o favor. Ele, tal como todos os outros demitidos até o momento (e alguns que ainda não o foram, como o Oswaldo de Oliveira), fez por merecer. Quando alguém vier com essa história de “não dar tempo pro técnico trabalhar”, lembre-se: Alex Ferguson não insistiria tanto tempo com Leandro Damião. Mas vamos falar da rodada que é o que importa de verdade.

atleticoprfigueiraAtlético Paranaense 1 x 0 Figueirense

Passadas cinco rodadas do Brasileirão, acho que já é hora de dar o braço a torcer: o contestadíssimo Milton Mendes faz um trabalho pra lá de competente no líder Atlético Paranaense. Na quarta-feira, contra o bom time do Figueirense, o Furacão fez mais uma grande partida e venceu com autoridade.

O primeiro tempo foi todo paranaense. Um time surpreendentemente rápido, taticamente bem postado e que sabe se posicionar. A contratação do gordinho Walter se mostra cada vez mais um grande acerto e ele tem sido o destaque dos atleticanos. Na primeira etapa, as principais jogadas do rubro-negro passaram por ele, inclusive a do lindo gol de Nikão.

O segundo tempo foi mais morno, mas o Furacão controlou o jogo quase que integralmente e reafirmou a condição de líder. Vai ser difícil segurar nesse ritmo, mas, se conseguir, pode sonhar com voos mais altos que simplesmente ficar na primeira divisão.

Vasco 0 x 3 Ponte Preta

No começo do ano, quando elogiava o time do Ponte Preta e recebia olhares desconfiados, dizia: “a Ponte Preta seria campeã carioca”. Era, claro, apenas um jeito de dizer que, ao meu ver, a Macaca era superior tecnicamente aos quatro grandes cariocas. E, em São Januário, isso não deixou de ser evidenciado. O campeão carioca levou uma surra da Nega Véia de Campinas, que venceu mais uma vez apresentando um grande futebol.

Bastaram 52 segundos para os paulistas encaixarem um ataque rápido, com uma troca de passes excelente e uma precisão invejável. O resultado, ainda mais em se tratando da mambembe zaga vascaína, só podia ser o gol. Daí em diante, a diferença técnica entre as duas equipes ficou evidente. A Ponte é um time pronto, entrosado, técnico, que beira a perfeição taticamente. O Vasco é limitado, não consegue criar, não tem um padrão e tem apenas vontade. É pouco.

Ainda no primeiro tempo, em uma rara boa jogada que conseguiu encaixar, o Vasco foi presenteado com um pênalti inacreditável. Só que a Ponte anda com o corpo fechado e os cariocas não só perderam a penalidade, como ainda levaram o segundo gol.

A boa vantagem pontepretana tornou o jogo modorrento, com os campineiros controlando a posse de bola e o Vasco incapaz de incomodar. No fim, ainda teve tempo para a Macaca anotar o terceiro, em uma bela conclusão de Borges, e o cruzmaltino saiu mais uma vez humilhado de campo.

Chapecoense 2 x 0 Joinville

A fase do Joinville definitivamente não é boa. Em Chapecó, o caçula da Série A até começou bem. Criou boas jogadas, tocou bem a bola, arriscou e foi, em boa parte do primeiro tempo, melhor que o time da casa. Só que, de repente, a Chapecoense fez valer sua superioridade e definiu o jogo com dois gols em sequência. No primeiro, a zaga do Joinville cochilou e Ananias foi bastante oportunista. No segundo, Bruno Silva foi muito bem ao receber um cruzamento difícil e concluiu com qualidade.

O time da Chapecoense é muito bom. Quando consegue imprimir seu ritmo de toque de bola, dificilmente cede espaços ao adversário. O Joinville, por exemplo, depois dos gols que sofreu, teve poucas chances de avançar ao ataque e foi controlado pelos alviverdes, que já somam nove pontos no Brasileirão. Olho neles.

São Paulo 3 x 2 Santos

Foi o jogo mais movimentado da rodada, como já era de se esperar – embora o resultado seja mais intenso do que o jogo de fato foi. As duas equipes tem muita qualidade e só não haviam disputado um grande clássico em 2015 porque, nas duas oportunidades que tiveram na temporada, o São Paulo estava ou em má fase, ou desinteressado.

Dessa vez, não teve nada disso. O jogo já começou quente, com um São Paulo ofensivo e, como tem sido regra em jogos no Morumbi nos últimos meses, muito bem postado. Michel Bastos, em excelente fase, fez um golaço de falta e abriu o placar.

Tenho a impressão de que o São Paulo deu uma relaxada após o gol. Como o Santos não conseguia imprimir seu ritmo, dava para o Tricolor ter apertado um pouco mais. Não apertou e, em um pênalti que ainda não consegui decifrar se foi ou não, o Santos empatou. Na sequência, já na etapa final, Rogério Ceni falhou feio e o Peixe virou.

Aí o jogo deu uma caída. O São Paulo não conseguiu encontrar as jogadas pelas laterais e o Santos não quis se expor – o que se provou um erro de Marcelo Fernandes. Pelo jogo aéreo, Paulo Miranda empatou e, já na parte final do jogo, Rogério Ceni marcou de pênalti. Vitória importantíssima do São Paulo. Precisa ser muito louco pra não colocar esse time entre os favoritos ao título.

Grêmio 3 x 1 Corinthians

O roteiro da atual crise corintiana é tão semelhante ao das outras crises do time que chega a ser engraçado. Até a eterna predisposição para levar gols no início quando está sob pressão está presente nesse momento de turbulência. Em Porto Alegre, foram dois gols anotados pelo Grêmio em menos de cinco minutos, o que já deixou a vida do Corinthians pra lá de complicada.

Só que, pelo incrível que pareça, o Timão até apresentou um bom futebol na sequência. À parte a ineficiência nas laterais e o ataque bem mais frágil que aquele com Guerrero e Emerson Sheik, o time apresentou alguns lampejos daquele bom futebol, sobretudo através de Jadson. O colombiano Mendoza descontou, mas a zaga paulista logo bobeou e o Grêmio, sem precisar se esforçar muito ou jogar um grande futebol, abriu 3 a 1 no primeiro tempo.

Nos 15 minutos iniciais do segundo tempo, o Corinthians novamente foi bastante superior, mas pecou na conclusão e, depois de gols perdidos, deixou o abatimento tomar conta e nada mais criou. Ficou fácil para o Grêmio que, insisto, não jogou um grande futebol, mas, ainda assim, tem entrado nos eixos.

Avaí 1 x 4 Atlético Mineiro

Que coisa fantástica é esse time do Atlético. O que aconteceu na Ressacada na última quarta-feira foi um verdadeiro atropelamento dos atleticanos. O Avaí não conseguiu equilibrar a partida em nenhum momento e o Galo, com naturalidade impressionante, conseguiu dois gols ainda na primeira etapa. E poderiam ter sido quatro porque Giovanni Augusto e Lucas Pratto perderam chances incríveis.

No segundo tempo, porém, a goleada tomou forma. O Avaí não conseguiu marcar o rápido ataque mineiro e as chances foram sendo criadas aos montes. Os catarinenses até descontaram depois de levar o terceiro gol, mas o Atlético ainda acabou achando o quarto em mais uma triangulação muito rápida. Descontando o jogo contra o Atlético Paranaense, o Galo se iguala a Ponte Preta como o melhor time do Brasileirão até aqui.

Cruzeiro 1 x 0 Flamengo

Luxemburgo já chegou garantindo três pontos pro Cruzeiro. Não por conta do que já tinha feito em pouco mais de 24 horas de trabalho na Raposa, mas sim pelo que não fez em cinco meses de trabalho no Flamengo em 2015. Chega a dar pena ver um time razoável como o do Flamengo ser tão desperdiçado. O time é um bando em campo, não tem organização tática nenhuma e está completamente perdido.

O jogo foi praticamente de um time só. O Cruzeiro recuperou seu bom futebol, atacou muito, mas esbarrou nas conclusões ruins. Paulo Victor também merece destaque, é preciso dizer, mas a falta de pontaria garantiu o 0 a 0 até os 31 do 2º tempo, quando a zaga do Flamengo deixou Manoel subir livre para fazer o gol da vitória cruzeirense. O Fla ainda foi pra cima no desespero, mas pouco assustou. Cristóvão vai ter trabalho.

Fluminense 2 x 0 Coritiba

Mas que joguinho sem vergonha, hein? O primeiro tempo do jogo no Maracanã vai concorrer bravamente a pior do Campeonato até aqui. Tirando o belo gol de Vinicius, que fez o Flu pular na frente, nada aconteceu. O Coritiba não tem time pra criar nada. O Fluminense, que no seu melhor já é limitado, em um dia ruim como foi quinta-feira, também não conseguiu fazer coisa alguma. Muito ruim.

O segundo tempo já foi melhor. As mexidas de Enderson Moreira deram certo, o Fluminense criou, chegou, e faltou mesmo um pouco mais de precisão na finalização. Ainda teve tempo para o segundo gol em mais uma bela jogada, agora pelo lado esquerdo, que terminou com gol de cabeça de Marcos Júnior.

Palmeiras 1 x 1 Internacional

Foi mais um bom jogo do Palmeiras. Nada muito espetacular, mas foi bom. Considerando que o time do Inter era praticamente todo reserva, dava pra ter feito muito mais. Ainda assim, há uma clara evolução. Zé Roberto fez mais uma boa partida, o time tem colocado a bola no chão e, assim, tocando mais a bola, as jogadas fluem.

No segundo tempo, o time achou o gol pelo jogo aéreo, mas, ao invés de tentar definir a partida, abdicou de atacar e esse foi um grande erro. O Inter se animou e acabou chegando ao empate com Rafael Moura. No fim, o Verdão ainda teve que agradecer a Fernando Prass por não ter tomado a virada.

Sport 1 x 0 Goiás

E o Goiás ia conseguindo mais um ponto sem jogar absolutamente nada… O roteiro do jogo contra o Sport foi quase idêntico aos outros do time no Campeonato. O Sport jogou quase que sozinho e era defesa do Renan, bola pra fora, zaga afastando de tudo quanto é jeito… E nada de gol. O Sport chegava, chegava, chegava. Quando não chegava, chutava de longe. E nada.

No segundo tempo, a mesma coisa. Até bola na trave teve. E o Goiás fechadinho, sem nem tentar aquele contra-ataque mortal. Mas, nos acréscimos, Maikon Leite fez um golaço e decretou a primeira e merecida derrota do Esmeraldino no Campeonato.

Agora a classificação do Brasileirão ficou assim.

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Público e Gols

– Em média, 14.820 torcedores pagaram ingresso nas partidas da quinta rodada do Brasileirão, elevando a média de público do torneio para 13.946 torcedores por jogo. Em um comparativo com as cinco primeiras rodadas de 2006 para cá, fica atrás apenas de 2007 (14.215), 2009 (15.201) e 2014 (15.001), ficando à frente de 2006 (12.255), 2008 (12.002), 2010 (11.373), 2011 (12.760), 2012 (10.289) e 2013 (10.565).

– Não chegou a ser uma rodada ruim em termo de gols. Foram 25, média de 2,5 e agora a média do Campeonato é de 2,3 gols por partida. Sempre adotando o período de 2006 pra cá como parâmetro, só é superior a 2008 e 2012, com seus 2,18 gols de média nas primeiras cinco rodadas, e os 2,12 de 2014. O recorde segue com 2007 (3,08), seguida por 2009 e 2010 (2,78), 2011 (2,58), 2006 (2,54) e 2013 (2,5).

Palpites para a 6ª rodada

Flamengo x Chapecoense – Sábado, 6/6, às 18h30, no Maracanã, no Rio de Janeiro

Vai ser sofrido porque o time da Chapecoense é bom, mas acho que dessa vez o Mengão consegue a primeira vitória no Campeonato. Vitória do Mengão por 2 a 1.

Santos x Ponte Preta – Sábado, 6/6, às 18h30, na Vila Belmiro, em Santos

Jogão, hein? Duelo paulista de altíssimo nível. A Ponte Preta tem jogado melhor, mas acho que o Santos leva a melhor. Vitória santista por 1 a 0.

Atlético Mineiro x Cruzeiro – Sábado, 6/6, às 18h30, no Independência, em Belo Horizonte

Aí o buraco já fica um pouco mais fundo, né Luxa? Pelas fases dos dois times, é difícil apostar em outro resultado. Galo leva a melhor, 3 a 1.
Atlético Paranaense x Vasco – Sábado, 6/6, às 22h, na Arena da Baixada, em Curitiba

Por mais que meu faro me mande apostar no Vasco, eu não consigo. Esse Atlético está começando a me convencer. Furacão vence por 2 a 1.

São Paulo x Grêmio – Sábado, 6/6, às 22h, no Morumbi, em São Paulo

O time do Grêmio vem melhorando, mas o São Paulo ainda é bem superior e deve vencer sem sustos. Paulistas triunfam, 2 a 0.

Joinville x Corinthians – Sábado, 6/6, às 22h, na Arena Joinville, em Joinville

Sabe aquela história que eu falei da crise do Corinthians ser sempre igual? Então, tá faltando aquela chegada surpresa a São Paulo saindo pelos fundos do aeroporto pra fugir da torcida. Sábado é o cenário perfeito para tal. Joinville vence por 2 a 1.
Internacional x Coritiba – Domingo, 7/6, às 11h, no Beira-Rio, em Porto Alegre

O Coritiba tem sido uma aposta segura. Dificilmente vai haver outro resultado que não uma vitória do Colorado. 3 a 0 para os comandados de Diego Aguirre.

Goiás x Avaí – Domingo, 7/6, às 18h30, no Serra Dourada, em Goiânia

Era só passar um boi. Passou. Agora passa uma boiada. E mais não digo. Avaí vence por 2 a 0.

Figueirense x Palmeiras – Domingo, 7/6, às 18h30, no Orlando Scarpelli, em Florianópolis

O Oswaldo de Oliveira precisa parar de enganar. Eis aí uma grande oportunidade para ele passar no RH segunda-feira. Figueira vence por 3 a 1.

Fluminense x Sport – Domingo, 7/6, às 18h30, no Maracanã, no Rio de Janeiro

Taí um jogo interessante. O time do Sport é melhor, está em ótima fase e o Fluminense gosta de decepcionar a torcida em casa. Mas, mesmo assim, vou apostar em empate. Tudo igual, 2 a 2.

Simulador

Passei mais uma vez pelo simulador, agora apostando mais no Atlético Paranaense e menos no Corinthians. A A imagem está abrindo esse post.

4 Replies to “Fergie time”

  1. Me desculpa a sinceridade, mas um de nós dois não entende nada de futebol. Ao que me consta, o Cruzeiro sempre foi o time mais agressivo e moderno neste dois anos e pouco de gestão Marcelo Oliveira (melhor técnico do Brasil disparado). E avaliar o Cruzeiro de duas temporadas inteiras como um time que perde para adversários grandes é esquecer que os outros “melhores” não ganham dos pequenos na hora de adecidir. Marcelo Oliveira é capaz de se reinventar, já provou isso mais de uma vez, já os outros continuam na mesmise de colocar a culpa sempre no elenco e na falta de reforços. Mas, de qualquer jeito, parabéns pela coluna e iniciativa pelo debate!

    1. Eu que agradeço pelo comentário. Eu sou adepto de uma tese de que o futebol é mais simples do que parece. Quando eu ouvia que o Cruzeiro era “disparado o melhor time do Brasil”, eu esperava que ele fosse realmente o melhor. Mas como dizer que aquele Cruzeiro era mais time que o Atlético se não conseguia ganhar dele? Podia ser mais competente, mas melhor não era. São coisas diferentes.

  2. O Fluminense “gosta de decepcionar a torcida em casa”… HAHAHAHAHAHAHAHHAHAHA! HAHAHAHAHAHAHAHAHAH! HAHAHAHAHAHAHA!

    Tá invicto no Maracanã. Pode não estar jogando bem, mas ainda não perdeu no Rio.

    A implicância não pode parar!

    1. Foi só você parar de comentar aqu que o Fluminense começou a ganhar. Não vai zicar, hein?

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